Falcon and the Winter Soldier (O Falcão e o Soldado do Inverno, em português) é uma minissérie de seis episódios, produzida pela Marvel Studios que está disponível em exclusivo na plataforma da Disney +. Com criação para a televisão de Malcolm Spellman, esta é baseada nas personagens da Marvel Comics que tem Kari Skogland como realizador, Henry Jackman como responsável da banda sonora e Kevin Feige como um dos seus produtores executivos, juntamente com Louis D’Esposito, Victoria Alonso, Nate Moore, Kari Skogland e Malcolm Spellman.
A história está introduzida na fase 4 da MCU e se desenrola após os acontecimentos do filme de 2019, Avengers: Endgame (Vingadores: Ultimato, em português).
Depois de ter recebido
o escudo de vibranium por parte do Captain America (Chris Evans), Sam Wilson (Anthony Mackie) vai ter de
ponderar bem sobre se ele é a pessoa mais indicada para continuar com o legado
deste super-herói ao mesmo tempo que Bucky
Barnes (Sebastian Stan) terá de lidar com o seu passado conturbado e com os
seus atos enquanto Winter Soldier, um
assassino sem qualquer tipo de misericórdia que sofreu uma lavagem cerebral e
foi programado pela organização Hydra
para eliminar quem eles quisessem. Juntos, esta dupla terá de enfrentar uma
ameaça que pode vir a trazer o caos. Será que nesta jornada, Sam Wilson irá se tornar no próximo Captain America? Para além disso, será
que Bucky Barnes vai conseguir ultrapassar
os seus traumas?
O elenco é constituído
por Sebastian Stan (Bucky Barnes), Anthony Mackie (Sam Wilson), Emily VanCamp
(Sharon Carter), Wyatt Russell (John Walker), Erin Kellyman (Karli Morgenthau),
Florence Kasumba (Ayo), Danny Ramirez (Joaquin Torres) e Daniel Brühl (Zemo),
mas também tem a participação de Adepero Oduye (Sarah Wilson), Clé Bennett
(Lemar Hoskins), Carl Lumbly (Isaiah Bradley), Georges St. Pierre (Batroc),
Desmond Chiam (Dovich), Dani Deetté (Gigi), Indya Bussey (DeeDee), Renes Rivera
(Lennox), Tyler Dean Flores (Diego), Miki Ishikawa (Leah), Noah Mills (Nico),
entre outros.
Esta é uma minissérie
de super-heróis que mistura ação com aventura, ficção científica, suspense,
comédia e até drama, sendo que aborda temas que são muito importantes para a
nossa sociedade e que devem continuar a serem discutidos, tais como a procura
pela própria identidade, o racismo, a discriminação, o preconceito, a saúde
mental, o patriotismo, conflitos políticos, a depressão, o transtorno de stress
pós-traumático, o modo como cada uma das personagens lida com os seus medos e
traumas e muito mais.
Desta vez, o mundo
corre perigo já que existe um grupo anarquista e terrorista designado por Flag-Smashers, cuja líder é Karli Morgenthau que são eficazes a
espalharem a sua mensagem, com um lema próprio e têm um plano organizado que
pode vir a trazer ataques com violência e morte. Por isso, Sam e Bucky têm de os
impedir antes que seja tarde demais. Será que vão conseguir vencer a tempo esta
equipa de mascarados?
Pode conter spoilers!
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Sam Wilson recebeu o escudo do Captain America que antes
pertencia ao seu grande amigo, Steve
Rogers que o entregou como escolha pessoal, sendo que na minha opinião esta
foi uma passagem emocionante, surpreendente e marcante que este herói fez para
com o Falcon. Mas Sam não está convencido e acha que não é
a pessoa certa para continuar com este legado e por isso, ele prefere entregar
esta relíquia ao governo dos EUA para que possa ser apreciada num museu
juntamente com o uniforme deste super-herói. Será que esta sua escolha vai ser
assim tão fácil ou o governo americano tem outros planos em vista?
Apesar de estar a
colaborar com a Força Aérea dos EUA, Sam
é um cidadão que tenta viver uma vida normal e de certa forma sobreviver ao mesmo
tempo que tenta descobrir qual é realmente o seu verdadeiro propósito. Ele
aproveita o seu tempo livre para se dedicar à sua família e ir ajudar a sua
irmã, Sarah que está a passar por
dificuldades financeiras, devido ao negócio da família. Assim, Sam tenta ajudar
a irmã a arranjar o barco que pertence há muito tempo à sua família que não vai
uma tarefa fácil.
