domingo, 30 de maio de 2021

"Friends: The Reunion" - um especial muito aguardado pelos admiradores desta série que vai criar uma nostalgia cheia de surpresas e revelações

 

Finalmente chegou o dia de acompanharmos a reunião do elenco de Friends, uma das comédias com maior sucesso e que continua a ser das mais populares da atualidade apesar de já ter terminado há 17 anos. Esta sitcom de origem norte-americana foi criada por David Crane e Marta Kauffman, tendo sido constituída por 10 temporadas com um total de 236 episódios e transmitida pelo canal NBC, desde 1994 até 2004, mas continua a estar disponível no serviço de streaming, HBO Portugal, o canal português FOX Comedy, entre outros. Esta foi produzida pela Bright/Kauffman/Crane Productions em associação com a Warner Bros. Television, em que a banda sonora teve a responsabilidade de Michael Skloff e Allee Willis, sendo que conseguiu ganhar vários prémios, entre eles, seis Emmys, um Globo de Ouro e dois SAG Awards.

Do elenco faz parte Jennifer Aniston (Rachel Green), Courteney Cox (Monica Geller), Lisa Kudrow (Phoebe Buffay), Matt LeBlanc (Joey Tribbiani), Matthew Perry (Chandler Bing) e David Schwimmer (Ross Geller). Também teve a participação de James Michael Tyler (Gunther), Mike Hannigan (Paul Rudd), Tom Selleck (Richard), Maggie Wheeler (Janice), Elliot Gould (Jack Geller), entre outros. 

Só para relembrar de um modo muito simples, a história inicia-se no café Central Perk situado no bairro de Greenwich Village em Manhattan, na cidade de New York, em que Monica (Courteney Cox), Phoebe (Lisa Kudrow), Joey (Matt LeBlanc), Chandler (Matthew Perry) e Ross (David Schwimmer) estão juntos na conversa, quando o último refere que gostaria de estar casado de novo e de repente entra Rachel (Jennifer Aniston) vestida de noiva, depois de ter deixado o seu noivo no altar. Ross vê uma oportunidade de confessar o seu amor por ela, mas será que vai conseguir? Temos a oportunidade de acompanhar as aventuras, jornadas e peripécias destes seis amigos por esta cidade que não dorme e a amizade que lhes une.

Divulgação: HBO Portugal

Agora falemos de Friends: The Reunion, o famoso regresso que os admiradores desta sitcom já esperavam há muito tempo. Com a duração de 1h 44 minutos e disponível em exclusivo na HBO Portugal, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer regressam ao palco da icónica comédia original, o Stage 24, estúdio da Warner Bros., em Burbank para participarem numa celebração sem guião, na primeira pessoa desta adorada série que continua a marcar as vidas de todos aqueles que acompanharam e que continuam a fazê-lo.

Este especial foi realizado por Ben Winston que foi produtor executivo juntamente com os produtores executivos de Friends, Kevin Bright, Marta Kauffman e David Crane. Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer também são produtores executivos deste projeto. Para além disso, teve a participação de convidados especiais, como por exemplo, David Beckham, Justin Bieber, BTS, James Corden, Cindy Crawford, Cara Delevingne, Lady Gaga, Elliott Gould, Kit Harington, Larry Hankin, Mindy Kaling, Thomas Lennon, Christina Pickles, Tom Selleck, James Michael Tyler, Maggie Wheeler, Reese Witherspoon e Malala Yousafzai.

Eu sou daquelas pessoas que sempre ouviu falar de Friends e o impacto que teve na vida das pessoas, sendo que criou um fandom com diferentes faixas etárias e espalhadas pelos vários continentes. Finalmente, eu resolvi fazer uma maratona de Friends há uns meses atrás para conhecer esta série de comédia e vi as 10 temporadas em apenas 3 semanas. E não é que me cativou, desde o início ao fim? Isso aconteceu, de tal forma que ficou a fazer parte da lista das minhas séries favoritas e sempre que revejo Friends acaba por fazer com que eu continue a rir-me às gargalhadas, como se fosse a primeira vez que estivesse a ver determinada cena ou episódio. Se quiserem saber mais sobre a minha opinião sobre esta série, basta acederem ao seguinte link https://ageektraveller.blogspot.com/2020/12/uma-homenagem-serie-friends-que-foi.html

Existiam muitas expetativas perante o regresso dos protagonistas para fazerem uma homenagem a esta sitcom e sem dúvida, que não desiludiu, mesmo que o público estivesse à espera que tivessem participado mais atores que fizeram parte do elenco, como por exemplo, Paul Rudd.

Divulgação: HBO Portugal

Friends: The Reunion cria uma mistura de emoções para o espetador ao longo que este especial vai decorrendo, sendo constituído pela apresentação de cenas emblemáticas que fizeram a pessoa rir-se às gargalhadas ou pelos testemunhos que os atores foram dando sobre a importância que a série teve e continua a ter, mesmo 17 anos após terem terminado as suas filmagens. Para além disso, o elenco visitam os famosos décors e partilham entre si, as suas memórias, recordações e histórias sobre os bastidores e curiosidades bem agradáveis e surpreendentes de se ouvir.

Friends foi uma série que teve uma evolução consistente e interessante em que houve um pouco de tudo. Neste especial foi introduzido um genérico ligeiramente diferente do original, mas que também chama a atenção da pessoa, muito devido à sua música tão característica que nós nunca iremos esquecer. Foi empolgante ver os atores a fazerem uma nova leitura de cenas que se destacaram na série, sendo que cada um deles voltou a interpretar na perfeição as suas personagens e que foi tão bom de relembrar. Também foi hilariante rever os famosos bloopers, em que por exemplo, durante a gravação de uma determinada cena não conseguiam parar de rir ou diziam asneiras. Por fim, nós temos a oportunidade de rever personagens que fizeram toda a diferença na história desta série e assistir a um desfile com algumas das roupas que ficaram na memória, mas desta vez foram utilizados como modelos, pessoas bem conhecidas do público.

