sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Série "Y: The Last Man" - uma história apocalíptica com uma visão diferente que ainda tinha muito para dar

 

Y: The Last Man (Y: O Último Homem, como título em português) é uma série dramática e de ficção científica constituída por uma temporada com 10 episódios que pode ser vista através do catálogo do Star e disponível na plataforma da Disney +. É produzida pela FX Productions, na qual foi desenvolvida para a televisão por Eliza Clark que é também a criadora e produtora executiva, sendo baseada na aclamada série de Brian K. Vaughan e Pia Guerra para a DC Comics com o mesmo nome.

Para quem não sabe, Y: O Último Homem é uma série de banda desenhada de ficção científica com 60 edições publicadas, desde 2002. Recebeu três Prémios Eisner e a edição «Y: O Último Homem, Volume 10» foi nomeada para o primeiro Prémio Hugo na categoria de Melhor História Gráfica.  

O elenco é composto por Diane Lane (Jennifer Brown), Ashley Romans (Agente 355), Ben Schnetzer (Yorick Brown), Olivia Thirlby (Hero Brown), Amber Tamblyn (Kimberly Cunningham Campbell), Marin Ireland (Nora Brady), Diana Bang (Dra. Allison Mann), Elliot Fletcher (Sam Jordan) e Juliana Canfield (Beth Deville).

Esta é uma história que atravessa um mundo pós-apocalíptico no qual um evento cataclísmico dizima todos os mamíferos com um cromossoma Y exceto um homem cisgénero e o seu companheiro de estimação. Os sobreviventes lutam para restaurar o que foi perdido e a oportunidade de construir algo melhor.

Esta é a jornada de Yorick enquanto ele atravessa um novo mundo cheio de caos ao seu redor juntamente com Ampersand, o seu macaco de estimação que também sobreviveu, enquanto os seus sobreviventes lutam com a perda dos seus entes queridos, ao mesmo tempo que tentam restaurar a sociedade mundial, através da liderança da mãe de Yorick, Jennifer Brown, uma antiga congressista democrata que se tornou na nova presidente dos Estados Unidos da América e não vai ter um caminho fácil de percorrer, onde os obstáculos vão surgindo, sendo que o pânico pode acontecer a qualquer momento.

Divulgação: Disney +

O Yorick não irá viajar constantemente sozinho, pois terá como companhia, a misteriosa Agente 355. É um membro da organização secreta Culper Ringer e guarda-costas do Yorick com ordens específicas da mãe deste ilusionista para o proteger, custe o que custar. Porém, esta agente do serviço secreto e espiã também é conhecida pelo seu pseudónimo Sarah Burgin e foi sem dúvida, um dos destaques da história que brilhava sempre que lutava, demonstrando as suas habilidades.

O motivo principal da viagem desta dupla é procurar pela Dra. Allison Mann, uma geneticista da Universidade de Harvard que a presidente Brown acredita que possa ser a única com capacidades para estudar Yorick, o único que sobreviveu, descobrindo qual foi a causa da morte misteriosa dos indivíduos com cromossoma Y e encontrar assim, a solução para salvar a humanidade, apesar desta especialista estar no radar do FBI por ter solicitado fundos dos sauditas.

Além disso, também acompanhamos como outras personagens lidam com este novo mundo sem homens. Falamos de Hero Brown, a irmã de Yorick que trabalhava como paramédica, porém viciada em drogas e álcool que está sempre metida em problemas e coloca a culpa na sua mãe pelos problemas que tem, sendo que tem ao seu lado Sam Jordan, um homem trans e o seu melhor amigo. Já Beth DeVille é a ex-namorada de Yorick que tinha outros planos que não o incluíam a ele. Enquanto Nora Brady, uma ex-acessora de imprensa do anterior presidente que vai passar por momentos difíceis, juntamente com a sua filha. Ainda temos Kimberly Campbell Cunningham, a filha do anterior presidente que ela perdeu, juntamente com o seu marido e filhos, sendo que ela tem planos próprios para retirar a Jennifer Brown da presidência.

