domingo, 31 de maio de 2020

Série "Upload" - uma possibilidade tecnológica onde existe vida após a morte, em formato digital e num modo cómico


A série "Upload" estreou recentemente no serviço da Amazon Prime Video. Tem a criação de Greg Daniels e é constituída por apenas 10 episódios de cerca de 30 minutos cada, nesta 1ª temporada e para além disso, esta comédia original já foi renovada para uma nova temporada. 

Em 2033, Nathan Brown (Robbie Amell) é um programador que sofreu um acidente de carro, controlado por Inteligência Artifical e após estar em perigo de vida, este decide carregar a sua consciência para uma realidade virtual requintada chamada Lake View, mas a sua presença neste local é paga pela sua namorada rica chamada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards). Nathan vai passar por um período de adaptação por esta forma nova de viver a eternidade, onde tudo à sua volta é completamente digital, mas terá a ajuda de Nora Antony (Andy Allo), o seu Angel e responsável pelo seu avatar, que trabalha no serviço de atendimento do software Upload, e onde poderá estar presente na sua realidade, através de óculos de realidade virtual, sempre que for necessário.

O elenco é constituído por Robbie Amell (Nathan Brown), Andy Allo (Nora Anthony), Allegra Edwards (Ingrid Kannerman), Zainab Johnson (Aleesha), Kevin Bigley (Luke), Jordan Johnson-Hinds (Jamie), Chris Williams (Dave Anthony), Owen Daniels (A.I. Guy), Andrea Rosen (Lucy), Josh Banday (Ivan), Jessica Tuck (Viv), William B. Davis (David Choak), Elizabeth Bowen (Fran), Matt Ward (Bryon), entre outros.

Como seria a vida após a morte, se a nossa consciência pudesse ser colocada num ambiente virtual? Nesta história, cientistas desenvolveram uma tecnologia, onde é possível fazer o upload das consciências das pessoas e enviá-las para um mundo virtual paradisíaco, ou seja, a sua consciência pode ser transportada para um sítio luxuoso, onde pode interagir com outras pessoas que já faleceram ou comer tudo o que quiser num buffetAcaba por ser uma pessoa que faleceu, mas que continua a existir, a comunicar-se e a viver, como se nada tivesse acontecido.

Esta série dá-nos uma perspetiva de como isto poderia acontecer, mas há situações que são difíceis de imaginar, tais como, o morto ter a oportunidade de participar no seu próprio funeral ou haver a possibilidade de contactar os seus entes queridos que ainda estão vivos, através de uma chamada telefónica ou videochamada, experiências sexuais através de óculos de realidade virtual, entre outros. Acaba por ser difícil de imaginar, algo como isto ser alguma vez possível de acontecer, mas esta série dá-nos uma perspetiva de como seria. 

Podemos ver que neste período, os seres humanos são completamente dependentes da realidade virtual e da inteligência artificial, onde a maior parte não têm problemas em viver para sempre num software.  



Esta comédia acaba por abordar um tema já muito falado, tanto em filmes e séries, mas que é realizado de um modo bem diferente daquilo que já vimos e onde também diverte o espetador. É interessante ver como é a dependência diária da humanidade pela tecnologia e pela vida eterna, e como pode ser adaptada de formas diferentes. 

A história também desenrola-se à volta do mistério da morte e das memórias apagadas de Nathan, pois existem indicações de que poderia não ter sido um acidente e para além disso, havia uma percentagem pequena de acidentes deste género. 

Um dos temas abordados são as diferenças que continuam a existir entre as classes sociais ou seja, os benefícios que os ricos têm perante outros membros da sociedade. No caso de Lake View, aqueles que têm mais dinheiro são os que conseguem ter melhores condições neste mundo virtual, pois cada residente pode aderir a pacotes diferentes de dados e no caso das pessoas mais ricas, estas têm uma maior facilidade de obterem pacotes com dados ilimitados, devido à sua própria riqueza. Para pessoas com menor possibilidade financeira, cada residente tem um plano pré-pago de 2 GB mensais que pode utilizar, mas quando os dados terminam, o avatar da pessoa acaba por ser "congelado".

Apesar de ser uma realidade pouco provável de acontecer algum dia, esta até poderia ser um paraíso possível e interessante da pessoa pertencer após morrer, mas infelizmente continua a haver preconceito com as condições financeiras das pessoas. Tudo o que quiser adquirir tem de ser pago e se é para passar uma eternidade neste serviço, então não será fácil manter os pagamentos, caso a pessoa tenha poucos rendimentos. 


Os residentes de Lakeview desfrutam de quartos de hotel luxuosos e buffets com muito bom aspeto e para além disso, podem aderir a várias atividades, de acordo com os seus gostos e preferências. Por exemplo, se necessitarem de terapia, têm animais peculiares disponíveis para escolherem para assim, ajudá-los a ultrapassarem momentos mais complicados. 

Nathan tem uma boa família, uma namorada excêntrica, um emprego e um carro que anda sozinho. Após o seu corpo sofrer um acidente estranho, num carro conduzido e controlado por Inteligência Artificial, resolve aceitar que a sua mente, memórias e personalidade sejam preservadas no Upload, no paraíso de Lake View. Ele começa a ver que a vida neste paraíso Lake View não é tão perfeita, como pensava e que não será fácil passar lá, a sua eternidade.

Nathan é uma personagem carismática e interessante, na forma como vê as coisas à sua volta e tem um bom crescimento pessoal ao longo destes episódios, onde acaba por aproximar-se do público, de um modo cativante e simples. Há uma boa evolução no desenvolvimento desta personagem, onde no início só dava importância a coisas fúteis e durante o desenrolar da história vai aprendendo o que realmente importa. 