Este foi um reencontro emocional que fez todo o sentido que tivesse sido feito para homenagear uma das melhores sitcom existentes até hoje e que vai continuar a entreter o seu público, por mais anos que passem. Foi mesmo muito bonito de se ver, o quanto esta série significa para muita gente, sejam os seus atores, convidados deste especial e fãs que vivem em diferentes países. Friends marcou a vida de diferentes gerações e vai continuar a fazê-lo, de um modo bem peculiar que só esta sitcom consegue fazer e fico grata por ter sido produzida esta reunião que foi realizada com revelações, brincadeiras e boas surpresas e que tiveram todo o cuidado no modo como o fizeram, dando assim, atenção aos mínimos detalhes.


sexta-feira, 28 de maio de 2021

Crítica ao filme "Cruella" da Disney, protagonizado por Emma Stone e Emma Thompson - uma ótima surpresa sobre a história de origem de uma das maiores vilãs do universo da Disney

 

Recentemente estreou o novo filme de imagem real, Cruella que não foi só lançado nos cinemas portugueses, mas também está disponível na Disney + com Acesso Premium a um custo adicional único. É capaz de ser um dos filmes mais esperados deste ano em que os fãs da Disney estavam com expetativas bem elevadas desta produção, incluindo eu e principalmente depois de ter visto o trailer. Será que este remake live-action vai surpreender o público?

Com a duração de 2 horas e 15 minutos, Cruella é feito a partir de um argumento de Dana Fox e Tony McNamara e com história de Aline Brosh McKenna, Kelly Marcel e Steve Zissis, mas é baseado em One Hundred and One Dalmatians (Os Cento e Um Dálmatas, em português), um romance de 1956 de Dodie Smith.

A realização fica à responsabilidade de Craig Gilespie, sendo o filme protagonizado por duas vencedoras do Óscar, Emma Stone (que também tem o papel de produtora executiva, juntamente com Glenn Close) e Emma Thompson. A banda sonora é criada por Nicholas Brittel que introduziu um conjunto de músicas muito bem escolhidas e adequadas ao tema que fez uma combinação imprevisível e acertado no seu produto final e Jenny Beavan tem a função relativamente ao guarda-roupa que foi sem dúvida, um papel em que fez um trabalho cuidadoso e bem criativo.

O elenco é constituído por Emma Stone (Estella/Cruella de Vil), Emma Thompson (Baronesa), Joel Fry (Jasper), Paul Walter Hauser (Horace), John McCrea (Artie), Emily Beecham (Catherine), Kirby Howell-Baptiste (Anita Darling), Mark Strong (John) e Kayvan Novak (Roger).

Divulgação: Disney Portugal e NOS AUDIOVISUAIS

Durante uma revolução do punk rock nos anos 70, esta história desenrola-se em Londres nos primeiros tempos rebeldes de Cruella de Vil, uma vilã fashionable e bem famosa que se destaca e deixa a sua marca por onde passa. Estella (Emma Stone) é uma jovem vigarista muito inteligente, determinada e criativa que quer criar o seu nome e também criar um impacto na moda através das suas roupas. Ela faz amizade com Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser), uma dupla de jovens ladrões que apreciam o seu apetite por problemas e unem-se para construírem uma vida nas ruas de Londres. Um dia, o talento que Estella tem para a moda destaca-se depois de uma criação inovadora feita por si numa montra de uma loja, chamando assim, a atenção da Baronesa (Emma Thompson) que é literalmente uma lenda no mundo da moda, mas é devastadoramente chique e assustadoramente elitista. O relacionamento entre elas vai causar um grande número de eventos e revelações que farão toda a diferença para que Estella abrace o seu lado mais perverso e se torne assim, numa estridente, elegante e vingativa Cruella. Que impacto vai criar a ligação entre estas duas mulheres na vida futura de Estella?

Este é um filme que mostra as habilidades incríveis e notórias de Estella como estilista ao mesmo tempo que vai retratando a história de origem desta vilã clássica da Disney que vai ser fundamental para se compreender as suas motivações para a vingança e conhecer todos os fatores que a fizeram se transformar na brilhante, extraordinária, destemida e enigmática Cruella com os seus comportamentos cruéis e impiedosos. Que melhor forma de conhecer a sua história do que ser a própria personagem a ser a respetiva narradora!  

Divulgação: Disney Portugal e NOS AUDIOVISUAIS

Desde muito nova que Estella tinha o sonho de se tornar numa estilista, mas para isso um dia acontecer, ela teve de percorrer um caminho cheio de obstáculos e de coisas a correr mal, chegando a um ponto que ela entra em conflito com o seu lado mais negro e malvado, ao mesmo tempo que tenta fazer o que acha que é mais correto, pois a sua mãe sempre fez os possíveis para que Estella tivesse um comportamento exemplar, mas infelizmente não foi isso que aconteceu para uma rapariga que sempre teve uma vertente mais rebelde e passou uma temporada a viver como uma fugitiva.

Depois de uma viagem pelo passado, nos anos 70 e na cidade de Londres, Estella é uma pessoa que dá para perceber que tem os seus traumas e não é lá muito boa da cabeça, mas não deixa de ser um génio no mundo da moda que passou por uma jornada mais difícil, em que ninguém lhe queria dar uma oportunidade para fazer vingar o seu nome, através das roupas que vai criando. Ela é sem dúvida, determinada, ambiciosa, esperta, animada e com um dom imperdível e imaginação suficiente para colocar os seus planos diabólicos em prática. Será que ela vai conseguir uma carreira promissora como designer e construir uma reputação consistente?

Com a performance brilhante de Emma Stone, ela apresenta uma Cruella exatamente como estávamos à espera, com requinte e com todos os elementos essenciais para ser uma lenda cativante e memorável. Assim, o espetador consegue identificar-se com esta mulher que passou por uma jornada bem complicada, desde muito nova e chegando a um ponto que ficamos a torcer por ela, mesmo que tenha comportamentos de loucura que podem vir a trazer o caos e até consequências bem específicas para ela e para as pessoas ao seu redor.

