domingo, 25 de abril de 2021

Minissérie "Falcon and The Winter Soldier" da Disney +, protagonizada por Anthony Mackie e Sebastian Stan - uma dupla impecável que têm uma missão para cumprir

Falcon and the Winter Soldier (O Falcão e o Soldado do Inverno, em português) é uma minissérie de seis episódios, produzida pela Marvel Studios que está disponível em exclusivo na plataforma da Disney +. Com criação para a televisão de Malcolm Spellman, esta é baseada nas personagens da Marvel Comics que tem Kari Skogland como realizador, Henry Jackman como responsável da banda sonora e Kevin Feige como um dos seus produtores executivos, juntamente com Louis D’Esposito, Victoria Alonso, Nate Moore, Kari Skogland e Malcolm Spellman.

A história está introduzida na fase 4 da MCU e se desenrola após os acontecimentos do filme de 2019, Avengers: Endgame (Vingadores: Ultimato, em português).

Depois de ter recebido o escudo de vibranium por parte do Captain America (Chris Evans), Sam Wilson (Anthony Mackie) vai ter de ponderar bem sobre se ele é a pessoa mais indicada para continuar com o legado deste super-herói ao mesmo tempo que Bucky Barnes (Sebastian Stan) terá de lidar com o seu passado conturbado e com os seus atos enquanto Winter Soldier, um assassino sem qualquer tipo de misericórdia que sofreu uma lavagem cerebral e foi programado pela organização Hydra para eliminar quem eles quisessem. Juntos, esta dupla terá de enfrentar uma ameaça que pode vir a trazer o caos. Será que nesta jornada, Sam Wilson irá se tornar no próximo Captain America? Para além disso, será que Bucky Barnes vai conseguir ultrapassar os seus traumas?

O elenco é constituído por Sebastian Stan (Bucky Barnes), Anthony Mackie (Sam Wilson), Emily VanCamp (Sharon Carter), Wyatt Russell (John Walker), Erin Kellyman (Karli Morgenthau), Florence Kasumba (Ayo), Danny Ramirez (Joaquin Torres) e Daniel Brühl (Zemo), mas também tem a participação de Adepero Oduye (Sarah Wilson), Clé Bennett (Lemar Hoskins), Carl Lumbly (Isaiah Bradley), Georges St. Pierre (Batroc), Desmond Chiam (Dovich), Dani Deetté (Gigi), Indya Bussey (DeeDee), Renes Rivera (Lennox), Tyler Dean Flores (Diego), Miki Ishikawa (Leah), Noah Mills (Nico), entre outros.

Esta é uma minissérie de super-heróis que mistura ação com aventura, ficção científica, suspense, comédia e até drama, sendo que aborda temas que são muito importantes para a nossa sociedade e que devem continuar a serem discutidos, tais como a procura pela própria identidade, o racismo, a discriminação, o preconceito, a saúde mental, o patriotismo, conflitos políticos, a depressão, o transtorno de stress pós-traumático, o modo como cada uma das personagens lida com os seus medos e traumas e muito mais.

Desta vez, o mundo corre perigo já que existe um grupo anarquista e terrorista designado por Flag-Smashers, cuja líder é Karli Morgenthau que são eficazes a espalharem a sua mensagem, com um lema próprio e têm um plano organizado que pode vir a trazer ataques com violência e morte. Por isso, Sam e Bucky têm de os impedir antes que seja tarde demais. Será que vão conseguir vencer a tempo esta equipa de mascarados?

Pode conter spoilers!

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Sam Wilson recebeu o escudo do Captain America que antes pertencia ao seu grande amigo, Steve Rogers que o entregou como escolha pessoal, sendo que na minha opinião esta foi uma passagem emocionante, surpreendente e marcante que este herói fez para com o Falcon. Mas Sam não está convencido e acha que não é a pessoa certa para continuar com este legado e por isso, ele prefere entregar esta relíquia ao governo dos EUA para que possa ser apreciada num museu juntamente com o uniforme deste super-herói. Será que esta sua escolha vai ser assim tão fácil ou o governo americano tem outros planos em vista?

Apesar de estar a colaborar com a Força Aérea dos EUA, Sam é um cidadão que tenta viver uma vida normal e de certa forma sobreviver ao mesmo tempo que tenta descobrir qual é realmente o seu verdadeiro propósito. Ele aproveita o seu tempo livre para se dedicar à sua família e ir ajudar a sua irmã, Sarah que está a passar por dificuldades financeiras, devido ao negócio da família. Assim, Sam tenta ajudar a irmã a arranjar o barco que pertence há muito tempo à sua família que não vai uma tarefa fácil.

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Sam é uma pessoa sarcástica que toma atitudes espontâneas e vai questionar-se constantemente sobre que caminho deve seguir e se é possível um homem negro representar um país que não aceita bem a sua comunidade e nem respeita a mesma. Ele sente-se pressionado para assumir o escudo que acaba por ser um símbolo que tem um grande significado de esperança e justiça para a humanidade. De certa forma, tudo isto faz sentido para o seu grande dilema, pois ele tem o intuito de proteger os outros e aos poucos começamos a ver as semelhanças que Sam tem com Steve Rogers, principalmente quando falamos dos seus valores que são de acordo com aquilo que é preciso para erguer o escudo. O que significa ser um Captain America negro? Poderá Sam fazer a diferença? Será que a população vai aceitar essa mudança?

Ao longo dos episódios, Falcon mostra os seus talentos tanto em voo como em combate ao mesmo tempo que ficamos a conhecer mais detalhes da vida de Sam e do seu passado. Um dos momentos altos desta minissérie que prende a atenção desde o primeiro minuto e é empolgante é a sequência de ação iniciada por Wilson, utilizando o seu equipamento de Falcon e mostrando assim, as suas habilidades impressionantes, onde durante quase 10 minutos, a pessoa não consegue tirar os olhos do que está a acontecer. Esta é uma luta aérea que é feita de uma forma impecável por Falcon enquanto enfrenta um grupo de inimigos num local perigoso e com helicópteros e tiroteios à mistura que são realizados com efeitos especiais espetaculares em que não falta o mínimo detalhe.

Para além disso, também temos a oportunidade de ver uma boa sequência de imagens do treino de Sam Wilson, enquanto utiliza o escudo de Captain America como ferramenta de trabalho.

