A Minha Casinha (Autumn, como título internacional) é uma comédia
dramática portuguesa que estreia esta semana nos cinemas nacionais. No Austin
Film Festival 2023 que se realizou nos EUA, esta foi distinguida como a vencedora
do prémio da audiência deste festival de cinema. Este é um filme de António
Sequeira inspirado no livro “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós e o
elenco é constituído por Beatriz Frazão, Elsa Valentim, Miguel Frazão, Salvador
Gil e com as participações especiais de Ricardo de Sá e Sara Barradas.
O filme retrata as dificuldades de uma família do interior a enfrentar
mudanças e a encarar verdades desconfortáveis quando o filho sai de casa para
estudar em Londres. Durante um ano e focando essencialmente as férias sazonais
quando ele regressa à sua casinha (Inverno, Primavera, Verão e Outono), nós
observamos momentos da crise de meia-idade do pai, da puberdade da filha, da
emancipação do filho e da maneira como a mãe lida com o “ninho vazio”. O filme
é uma exploração de dinâmicas familiares portuguesas quando confrontadas com a
nova emigração do século XXI, e com a dificuldade de crescerem e envelhecerem.
Esta é uma comédia dramática sobre uma família portuguesa do interior cuja
vida é virada do avesso quando o filho mais velho decide emigrar para estudar
em Londres.
Para muitas famílias é difícil lidar com a ausência de um dos seus
elementos quando toma a decisão de ir viver para fora do país, sendo que esta
história também se inspira no tema da saudade e como o seu significado pode moldar-nos
como seres humanos. Como a mudança para o estrangeiro do membro de uma família
pode impactar os restantes elementos.
Saudade é uma palavra tipicamente portuguesa que nos traz um misto de
emoções. No decorrer desta narrativa dividida em estações do ano, temos a
oportunidade de ver o caminho de adaptação e por vezes até desconforto, de cada
uma destas personagens perante o “ninho vazio” e a nova etapa da vida do filho.
Ao mesmo tempo, tenta-se manter tradições familiares como ter o bacalhau como
prato à mesa, sempre que o filho regressa a casa ou fazerem jogos personalizados
em família. Tradições que acabam por não ter o mesmo impacto que tinham dantes
e a conexão parece não ser a mesma. Porém, a lição que é dada faz refletir
naquilo que realmente mais importa.
Quem está a ver identifica-se com muitas das situações que vão acontecendo
com cada um destes seres humanos, principalmente os pais que depois de muitos sacrifícios
pelos seus filhos, têm de os ver ir embora para seguirem o seu caminho e encontrarem
uma vida melhor. E além disso, não sabem o que devem fazer quando chega o
momento de ficarem sozinhos na sua casinha. Devem manter a sua rotina habitual?
Mudar as suas prioridades? Ou simplesmente tomarem a decisão de finalmente
olharem para eles próprios e seguirem com os seus próprios sonhos? Arriscando novas
carreiras, experimentando coisas diferentes ou até apostar num sonho antigo. No
fundo, acabam por sofrer uma transformação que pode fazer toda a diferença na
vida de cada um.
A história em si é bem construída e fluída que se foca no verdadeiro
significado de família e felicidade, trazendo ao público uma combinação de
emoções. É um filme apaixonante que decorre numa pequena cidade portuguesa do
interior com paisagens soberbas, sendo focado em pessoas envolvidas numa
família tradicional que nos relacionamos, desde o primeiro instante com as suas
alegrias, brincadeiras, inseguranças, vulnerabilidades, preocupações e sonhos.
A Minha Casinha é um tesouro genuíno e autêntico que vai deixar uma marca no cinema português e nos dá uma lição muito importante, relativamente a família, depressão, sacrifício, desapego e amor. E onde acabamos por embarcar na nossa própria jornada de regresso a casa, damos valor ao nosso cantinho bem especial e também aquilo que é mais importante. A partir de 14 de Dezembro, já podem ver esta comédia emocionante completamente dedicada aos portugueses que vos irá divertir, fazer rir, chorar e até marcar de uma forma mágica.
Excelente análise. Ví no twitter a referência e vim cá espreitar, não me desiludiu. Vi hoje o filme no cinema (já não via um filme tuga desde a gaiola dourada), gostei muito do filme em si (Baião é bem interessante e fez-me vontade de lá ir), há partes em que a Elsa Valentim fazia-me lembrar a minha mãe. Tenho de destacar a personagem do Miguel Frazão (e a sua actuação), para mim foram eximias, sem sombra de dúvidas! Ainda bem que fui ver o filme " A Minha Casinha".
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