Divulgação: Disney Portugal e NOS AUDIOVISUAIS

A vida de Estella nunca mais será a mesma, principalmente quando se cruza no caminho da Baronesa, pois este relacionamento vai ser vital para apresentar a verdadeira essência de Estella que está cada vez mais próxima de se tornar naquela mulher icónica, divertida, vingativa e repleta de estilo que fica na memória de qualquer um, a famosa Cruella de Vil.

Depois de a Baronesa reconhecer a vertente artística de Estella para a moda, esta mulher poderosa contrata-a para colaborar na sua empresa e colocar o seu talento em prática, mas infelizmente esta jovem não leva créditos pelo seu trabalho e nem sempre é valorizada pelo mesmo. Mais tarde, Estella acaba por descobrir segredos sobre a Baronesa que vão influenciar não só o seu futuro, como estilista, mas também na sua própria personalidade e maneira de pensar. Uma coisa é certa! Mais cedo ou mais tarde, Estella vai conseguir obter respostas para muitos dos seus dilemas e dúvidas, mas também terá de enfrentar o seu passado para conseguir seguir em frente com os seus esquemas.

A história é constituída não só por uma parte mais dramática, mas também por momentos divertidos que faz com que o público se ria com as situações hilariantes e engraçadas que vão ocorrendo com as personagens. Temos a oportunidade de acompanhar a evolução imperdível de uma das maiores vilãs da Disney que vai continuar a dar que falar com a sua maldade e a sua personalidade bem peculiar e louca.

Divulgação: Disney Portugal e NOS AUDIOVISUAIS

Cruella é uma produção intrigante, arrebatadora e muito agradável que eu considero que é mesmo uma ótima fonte de entretenimento que foi tendo um bom desenvolvimento e vai cativar a pessoa desde o início ao fim, surpreendendo tudo e todos com as suas reviravoltas inesperadas e com a história de origem desta vilã que misturou drama com comédia, mas que ainda tem muito para dar. É constituída por um elenco fantástico que interpreta as suas personagens com respeito e qualidade, principalmente Emma Stone e Emma Thompson.

Na minha opinião, aquilo que se destacou foi sem dúvida, a banda sonora que foi sendo introduzida ao longo das diferentes cenas nas situações mais oportunas, os figurinos inovadores e as referências que fizeram o público ter uma viagem cheia de recordações sobre os conhecimentos que já tinha do futuro de Cruella.

Divulgação: Disney Portugal e NOS AUDIOVISUAIS

Para além disso, toda a combinação entre o guarda-roupa extravagante e lindíssimo com os cenários, maquilhagem e perucas foi fundamental para captar a atenção do espetador, principalmente devido a toda a elegância que foi sendo apresentada nas diferentes cenas dedicadas ao mundo da moda.

Cruella é uma das grandes surpresas deste ano que conseguiu criar um resultado final brilhante e impecável com uma magia bem especial e com uma imaginação suficiente e bem ao nível do universo da Disney que foi exatamente com o ritmo certo e com uma boa qualidade técnica que sem dúvida, não vai desiludir e por isso, eu aconselho a verem, pois será daqueles filmes live-action que ficarão na lista das melhores produções que a Disney criou nestes últimos anos e eu fico mesmo muito feliz por finalmente terem feito um filme inesquecível sobre uma das minhas vilãs favoritas.



segunda-feira, 17 de maio de 2021

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Hipertensão

 


A hipertensão é uma das principais causas de doença cardiovascular e de morte prematura em todo o mundo, afetando aproximadamente cerca de 1,39 biliões de pessoas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as recomendações de sal diárias para um adulto são 5 g (2000 mg de sódio) por dia. Portugal é um dos países onde se consome mais sal que o recomendado e quando consumido em excesso, o sal é muito prejudicial para a saúde, podendo resultar em hipertensão arterial, aumento da prevalência de acidentes vasculares cerebrais (AVC), entre outros problemas de saúde. Se houver uma diminuição na quantidade de sal por dia na alimentação podia-se reduzir a mortalidade por AVC.

Os portugueses ingerem em média, cerca de 7,3 g de sal por dia. Cerca de 85,9% dos homens e 65,5% das mulheres ingerem sódio acima do nível máximo recomendado.

Como exemplo de alimentos com teor de sal superior a 2,5 g/100 g temos: Cubo de caldo de carne (Galinha com 41 g e Vaca com 38 g); Salpicão com 11 g; Azeitona com 5,8 g; Bacalhau seco e salgado, demolhado cru com 3,7 g; Molho de tomate “ketchup” com 3,1 g

Opte por substituir o sal por ervas aromáticas e especiarias (ex: alecrim, manjericão, pimenta, noz moscada, coentros, louro, salsa, tomilho, açafrão, alecrim, entre outros) e evite a ingestão de enchidos e aperitivos que têm uma grande quantidade de sal. Refrigerantes, frutos secos salgados, sopas pré-preparadas, fast food, alguns cereais de pequeno-almoço, comida enlatada e pratos congelados são alguns dos alimentos que são ricos em sal e que deve evitar.

Quando está à mesa, retire o sal e os condimentos salgados da mesma para que não se desenvolva o hábito de adicionar sal.

É importante que preste atenção aos rótulos dos alimentos que adquire e procure referências relativamente à adição de sal (denominações derivadas do sódio).

domingo, 16 de maio de 2021

Crítica ao filme "Minari" - a história de uma família coreana que decide ir viver para uma zona rural em Arkansas e vai tentar criar as suas raízes e conquistar o sonho americano

 

Minari é uma das estreias desta semana nos cinemas portugueses que apresenta a história de uma família coreana na américa rural dos anos 80. Durante 115 minutos, este filme de 2020 é escrito e realizado por Lee Isaac que segue de acordo com a sua própria perspetiva e experiência pessoal de vida, sendo que ganhou vários prémios pertinentes, entre eles, um Óscar da edição deste ano para Melhor Atriz Secundária ou 1 Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 2021, entre outros.

O elenco é constituído maioritariamente por Steven Yeun (Jacob), Yeri Han (Monica), Alan S. Kim (David), Noel Cho (Anne), Darryl Cox (Sr. Harlan), Esther Moon (Sra. Oh), Eric Starkey (Randy Boomer), Will Patton (Paul), Scott Haze (Billy) e Yuh-Jung Youn (Soonja).