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Com o soro de super-soldado a correr nas suas veias, James Bucky Barnes foi recentemente perdoado por todas as atrocidades que cometeu nos últimos tempos, mas tudo isto implicava que ele tivesse sessões de terapia e quem sabe ajudá-lo a lidar com tudo o que fez durante o seu tempo enquanto um assassino tão perspicaz e eficaz quanto o Winter Soldier que tinha sofrido uma intensa lavagem cerebral, mas que acabou por conseguir ultrapassar, devido à sua passagem por Wakanda, onde teve um período de recuperação e passou a ser conhecido como The White Wolf (O Lobo Branco, em português), criando uma ligação com uma cena pós-credito que foi mostrada no filme do Black Panther (Pantera Negra, em português).

Bucky quer afastar-se da sua vida enquanto Winter Soldier e deixar esse seu lado mais obscuro para trás, mas não é uma tarefa nada fácil de se concretizar, pois vai passar por diversas dificuldades pelo caminho ao mesmo tempo que se tenta encaixar nesta sociedade tão nova e diferente para ele.

Este soldado passou grande parte da sua vida a lutar, onde sofreu um trauma intenso por todos os crimes de guerra que cometeu no passado que foram causados através da manipulação que foi feita pela Hydra que o transformou num assassino. Ele luta contra o seu passado conturbado para conseguir ultrapassar os seus demónios e se tornar numa pessoa melhor, mas para que consiga seguir em frente, ele tem de obrigatoriamente fazer terapia.

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Uma das principais dificuldades de Bucky são os pesadelos que vai tendo enquanto Winter Soldier, onde relembra a altura em que era um assassino profissional sem misericórdia em que eliminava todos os seus alvos, acabando por trazer memórias que o assombram e lhe cria um sentimento muito grande de culpa.

Estas sessões de terapia vão ajudá-lo a aceitar que cometeu erros no seu passado violento, mas que precisa de se perdoar a si mesmo para que consiga encontrar a paz no seu interior e ultrapassar os seus obstáculos e medos e sobreviver neste mundo atual. Vai ser sem dúvida, um desafio para Bucky que tem um longo caminho pela frente para melhorar a sua saúde mental, onde vai conhecer melhor a sua identidade e tem de se adaptar a viver numa realidade em que não tem a presença de Steve Rogers na sua vida. Ele terá de enfrentar o seu transtorno de stress pós-traumático e arranjar ferramentas para que possa lidar com isso da melhor forma, sendo que Bucky coloca em prática tudo o que vai aprendendo nas suas sessões de terapia. O que não vão faltar são conexões com o passado de Bucky e finalmente vamos conhecer a sua verdadeira personalidade.

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Tanto Sam e Bucky vão passar por uma fase de auto-descoberta e chegarem à conclusão de quem são na verdade e o que precisam de fazer para seguirem em frente e enfrentarem os seus traumas e medos. A vida de cada um deles não é a mesma sem a presença de Steve, mas eles têm de aprender a viver sem o amigo e lidar com os seus demónios, cada um à sua maneira.

A relação entre Sam e Bucky que começou no filme Captain America: Civil War vai tendo os seus altos e baixos e ao longo destes episódios mostram a jornada deles como uma boa equipa. Eles têm uma dinâmica natural e real que é excelente e divertida, sendo que sem dúvida, conseguiram conquistar o público, em que não vão faltar brincadeiras e troca de piadas que vão ajudar a descontrair de cenas mais dramáticas. Um desses exemplos é a parte onde esta dupla está no interior de uma sala com a terapeuta de Bucky e partilham diálogos caricatos, curiosos e engraçados.

Tudo isto acontece devido à ótima química já partilhada pelos seus atores, em que estão completamente à vontade com as suas personagens, pois já estão a interpretá-las há mesmo muito tempo…não são apenas super-heróis, mas também são seres humanos que têm dificuldades e medos como cada um de nós.

Ao contrário do que Sam pensava o governo nomeia um novo Captain America que desta vez é o soldado John Walker. Tanto Sam como Bucky não reagem bem a esta escolha, sendo que o segundo tem a intenção de trazer o escudo de volta que estão nas mãos de quem não merece, mas que pode levar a grandes consequências como já aconteceu em eventos no passado.

John Walker é um membro das Forças Armadas e a escolha do governo dos EUA para se tornar no próximo Captain America. Ele passa a usar o uniforme e o escudo deste herói e ao longo dos episódios temos a oportunidade de conhecer melhor esta personagem que acabou de ser introduzida no MCU, o seu desenvolvimento e o caminho que teve de percorrer até lhe oferecerem este cargo que tem o dever de honrar o trabalho de Steve Rogers. John quer deixar a sua marca enquanto o Captain America, mas será que vai ter esse reconhecimento?

Walker é uma pessoa impaciente e determinada que tem os seus valores, princípios e convicções que nem sempre são o suficiente, pois ele mete-se naquilo que não deve e toma decisões precipitadas e impulsivas, tal como injetar o soro de super-soldado em si mesmo que pode intensificar o seu feitio. Ele até pode ter boas intenções, mas as circunstâncias não ajudam, pois é descontrolado, tem ataques de raiva e tem um estado psicológico que pode explodir a qualquer momento, levando a comportamentos que podem deixar qualquer um perplexo e em choque, principalmente quando resolve as coisas pelas suas próprias mãos e não traz bons resultados, acabando por passar por momentos de humilhação. Depois de ter passado por períodos de muito ódio e frustração, temos a oportunidade de ver a sua transformação num US Agent (Agente americano, em português) que faz parte dos eventos da banda desenhada.

Ao longo dos episódios vão existir conflitos entre Sam e Bucky com Walker e Lemar, sendo que as cenas de luta na batalha entre Sam e Bucky contra Walker foram sensacionais, intensas e muito bem feitas.

Como referido anteriormente, o Falcon e Winter Soldier têm de impedir o grupo terrorista Flag-Smashers liderado pela Karli de trazer o caos, mas para isso acontecer, eles precisam de saber mais informações.

Segundo Bucky, uma das melhores formas para obterem informações é através de um agente da Hydra que neste caso é o Helmut (Barão, em português) Zemo que está preso, mas a sua saída da prisão está para breve, devido a um plano bem executado por Bucky.


Divulgação: Marvel Studios

Zemo é um mestre da manipulação e um autêntico terrorista que usa uma máscara roxa que é bem peculiar para os fãs do universo da Marvel, sendo que ele é cínico, inteligente e tem um talento particular para conseguir aquilo que quer e fazer o que for necessário para impedir os seus inimigos de concretizarem os seus planos. Ele foi responsável pela morte do Rei T’Chaka durante um evento mundial que eu acredito que Wakanda não vai esquecer facilmente quando souber que ele já não está preso.