Esta é uma série pós-apocalíptica e criativa que tem os seus flashbacks e mostra como seria um mundo sem homens. Já aí é um tema interessante, porque todas as produções relacionadas com o apocalipse ainda não tiveram este tipo de perspetiva, tornando-se assim, numa história intrigante e atrativa que tem potencial para prender a atenção do público. É um conceito novo com uma visão diferente e até envolvente de um cenário de apocalipse que cria curiosidade em imaginar a sobrevivência destas mulheres e serem elas a terem o poder. Aliás, pode acontecer certas personalidades femininas poderem vir a chocar ou até a revelarem-se, ao mesmo tempo que cada uma lida com esta catástrofe global à sua maneira.


Divulgação: Disney +

Tanto a narrativa como as respetivas personagens poderiam ter sido melhor aproveitadas, pois ainda tinham muito para dar e acabou por haver momentos em que existiu uma falta de equilíbrio no ritmo, dando importância a coisas que não valiam a pena e levando assim, a um resultado não tão eficaz como se esperava, porém conseguiu melhorar ao longo dos episódios. Além disso, poderia ter sido mais reveladora, em que os segredos das personagens eram desvendados mais rapidamente do que aconteceu, porque até podia ajudar a criar mais empatia pelas mesmas.

Mesmo assim, foi interessante acompanhar esta série, onde podemos criar as nossas teorias sobre a causa da extinção repentina dos homens, os possuidores do cromossoma Y e a razão pelo qual o Yorick ser o único que ficou neste mundo pós-apocalíptico comandado por mulheres que estava bem representado, mostrando um ambiente de horror, desafiante e mais aterrorizante, cheio de caos, tensão, destruição e com cadáveres, sejam eles de humanos ou de animais em decomposição por cada sítio que alguém passasse. O espetador começa a imaginar como seria o impacto da presença do protagonista para com o sexo feminino e o respetivo futuro tanto dele, como das restantes sobreviventes. Apesar de terem sido apenas dez episódios e ter ficado com um final em aberto, vale a pena ver esta produção que me fez querer saber o que iria acontecer de seguida, sempre que terminava um episódio.


Divulgação: Disney +

Y: The Last Man tem uma boa qualidade técnica, mostrando em cada episódio, a determinação e o poder feminino, a construção de uma nova ordem mundial que surgiu devido a uma tragédia inesperada e o quanto as mulheres conseguem ser independentes e são capazes de tomar decisões difíceis, seja qual for a circunstância, levando assim, a possíveis consequências iminentes ou a hostilidades. Também explora assuntos contemporâneos como a sobrevivência, o género, a identidade, o preconceito, os vícios, a raça, a discriminação, a política, a classe, os conflitos que surgem quando é necessário liderar os seres humanos, o luto, um simples recomeço, a liberdade, a manipulação, a traição, a importância da igualdade, a sexualidade, a fragilidade, o desespero, conspiração e histórias familiares.

Se quiserem saber mais sobre esta história sempre podem ver a série de banda desenhada de Brian K. Vaughan e Pia Guerra para a DC Comics com o mesmo nome na qual esta produção foi adaptada. Aproveito também para agradecer à Disney +, a oportunidade que me deu para estar presente no evento de lançamento desta série em Portugal!


domingo, 23 de janeiro de 2022

Série "The Bold Type" - uma história leve, divertida e apaixonante desenrolada numa revista feminina conceituada que retrata temas relevantes para a sociedade

 

The Bold Type é uma série do canal Freeform que estreou em 2017 e mistura drama com um pouco de comédia pelo meio, sendo constituída por 5 temporadas e atualmente esta pode ser vista na plataforma da Netflix. É uma história criada por Sarah Watson que é inspirada na vida de Joanna Coles que foi editora chefe da revista Cosmopolitan.  

O elenco é constituído por Katie Stevens (Jane Sloan), Aisha Dee (Kat Edison), Meghann Fahy (Sutton Brady), Sam Page (Richard Hunter), Matt Ward (Alex Crawford), Melora Hardin (Jacqueline Carlyle), Nikohl Boosheri (Adena El-Amin) e Stephen Conrad Moore (Oliver Grayson).

