domingo, 9 de maio de 2021

Série "Jupiter's Legacy" da Netflix - uma história com muito potencial que poderia ter sido aproveitada de outra forma

 

Jupiter’s Legacy (O Legado de Júpiter, em português) é a mais recente série original da Netflix com oito episódios e desta vez focada em super-heróis. Esta é criada por Steven S. DeKnight que é um dos produtores executivos, juntamente com Lorenzo di Bonaventura e Dan McDermott e foi baseada na banda desenhada com o mesmo nome de Mark Millar e Frank Quitely.

O elenco é constituído por Josh Duhamel (Sheldon Sampson/The Utopian), Ben Daniels (Walter Sampson/Brainwave), Leslie Bibb (Grace Kennedy-Sampson/Lady Liberty), Elena Kampouris (Chloe Sampson), Andrew Horton (Brandon Sampson/The Paragon), Mike Wade (Fitz Smare/The Flare) e Matt Lanter (George Hutchence/Skyfox).

Esta história retrata a primeira geração de super-heróis que recebeu poderes e conseguiu proteger o mundo nas últimas décadas, sem deixar a raiva dominar. Depois chega o momento, em que os seus filhos devem continuar com o seu legado, sem nunca se esquecerem do que é realmente importante. Será que esta próxima geração vai ser diferente da anterior e ter o que for necessário para seguir com o código que sempre representou a equipa dos seus antecessores?

Divulgação: Netflix

The Union (A União, em português) representa os seis membros originais de super-heróis que tiveram de passar pelo pior para obterem as suas habilidades extraordinárias e depois passaram muito tempo a fazerem sacrifícios, a lutarem em batalhas e a impedirem todo o tipo de inimigos, fazendo a diferença, criando um impacto para os outros e tornando-se assim, numa união da justiça com os seus uniformes atraentes que dá o exemplo e também num símbolo que muitos querem seguir.

Durante quase um século depois a manter a humanidade segura, eles sempre viveram de acordo com um código que institucionalizou uma forma do indivíduo ser bom em que implica que eles não matem, não liderem, mas sim que inspirem os outros. Isso tem acontecido nos últimos tempos já que os seus descendentes acabam por fazer parte da equipa e em breve vão continuar com o trabalho de serviço, compaixão e misericórdia ao mesmo tempo que devem respeitar o seu código que é a coisa mais importante do mundo. Mas infelizmente no presente, o mundo mudou, os seis elementos criadores da União já não se sentam juntos há muito tempo e os supervilões mudaram as regras e já não são o que eram, fazendo com que se crie conflitos e dúvidas para esta nova geração, relativamente às situações em que são difíceis de seguir com o código. Se não matam, como vão conseguir proteger a humanidade de supervilões? Será que o código tem significado suficiente para que estes super-heróis possam vencer os seus adversários?

A história é dividida em duas linhas de tempo diferentes, entre o presente que apresenta as dinâmicas entre a equipa original da União e os seus sucessores e o passado de Sheldon Sampson que conta os acontecimentos que tiveram de suceder para que ele e os restantes elementos originais da União recebessem os seus poderes, apresentando assim, este universo.

Divulgação: Netflix

Sheldon Sampson é o The Utopian e líder desta equipa da União que tem os seus poderes peculiares. No presente, ele está casado há 60 anos com Grace que também tem as suas habilidades e eles têm dois filhos, Brandon e Chloe, com os seus respetivos dons.

O episódio inicial desenrola-se em 1929 em Chicago, contando a história de um Sheldon mais novo e dando a conhecer o relacionamento conturbado que ele teve com o seu irmão Walt e o seu pai, Chestor Sampson (Richard Blackburn) que esconde segredos. Quando acontece uma queda na bolsa, Sheldon sofre uma tragédia familiar e vai ter de lidar com os efeitos que isso vai ter na sua vida, acabando assim, por entrar numa aventura nos anos 1930 com um grupo de pessoas que será um caminho cheio de obstáculos com visões à mistura, atravessando um oceano em que sucedem coisas estranhas, colocando a vida de cada um em risco, mas que precisam de enfrentar para assim, chegarem a uma ilha misteriosa que pode ter as respostas que eles procuram. No final, nós sabemos que irá valer a pena, pois já nos foi dado a entender nos eventos do presente.

Sheldon tem uma personalidade complexa, em que nada é suficiente para ele, chegando a um ponto que se sente em conflito com o mundo todo e é considerado como uma pessoa demasiado exigente, principalmente para com o seu filho, Brandon que quer continuar com o seu legado. Será que alguém vai estar à altura do grande Utopian?

Divulgação: Netflix

Brandon Sampson é conhecido por ser um dos super-heróis da nova geração, o Paragon que cresceu para se tornar no sucessor do seu pai, mas que é um rapaz emocional, teimoso e parecido com a sua figura paternal em que está disposto a fazer todo o tipo de sacrifícios. Ele tem muito potencial e utiliza os seus dons para ajudar o mundo a ser um lugar melhor, mas não é fácil ser o filho do Sheldon que não esteve muito presente na sua infância, pois Brandon faz o que for preciso para corresponder às expetativas do seu pai e tenta impressioná-lo, porém Sheldon não acredita que ele esteja pronto para assumir o legado.

Neste caso, o código é fundamental para guiar o Brandon na pessoa que ele precisa de ser para substituir o seu pai que poderá vir a ser mais forte do que qualquer um. Por mais dificuldades que o Brandon possa enfrentar, será que ele vai ser considerado como um sucessor digno para se tornar no próximo Utopian?