A decisão de terem adicionado Zemo à história foi muito bem implementada, pois fez toda a diferença para a curiosidade que o público vai tendo sobre os seus comportamentos e atos e surpreendeu na forma como conseguiu encaixar-se tão bem nas cenas partilhadas com Sam e Bucky que foram inesperadas e até divertidas de se ver, formando assim, uma boa tripla. Esta personagem tem carisma, tendo como objetivo principal, a destruição tanto os super-soldados como o soro que foi recriado e não descansa enquanto não cumprir com a sua missão. Será que vai conseguir seguir com os seus planos?

Quando Bucky, Sam e Zemo chegam à cidade de Madripoor para saberem mais informações sobre o soro, eles cruzam-se com a fugitiva Sharon Carter que é a sobrinha de Peggy Carter e já foi uma agente da S.H.I.E.L.D., mas foi exilada dos EUA Neste momento, ela é uma vendedora de arte em Madripoor cheia de contactos, mas que esconde muitos segredos.

Finalmente vai chegar a altura em que Wakanda quer que Zemo sofra as consequências dos seus atos e seja feita justiça por todo o mal que ele cometeu. Por isso Ayo, um dos elementos da guarda real da Dora Milaje aparece para capturar Zemo que acaba por ser um trabalho mais fácil do que se pensava, pois estas guerreiras de Wakanda conseguiram proporcionar-nos grandes momentos de luta com habilidades extraordinárias mesmo que pudessem estar a enfrentar pessoas com o soro de super-soldado.

Bucky Barnes resolve dar a conhecer a Sam, Isaiah Bradley que é um homem afro-americano veterano que tem no seu sistema e que esteve preso durante 30 anos depois de ter utilizado o traje do Captain America, onde foi alvo de várias experiências científicas e utilizado como cobaia que acabaram por prejudicar a sua vida, chegando a um ponto que foi dado como morto. Eu acho que poderia ter sido interessante que tivesse sido mostrado o passado de Isaiah.

Sendo assim, num momento de grande tensão, Isaiah acredita um homem negro não pode nunca ser o Captain America, porque a sociedade não vai deixar. Será que é possível alguma vez um homem negro tornar-se neste herói? É isto que esta minissérie explora, sendo que Isaiah foi uma peça fundamental para Sam começar a refletir e questionar-se sobre aquilo que queria mesmo fazer.

Divulgação: Disney + e Marvel Studios

Esta é uma história sólida com uma introdução brilhante e com boas surpresas que vai tendo o seu impacto ao longo dos seus episódios, em que o público consegue identificar-se com as suas personagens e onde existem referências que são naturais e fluídas não só às bandas desenhadas, mas também aos muitos filmes da MCU. São mostradas as vulnerabilidades desta dupla, cada um com a sua abordagem, principalmente a nível de ângulos que foram utilizados durante a filmagem das cenas que focavam mais no Sam ou no Bucky.

Esta minissérie dá a oportunidade de explorar melhor estas personagens que tiveram um papel fundamental em filmes anteriores pertencentes ao universo da Marvel, sendo que também ajuda a pessoa refletir, pois lida com temas que continuam a ser um tabu e a serem desconfortáveis de discutir, como por exemplo, o racismo que é abordado sem que sejam utilizados filtros.

A Marvel está de parabéns por mais uma produção incrível com um argumento ambicioso, muito bem realizada e com diálogos bem introduzidos, sendo que é repleta de ação, mas que é ao mesmo tempo divertida com piadas bem inseridas e caricatas, com participações muito especiais e com flashbacks e cliffhangers interessantes. Também é constituída por momentos constrangedores com o seu lado mais cómico e algumas partes bem épicas para o público com cenas de ação com uma boa qualidade, perseguições empolgantes e episódios que prendem a atenção.

Toda a banda sonora está muito bem adaptada a cada uma das cenas que vão sendo mostradas e vai sendo dividida por temas musicais específicos, dependendo da personagem ou do ambiente envolvido e por uma música utilizada nos créditos iniciais após terminar cada episódio que fica no ouvido. A cinematografia está fantástica, com uma qualidade técnica brilhante e precisa que inclui efeitos especiais bem feitos, bons ângulos de filmagem, mostrando o ponto de vista das suas personagens e lutas muito bem coreografadas.

The Falcon and The Winter Soldier tem uma mistura de espionagem e suspense que mostra como é a relação desta dupla e como vai sendo desenvolvida, sendo constituída por cenas no meio dos créditos e por sequências de ação cativantes. Tudo é mostrado num modo subtil, onde heróis e vilões se juntam por um objetivo em comum e sem dúvida que conquista qualquer um, terminando com um uniforme do Captain America bem interessante.

Finalmente, as personagens tiveram o destaque merecido que eu já esperava há muito tempo e em que foram bem desenvolvidas. Esta minissérie tem um final que deixa em aberto várias possibilidades para a continuação da MCU durante a fase 4 e mais no futuro.




domingo, 18 de abril de 2021

Crítica ao filme "Love and Monsters" disponível na Netflix e protagonizado por Dylan O'Brien - uma aventura divertida que se desenrola num mundo apocalíptico

 

Love and Monsters é um filme de 2020 com a duração de 1 hora e 49 minutos que tem uma mistura de aventura com ação e um pouco de comédia pelo meio, sendo que foi lançado recentemente pela plataforma de streaming da Netflix, com realização de Michael Matthews e argumento de Brian Duffield e Matthew Robinson. Para além disso, esta produção está nomeada para um Óscar na edição de 2021 na categoria de Melhores Efeitos Visuais.

A história acompanha a aventura que Joel Dawson (Dylan O’Brien) vai fazer após ter sobrevivido sete anos ao apocalipse dos monstros, cujo objetivo é encontrar a sua ex namorada, Aimee (Jessica Henwick). Mesmo estando a viver num bunker subterrâneo com um grupo de sobreviventes que até é confortável para o mundo em que vivem, Joel prefere abandonar o mesmo e se deslocar até à colónia de Aimee que está a 130 km de distância. Será que ele vai conseguir cuidar de si mesmo e enfrentar todos os perigos que irão surgir no seu caminho?

O elenco é constituído por Dylan O’Brien (Joel Dawson), Jessica Henwick (Aimee), Dan Ewing (Capitão), Ariana Greenblatt (Minnow) e Michael Rooker (Clyde Dutton).