A história retrata a vida de Jacob (Steven Yeun), a sua mulher Monica (Yeri Han) e os filhos de ambos, David (Alan S. Kim) e Anne (Noel Cho). Em busca do seu próprio sonho americano, esta é uma família sul-coreana que se muda para uma pequena quinta numa zona mais rural e conservadora em Arkansas. Eles pretendem ter uma vida mais estabilizada nos EUA, mas não será uma tarefa fácil, sendo que será repleta de dificuldades e de desafios e vão passar por situações com uma resiliência notável, principalmente quando chega Soonja (Yuh-Jung Youn), a mãe de Monica, acabando por criar uma grande mudança na vida desta família.

Esta é uma família imigrante resiliente que arriscou recomeçar uma vida nova pelas montanhas de Ozark, no Arkansas depois de terem passado uma temporada na Califórnia e tentam sobreviver num sítio completamente novo e desconhecido, mas que não desistem, por mais obstáculos que possam vir a surgir.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Ao longo do filme são apresentadas as dificuldades que muitos imigrantes passam para tentarem alcançar o tal sonho americano e mostram como é a construção de um lar familiar, mesmo que possam ter poucas posses, mas é sem dúvida, uma luta diária cheia de adversidades pelo caminho e uma história arrebatadora sobre uma família corajosa que quer criar as suas raízes nos EUA.

Infelizmente o sonho americano não é exatamente aquilo que pensávamos e vamos acompanhando a coragem que estes imigrantes vão tendo para darem melhores condições a quem mais amam. Este acaba por ser uma homenagem a todos os pais imigrantes que querem proporcionar aos seus filhos, uma vida e um futuro melhor e por isso não param de lutar, enquanto não conseguiram alcançar esse desejo.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Para além disso, neste drama familiar são focados temas significativos para a sociedade, como por exemplo, relações familiares, a xenofobia, preconceito, solidão, problemas financeiros e de saúde, conflitos que podem acontecer numa relação quando existem opiniões divergentes, culturas distintas, isolamento, a agricultura, a criação de raízes num determinado local, a procura pela identidade e por um sonho americano, os valores que cada um possui e a importância que é ter esperança num futuro melhor.

Nos anos 80 é quando a família Yi muda-se da Califórnia para o Arkansas para uma vida mais isolada e mais perto da Natureza, em que nem todos os elementos se conseguem adaptar a esta mudança, sendo que todos vão ter de lutar para que consigam sobreviver nesta nova terra.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Jacob é uma pessoa que se preocupa com o bem-estar da sua família e tem a melhor das intenções, sendo que quer provar que é capaz de sustentar a mesma. Assim, ele tenta trazer uma vida de conforto aos seus familiares por mais que tenha de trabalhar no duro, ao mesmo tempo que tenta criar um significado para tudo o que faz e chegando ao ponto que fica obcecado relativamente ao nível de sucesso que quer para a sua colheita e para o seu pequeno negócio, colocando o seu casamento em risco.

Depois de ter investido num terreno no Ozark, em Arkansas, este homem de família tem a oportunidade de recomeçar, sendo que vai lutar constantemente contra os obstáculos que vão surgindo, pois Jacob é determinado, tem ambições próprias e quer sustentar-se a si próprio, sem precisar de trabalhar para terceiros.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

A sua mulher, Monica tem um pensamento diferente de Jacob. Ela é uma mulher realista que fez muitos sacrifícios e tem as suas dúvidas sobre Jacob querer conquistar o sonho americano e chegando a um ponto em que Monica não está satisfeita com a sua nova vida e entra em conflito com as suas raízes, pois não quer perder a sua cultura.  

Como referido anteriormente, neste caso os imigrantes são uma família asiática que vive numa casa com poucas condições, mas que tentam transformá-la no seu lar enquanto passam por dificuldades para se adaptarem a uma nova vida num local desconhecido. Quando passamos por mudanças, nem sempre as coisas correm da forma como imaginávamos e acabam por ocorrer problemas que não são fáceis de serem resolvidos. Este é um ambiente que faz parte de muitas famílias, seja num casamento com altos e baixos que podem estar a discutir ou então onde as pessoas estão a trabalhar em conjunto por um objetivo em comum, mesmo que não seja um emprego de sonho.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Jacob e Monica têm dois filhos, Anne e David que tentam levar uma vida normal, mas não é uma tarefa fácil de se concretizar. Anne é mais responsável, ajuda o irmão da forma que consegue e adapta-se facilmente a mudanças enquanto David é um miúdo curioso e ingénuo de 7 anos com determinados medos que sofre de um problema cardíaco que tem de ser vigiado constantemente e tem momentos em que está mais em baixo ou com comportamentos mais impulsivos, sendo que a história vai sendo muito focada no desenvolvimento dele.

A vida da família Yi muda ainda mais quando chega da Coreia, a mãe de Monica, uma senhora carinhosa que não tem cuidados com aquilo que diz e que não é uma avó tradicional e conservadora que estávamos à espera de encontrar.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Soonja veio ajudar a sua filha a tomar conta de Anne e David, mas esta avó vai ter de se adaptar a uma vida mais moderna e com menos tradições. Ela é uma pessoa cheia de energia que não está quieta, é direta e não tem cuidados com a linguagem, sendo que Soonja vai criar uma reviravolta nesta família que já estava a lidar com mudanças difíceis ao mesmo tempo que traz presentes, como por exemplo, sementes de uma planta específica utilizada na culinária asiática que podem ter benefícios para a saúde, mas que precisam de ser plantadas num local bem especial.

A avó divertida e pouco convencional não se encaixa na maneira como David imaginaria que seria a mesma, pois ele tinha determinadas expetativas que não corresponderam à realidade, muito devido aos comportamentos diferentes e aos gostos peculiares de Soonja. Ele não consegue compreender e aceitar a avó que tem mas que nunca conheceu, pois esperava alguém bem diferente e o oposto de Soonja, sendo que ele tenta não lidar muito com ela.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

A introdução de Soonja na história cria uma visão de reflexão para o público, onde ela vai criar novas dinâmicas na família e vai ter uma relação delicada com David, que sem dúvida vai ser bem desenvolvida e vão sendo partilhadas cenas bem engraçadas entre avó e neto.