Divulgação: Netflix

Depois temos Chloe, a filha rebelde que é modelo, mas que é uma autêntica viciada em drogas, que se cruza no caminho de Hutch (Ian Quinlan), um rapaz com os seus planos secretos e com a sua ferramenta bem útil para colocá-los em prática. Ela é uma pessoa mal-educada e revoltada, devido aos problemas que tem com o seu pai, não querendo seguir com o legado da família que considera como um fardo para si e fazendo com que a dinâmica familiar não seja a melhor. Podem existir momentos que ela possa vir a ser um perigo para ela própria, pois Chloe é poderosa, tem comportamentos impulsivos e nem sempre se consegue controlar, apesar de mostrar um lado mais vulnerável. Será que as suas ações vão ter consequências?

Divulgação: Netflix

As convicções de muitos destes super-heróis acabam por mudar quando enfrentam um supervilão muito poderoso chamado de Blackstar (Tyler Mane) que fugiu da Supermax, uma prisão de alta segurança e luta tanto contra os membros originais da União, como contra a sua nova geração. Esta será uma batalha bem intensa com surpresas à mistura que vai questionar o código que estas duas gerações seguem e trazer consequências devastadoras para algumas destas personagens. Para os mais antigos, o código tem de se manter, custe o que custar. Será que o código é adequado para os tempos atuais? O que será que irá acontecer com a União e o seu futuro? Quem será o verdadeiro responsável pelos eventos do presente?

Divulgação: Netflix

George Hutchence ou Skyfox é daquelas personagens que merecia ter sido mais bem explorada, pois foi das poucas que conseguiu criar algum interesse por parte do espetador. Este é o melhor amigo de Sheldon que o apoiou nas suas ideias mais malucas, tendo sido fundamental para a viagem deste, mas ficamos a saber que nos dias atuais, ele voltou-se contra a equipa depois de ter quebrado o código, tornando-se no maior inimigo da União e está misteriosamente desaparecido. O que será que aconteceu, depois de George ter ganho os seus poderes?

A história cria discussão e aborda temas relacionados com o legado, política, traição, luto, capitalismo, família, poder, lealdade, conflitos, discriminação, lealdade e muito mais. Não vai faltar um conflito que vai existindo ao longo dos episódios entre os primeiros heróis e os seus sucessores, sendo que por vezes esta geração mais nova sente-se deslocada e tem ideias e pensamentos diferentes dos seus antecessores, sendo que estes jovens acreditam que determinadas regras já não se podem aplicar mais no presente, criando assim, uma tensão e uma incerteza para com o funcionamento do código ao mesmo tempo que tentam provar o seu valor para com os mais velhos. Como é que é possível lidar com um mundo mais violento que coloca o código em causa?

Divulgação: Netflix

Neste drama familiar que vai intercalando os eventos do passado com os dos dias atuais vão sendo apresentadas discussões sobre o que é certo e o que é errado e vai ser retratado os valores e as responsabilidades que um super-herói deve ter para com os outros e a importância das regras que têm de seguir, sejam quais forem as circunstâncias, pois é importante que todos os membros tenham um comportamento ético quando estão a combater o crime e a proteger a Terra, de qualquer tipo de ameaças e devem pedir sempre reforços para os ajudar ao longo das suas patrulhas.

As partes que criaram mais curiosidade em continuar a acompanhar os acontecimentos desta série de super-heróis foram sem dúvida, os seus efeitos visuais nas lutas que foram surgindo que foram suficientes para captar a atenção do espetador e a jornada com desafios que Sheldon e companhia teve de fazer para conseguirem ganhar os seus poderes que iriam se tornar vitais para terem as capacidades necessárias para proteger o mundo de ameaças inevitáveis.

Divulgação: Netflix

Jupiter’s Legacy é uma série de drama, ação, fantasia, ficção científica e aventura que tinha muito potencial, mas que infelizmente não foi bem aproveitada, sendo que não desenvolveram correctamente as suas personagens, fazendo com que o público pudesse ter tido pouca empatia com as mesmas. Esta foi uma história que não foi equilibrada, principalmente a nível de ritmo e de flashbacks, em que a pessoa fica com a sensação de que falta algo para ter o que é necessário para se tornar numa ótima fonte de entretenimento, como acontece em séries tais como The Boys, Daredevil, The Umbrella Academy, entre outras.

Esta produção não foi de acordo com aquilo que foi apresentado no trailer e nem tudo se encaixa da melhor forma, sendo constituído por momentos que podem confundir o público e por isso é essencial que o espetador esteja atento a tudo o que vai sendo apresentado para não se perder. Também poderia ter sido mais dinâmica, mas até teve uma ligeira melhoria, principalmente nos últimos episódios que faz com que a pessoa tenha curiosidade em acompanhar os próximos acontecimentos, muito devido ao final em aberto que ainda vai dar que falar. Na minha opinião deveria ter havido um melhor equilíbrio entre o drama e a ação e para além disso, teria sido interessante que nos tivessem mostrado como estes super-heróis veteranos chegaram até aos dias atuais, depois de terem conseguido os seus poderes.

O melhor é mesmo esperar, para ver se teremos oportunidade de ver mais episódios desta produção original da Netflix.



Sem comentários:

Enviar um comentário