Este filme inicia-se com a narração de Joel Dawson em que conta a origem do fim do mundo, através da apresentação de uma sequência de animações bem introduzidas que mostram como animais inofensivos acabaram por se tornarem em monstros enormes. Quando está a contar o que aconteceu, ele consegue criar um impacto e interesse para o espetador que está a ouvir ao mesmo tempo que vê as imagens que vão sendo mostradas sobre o apocalipse.

Agatha 616 foi um asteroide que entrou numa rota de colisão com o Planeta Terra. Com o objetivo de destruir Agatha, a humanidade lançou foguetes na sua direção, mas não teve o melhor dos resultados, fazendo com que tudo mudasse para pior. Esta explosão acabou por criar uma chuva tóxica que continha químicos, causando mutações em diversos animais, sendo que eles sofreram mudanças significativas e se transformaram em algo inesperado e assustador como criaturas gigantes que atacavam e comiam a humanidade e acabaram assim, por dominar toda a superfície terrestre. Será que todos os monstros são perigosos ou existem aqueles que até são amigáveis?

Este é mundo onde são os monstros que controlam e depois de 95% da população humana ter morrido num ano, aqueles que sobreviveram esconderam-se onde era possível, desde bunkers, cavernas a salas de pânico espalhados por todo o mundo que também eram definidas como pequenas comunidades designadas por colónias, onde os monstros supostamente não conseguem cheguem. Por isso, estas pessoas viviam isoladas do mundo exterior e têm medo de se deslocarem à superfície e assim, evitavam a todo o custo, saírem para o mesmo, mas estes eram esconderijos que podiam ser invadidos a qualquer momento.

 

Joel Dawson faz parte de uma destas comunidades, sendo que vive num bunker subterrâneo com o seu grupo. Já passaram sete anos, desde que ele viu o exterior, pois tinha 16 anos quando tudo aconteceu e ele não sabe nada sobre sobrevivência neste novo mundo, mas isso tudo está prestes a mudar. Será que ele conseguia sobreviver lá fora?

Esta é uma pessoa com 24 anos que é caracterizado por ser amoroso, inábil, desajeitado, mas um pouco atrapalhado, principalmente quando fica com medo, tendo a tendência de ficar paralisado e colocando assim, a sua vida em risco. Ele sente-se sozinho por ser o único solteiro da sua comunidade e nunca achou que fosse muito útil para a mesma, pois a única coisa que fazia era arranjar o rádio e ser um chef que cozinha minestrone.

Um dia, Joel consegue entrar em contacto com Aimee via rádio, apesar de existirem por vezes algumas interferências que fazem com que o mesmo vá abaixo. Em Fairfield na Califórnia, Aimee era a sua namorada antes de acontecer o apocalipse que vive numa colónia que está localizada a 130 km de distância da sua e por isso, Joel faz o impensável e o improvável. Será que este rapaz vai correr um grande risco com a sua nova decisão?

Ele sempre quis pertencer a algum lado e já não se sentia bem a viver no bunker e observar todos os relacionamentos amorosos que ali existiam. Joel achou que lhe faltava algo que acabava por ser o amor que estava longe dele, mas havia a possibilidade dele o puder alcançar. Porém ele não tinha as capacidades necessárias para sobreviver neste mundo apocalíptico, mas vai mostrar à sua comunidade que é capaz de se desenrascar lá fora e sozinho, sem precisar da ajuda destes.

Então, Joel decide ir à procura da sua amada, abandonando assim, o seu refúgio, sendo que ele está motivado e disposto a ir ter com Aimee, mesmo que possa não ter qualquer tipo de instinto de sobrevivência e não se consiga defender sozinho. Assim ele arrisca em ir numa viagem cheia de aventuras, tomando as medidas essenciais para conseguir encontrá-la e também vai enfrentar os seus medos e todo o tipo de perigos que irão surgir no seu caminho que podem incluir monstros assustadores, mesmo que ele não esteja preparado para tal.

Será que ele vai ser o corajoso o suficiente e vai conseguir cuidar de si mesmo? E será que ele consegue vencer os seus medos e enfrentar os monstros que sempre lhe aterrorizaram? Estas são algumas das perguntas que ao longo do filme vão sendo respondidas.  

Enquanto enfrenta o desconhecido por amor e percorre o seu caminho, Joel vai-se cruzar com companheiros de viagem que vão fazer toda a diferença na sua jornada de Joel para que ele consiga sobreviver e chegar são e salvo quem sabe, ao seu destino que é a colónia de Aimee. Para além disso, são estes que protagonizam as melhores partes do filme, criando curiosidade e prendem atenção ao público.

Comecemos por Boy, um cão que lhe salva a vida mais do que uma vez em que ambos criam uma ligação incrível, especial, próxima e leal entre si, sendo que o companheirismo desta dupla é simplesmente adorável e engraçada e dá para perceber ao longo do filme, toda a cumplicidade que vão tendo um com o outro e as aventuras que vão passar juntos.

Depois, Joel conhece Clyde e Minnow, uma criança que perdeu os seus pais. Esta é uma dupla de sobreviventes que já tiveram uma boa adaptação a este novo mundo e são especialistas a sobreviver na superfície que se destacaram desde o primeiro instante em que apareceram. Eles vão ensinar tudo ao Joel ou seja, o que ele precisa de saber para que consiga sobreviver e informações úteis sobre os monstros que estão atualmente presentes neste mundo. Clyde ensina-lhe lições bem importantes para que possa viver neste fim do mundo e a importância que é confiar nos seus próprios instintos. Depois disso, Joel e os seus novos amigos seguem rumos diferentes.

Durante a sua viagem de 7 dias pela superfície que vai tendo as suas dificuldades, Joel vai ter de tomar decisões cruciais para sobreviver e utilizando aquilo que aprendeu e os seus próprios instintos ao mesmo tempo que vai sendo perseguido por monstros, mas não deixa de passar por momentos entusiasmantes, tais como falar com um robô funcional designado por MAVIS. O que será que irá acontecer quando e se Joel conseguir chegar à colónia de Aimee? Será que vai tudo correr tal como Joel planeou?