Numa revista feminina em Nova Iorque, três jovens mulheres conciliam as suas carreiras com o romance, a amizade e a vida na grande cidade, enquanto descobrem a sua voz.

Esta produção conta a história de três amigas com personalidades fortes que trabalham em funções diferentes na revista global Scarlet, uma das revistas femininas mais conceituadas no mercado e irá acompanhar todos os sonhos, peripécias e obstáculos que vão tendo e que não serão fáceis de ultrapassar. São vários os temas que serão desenvolvidos da maneira certa e vão dar que falar, criando uma discussão importante nesta narrativa, como por exemplo, o feminismo, a discriminação, a sexualidade, o racismo, o preconceito, a desigualdade entre géneros, o assédio, a homossexualidade ou o papel que as mulheres podem ter na sociedade.

Jane Sloan, Kat Edison e Sutton Brady são mulheres determinadas que trabalham juntas no mesmo local e lutam constantemente para conquistarem os seus sonhos e construírem uma carreira de sucesso naquilo que mais amam fazer, por mais adversidades e desilusões que possam vir a ocorrer, sendo que ao mesmo tempo, elas procuram pelo amor verdadeiro. Por isto e muito mais, estas são personagens que acabam por se tornar numa grande inspiração para tantas mulheres de diferentes faixas etárias que estão à procura da sua identidade e a descobrirem a sua própria voz.

Jane Sloan é uma jovem sensata que foi promovida a redatora da Scarlet Magazine, o trabalho dos seus sonhos. Gosta muito dquilo que faz, mas por vezes, ela hesita e nem sempre confia nas suas capacidades de escrita. Esta jornalista vem de uma cidade pequena e está disposta a provar aquilo que vale quando chega à revista Scarlet, ao mesmo tempo que lida com o medo de ter cancro que fez com que perdesse a sua mãe, devido à doença quando ela era mais nova.

Kat Edison é o membro mais destemido e ousado do grupo com convicções próprias e luta por aquilo em que mais acredita. É a responsável pelas redes sociais da Scarlet e promete revolucionar a empresa, abordando assuntos mais polémicos que nem todos estão preparados para ouvir. É uma jovem apaixonada por aquilo que faz, mas ao longo da história, ela vai explorando a sua sexualidade e conhecendo melhor a sua identidade, tornando-se num exemplo e numa referência para muitos jovens. Um dos pontos altos da sua história é o relacionamento complicado com Adena El-Amin, uma fotógrafa que faz um trabalho fantástico e tem as suas próprias ideias e formas de ver a vida, fazendo com que esta dupla passe por altos e baixos, ao mesmo tempo que vão aprendendo muito uma com a outra.   

Depois temos a Sutton Brady que está a ocupar uma função de assistente no departamento de moda da Scarlet que implica ter horas e horas de muito trabalho que parecem nunca terminar, tendo como chefe, Oliver que é muito exigente, mas tem um bom coração. Ela é uma mulher doce, resiliente e que tem um talento nato como estilista, sendo esse o seu maior sonho. Porém Sutton esconde um segredo, ou seja, tem um relacionamento amoroso e proibido com Richard, um membro do conselho que é diretor da Scarlet e advogado do grupo editorial da revista. Será que esta relação vai resultar por muito mais tempo?

Por fim, é relevante falar de uma das mulheres mais poderosas da série que inspira qualquer pessoa, tem uma sabedoria única, é uma líder eficaz e dá boas lições de vida. Falamos da Jacqueline que é a editora chefe que lidera a revista Scarlet, sendo a responsável pela magia e a determinação que existe nesta empresa e é um tipo de mentora para os seus funcionários, principalmente para Jane.

Estas são três amigas divertidas com os seus defeitos que passaram por muito para encontrarem o seu próprio caminho e atingirem os seus objetivos, sendo que cada uma teve de enfrentar os seus medos, inseguranças, traumas e dificuldades para que pudessem crescer e lidarem com os dramas da vida que nem sempre foram fáceis de encarar, mas são essenciais para que tenham um bom amadurecimento. Juntas, esta tripla mostra como funciona a verdadeira amizade, a cumplicidade que têm entre si e como estão constantemente presentes na vida de cada uma, seja para o bem ou para o mal, ajudando no que for preciso.