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Sam é uma pessoa sarcástica que toma atitudes espontâneas e vai
questionar-se constantemente sobre que caminho deve seguir e se é possível um
homem negro representar um país que não aceita bem a sua comunidade e nem
respeita a mesma. Ele sente-se pressionado para assumir o escudo que acaba por
ser um símbolo que tem um grande significado de esperança e justiça para a
humanidade. De certa forma, tudo isto faz sentido para o seu grande dilema,
pois ele tem o intuito de proteger os outros e aos poucos começamos a ver as
semelhanças que Sam tem com Steve Rogers, principalmente quando
falamos dos seus valores que são de acordo com aquilo que é preciso para erguer
o escudo. O que significa ser um Captain
America negro? Poderá Sam fazer a
diferença? Será que a população vai aceitar essa mudança?
Ao longo dos episódios,
Falcon mostra os seus talentos tanto
em voo como em combate ao mesmo tempo que ficamos a conhecer mais detalhes da
vida de Sam e do seu passado. Um dos
momentos altos desta minissérie que prende a atenção desde o primeiro minuto e
é empolgante é a sequência de ação iniciada por Wilson, utilizando o seu equipamento de Falcon e mostrando assim, as suas habilidades impressionantes, onde
durante quase 10 minutos, a pessoa não consegue tirar os olhos do que está a
acontecer. Esta é uma luta aérea que é feita de uma forma impecável por Falcon enquanto enfrenta um grupo de inimigos
num local perigoso e com helicópteros e tiroteios à mistura que são realizados
com efeitos especiais espetaculares em que não falta o mínimo detalhe.
Para além disso, também temos a oportunidade de ver uma boa sequência de imagens do treino de Sam Wilson, enquanto utiliza o escudo de Captain America como ferramenta de trabalho.
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Com o soro de
super-soldado a correr nas suas veias, James
Bucky Barnes foi recentemente perdoado por todas as atrocidades que cometeu
nos últimos tempos, mas tudo isto implicava que ele tivesse sessões de terapia
e quem sabe ajudá-lo a lidar com tudo o que fez durante o seu tempo enquanto um
assassino tão perspicaz e eficaz quanto o Winter
Soldier que tinha sofrido uma intensa lavagem cerebral, mas que acabou por
conseguir ultrapassar, devido à sua passagem por Wakanda, onde teve um período de recuperação e passou a ser
conhecido como The White Wolf (O Lobo Branco, em português), criando
uma ligação com uma cena pós-credito que foi mostrada no filme do Black Panther (Pantera Negra, em português).
Bucky quer afastar-se da sua vida enquanto Winter Soldier e deixar esse seu lado mais obscuro para trás, mas
não é uma tarefa nada fácil de se concretizar, pois vai passar por diversas
dificuldades pelo caminho ao mesmo tempo que se tenta encaixar nesta sociedade
tão nova e diferente para ele.
Este soldado passou
grande parte da sua vida a lutar, onde sofreu um trauma intenso por todos os
crimes de guerra que cometeu no passado que foram causados através da
manipulação que foi feita pela Hydra
que o transformou num assassino. Ele luta contra o seu passado conturbado para
conseguir ultrapassar os seus demónios e se tornar numa pessoa melhor, mas para
que consiga seguir em frente, ele tem de obrigatoriamente fazer terapia.
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Uma das principais
dificuldades de Bucky são os
pesadelos que vai tendo enquanto Winter
Soldier, onde relembra a altura em que era um assassino profissional sem
misericórdia em que eliminava todos os seus alvos, acabando por trazer memórias
que o assombram e lhe cria um sentimento muito grande de culpa.
Estas sessões de
terapia vão ajudá-lo a aceitar que cometeu erros no seu passado violento, mas
que precisa de se perdoar a si mesmo para que consiga encontrar a paz no seu
interior e ultrapassar os seus obstáculos e medos e sobreviver neste mundo
atual. Vai ser sem dúvida, um desafio para Bucky
que tem um longo caminho pela frente para melhorar a sua saúde mental, onde vai
conhecer melhor a sua identidade e tem de se adaptar a viver numa realidade em
que não tem a presença de Steve Rogers
na sua vida. Ele terá de enfrentar o seu transtorno de stress pós-traumático e
arranjar ferramentas para que possa lidar com isso da melhor forma, sendo que Bucky coloca em prática tudo o que vai
aprendendo nas suas sessões de terapia. O que não vão faltar são conexões com o
passado de Bucky e finalmente vamos
conhecer a sua verdadeira personalidade.