Joel é uma personagem carismática que nos conquista, fazendo com que possamos torcer que ele aprenda e que consiga sobreviver com todas as técnicas e ferramentas que lhe foram ensinando. Ele até resolve criar desde os seus tempos no bunker, um género de um livro que tem um guia de sobrevivência com desenhos feitos por ele, onde contém as características e informações de cada monstro, os seus pontos fortes e fracos e muito mais e que até podem vir a ser úteis no futuro e vão sendo adicionados mais dados, graças à ajuda dos seus novos amigos. Para além existem momentos que a personagem do Joel faz-me lembrar ligeiramente alguns traços da personalidade de Stiles da série Teen Wolf. Será que Dylan O’Brien utilizou um pouco de Stiles durante a construção de Joel? Até que fiquei com saudades do Stiles que Dylan desempenhou há uns anos atrás.  

Temos a oportunidade de conhecer Joel, desde a sua maneira de ser até ao desenvolvimento que vai tendo ao longo da sua viagem, passando por acompanhar o período de aprendizagem de Joel e o seu crescimento pessoal enquanto está no exterior e o modo como vai lidando com o que vai surgindo no seu caminho, sendo que vai sendo feito a um ritmo adequado e sem grandes pressas. Esta é uma jornada de descoberta em que Joel acaba por aprender muita coisa sobre si próprio e também através das lições valiosas dos seus amigos que lhe foram ensinadas, tendo assim, um bom amadurecimento e vai chegar uma altura em que Joe tem de colocar em prática todas as suas aprendizagens.

Love and Monsters é um filme que rendeu uma nomeação ao Óscar devido à sua qualidade nos efeitos visuais que são bem implementados e utilizados com inteligência e com um CGI muito bem trabalhado que sem dúvida, convencem. Os monstros são bem produzidos de tal forma que pode assustar qualquer um, principalmente com o seu grande tamanho criando a credibilidade necessária para os perigos que o protagonista enfrenta. Também aproveitam para criar expressões no olhar de cada uma destas criaturas que o público consegue perceber se são amigáveis ou não.

O argumento tem uma história simples, leve, prática e fácil de se compreender que é cuidadoso nas partes mais importantes, mostrando que apesar das personagens estarem vivas num mundo repleto de destruição que se tornou perigoso, ainda existe esperança para melhorar o mesmo e que devemos acreditar e lutar por um futuro melhor.

O filme tem uma boa cena de abertura que mostra de um modo simples tudo o que aconteceu com o mundo no início do apocalipse para que assim estejamos bem informados sobre a origem da história.

Esperava mais momentos que surpreendessem mas mesmo assim não desiludiu o desenvolvimento da história, apesar de terem partes que até foram bem previsíveis de vir a acontecer e apesar de a superfície ter tido um ambiente hostil e perigoso com zonas sinistras, esta não foi assim tão assustadora como imaginava. O argumento teve falhas? Sim teve, mas não tirou o destaque de terem feito um bom trabalho, tornando-se assim, numa boa fonte de entretenimento de 109 minutos que diverte desde o início até ao fim e que funcionou corretamente.

Este é um exemplo de quando uma história simples é o suficiente para criar um bom resultado final e entreter o público, sendo que tanto as personagens como os respetivos monstros conseguiram brilhar, cada um à sua maneira. É um filme bem produzido que mostra o lado mais positivo das coisas, mesmo que tenha acontecido um apocalipse pelo meio que fazem com que o espetador acabe por refletir sobre temas pertinentes. Sejam eles, relacionamentos entre pessoas, o significado de ter uma família e um lar e como pessoas desconhecidas acabam por se tornar parte de uma família que não precisa de ser de sangue

Love and Monsters é uma aventura para toda a família que ajuda a pessoa a descontrair e bem mais divertida do que eu esperava, com um bom nível de humor e momentos genuínos que transmite uma mensagem positiva e nos deixa a pensar quando terminamos de a ver. Faz-nos acreditar que ainda existem boas pessoas com valor que estão dispostas a fazer o necessário para melhorarem o mundo, mesmo que não de existir aquelas que continuam a ser más e egoístas. Para mim, seria uma boa ideia se este universo fosse mais explorado numa oportunidade futura, principalmente com a participação de Joel, Clyde, Minnow e o companheiro de quatro patas, Boy.


terça-feira, 13 de abril de 2021

Filme "Zack Snyder's Justice League" - a versão mais esperada do universo da DC que teve uma qualidade que não desiludiu

Zack Snyder’s Justice League (A Liga da Justiça de Zack Snyder, em português) ou o Snyder Cut como é muitas vezes referido estreou na plataforma de streaming, HBO Max no dia 18 de Março, mas estando disponível igualmente em exclusivo na HBO Portugal. Este é um filme do universo da DC, mas com o corte de Zack Snyder, cujo argumento de Chris Terrio é feito a partir da história criada por Chris Terrio, Zack Snyder e Will Beall, sendo baseado nas personagens do Super-Homem da DC que foram criadas por Jerry Siegel e Joe Shuster. Com produção da Warner Bros. Pictures em associação com Access Entertainment e Dune Entertainment e também com produção de Atlas Entertainment e Stone Quarry realização de Zack Snyder, os produtores do filme são Charles Roven e Deborah Snyder com Christopher Nolan, Emma Thomas, Wesley Coller, Jim Rowe, Curtis Kanemoto, Chris Terrio e Ben Affleck como produtores executivos.

A Liga da Justiça de Zack Snyder é aquela produção que esperámos por muito tempo para que acontecesse, mas que finalmente chegou para surpreender e para cativar desde o início ao fim.

O elenco é constituído por Ben Affleck (Bruce Wayne/Batman), Henry Cavill (Clark Kent/Super-Homem), Amy Adams (Lois Lane), Gal Gadot (Diana Prince/Mulher-Maravilha), Ray Fisher (Victor Stone/Cyborg), Jason Momoa (Arthur Curry/Aquaman), Ezra Miller (Barry Allen/The Flash), Willem Dafoe (Vulko), Jesse Eisenberg (Lex Luthor), Jeremy Irons (Alfred Pennyworth), Diane Lane (Martha Kent), Connie Nielson (Rainha Hippolyta), J.K.Simmons (Comissário Gordon), Ciarán Hinds (Steppenwolf), Ryan Zheng (Ryan Choi), Amber Heard (Mera), Joe Morton (Silas Stone), entre outros.

Divulgação: HBO Portugal

A narrativa retrata ao redor de Bruce Wayne que está determinado a garantir que o sacrifício final do Super-Homem não tenha sido em vão e assim, ele junta forças com Diana Prince para recrutar uma equipa de meta-humanos, cujo objetivo principal é proteger o mundo de uma ameaça iminente que pode levar a proporções catastróficas. Esta missão é mais difícil do que Bruce julgava, pois cada um dos seus recrutas terá de enfrentar os seus próprios demónios para que possam seguir em frente e mais tarde, unirem-se para formar uma liga de heróis sem precedentes. Será que Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Cyborg e Flash vão a tempo de salvar o planeta de Steppenwolf, DeSaad, Darkseid e dos seus planos de destruição massiva?