O público consegue identificar-se com muitas das situações que são vividas pelas protagonistas, torcendo por elas e colocando-se no lugar das mesmas, sendo que a história prende a atenção desde o início até ao fim com a sua criatividade, mostrando como devemos tratar as pessoas ao nosso redor e o quanto é importante, a compreensão e a comunicação uns com os outros e como a pessoa deve aceitar-se a si própria, sem qualquer tipo de receios.

Esta é uma série relevante, envolvente e com autenticidade que acompanha o mundo exuberante da moda e de uma certa forma é revigorante, especial e marcante para quem está a acompanhar e com a qual nos conseguimos identificar facilmente com a vida da Jane, Kat e Sutton, mulheres que confiam totalmente na amizade que têm entre si, enquanto navegam numa jornada longa pelas complexidades deste mundo moderno para se tornarem nas pessoas que estão destinadas a ser. Além disso, tem uma boa representatividade e a capacidade de provocar conversas significativas sobre assuntos mais delicados ou até polémicos que são retratados com todo o respeito e são importantes na sociedade, mas que por vezes continuam a ser tabus. Ainda são mostradas as dificuldades que existem para as jovens mulheres vencerem no mercado de trabalho.

The Bold Type tem uma história leve, divertida, intrigante, ousada, apaixonante e interessante que consegue ser perfeita à sua maneira, apresentando o poder feminino e sendo repleta de surpresas e constituída por personagens carismáticas com um vestuário fantástico. É desenvolvida de um modo inteligente e diferente e desenrola-se num ambiente humano e familiar para o espetador, onde não vai faltar a demonstração de poder, momentos desafiantes, liderança, escolhas difíceis, festas, escândalos, conflitos, lutas diárias e reviravoltas, mas sem deixar de lado, a amizade, a resiliência, o amor, o romance, o humor, a coragem, a liberdade, a esperança, a compaixão e a força de vontade que é fundamental existir na nossa vida.

Esta série imperdível, envolvente e viciante tem uma perspetiva bem real, cuidadosa e inovadora que faz com que tenhamos uma reflexão mais profunda sobre temas pertinentes e atuais para a comunidade e também tem histórias que fazem parte da realidade de muitas pessoas. É um tipo de aprendizagem significativa, emocionante e dinâmica que vamos tendo não só como mulheres, mas também como seres humanos e nos deixa evoluir e a pensar sobre o que é realmente mais importante para cada um de nós, quais são as nossas prioridades, como devemos lidar com os nossos problemas, sejam eles pessoais ou profissionais e dar valor ao que importa, o que significa ser um líder e muito mais.

Apesar de estar na lista das minhas séries favoritas, The Bold Type é daquelas histórias contagiantes que retrata maioritariamente o feminismo e conseguiu fazê-lo bem, criando um impacto positivo e uma empatia imediata, em que vale mesmo a pena verem e até tirarem as vossas próprias conclusões. Uma coisa é certa! Jane, Kat e Sutton já deixam muitas saudades e as lições que aprendemos com elas não vão ser esquecidas, mesmo que elas não tenham sempre tomado as melhores decisões, em determinadas situações!


sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Série "Wynonna Earp" - um tipo de faroeste sobrenatural e com terror à mistura que cativou e criou o seu impacto

Wynonna Earp é uma série sobrenatural original da Syfy que estreou em 2016 com quatro temporadas e constituída por 63 episódios, sendo baseada no graphic novel com o mesmo nome de Beau Smith, em que Emily Andras é a responsável pela sua adaptação para televisão.