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Tanto Sam e Bucky vão passar por uma fase de auto-descoberta e chegarem à
conclusão de quem são na verdade e o que precisam de fazer para seguirem em
frente e enfrentarem os seus traumas e medos. A vida de cada um deles não é a
mesma sem a presença de Steve, mas
eles têm de aprender a viver sem o amigo e lidar com os seus demónios, cada um
à sua maneira.
A relação entre Sam e Bucky que começou no filme Captain
America: Civil War vai tendo os seus altos e baixos e ao longo destes
episódios mostram a jornada deles como uma boa equipa. Eles têm uma dinâmica
natural e real que é excelente e divertida, sendo que sem dúvida, conseguiram
conquistar o público, em que não vão faltar brincadeiras e troca de piadas que
vão ajudar a descontrair de cenas mais dramáticas. Um desses exemplos é a parte
onde esta dupla está no interior de uma sala com a terapeuta de Bucky e partilham diálogos caricatos,
curiosos e engraçados.
Tudo isto acontece
devido à ótima química já partilhada pelos seus atores, em que estão completamente
à vontade com as suas personagens, pois já estão a interpretá-las há mesmo
muito tempo…não são apenas super-heróis, mas também são seres humanos que têm
dificuldades e medos como cada um de nós.
Ao contrário do que Sam pensava o governo nomeia um novo Captain America que desta vez é o
soldado John Walker. Tanto Sam como Bucky não reagem bem a esta escolha, sendo que o segundo tem a
intenção de trazer o escudo de volta que estão nas mãos de quem não merece, mas
que pode levar a grandes consequências como já aconteceu em eventos no passado.
John Walker é um membro das Forças Armadas e a escolha do
governo dos EUA para se tornar no próximo Captain
America. Ele passa a usar o uniforme e o escudo deste herói e ao longo dos
episódios temos a oportunidade de conhecer melhor esta personagem que acabou de
ser introduzida no MCU, o seu desenvolvimento e o caminho que teve de percorrer
até lhe oferecerem este cargo que tem o dever de honrar o trabalho de Steve Rogers. John quer deixar a sua marca enquanto o Captain America, mas será que vai ter esse reconhecimento?
Walker é uma pessoa impaciente e determinada que tem os seus
valores, princípios e convicções que nem sempre são o suficiente, pois ele
mete-se naquilo que não deve e toma decisões precipitadas e impulsivas, tal
como injetar o soro de super-soldado em si mesmo que pode intensificar o seu
feitio. Ele até pode ter boas intenções, mas as circunstâncias não ajudam, pois
é descontrolado, tem ataques de raiva e tem um estado psicológico que pode
explodir a qualquer momento, levando a comportamentos que podem deixar qualquer
um perplexo e em choque, principalmente quando resolve as coisas pelas suas
próprias mãos e não traz bons resultados, acabando por passar por momentos de
humilhação. Depois de ter passado por períodos de muito ódio e frustração,
temos a oportunidade de ver a sua transformação num US Agent (Agente americano,
em português) que faz parte dos eventos da banda desenhada.
Ao longo dos episódios
vão existir conflitos entre Sam e Bucky com Walker e Lemar, sendo que
as cenas de luta na batalha entre Sam
e Bucky contra Walker foram sensacionais, intensas e muito bem feitas.
Como referido anteriormente, o Falcon e Winter Soldier têm de impedir o grupo terrorista Flag-Smashers liderado pela Karli de trazer o caos, mas para isso acontecer, eles precisam de saber mais informações.
Segundo Bucky, uma das melhores formas para
obterem informações é através de um agente da Hydra que neste caso é o Helmut
(Barão, em português) Zemo que está preso, mas a sua saída da
prisão está para breve, devido a um plano bem executado por Bucky.
Zemo é um mestre da manipulação e um autêntico terrorista que
usa uma máscara roxa que é bem peculiar para os fãs do universo da Marvel,
sendo que ele é cínico, inteligente e tem um talento particular para conseguir
aquilo que quer e fazer o que for necessário para impedir os seus inimigos de
concretizarem os seus planos. Ele foi responsável pela morte do Rei T’Chaka durante um evento mundial
que eu acredito que Wakanda não vai
esquecer facilmente quando souber que ele já não está preso.
A decisão de terem
adicionado Zemo à história foi muito
bem implementada, pois fez toda a diferença para a curiosidade que o público
vai tendo sobre os seus comportamentos e atos e surpreendeu na forma como
conseguiu encaixar-se tão bem nas cenas partilhadas com Sam e Bucky que foram
inesperadas e até divertidas de se ver, formando assim, uma boa tripla. Esta
personagem tem carisma, tendo como objetivo principal, a destruição tanto os
super-soldados como o soro que foi recriado e não descansa enquanto não cumprir
com a sua missão. Será que vai conseguir seguir com os seus planos?