Esta versão de Zack Snyder está muito melhor organizada e estruturada, sendo dividida em seis partes, nos quais foram adicionadas as cenas que eram imprescindíveis para que a história fosse contada a um ritmo adequado e mais natural, sem que a pessoa ficasse confusa, ao contrário do que tinha acontecido anteriormente no filme de 2017 que tinha sido realizado com rapidez ou com situações que faziam perder a vontade de acompanhar a mesma e criando também pensamentos de que faltava algo.

Divulgação: HBO Portugal

Neste caso, o argumento teve as suas ligeiras alterações e até com diálogos e finais diferentes e de certa forma, empolgantes de se acompanhar, mas que fizeram todo o sentido para o desenrolar do filme. Finalmente, tivemos a oportunidade de obter as explicações que faziam tanta falta para compreender tudo o que se ia sucedendo e para que ajudasse num melhor desenvolvimento de cada uma das personagens.

Este é um projeto ambicioso em que apesar de 4 horas de exibição, o espetador nem dá pelo tempo a passar, pois esta versão prende muito mais a atenção e é bem mais interessante, na forma como foi desenvolvida desta vez e para além disso, as cenas que foram introduzidas foram fundamentais para cativar o seu público.

Divulgação: HBO Portugal

Um dos pontos mais positivos deste filme foi o facto de adquirirmos conhecimentos sobre os seus vilões e os seus propósitos que vão ser um desafio para estes super-heróis, sabermos mais sobre como cada uma das personagens se cruzam uns com os outros e darem tempo para conhecermos as origens dos novos recrutas para a equipa criada por Bruce Wayne, principalmente de Ray Fisher ou Cyborg que teve muito mais destaque e foi bem merecido, mostrando a sua determinação e tendo um papel fundamental na luta contra os vilões.

Para além disso, tanto a música com a responsabilidade de Tom Holkenborg, como a realização de todas as batalhas e a qualidade técnica dos efeitos visuais fez toda a diferença para se ter um ótimo resultado final feito de uma forma equilibrada. A banda sonora é escolhida a dedo, sendo apropriada a cada momento, seja ele mais tenso, emocional ou até divertido em que os efeitos visuais não deixam ninguém indiferente.

Divulgação: HBO Portugal

Relativamente às batalhas que fazem parte destas quatro horas, as lutas são muito mais intensas e complicadas, em que todos os detalhes são pensados ao pormenor e as sequências são maiores, criando uma continuação desejada que fazia falta, em vez de ser completamente cortada.

Este é um filme completo, totalmente diferente e mais fiel ao que o público esperava, com uma edição bem conseguida, boas surpresas e uma qualidade que melhorou significativamente em que novas personagens são apresentadas, sendo que a pessoa identifica-se com todos os obstáculos e desafios que cada uma das personagens têm de enfrentar para salvarem o mundo, chegando a um ponto que o espetador tem uma mistura de sentimentos e fica admirado com tudo o que foi deixado de fora e ao mesmo tempo, contente com todas as novas cenas que foram filmadas em exclusivo para a visão de Zack Snyder.

A Liga da Justiça de Zack Snyder foi um dos filmes mais esperados pelos fãs deste universo da DC e esta versão é bem melhor do que aquela que nos foi apresentada em 2017 com um objetivo mais concreto do que é a mensagem que estão a tentar transmitir, sendo que mereceu a espera e cumpriu com o prometido e sem dúvida, que nota-se o trabalho duro que foi produzir este projeto num estilo tão característico e numa perspetiva bem própria do Zack Snyder. Um formato que teve proporções dignas para contar as histórias destas personagens que uniram-se por um objetivo em comum e que o público se identificou mais com esta era de heróis que voltou para salvar o planeta.

sábado, 10 de abril de 2021

Como conservar a Fruta e os Legumes?

 


Quando vamos ao supermercado comprar fruta e legumes, é importante que tenhamos a noção de como devemos conservar estes alimentos em causa. De seguida, refiro algumas dicas que podem ajudar na conservação, tanto da fruta como dos legumes:

  • Conserve a fruta e os legumes num lugar fresco, pois é essencial que sejam protegidos da luz. A maior parte da fruta e legumes pode ser colocada no frigorífico.

  • É importante que estes alimentos sejam consumidos, antes de ficarem murchos. Quando compra legumes e fruta é fundamental que tenha em atenção, o estado dos mesmos. Por exemplo: se parte da casca está danificada ou com partes podres ou então com manchas, quer dizer que não é uma boa opção para levar consigo.

  • É fundamental que descasque e lave os legumes, pouco tempo antes de os cozinhar ou de os comer. Para além disso, é essencial que não os deixe mergulhados em água.

  • Quando os legumes ficam muito tempo dentro de água antes de serem cozinhados acaba por verificar-se perdas significativas de vitaminas e minerais, através do processo de dissolução.

sábado, 3 de abril de 2021

Série "The Tudors", protagonizada por Jonathan Rhys Meyers - a história marcante da vida do rei Henry VIII de Inglaterra, dos seus respetivos casamentos e do seu reinado conturbado

The Tudors é uma série histórica de drama de 2007 com 4 temporadas dividida em 38 episódios, em que terminou em 2010, acabando por vir a receber diversos prémios. Com produção da Peace Arch Entertainment, esta foi criada por Michael Hirst, baseando-se na vida do rei Henry VIII de Inglaterra que é protagonizado por Jonathan Rhys Meyers, sendo que foi transmitida no canal Showtime e em Portugal podemos ver mais recentemente no canal AXN White.

Para além de Jonathan Rhys Meyers, também temos a participação de Henry Cavill (Charles Brandon), Natalie Dormer (Anne Boleyn), James Frain (Thomas Cromwell), Nick Dunning (Thomas Boleyn), Maria Doyle Kennedy (Catherine de Aragão), Sarah Bolger (Mary Tudor), Hans Matheson (Thomas Cranmer), Henry Czerny (Thomas Howard), Jamie Thomas King (Thomas Wyatt), Alan van Sprang (Francis Bryan), Annabelle Wallace (Jane Seymour), Sam Neill (Cardinal Thomas Wolsey), Anthony Brophy (Chapus), Callum Blue (Anthony Knivert), Gerard McSorley (Robert Aske), Joss Stone (Anne de Cleves), Tamzin Merchant (Catherine Howard), Lothaire Bluteau (Charles de Marillac), Max Brown (Edward Seymour), Torrance Coombs (Thomas Culpeper), David O’Hara (Henry Howard), Peter O’Toole (Pope Paul III), Jeremy Northam (Thomas More), Max von Sydow (Cardinal Von Waldburg), Joely Richardson (Catherine Parr), entre outros.