Wynonna Earp (Melanie Scrofano), descendente de Wyatt Earp regressa à sua terra natal de Purgatory (Purgatório, em português) para lutar contra os demónios e outras criaturas, pois ela é a única que tem as capacidades para o fazer com a sua arma especial e por isso, esta mulher deve eliminar estes demónios para conseguir salvar a cidade. Com as suas habilidades peculiares e um bando de aliados disfuncionais, Wynonna é a única que pode levar o paranormal à justiça.

O elenco é constituído por Melanie Scrofano (Wynonna Earp), Shamier Anderson (Xavier Dolls), Tim Rozon (Doc Holliday), Dominique Provost-Chalkley (Waverly Earp) e Katherine Barrell (Nicole Haught), mas também tem a participação de Greg Lawson (Randy Nedley), Varun Saranga (Jeremy Chetri), Michael Eklund (Bobo Del Rey), entre outros.  

Esta produção conta a história de Wynonna Earp, a descendente de Wyatt Earp, um xerife que foi lendário por ter morto 77 foras da lei com a sua arma preciosa, Peacemaker (pacificadora, em português). Devido a este acontecimento foi lançada uma maldição para a família Earp, ou seja, estes foras da lei regressavam algum tempo depois como demónios reencarnados, os Revenants (renascidos, em português) para se vingarem dos descendentes de Earp. Eles iriam aparecer quando o herdeiro fizesse 27 anos. O herdeiro é o elemento mais velho da linhagem dos Earp que já tem o seu destino traçado para dedicar a sua vida a matar todos esses 77 renascidos, utilizando a Peacemaker, a única arma que é capaz de enviar todos estes demónios e criaturas sobrenaturais que fazem parte da maldição Earp de volta para o Inferno.

Wynonna não era para ser a herdeira do legado Earp, mas devido à morte do seu pai e da sua irmã mais velha, Willa, ela acabou por suceder quando fez 27 anos. Juntamente com a sua irmã mais nova, Waverly e o seu grupo de aliados, Dolls, Doc e Nicole, Wynonna tem a missão de combater todos os seres sobrenaturais que vivem no Ghost River Triangle (Triângulo do Rio Fantasma, em português), uma zona que está amaldiçoada junto às Montanhas Rochosas canadenses. Será que Wynonna vai conseguir libertar a cidade de Purgatory destas criaturas e assim terminar completamente com a maldição dos Earp?

Wynonna Earp é uma mulher talentosa, divertida e corajosa com uma personalidade muito forte com uns traços bem cómicos, com um humor peculiar e que gosta constantemente de beber álcool. Para todos, ela pode parecer uma pessoa muito forte e sem vulnerabilidades, mas isso não é bem verdade, pois Wynonna também comete erros e tem dificuldades em enfrentar os seus próprios problemas, sendo que por vezes tem coisas a perder. Esta herdeira mais solitária e com um mau feitio tem os seus próprios demónios com quem tem de lidar num passado que não foi nada fácil de passar e deixou pelo caminho, feridas difíceis de ultrapassar. O que é muito interessante de se ver é o amadurecimento que esta protagonista vai tendo ao longo das temporadas e tudo aquilo que vai aprendendo no seu papel enquanto protetora da cidade de Purgatory e na dinâmica que vai tendo com as outras personagens.

Vamos falar um pouco dos aliados de Wynonna. Começamos pelo Xavier Dolls, um agente especial de uma divisão misteriosa designada por Black Badge Division com os seus segredos que está a investigar ataques sobrenaturais e acaba por ajudar Wynonna a lutar contra os renascidos. Depois temos Jeremy Chetri, um cientista muito inteligente do Black Badge que tem um bom coração, é divertido e é um dos protagonistas de algumas das piadas da história, porém vai ser bem útil na luta de Wynonna contra os demónios e outras criaturas que vão surgindo por Purgatory.

Doc Holliday é um dos maiores aliados da Wynonna e uma das minhas personagens preferidas da série, sendo que ele é o antigo parceiro de Wyatt Earp com uma habilidade extraordinária e profissional no que toca a disparar armas, mas cheio de traumas já que foi amaldiçoado com a imortalidade e esteve preso num poço durante mais de cem anos. O relacionamento dele com a Wynonna apresenta uma cumplicidade e uma química bem evidente, sendo que eles vão estar constantemente a serem testados e terão de enfrentar desafios difíceis, seja em conjunto ou em separado.