As interpretações que tiveram o maior impacto no filme foi entre David e a sua avó que foram peças fundamentais para que o filme se tornasse numa ótima produção final. Apesar de terem começado por ter uma relação conturbada, eles acabaram por criar uma ligação bem peculiar entre si que se destacou na história.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Minari é uma história sensível, simples, humana e tão real que é emocionante de uma certa forma contendo uma dinâmica familiar usual, sendo que aos poucos vamos percebendo a razão pelo qual foi escolhido este nome para o filme que pode fazer toda a diferença na vida futura desta família. Para além disso, temos a oportunidade de saber melhor a forma como os americanos reagem com pessoas de culturas diferentes que pode levar a determinados conflitos ou até a uma bonita amizade como acontece com Paul que pode ser uma pessoa estranha ou ter a sua religião, mas que ajuda Jacob no campo.

A mensagem do filme é genuína e muito bem trabalhada e transmitida para o público, mostrando que é fundamental que se tenha esperança e força, se quiser alcançar um sucesso próprio ou até mesmo para conseguir obter qualquer tipo de felicidade, chegando a um pouco que deixa a pessoa a pensar nesta mensagem de esperança e imaginando-se a viver numa vida daquele género. Como a história é bem definida que pode ser vista a partir da perspetiva e do olhar inocente de uma criança acaba por conseguir cumprir com seu objetivo para com o espetador com uma fotografia tão bem introduzida, bonita e adequada ao tema e um ritmo mais lento, mas que faz todo o sentido que tenha sido realizado dessa forma.

Divulgação: A24 e NOS AUDIOVISUAIS

Minari é um filme modesto com um idioma que se vai dividindo entre o coreano e o inglês, mas que envolve quem vai assistir ao mesmo, criando um impacto e uma reflexão profunda sobre os temas abordados e todas as lutas que são necessárias para que se consiga ter uma vida melhor e criar raízes num lugar completamente novo. Este acompanha uma realidade bem específica com cenas delicadas ou com diálogos que ensinam lições pertinentes e desempenhos que tocam o espetador, sendo que dá para perceber a dedicação e carinho que foi dado pelo seu realizador às suas personagens e também na maneira como tudo foi filmado com todo o cuidado e explorando a história de um modo digno e realista.


domingo, 9 de maio de 2021

Série "Jupiter's Legacy" da Netflix - uma história com muito potencial que poderia ter sido aproveitada de outra forma

 

Jupiter’s Legacy (O Legado de Júpiter, em português) é a mais recente série original da Netflix com oito episódios e desta vez focada em super-heróis. Esta é criada por Steven S. DeKnight que é um dos produtores executivos, juntamente com Lorenzo di Bonaventura e Dan McDermott e foi baseada na banda desenhada com o mesmo nome de Mark Millar e Frank Quitely.

O elenco é constituído por Josh Duhamel (Sheldon Sampson/The Utopian), Ben Daniels (Walter Sampson/Brainwave), Leslie Bibb (Grace Kennedy-Sampson/Lady Liberty), Elena Kampouris (Chloe Sampson), Andrew Horton (Brandon Sampson/The Paragon), Mike Wade (Fitz Smare/The Flare) e Matt Lanter (George Hutchence/Skyfox).

Esta história retrata a primeira geração de super-heróis que recebeu poderes e conseguiu proteger o mundo nas últimas décadas, sem deixar a raiva dominar. Depois chega o momento, em que os seus filhos devem continuar com o seu legado, sem nunca se esquecerem do que é realmente importante. Será que esta próxima geração vai ser diferente da anterior e ter o que for necessário para seguir com o código que sempre representou a equipa dos seus antecessores?

Divulgação: Netflix

The Union (A União, em português) representa os seis membros originais de super-heróis que tiveram de passar pelo pior para obterem as suas habilidades extraordinárias e depois passaram muito tempo a fazerem sacrifícios, a lutarem em batalhas e a impedirem todo o tipo de inimigos, fazendo a diferença, criando um impacto para os outros e tornando-se assim, numa união da justiça com os seus uniformes atraentes que dá o exemplo e também num símbolo que muitos querem seguir.

Durante quase um século depois a manter a humanidade segura, eles sempre viveram de acordo com um código que institucionalizou uma forma do indivíduo ser bom em que implica que eles não matem, não liderem, mas sim que inspirem os outros. Isso tem acontecido nos últimos tempos já que os seus descendentes acabam por fazer parte da equipa e em breve vão continuar com o trabalho de serviço, compaixão e misericórdia ao mesmo tempo que devem respeitar o seu código que é a coisa mais importante do mundo. Mas infelizmente no presente, o mundo mudou, os seis elementos criadores da União já não se sentam juntos há muito tempo e os supervilões mudaram as regras e já não são o que eram, fazendo com que se crie conflitos e dúvidas para esta nova geração, relativamente às situações em que são difíceis de seguir com o código. Se não matam, como vão conseguir proteger a humanidade de supervilões? Será que o código tem significado suficiente para que estes super-heróis possam vencer os seus adversários?

A história é dividida em duas linhas de tempo diferentes, entre o presente que apresenta as dinâmicas entre a equipa original da União e os seus sucessores e o passado de Sheldon Sampson que conta os acontecimentos que tiveram de suceder para que ele e os restantes elementos originais da União recebessem os seus poderes, apresentando assim, este universo.

Divulgação: Netflix

Sheldon Sampson é o The Utopian e líder desta equipa da União que tem os seus poderes peculiares. No presente, ele está casado há 60 anos com Grace que também tem as suas habilidades e eles têm dois filhos, Brandon e Chloe, com os seus respetivos dons.