A história retrata os anos conturbados e agitados do reinado de Henry VIII de Inglaterra (Jonathan Rhys Meyers) que foi rei durante praticamente 40 anos, ao mesmo tempo que aborda os relacionamentos e respetivos casamentos com as suas seis mulheres que acabaram por criar um impacto naquela altura, cada uma à sua maneira, seja pela forma como viveram as suas vidas ou até pelo fim trágico que algumas tiveram. São elas, Catherine de Aragão (Maria Doyle Kennedy), Anne Boleyn (Natalie Dormer), Jane Seymour (Annabelle Wallis), Anne de Cleves (Joss Stone), Catherine Howard (Tamzin Merchant) e Catherine Parr (Joely Richardson). Como será que cada uma destas mulheres vai conseguir encantar este monarca? Será que Henry VIII irá ser um líder justo e digno para o seu reino?

 

Como referido anteriormente, esta série de época apresenta a história de vida complicada de Henry VIII que foi rei de Inglaterra de 1509 a 1547 e dos seus respetivos casamentos que tiveram uma curta duração, sendo que a primeira temporada desenrola-se entre 1518 e 1530. A segunda temporada apresenta os acontecimentos entre 1531 e 1536 enquanto a terceira temporada mostra os eventos ocorridos entre 1536 e 1540 e por fim, a quarta e última temporada retrata desde 1540 até à data da morte deste rei em 1547.

Não temos só a oportunidade de acompanhar o caminho atribulado que foi a vida e o reinado de Henry VIII em si para se tornar num dos reis mais mediáticos e polémicos da história de Inglaterra, mas também os desenvolvimentos dos relacionamentos deste com as suas seis esposas que começou na primeira e segunda temporada com Catherine de Aragão e Anne Boleyn. Depois durante a terceira temporada foram abordados os seus casamentos com Jane Seymour e Anne de Cleves e na quarta e última temporada chegou a vez de Catherine Howard e da sua última esposa, Catherine Parr.

 

O rei Henry VIII de Inglaterra era um homem com uma personalidade muito complexa bem diferente do que aparece nos livros de história já que neste caso era um jovem egoísta, atraente, charmoso e poderoso com manias, onde tinha comportamentos impulsivos e obsessivos, mas sem faltar aquelas alturas em que se sentia mais revoltado com tudo o que lhe ia acontecendo ou até tinha dores insuportáveis que aconteciam sucessivamente, devido a uma lesão que foi causada num acidente quando era mais novo, fazendo com que durasse uma boa parte da sua vida. Ele tinha um lado mais cruel, em que mandava executar todos aqueles que lhe pudessem prejudicar ou simplesmente pudessem um obstáculo para ele e tomava medidas extremas para proteger o seu reino, chegando a um ponto que enlouqueceu e ficou louco. Por isso, se alguém o traísse, ele praticamente ordenava a morte dessa pessoa. Será que Henry alguma vez vai ter momentos em que a sua sanidade mental estará equilibrada?

Este rei vai ser constantemente pressionado para que tenha um herdeiro do género masculino. Infelizmente, ele passa por dificuldades relativamente a esse assunto ao mesmo tempo que vai sendo testado a nível de intrigas mais políticas que vão aparecendo na sua corte. Henry VIII enfrenta desafios e traições por parte de pessoas que não respeitam as suas decisões e a sua autoridade. Será que Henry vai ser um rei eficaz para a sua corte e nação?

O casamento entre Henry VIII e a sua primeira mulher completamente dedicada e leal, Catherine de Aragão passou por altos e baixos, principalmente porque ela não lhe conseguia dar um herdeiro masculino, mas tudo mudou quando ele se apaixonou por Anne Boleyn e por isso, não desiste enquanto não se divorciar da atual rainha que vai ser um processo longo e complicado, pois ele não está satisfeito com o seu matrimónio atual e quer se casar com a sua nova paixão que não deixa de ser tentadora.

Henry luta para obter a anulação do seu casamento com Catherine de Aragão em que esta acreditava que nada poderia colocar o fim à sua união com o rei, de tal forma que ele desafia todos, sendo que corta as suas relações com a Igreja Católica e adere à reforma protestante que vai ajudá-lo a se tornar no primeiro monarca a divorciar-se, mas que também vai marcar o futuro de toda a Inglaterra, criando assim, uma nova era para a religião deste país. Com a sua decisão de criar uma nova religião, neste caso, a protestante que não foi bem aceite por todos, Henry coloca em risco as ligações do reino com outros impérios europeus devido à sua obsessão por Anne Boleyn. Estas mudanças podiam levar a uma revolta por parte do seu povo e aqueles que não concordavam em seguir com esta religião, acabavam por ser perseguidos e quando fossem apanhados eram imediatamente condenados à morte.

 

Também é explorada a relação que Henry VIII tinha com os seus homens de confiança, entre eles, Charles Brandon, o Duque de Suffolk, melhor amigo e o maior confidente do rei, o Cardeal Wolsey, o filósofo Thomas More, o Thomas Cromwell, entre outros. Infelizmente para Henry, existiam aqueles que tinham planos muito bem preparados e organizados para que podiam ter um benefício próprio e por isso, aproveitavam-se da boa vontade do rei para colocarem em prática os seus planos e conseguirem alcançar os seus objetivos. Será que essas pessoas vão sofrer as consequências pelos seus atos?

Jonathan Rhys Meyers está de parabéns, pois tem um talento imperdível e faz um trabalho brilhante a desempenhar este rei e mostrando todos os lados da personalidade deste monarca.

Para garantir a dinastia Tudor era fundamental que Henry VIII tivesse um herdeiro masculino. Ao longo da altura em que acompanhamos a sua história e percebemos a dificuldade que ele tem em ter um filho como o seu sucessor, pois parece que existe uma possível falta de capacidade das rainhas não conseguirem dar à luz o que era preciso para a descendência de Henry. Será que isto é algum tipo de castigo divino e ele vai ter apenas mulheres na linha de sucessão?

