Y: The Last Man (Y: O Último Homem, como título em português) é uma série dramática e de ficção científica constituída por uma temporada com 10 episódios que pode ser vista através do catálogo do Star e disponível na plataforma da Disney +. É produzida pela FX Productions, na qual foi desenvolvida para a televisão por Eliza Clark que é também a criadora e produtora executiva, sendo baseada na aclamada série de Brian K. Vaughan e Pia Guerra para a DC Comics com o mesmo nome.
Para quem não sabe, Y: O
Último Homem é uma série de banda desenhada de ficção científica com 60
edições publicadas, desde 2002. Recebeu três Prémios Eisner e a edição «Y: O
Último Homem, Volume 10» foi nomeada para o primeiro Prémio Hugo na categoria
de Melhor História Gráfica.
O elenco é composto por Diane
Lane (Jennifer Brown), Ashley Romans (Agente 355), Ben Schnetzer (Yorick
Brown), Olivia Thirlby (Hero Brown), Amber Tamblyn (Kimberly Cunningham
Campbell), Marin Ireland (Nora Brady), Diana Bang (Dra. Allison Mann), Elliot
Fletcher (Sam Jordan) e Juliana Canfield (Beth Deville).
Esta é uma história que atravessa
um mundo pós-apocalíptico no qual um evento cataclísmico dizima todos os
mamíferos com um cromossoma Y exceto um homem cisgénero e o seu companheiro de
estimação. Os sobreviventes lutam para restaurar o que foi perdido e a
oportunidade de construir algo melhor.
Esta é a jornada de Yorick
enquanto ele atravessa um novo mundo cheio de caos ao seu redor juntamente com Ampersand,
o seu macaco de estimação que também sobreviveu, enquanto os seus sobreviventes
lutam com a perda dos seus entes queridos, ao mesmo tempo que tentam restaurar
a sociedade mundial, através da liderança da mãe de Yorick, Jennifer
Brown, uma antiga congressista democrata que se tornou na nova presidente
dos Estados Unidos da América e não vai ter um caminho fácil de percorrer, onde
os obstáculos vão surgindo, sendo que o pânico pode acontecer a qualquer
momento.
Divulgação: Disney +
O Yorick não irá viajar constantemente
sozinho, pois terá como companhia, a misteriosa Agente 355. É um membro
da organização secreta Culper Ringer e guarda-costas do Yorick
com ordens específicas da mãe deste ilusionista para o proteger, custe o que
custar. Porém, esta agente do serviço secreto e espiã também é conhecida pelo
seu pseudónimo Sarah Burgin e foi sem dúvida, um dos destaques da
história que brilhava sempre que lutava, demonstrando as suas habilidades.
O motivo principal da viagem
desta dupla é procurar pela Dra. Allison Mann, uma geneticista da Universidade
de Harvard que a presidente Brown acredita que possa ser a única com
capacidades para estudar Yorick, o único que sobreviveu, descobrindo
qual foi a causa da morte misteriosa dos indivíduos com cromossoma Y e
encontrar assim, a solução para salvar a humanidade, apesar desta especialista
estar no radar do FBI por ter solicitado fundos dos sauditas.
Além disso, também acompanhamos
como outras personagens lidam com este novo mundo sem homens. Falamos de Hero
Brown, a irmã de Yorick que trabalhava como paramédica, porém
viciada em drogas e álcool que está sempre metida em problemas e coloca a culpa
na sua mãe pelos problemas que tem, sendo que tem ao seu lado Sam Jordan,
um homem trans e o seu melhor amigo. Já Beth DeVille é a ex-namorada de
Yorick que tinha outros planos que não o incluíam a ele. Enquanto Nora Brady,
uma ex-acessora de imprensa do anterior presidente que vai passar por momentos difíceis,
juntamente com a sua filha. Ainda temos Kimberly Campbell Cunningham, a
filha do anterior presidente que ela perdeu, juntamente com o seu marido e
filhos, sendo que ela tem planos próprios para retirar a Jennifer Brown
da presidência.
Esta é uma série pós-apocalíptica e criativa que tem os seus flashbacks e mostra como seria um mundo sem homens. Já aí é um tema interessante, porque todas as produções relacionadas com o apocalipse ainda não tiveram este tipo de perspetiva, tornando-se assim, numa história intrigante e atrativa que tem potencial para prender a atenção do público. É um conceito novo com uma visão diferente e até envolvente de um cenário de apocalipse que cria curiosidade em imaginar a sobrevivência destas mulheres e serem elas a terem o poder. Aliás, pode acontecer certas personalidades femininas poderem vir a chocar ou até a revelarem-se, ao mesmo tempo que cada uma lida com esta catástrofe global à sua maneira.
Tanto a narrativa como as
respetivas personagens poderiam ter sido melhor aproveitadas, pois ainda tinham
muito para dar e acabou por haver momentos em que existiu uma falta de
equilíbrio no ritmo, dando importância a coisas que não valiam a pena e levando
assim, a um resultado não tão eficaz como se esperava, porém conseguiu melhorar
ao longo dos episódios. Além disso, poderia ter sido mais reveladora, em que os
segredos das personagens eram desvendados mais rapidamente do que aconteceu,
porque até podia ajudar a criar mais empatia pelas mesmas.
Mesmo assim, foi interessante
acompanhar esta série, onde podemos criar as nossas teorias sobre a causa da
extinção repentina dos homens, os possuidores do cromossoma Y e a razão pelo
qual o Yorick ser o único que ficou neste mundo pós-apocalíptico
comandado por mulheres que estava bem representado, mostrando um ambiente de
horror, desafiante e mais aterrorizante, cheio de caos, tensão, destruição e com
cadáveres, sejam eles de humanos ou de animais em decomposição por cada sítio
que alguém passasse. O espetador começa a imaginar como seria o impacto da
presença do protagonista para com o sexo feminino e o respetivo futuro tanto
dele, como das restantes sobreviventes. Apesar de terem sido apenas dez
episódios e ter ficado com um final em aberto, vale a pena ver esta produção
que me fez querer saber o que iria acontecer de seguida, sempre que terminava um
episódio.
Y: The Last Man tem uma
boa qualidade técnica, mostrando em cada episódio, a determinação e o poder
feminino, a construção de uma nova ordem mundial que surgiu devido a uma
tragédia inesperada e o quanto as mulheres conseguem ser independentes e são
capazes de tomar decisões difíceis, seja qual for a circunstância, levando
assim, a possíveis consequências iminentes ou a hostilidades. Também explora
assuntos contemporâneos como a sobrevivência, o género, a identidade, o
preconceito, os vícios, a raça, a discriminação, a política, a classe, os
conflitos que surgem quando é necessário liderar os seres humanos, o luto, um
simples recomeço, a liberdade, a manipulação, a traição, a importância da igualdade,
a sexualidade, a fragilidade, o desespero, conspiração e histórias familiares.
Se quiserem saber mais sobre esta
história sempre podem ver a série de banda desenhada de Brian K. Vaughan e Pia
Guerra para a DC Comics com o mesmo nome na qual esta produção foi adaptada.
Aproveito também para agradecer à Disney +, a oportunidade que me deu para
estar presente no evento de lançamento desta série em Portugal!