O episódio inicial desenrola-se em 1929 em Chicago, contando a história de um Sheldon mais novo e dando a conhecer o relacionamento conturbado que ele teve com o seu irmão Walt e o seu pai, Chestor Sampson (Richard Blackburn) que esconde segredos. Quando acontece uma queda na bolsa, Sheldon sofre uma tragédia familiar e vai ter de lidar com os efeitos que isso vai ter na sua vida, acabando assim, por entrar numa aventura nos anos 1930 com um grupo de pessoas que será um caminho cheio de obstáculos com visões à mistura, atravessando um oceano em que sucedem coisas estranhas, colocando a vida de cada um em risco, mas que precisam de enfrentar para assim, chegarem a uma ilha misteriosa que pode ter as respostas que eles procuram. No final, nós sabemos que irá valer a pena, pois já nos foi dado a entender nos eventos do presente.

Sheldon tem uma personalidade complexa, em que nada é suficiente para ele, chegando a um ponto que se sente em conflito com o mundo todo e é considerado como uma pessoa demasiado exigente, principalmente para com o seu filho, Brandon que quer continuar com o seu legado. Será que alguém vai estar à altura do grande Utopian?

Divulgação: Netflix

Brandon Sampson é conhecido por ser um dos super-heróis da nova geração, o Paragon que cresceu para se tornar no sucessor do seu pai, mas que é um rapaz emocional, teimoso e parecido com a sua figura paternal em que está disposto a fazer todo o tipo de sacrifícios. Ele tem muito potencial e utiliza os seus dons para ajudar o mundo a ser um lugar melhor, mas não é fácil ser o filho do Sheldon que não esteve muito presente na sua infância, pois Brandon faz o que for preciso para corresponder às expetativas do seu pai e tenta impressioná-lo, porém Sheldon não acredita que ele esteja pronto para assumir o legado.

Neste caso, o código é fundamental para guiar o Brandon na pessoa que ele precisa de ser para substituir o seu pai que poderá vir a ser mais forte do que qualquer um. Por mais dificuldades que o Brandon possa enfrentar, será que ele vai ser considerado como um sucessor digno para se tornar no próximo Utopian?

Divulgação: Netflix

Depois temos Chloe, a filha rebelde que é modelo, mas que é uma autêntica viciada em drogas, que se cruza no caminho de Hutch (Ian Quinlan), um rapaz com os seus planos secretos e com a sua ferramenta bem útil para colocá-los em prática. Ela é uma pessoa mal-educada e revoltada, devido aos problemas que tem com o seu pai, não querendo seguir com o legado da família que considera como um fardo para si e fazendo com que a dinâmica familiar não seja a melhor. Podem existir momentos que ela possa vir a ser um perigo para ela própria, pois Chloe é poderosa, tem comportamentos impulsivos e nem sempre se consegue controlar, apesar de mostrar um lado mais vulnerável. Será que as suas ações vão ter consequências?

Divulgação: Netflix

As convicções de muitos destes super-heróis acabam por mudar quando enfrentam um supervilão muito poderoso chamado de Blackstar (Tyler Mane) que fugiu da Supermax, uma prisão de alta segurança e luta tanto contra os membros originais da União, como contra a sua nova geração. Esta será uma batalha bem intensa com surpresas à mistura que vai questionar o código que estas duas gerações seguem e trazer consequências devastadoras para algumas destas personagens. Para os mais antigos, o código tem de se manter, custe o que custar. Será que o código é adequado para os tempos atuais? O que será que irá acontecer com a União e o seu futuro? Quem será o verdadeiro responsável pelos eventos do presente?

Divulgação: Netflix

George Hutchence ou Skyfox é daquelas personagens que merecia ter sido mais bem explorada, pois foi das poucas que conseguiu criar algum interesse por parte do espetador. Este é o melhor amigo de Sheldon que o apoiou nas suas ideias mais malucas, tendo sido fundamental para a viagem deste, mas ficamos a saber que nos dias atuais, ele voltou-se contra a equipa depois de ter quebrado o código, tornando-se no maior inimigo da União e está misteriosamente desaparecido. O que será que aconteceu, depois de George ter ganho os seus poderes?

A história cria discussão e aborda temas relacionados com o legado, política, traição, luto, capitalismo, família, poder, lealdade, conflitos, discriminação, lealdade e muito mais. Não vai faltar um conflito que vai existindo ao longo dos episódios entre os primeiros heróis e os seus sucessores, sendo que por vezes esta geração mais nova sente-se deslocada e tem ideias e pensamentos diferentes dos seus antecessores, sendo que estes jovens acreditam que determinadas regras já não se podem aplicar mais no presente, criando assim, uma tensão e uma incerteza para com o funcionamento do código ao mesmo tempo que tentam provar o seu valor para com os mais velhos. Como é que é possível lidar com um mundo mais violento que coloca o código em causa?

Divulgação: Netflix

Neste drama familiar que vai intercalando os eventos do passado com os dos dias atuais vão sendo apresentadas discussões sobre o que é certo e o que é errado e vai ser retratado os valores e as responsabilidades que um super-herói deve ter para com os outros e a importância das regras que têm de seguir, sejam quais forem as circunstâncias, pois é importante que todos os membros tenham um comportamento ético quando estão a combater o crime e a proteger a Terra, de qualquer tipo de ameaças e devem pedir sempre reforços para os ajudar ao longo das suas patrulhas.

As partes que criaram mais curiosidade em continuar a acompanhar os acontecimentos desta série de super-heróis foram sem dúvida, os seus efeitos visuais nas lutas que foram surgindo que foram suficientes para captar a atenção do espetador e a jornada com desafios que Sheldon e companhia teve de fazer para conseguirem ganhar os seus poderes que iriam se tornar vitais para terem as capacidades necessárias para proteger o mundo de ameaças inevitáveis.

Divulgação: Netflix

Jupiter’s Legacy é uma série de drama, ação, fantasia, ficção científica e aventura que tinha muito potencial, mas que infelizmente não foi bem aproveitada, sendo que não desenvolveram correctamente as suas personagens, fazendo com que o público pudesse ter tido pouca empatia com as mesmas. Esta foi uma história que não foi equilibrada, principalmente a nível de ritmo e de flashbacks, em que a pessoa fica com a sensação de que falta algo para ter o que é necessário para se tornar numa ótima fonte de entretenimento, como acontece em séries tais como The Boys, Daredevil, The Umbrella Academy, entre outras.