O público vai tendo uma mistura de sentimentos perante o rei em que por vezes compreendemos determinados atos que ele tem de tomar e noutras situações, achamos que toma decisões precipitadas e até radicais.

 

The Tudors é uma história que apresenta as mulheres que se destacaram na vida do rei Henry VIII e os aliados e inimigos do mesmo, mas também é repleta de drama, alianças políticas que podem ser quebradas a qualquer momento, acordos diplomáticos que nem sempre resultavam bem, conspirações, conflitos, rumores que começam a surgir na corte até chegarem aos ouvidos do rei, momentos ousados e apaixonantes, traições, esquemas, dilemas, rivalidades, manipulações, cenas mais eróticas, guerra, violência, assassinatos, paixões, intrigas, invasões, ambições, poder, adultério, luxúria, disputas políticas, torturas, morte e muito mais. Também aborda a forma como funcionava o ambiente da corte inglesa no século XVI que é constituída por intrigas, jogos e traições e como o poder pode influenciar o comportamento de alguém e até chegando a um nível obsessão que pode levar a um estado de loucura.

 

O que não faltam são membros da corte a serem acusados de traição, maioritariamente conselheiros do rei que dava para perceber que eram umas autênticas cobras, pois estavam sempre a lançar o seu veneno para que conseguissem chegar aos seus objetivos. Num geral eram pessoas falsas que só queriam prejudicar e subirem a sua posição perante os outros, de tal forma que era difícil confiar em alguém, chegando a um ponto que se compreende a razão pela qual o rei tinha momentos de paranoia, porque não sabia com quem contar.

O papel que as mulheres tinham naquela época e na corte era curioso, principalmente aquelas que estavam associadas à família real. Muitas eram corajosas, determinadas e fortes, como foi o caso das rainhas Catherine de Aragão e Anne Boleyn e que tinham uma função a desempenhar. Cada uma das mulheres de Henry tinha a sua própria essência e temperamento, seja a Catherine de Aragão que tinha uma grande devoção pelo seu marido e até ao fim, ela acreditou que seria sempre a rainha de Inglaterra ou a Anne Boleyn que era uma mulher com fortes emoções que seduzia e manipulava as pessoas ao seu redor, mas não imaginava que também era manipulada pelos outros ou a Jane Seymour que tinha uma bondade indescritível e estas foram só alguns exemplos.

 

A história que é contada nesta série e gerou discussão não é fiel aos seus acontecimentos reais pela qual esta é baseada, sendo que há muitas mudanças, seja a nível de nomes, características físicas de determinadas personagens ou a nível de eventos que não ocorreram na realidade, nas quais algumas foram exageradas, acabando por não serem bem aceites pelo público, principalmente em Portugal com uma situação específica relacionada com um rei português que foi abordado neste drama. Por isso, aquilo que eu aconselho é verem com calma, mas sem que tenham de avaliar os erros históricos e incoerências que possam vir a surgir e também relembrar que determinadas situações foram criadas com o objetivo de atrair o público e quem sabe possa até vir a se tornar interessante.

 

The Tudors é uma das produções mais bem-sucedidas dos últimos tempos que mistura ficção com realidade com uma fotografia fantástica e com figurinos excecionais e exuberantes que tem uma banda sonora de Trevor Morris e um tema de abertura que fica sem dúvida na memória, seja com a música que é escolhida ou mesmo pela forma como cada membro do elenco vai sendo apresentado. Esta teve um bom equilíbrio durante o desenvolvimento da sua história, fazendo com que conseguisse cativar o espetador em momentos vitais da mesma, através de uma liberdade criativa que até teve alguns resultados interessantes. É um drama que atrai e envolve quem está a assistir, mesmo que tenha alguns episódios mais parados pelo meio, sendo constituído por uma cinematografia bem produzida, bons efeitos visuais e cenários muito bem construídos para se adequar à época, mostrando a elegância e requinte e todos os pormenores pertinentes que existiam no século XVI e assim, acabamos por ter uma noção de como era a sociedade inglesa neste período.

Está é uma época que sempre foi muito falada na história da monarquia britânica, sendo que já teve as suas diferentes adaptações de várias formas, mas mesmo assim, continua a criar curiosidade para o público que gosta de séries de época e de saber mais sobre a dinastia Tudor, pois sem dúvida que é algo que vale a pena ser contado. As falhas a nível de rigor histórico que neste caso não me incomoda até não causam grande impacto na qualidade desta produção e todo o trabalho envolvido que continua a ser falada, mesmo anos após ter terminado a sua quarta e última temporada.

 

Henry VIII foi uma figura marcante na história de Inglaterra e da dinastia Tudor e um apaixonado pelo seu país que se transformou no maior protestante, criando uma religião completamente nova para o seu reino que chegou a dividir o mesmo. Apesar de ter sido considerado como um rei cruel e louco que ficou obcecado pelo poder, porém ele viveu uma vida invulgar e intensa e foi constantemente atormentado por algumas das escolhas que fez no seu passado. Foi uma jornada que foi tendo os seus altos e baixos com triunfos e derrotas pelo meio que explorou os seus vários relacionamentos amorosos, mas que sem dúvida, destacou e marcou Inglaterra e todos os monarcas que governaram depois e assim, ele foi um dos reis mais importantes que existiu na história da monarquia britânica que deixou um legado que ninguém irá esquecer, onde ocorreu a decapitação de amigos e inimigos e guerras inevitáveis contra a Igreja Católica e outras nações.

Depois de ter acompanhado os Tudors que foi constituído por um bom elenco que desempenhou muito bem as suas personagens, esta série dramática criou uma vontade e curiosidade em saber como seria a continuação dos acontecimentos e muito mais, mas desta vez protagonizadas pelos filhos de Henry VIII, Edward, Mary e Elizabeth I. Será que algum dia vamos ter oportunidade de ver uma produção dedicada a estes membros da família? Eu espero bem que sim! Para além disso, eu posso admitir que fui uma daquelas pessoas que começou a pesquisar sobre a história desta família e as suas origens depois de ter terminado estas quatro temporadas.

The Tudors é uma série interessante, emblemática e maravilhosa que teve uma identidade própria que conseguiu entreter o seu público e é uma versão que eu tinha curiosidade em ver e não desiludiu, em que cria uma ligação com as personagens que nem sempre os livros têm a capacidade de o fazer e também foi uma boa surpresa, todas as representações visuais mostradas de uma das histórias mais populares e conhecidas da monarquia inglesa.