Um dos pontos altos da série é sem dúvida, o relacionamento entre Waverly Earp, a irmã mais nova de Wynonna e Nicole Haught, uma oficial do Departamento de Polícia de Purgatory. Dá para perceber que Waverly é daquelas mulheres mesmo especiais com o seu poder próprio em que o público cria uma empatia imediata, sendo que está sempre a torcer para que ela consiga aquilo que lhe faz mais feliz. E uma das pessoas mais importantes para Waverly para além da sua irmã Wynonna é a Nicole que criam em conjunto, uma ligação forte e muito cúmplice entre si e juntas passam por uma jornada apaixonante e enfrentam vários tipos de obstáculos sem nunca desistirem, criando assim, um tipo de sensibilidade e esperança para jovens do público que consideram esta dupla como uma inspiração para lutarem por aquilo que mais amam e seguirem as suas paixões.

Porém, a relação entre Waverly e Wynonna também tem os seus altos e baixos com alguns problemas e mágoas pelo meio, sendo que cada uma vai ter de lidar com os seus sentimentos perante a outra, mas uma coisa é certa. Quando uma está em perigo, a outra faz o que for preciso para salvar a sua irmã e estas irmãs juntas são mesmo mais fortes e vão ter um caminho intenso pela frente e nunca deixarão de lutar por aquilo que acham que é o mais importante.

Uma produção com esta natureza sobrenatural desenrolada num local isolado e com as suas personagens carismáticas que apresenta o seu elenco num tema de abertura impecável ao som da música Tell That Devil de Jill Andrews não seria a mesma se não tivesse os seus vilões, apesar de nem todos terem brilhado da forma mais indicada. Um dos antagonistas que se destacou mais foi sem dúvida, Bobo Del Rey que foi amigo de Wyatt Earp, mas atualmente era o líder dos renascidos com os seus próprios planos e um ótimo adversário para a Wynonna e companhia.

Esta é uma série com fantasia e um terror faroeste com características mais modernas, sendo combinadas com o mundo de sobrenatural, sem deixar de ter o seu lado mais dramático e os seus momentos de ação. Com um elenco competente é constituída por uma história bonita, divertida e interessante de se acompanhar e ao mesmo tempo intrigante com boas lutas e cheia de aventuras, demónios, perigos, peripécias, conflitos, batalhas, invasões, amor, amizade, romance, magia, escolhas difíceis, missões desafiantes, traumas e cliffhangers que consegue conquistar o espetador desde o primeiro momento, apresentando ao longo dos episódios, uma evolução útil para cada uma das personagens e qual foi o caminho que tiveram de percorrer para lá chegarem e até encontrarem as respostas pelo qual procuravam.  

Wynonna Earp é daquelas séries repleta de sarcasmo e reviravoltas com suspense e comédia pelo meio que apesar de ter as suas falhas criou o seu impacto, transmitiu a sua mensagem, abordando temas importantes para a sociedade e sem dúvida, fica na memória dos seus admiradores e da sua comunidade de fãs, os Earpers. Desde o início até ao fim, estes fãs deram um apoio fantástico a toda a equipa e deu para ver o cuidado que Emily Andras teve no desenvolvimento da narrativa, criando um final satisfatório para o espetador. E além disso, esta comunidade continua a celebrar esta história e as respetivas personagens através de convívios em convenções dedicadas a esta produção com a participação de uma boa parte do elenco.

domingo, 2 de janeiro de 2022

"Harry Potter 20º Aniversário: De Volta a Hogwarts" - um evento com uma nostalgia emocionante, incrível e mágica que merece o devido reconhecimento

 

Finalmente chegou o momento do aguardado regresso do universo de cinema de Harry Potter para comemorar o seu 20º aniversário. Para quem não sabe, o lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro livro da saga Harry Potter foi no dia 26 de junho de 1997 nas mãos de J. K. Rowling. A partir desse momento que esta coleção de livros foi transformada num universo de fantasia que é das mais populares do mundo e que criou um enorme impacto na vida dos seus milhões de admiradores, continuando até aos dias de hoje a marcar diferentes gerações.   