Esta produção não foi de acordo com aquilo que foi apresentado no trailer e nem tudo se encaixa da melhor forma, sendo constituído por momentos que podem confundir o público e por isso é essencial que o espetador esteja atento a tudo o que vai sendo apresentado para não se perder. Também poderia ter sido mais dinâmica, mas até teve uma ligeira melhoria, principalmente nos últimos episódios que faz com que a pessoa tenha curiosidade em acompanhar os próximos acontecimentos, muito devido ao final em aberto que ainda vai dar que falar. Na minha opinião deveria ter havido um melhor equilíbrio entre o drama e a ação e para além disso, teria sido interessante que nos tivessem mostrado como estes super-heróis veteranos chegaram até aos dias atuais, depois de terem conseguido os seus poderes.

O melhor é mesmo esperar, para ver se teremos oportunidade de ver mais episódios desta produção original da Netflix.



domingo, 2 de maio de 2021

Crítica ao filme "Nomadland - Sobreviver na América", protagonizado por Frances McDormand e vencedor de 3 Óscares, incluindo o de Melhor Filme - uma história humana e real da vida dos nómadas

Nomadland – Sobreviver na América é um dos filmes mais falados no momento e já está disponível nos cinemas portugueses, sendo que foi recentemente o vencedor na edição 2021 da cerimónia dos Óscares nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Frances McDormand) e Melhor Realização (Chloé Zhao), mas também venceu outros prémios consagrados, tais como quatro BAFTA (Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Atriz e Melhor Fotografia), dois Globos de Ouro para Melhor Filme de Drama e Melhor Realização, um Leão de Ouro de Melhor Filme, no Festival de Cinema de Veneza, entre outros.

Este drama de 2020 é baseado na obra de 2017, Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century, de Jessica Bruder, com argumento e realização de Chloé Zhao. O elenco é constituído por Frances McDormand (Fern), David Strathairn (Dave), Linda May (Linda), Charlene Swankie (Swankie) e Bob Wells (Bob).

A história apresenta Linda May, Swankie e Bob Wells, verdadeiros nómadas, como mentores e companheiros de Fern (Frances McDormand) durante a sua viagem pelas vastas paisagens do oeste americano. Após ter ocorrido o colapso económico de uma cidade empresarial situada na zona rural de Nevada, Fern resolve preparar a sua carrinha e partir pela estrada fora, explorando uma vida fora da sociedade convencional, como uma autêntica nómada moderna.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

São vários os efeitos que a crise económica pode ter na vida de qualquer um, mas no caso de Fern implicou uma mudança súbita na sua vida, sendo que esta é uma mulher viúva que perdeu tudo e que acabou por comprar uma carrinha e assim, viajar pelas estradas e vastas paisagens do oeste americano, ao mesmo tempo que foi arranjando trabalhos temporários para que conseguisse sobreviver sozinha.

Fern é uma mulher de 60 anos que fez uma escolha de vida corajosa e ousada que foi começar uma vida nova e sozinha como uma nómada e seguir um futuro incerto, pois já não tinha mais nada a perder. Ela acaba por estar à procura de um tipo de significado para seguir com a sua vida depois de ter perdido o seu emprego numa fábrica que fechou em Empire e o seu marido, mas pelo caminho vai tendo trabalhos temporários, alguns deles sazonais. Será que ela vai encontrar as respostas que procura?

Após abandonar a cidade de Empire, Fern está constantemente a movimentar-se na sua carrinha que foi remodelada para funcionar como um lar bem simples e prático que contém as memórias da sua vida passada. Assim, ela é daquelas pessoas que nunca fica muito tempo no mesmo sítio, já que ela visita diferentes acampamentos ao longo do deserto ou fica em estacionamentos por pouco tempo e por isso, nós vamos acompanhando o seu dia a dia na sua vida como nómada.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Ao longo da sua jornada, Fern vai fazendo descobertas e tendo uma transformação eficaz numa nómada dos tempos modernos que tem um determinado significado e acaba por ser uma autêntica aventura para ela, sendo que vai conhecendo pessoas desta comunidade que lhe dão lições bem úteis para viver neste estilo de vida bem específico. Estas são pessoas com quem ela se cruza que lhe deram conselhos e dicas de como sobreviver ou lições sobre a vida num geral e que não podem estar presentes a toda a hora, mas que sem dúvida, deixaram uma marca na vida de Fern como companheiros, amigos, mentores e confidentes.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Fern é uma personagem complexa, forte e impaciente, mas também humilde e simpática que sabe ter uma conversa séria quando é necessário e também sabe tratar todos muito bem e com respeito. Após o fecho da fábrica onde trabalhava, ela acaba por ficar maioritariamente dependente de um trabalho que vai tendo na Amazon em períodos específicos do ano. Ela é uma mulher que vive uma vida solitária e repleta de sofrimento devido a várias perdas que foram surgindo na sua vida, mas lida de um modo muito próprio, sendo que dá para ver que existe uma solidão e uma tristeza no olhar de Fern.

Esta é uma mulher muito prática que tem uma nova rotina e se define por não ser uma pessoa sem um lar, mas sim alguém que só não tem uma casa. Uma vida sem grandes confortos é o suficiente para ela estar bem. Quando uma expressão facial transmite aquilo que precisamos de saber sobre o modo como alguém se está a sentir sem serem necessárias palavras e isso é algo que acontece frequentemente com Fern.

Frances McDormand está de parabéns por um desempenho notável em que consegue mostrar ligeiramente e com eficácia, as vulnerabilidades da sua personagem e por isso, ela mereceu o Óscar de Melhor Atriz pela sua interpretação de Fern.