Quando Bucky, Sam e Zemo chegam à cidade de Madripoor para saberem mais informações
sobre o soro, eles cruzam-se com a fugitiva Sharon
Carter que é a sobrinha de Peggy
Carter e já foi uma agente da S.H.I.E.L.D.,
mas foi exilada dos EUA Neste momento, ela é uma vendedora de arte em Madripoor cheia de contactos, mas que
esconde muitos segredos.
Finalmente vai chegar a
altura em que Wakanda quer que Zemo sofra as consequências dos seus
atos e seja feita justiça por todo o mal que ele cometeu. Por isso Ayo, um dos elementos da guarda real da Dora Milaje aparece para capturar Zemo que acaba por ser um trabalho mais
fácil do que se pensava, pois estas guerreiras de Wakanda conseguiram proporcionar-nos grandes momentos de luta com
habilidades extraordinárias mesmo que pudessem estar a enfrentar pessoas com o
soro de super-soldado.
Bucky Barnes resolve dar a conhecer a Sam, Isaiah Bradley que é
um homem afro-americano veterano que tem no seu sistema e que esteve preso
durante 30 anos depois de ter utilizado o traje do Captain America, onde foi alvo de várias experiências científicas e
utilizado como cobaia que acabaram por prejudicar a sua vida, chegando a um
ponto que foi dado como morto. Eu acho que poderia ter sido interessante que tivesse
sido mostrado o passado de Isaiah.
Sendo assim, num momento de grande tensão, Isaiah acredita um homem negro não pode nunca ser o Captain America, porque a sociedade não vai deixar. Será que é possível alguma vez um homem negro tornar-se neste herói? É isto que esta minissérie explora, sendo que Isaiah foi uma peça fundamental para Sam começar a refletir e questionar-se sobre aquilo que queria mesmo fazer.
Divulgação: Disney + e Marvel Studios
Esta é uma história
sólida com uma introdução brilhante e com boas surpresas que vai tendo o seu
impacto ao longo dos seus episódios, em que o público consegue identificar-se
com as suas personagens e onde existem referências que são naturais e fluídas
não só às bandas desenhadas, mas também aos muitos filmes da MCU. São mostradas
as vulnerabilidades desta dupla, cada um com a sua abordagem, principalmente a
nível de ângulos que foram utilizados durante a filmagem das cenas que focavam
mais no Sam ou no Bucky.
Esta minissérie dá a
oportunidade de explorar melhor estas personagens que tiveram um papel
fundamental em filmes anteriores pertencentes ao universo da Marvel, sendo que
também ajuda a pessoa refletir, pois lida com temas que continuam a ser um tabu
e a serem desconfortáveis de discutir, como por exemplo, o racismo que é
abordado sem que sejam utilizados filtros.
A Marvel está de
parabéns por mais uma produção incrível com um argumento ambicioso, muito bem
realizada e com diálogos bem introduzidos, sendo que é repleta de ação, mas que
é ao mesmo tempo divertida com piadas bem inseridas e caricatas, com
participações muito especiais e com flashbacks
e cliffhangers interessantes. Também
é constituída por momentos constrangedores com o seu lado mais cómico e algumas
partes bem épicas para o público com cenas de ação com uma boa qualidade,
perseguições empolgantes e episódios que prendem a atenção.
Toda a banda sonora
está muito bem adaptada a cada uma das cenas que vão sendo mostradas e vai
sendo dividida por temas musicais específicos, dependendo da personagem ou do
ambiente envolvido e por uma música utilizada nos créditos iniciais após terminar cada episódio que fica no ouvido. A
cinematografia está fantástica, com uma qualidade técnica brilhante e precisa
que inclui efeitos especiais bem feitos, bons ângulos de filmagem, mostrando o
ponto de vista das suas personagens e lutas muito bem coreografadas.
The Falcon and The Winter Soldier tem uma mistura de
espionagem e suspense que mostra como é a relação desta dupla e como vai sendo
desenvolvida, sendo constituída por cenas no meio dos créditos e por sequências
de ação cativantes. Tudo é mostrado num modo subtil, onde heróis e vilões se
juntam por um objetivo em comum e sem dúvida que conquista qualquer um,
terminando com um uniforme do Captain America
bem interessante.
Finalmente, as
personagens tiveram o destaque merecido que eu já esperava há muito tempo e em
que foram bem desenvolvidas. Esta minissérie tem um final que deixa em aberto
várias possibilidades para a continuação da MCU durante a fase 4 e mais no futuro.
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