O universo de Harry Potter retrata as aventuras de um jovem órfão que descobre aos 11 anos que é um feiticeiro e mais tarde, ele recebe uma carta muito peculiar e exclusiva para estudar em Hogwarts, uma escola de magia e bruxaria que vai dar que falar com todas as peripécias e reviravoltas que vão sucedendo ao longo destes livros. A vida deste rapaz nunca mais será a mesma e na sua jornada vão ser muitos os desafios constantes que ele terá de enfrentar.

O verdadeiro desafio começou quando se tomou a decisão de produzir oito filmes baseados na série de livros escritos pela britânica, J. K. Rowling, realizado pela Warner Bros. Pictures entre 2001 e 2011 e protagonizado por Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, tornando-se imediatamente num êxito estrondoso.

Tanto os livros como os respetivos filmes sempre foram um tipo de coleção de lições de vida com uma perspetiva única que ajudavam no amadurecimento, principalmente dos mais jovens e com uma história repleta de fantasia, mistério, aventura, romance e suspense que foi eficaz a prender a atenção do público, desde o início. Ambos têm uma perspetiva muito bonita e criativa sobre a vida e uma crença na infinidade de possibilidades que existem nesse mundo fora.

Os filmes desta saga conseguiram criar um ambiente mágico, familiar e especial que a pessoa facilmente se identifica e fazendo toda a diferença, chegando a um ponto que não nos cansamos de rever cada uma destas aventuras. É sempre fantástico a pessoa atravessar a plataforma 9 ¾ da estação de comboios King Cross, imaginar qual seria a equipa que seria selecionada pelo Chapéu mais famoso de Hogwarts, como seria participar num jogo de Quidditch com o auxílio de uma vassoura voadora e que feitiços teríamos a oportunidade de aprender com a nossa própria varinha mágica.

Divulgação: HBO Portugal

Pela primeira vez, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson e os restantes membros do elenco lendário dos oito filmes reuniram-se para comemorar este mundo mágico, através do Harry Potter 20º Aniversário: De Volta a Hogwarts que já está disponível na plataforma de streaming da HBO Portugal.

Esta retrospetiva especial é produzida pela Warner Bros. Unscripted Television em associação com a Warner Horizon na icónica Warner Bros. Studio Tour London e em conjunto com Casey Patterson e Pulse Films. Comemora os 20 anos desde a estreia do primeiro filme: Harry Potter e a Pedra Filosofal, tendo a participação de Emma Watson, Oliver Phelps, James Phelps, Alfred Enoch, Ian Hart, Jason Isaacs, Mark Williams, Rupert Grint, Tom Felton, Bonnie Wright, Toby Jones, Evanna Lynch, David Heyman, Matthew Lewis, Robbie Coltrane, Ralph Fiennes, Helena Boham Carter, Gary Oldman e Daniel Radcliffe e dos realizadores Chris Columbus, Alfonso Cuarón, Mike Newell, David Yates.

Esta homenagem memorável realizada por Casey Patterson e Joe Pearlman é constituída por quatro capítulos, sendo que vai mostrar o reencontro dos atores e a magia que está por trás da produção dos filmes espetaculares que tão bem conhecemos com a revelação de surpresas e curiosidades dos seus bastidores e contar com uma história encantadora de making-off, através de novas entrevistas e conversas com elenco que vai sem dúvida, proporcionar aos fãs mais um momento único para se juntarem a eles para mais uma jornada mágica e inesquecível.

Além disso, temos a oportunidade de voltar a recordar cada um dos filmes e de ver estas conversas a ocorrerem em locais bem conhecidos e enigmáticos dos admiradores deste universo do Harry Potter, tais como a sala de Albus Dumbledore, a sala comum dos Gryffindor e dos Slytherin, o Gringotts Wizarding Bank em Dragon Alley, a Weasley burrow, a sala de aula das Poções de Hogwarts (Potions classrom at Hogwarts of Witchcraft and Wizardry, como nome original) e o salão principal de Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry.