Infelizmente é frequente quando um negócio falha ou neste caso, uma fábrica que teve de fechar as suas portas, devido a uma crise económica, fazendo com que muitas pessoas perdessem a sua fonte de sustento e levando a escolhas de vida inevitáveis. Por isso, as pessoas são afetadas com mudanças repentinas e por vezes, radicais nas suas vidas depois de sofrerem grandes perdas.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Num mundo que não dá valor a todos, uma vida de um nómada nem sempre se inicia por opção, mas sim por pura necessidade e muitas vezes devido a razões económicas que é uma realidade para muitos americanos. A vida na estrada não é fácil, pois estas pessoas passam por situações de perigo, frio e pobreza e sem dúvida, que é uma longa jornada que têm de percorrer, passando por experiências e enfrentando escolhas que vão ocorrendo ao longo da sua viagem.

Temos a oportunidade de acompanhar uma jornada que inclui a história e a vivência de verdadeiros nómadas que são pessoas que não têm casa e vão viajando pelo país nas suas carrinhas ou caravanas que têm as suas próprias rotinas, culturas, costumes e tradições que escolheram este caminho por vontade própria ou devido às circunstâncias que ocorreram nas suas vidas. É uma jornada constituída por altos e baixos que mostra uma realidade crua em que algumas pessoas vivem, dilemas que vão tendo pelo caminho, situações pelas quais têm de passar para conseguirem sobreviver com o mínimo de necessidades e o que fazem quando há falta de recursos.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Este filme aborda vários temas que são relevantes para a sociedade como é o caso do capitalismo e as consequências devastadoras que pode vir a ter para a população, uns mais do que outros. Seja o modo como se convive com a solidão e se lida com o luto, noções sobre o que significa viver de verdade, a desigualdade, as injustiças e os diferentes tipos de expetativas que podem existir não só para os nómadas, mas também para os seus familiares que nem sempre compreendem totalmente este modo de vida.

Esta é uma história bem real sobre pessoas e as suas respetivas vidas que têm valor e ajudam a refletir não só sobre a nossa existência como seres humanos, mas também pela forma como decidimos viver a nossa vida, onde damos importância a coisas que nem sequer valem a pena em vez de valorizarmos aquilo que mais importa. Ao longo deste caminho vai mostrando as dificuldades e adversidades que qualquer um de nós pode vir a passar ao longo da nossa vida.

Este é um bom drama que é intenso e onde entrega mensagens importantes que podem fazer toda a diferença no modo como interpretamos a vida e as expetativas que vamos tendo ao longo do caminho, pois a pessoa acaba por processar tudo aquilo que está a ver, principalmente nos seus momentos mais silenciosos e deixa-nos com uma mistura de sensações e pensamentos que vamos questionando e acabamos por inserir num momento de pura reflexão e valorizando aquilo que é mais importante.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Basta uma mensagem tão simples como “nos vemos na estrada que dá uma sensação de esperança e ao mesmo tempo de afinidade de que se vai voltar a ver essa pessoa num futuro reencontro, porque a comunidade dos nómadas que tem uma ligação especial com a Natureza e passam bons momentos juntos não só se apoiam uns aos outros, mas também mostram a realidade dura em que vivem, a sua resiliência, luta diária, adaptação e criatividade num modo de vida bem diferente do que qualquer um possa estar habituado e o desejo de viverem uma vida tranquila por mais obstáculos que possam vir a surgir em que podem fazer muito com tão pouco disponível e onde a solidão não importa.

Nomadland tem um tema interessante que apresenta com uma sensibilidade e com uma qualidade técnica maravilhosa, principalmente a nível de cinematografia e montagem, sendo constituído por um ritmo bem lento, mas de certa forma leve e bem simples, mesmo que aborde temas significativos para a sociedade que deixa qualquer um a pensar e por uma fotografia muito bem adequada à história que estão a contar. A realização é cuidadosa e organizada de um modo inteligente, em que tenta mostrar o ponto de vista de cada uma destas pessoas de uma forma próxima, sem complicar e fazendo de um modo bem natural e fluído, mas acima de tudo, respeitoso em que os enquadramentos apresentam exatamente aquilo que precisamos ver.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

O que não faltam são planos abertos que mostram paisagens bonitas e naturais que podem ser desertos americanos, em que ao mesmo tempo são locais pelo qual a pessoa está num isolamento completo e a viver muitas vezes no meio do nada, mas dá para perceber que acabam por estar em contacto com a Natureza e com uma grande sensação de liberdade.

Esta é uma história sensível, humana, bem delineada e com uma boa credibilidade que não cria exageros, mas que representa a vida de uma comunidade diferente que é feita com a participação de pessoas reais que são experientes na vida nómada e estão a contar a sua história sobre o seu estilo de vida que vai tendo condições bem peculiares, mostrando as dificuldades pelas quais vão passando, pois não é uma vida fácil de se viver e apresenta a simplicidade da vida de um nómada, o seu lado mais bonito e outras vezes bem duro, mas acima de tudo, livre.

Divulgação: NOS AUDIOVISUAIS

Nomadland é um drama com diálogos interessantes que cria uma discussão e apresenta a essência do que é viver como um nómada que vai sendo mostrado em diversos ângulos. Este consegue criar o seu impacto para com o público que consegue identificar-se com a história que está a ser contada, prendendo assim, a sua atenção e onde também explora as relações humanas. E temos a oportunidade de olhar para a vida através da perspetiva dos nómadas, dando valor às pequenas coisas da vida, criando assim, uma certa curiosidade e interesse em saber mais sobre este tipo de vida e tudo o que é implicado.

Este é um filme de reflexão que consegue misturar bem o real com a ficção, cumpriu com o seu propósito e toca a pessoa com a sua história delicada que é contada com facilidade e é realizada com todo o cuidado e elegância, mas que se torna numa experiência simples, mas enriquecedora para o espetado por tudo aquilo que vai aprendendo, entre elas, lições vitais sobre a vida. Pode não ser muito bem compreendido por todos e assim podem gostar, como podem não gostar, mas é uma obra cinematográfica que vale a pena ver e ter assim, uma noção sobre um tema que não é muito falado e assim, aprendermos mais sobre esta comunidade e todas as vantagens e desvantagens sobre as suas escolhas de vida ou circunstâncias que fizeram com que tivessem de tomar decisões difíceis.