Também foram sendo mostradas entrevistas antigas e imagens das audições e da primeira vez em que a tripla Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint esteve junta pela primeira vez para que fosse avaliada a química que transmitiam entre si, sendo que se encaixaram facilmente para o que era pretendido e depois o último dia de filmagens dos três que foi repleto de emoção no derradeiro momento de despedida.  


Divulgação: HBO Max

Os atores partilharam a experiência que tiveram ao longo de 10 anos com cada um dos realizadores que trabalharam nos filmes e respetivos colegas de elenco, sendo que durante as filmagens faziam várias brincadeiras e se divertiram imenso, mesmo quando não estavam a gravar. Inicialmente não conseguiam conter a empolgação por estarem a participar num filme de Harry Potter e por vezes, era difícil manter o foco. Porém, cresceram naquele ambiente que teve uma marca na vida de cada um e construíram juntos, um vínculo inquebrável. O facto de acompanharmos conversas do Daniel Radcliffe com Helena Boham Carter e Gary Oldman bem interessantes ou as histórias que os três protagonistas foram recordando em conjunto foram muito cativantes de se ouvir e mostrando a cumplicidade que continua a existir entre todos os elementos do elenco.

Existem diversas curiosidades que vão sendo desvendadas ao longo deste especial dedicado a um mundo tão icónico que eu acredito que irá continuar em gerações futuras, como por exemplo, os castings para os filmes. Sabiam que houve uma grande pressão e tiveram dificuldades em encontrar o ator que iria interpretar Harry Potter e que foi o realizador que encontrou o Daniel Radcliffe quando ele estava num quarto de hotel em Londres a assistir à versão da BBC de David Copperfield? Parece uma simples coincidência, mas que fez toda a diferença para a produção deste sucesso global. Já Rupert Grint e Emma Watson foram mais fáceis para serem selecionados, porque era como se eles tivessem saído diretamente dos livros.

É tão bom relembrar momentos importantes da história, as cenas dos filmes, protagonizadas pelas nossas personagens favoritas ou por vilões como o Voldemort ou a família Malfoy. Foram vários os valores que nos ensinaram de um modo tão natural e foi interessante perceber como foi sendo criado o impossível através da mente de Stuart Craig, o designer de produção que para criar este mundo teve uma liberdade criativa e teve a oportunidade de contruir este mundo do zero. Já viram como era produzir o baile de Inverno ou cenas com cerca de 250 figurantes ou até colocarem centenas de velas penduradas no salão principal de Hogwarts? O cinema também tem sem dúvida, a sua própria magia que também nos é mostrada, através de imagens dos bastidores dos filmes.

Divulgação: HBO Portugal

Além disso, também dedicaram um momento deste reencontro para relembrar aqueles que já faleceram como Richard Harris, Richard Griffiths, John Hurt, Helen McCrory, Alan Rickman e muitos mais nomes que vão ficar na memória de todos nós e foi muito bonito e comovente de se ver.

Este evento é uma nostalgia emocionante, incrível e mágica que merece o devido reconhecimento e celebra o legado incomparável dos filmes Harry Potter e a importância que tem na vida de todos nós. É fantástico, surreal e mágico acompanhar este elenco tão especial a regressar aos cenários originais de Hogwarts, onde começaram há 20 anos pela primeira vez e a conviverem entre si, em conversas bem intimistas que deixam qualquer um emocionado, mas ao mesmo tempo, feliz por terem sido proporcionados estes momentos tão únicos para os atores que fazem parte de algo que é tão significativo para tanta gente e para os fãs. Por isso, eu aconselho a verem, a aprenderem ainda mais sobre as personagens e a respetiva profundidade e preparação, a verem cenas que não chegaram a ir para o grande ecrã e a apreciarem que vale mesmo muito a pena. O universo de Harry Potter merece esta homenagem muito especial cheia de magia no ar que nunca iremos esquecer tão cedo e continua a ter um impacto enorme em milhões de admiradores!