Este acaba por perceber que não viveu uma vida tão feliz como pensava, tanto ao lado da namorada, como no seu próprio emprego. Assim, apaixona-se pela sua Angel, assistente que está disponível para o ouvir e onde são criadas dinâmicas bem interessantes entre eles.  



Nora acaba por ser o coração desta série, onde mostra a preocupação e empatia que tem perante os seus clientes. Faz o atendimento aos diversos clientes do Upload e é a responsável pelo avatar de Nathan no mundo virtual. Também tem uma ligação muito especial com o seu pai doente, que tenta a todo o custo convencê-lo, a transferir a sua consciência para o sistema. 

Existe uma boa construção na relação entre Nora e Nathan, onde dão a oportunidade que possa vir a acontecer uma relação romântica, mas sem qualquer tipo de exageros, apesar de ser improvável esta relação alguma vez existir.

O software Upload acaba por ser muito complexo, nos quais os funcionários de atendimento ao cliente têm de estar atentos aos seus clientes que são constituídos por um avatar específico e fazerem os possíveis para facilitarem a vida dos mesmos. Todas as consciências inseridas no software são vigiadas, nos quais têm um serviço de assistência de 24 horas, onde cada avatar pode ser ajudado em situações diferentes ou simplesmente para desabafarem com alguém. 

Como acontece com qualquer aplicação, os paraísos que aparecem na série também são sujeitos a atualizações, erros e anúncios que tornam a série engraçada e caricata à sua maneira. 


Tendo um tom constante de humor, considero que algumas das cenas que vemos nesta série são hilariantes e sarcásticas, porque são criadas piadas que achei divertidas, nos quais são baseadas, até na forma como vivemos atualmente com as redes sociais, como por exemplo, as avaliações através de estrelas (1 a 5), onde podem ser dadas aos funcionários do serviço de apoio do Upload ou para classificarem o desempenho que uma pessoa teve no sexo. 

Acho que havia histórias de algumas personagens, que poderiam ter sido muito mais bem exploradas e aproveitadas, porque considero que sejam personagens divertidas, que mereciam muito mais destaque. É uma série com potencial, onde podem ser desenvolvidas muitas mais histórias e felizmente têm a oportunidade de o fazer na 2ª temporada.

Esta é uma história com uma criatividade boa, onde são abordadas questões e situações que trazem um momento de reflexão para o espetador. Mas também mostra a dependência que a sociedade tem perante a tecnologia, deixando o público curioso com o desenrolar dos episódios e onde começa a meter em prática a sua própria imaginação. É sem dúvida, uma série boa para distrair a mente e da pessoa desligar-se da realidade.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Série "Into the Badlands" - quando as artes marciais são o foco da história e com sequências de luta incríveis


A série de artes marciais "Into the Badlands" é constituída por 3 temporadas, com um total de apenas 32 episódios e criada pelo canal AMC, onde começou a ser transmitida em 2015. Esta história foi feita pelos mesmos criadores da série "Smallville", designados por Alfred Gough e Miles Millar. A produtora de Quentin Tarantino é a responsável pela sua produção e os produtores executivos são Stacey Sher, Michael Shamberg, David Dobkin, Stephen Fung, Michael Taylor, Karen Richards, Paco Cabrezas e ainda Daniel Wu, que também é o protagonista da série. 

É inspirada num conto chinês com o nome de "Journey to the West" escrito por Wu Chengen e publicado no século XVI. Mike Shinoda é o compositor responsável pela abertura do genérico da série, que eu considero que foi bem inserida na mesma.

A história desenrola-se após a destruição da civilização, nos quais os barões são os atuais líderes daqueles que conseguiram sobreviver. Acaba por contar a história de Sunny (Daniel Wu), um guerreiro talentoso que irá viajar com um jovem chamado M.K. (Aramis Knight), por uma terra perigosa, com o objetivo de adquirir o máximo de conhecimento possível. Ao longo desta jornada, são várias as lutas que irão decorrer, mas são poucos aqueles que irão conseguir fazer frente a Sunny


O elenco é constituído por Daniel Wu (Sunny), Aramis Knight (M.K.), Nick Frost (Bajie), Marton Csokas (Quinn), Emily Beecham (Minerva/The Widow), Oliver Stark (Ryder), Orla Brady (Lydia), Sarah Bolger (Jade), Madeleine Mantock (Veil), Ally Ioannides (Tilda), Stephen Lang (Waldo), entre outros. 

Muitos anos depois da morte de milhões de pessoas e da sociedade ter sido destruída por completo, a terra torna-se conhecida como Badlands, onde é governada por 7 barões que fazem o que for preciso para sobreviverem e têm como aliados os Clippers. Os Clippers são exércitos constituídos por soldados muito bem tratados que para além de assassinos, também são leais, sacrificando as suas próprias vidas pelo barão respetivo. Um dos Clippers mais perigosos de toda a Badlands é o Sunny, que colabora com o Barão Quinn, desde muito jovem.

Badlands é um lugar violento e cheio de perigos, mas que tem muito conhecimento que ainda pode ser adquirido. Infelizmente, o povo sofre, porque depende dos barões para sobreviverem, passando assim por várias dificuldades e acabando por tornarem-se escravos dos barões. Nem todos os barões são bons líderes e o seu poder é garantido à base da violência por parte dos Clippers, que nem sempre resulta da melhor forma para o povo. 

Podemos ver a crueldade existente nesta história, nos quais parecia que a humanidade não tinha aprendido nada, com todo o mal que fez, levando à destruição da civilização. A série é repleta de cenas com muito sangue, nos quais temos como temas: a vingança, o poder, a traição, a violência extrema, os dons de algumas personagens ou mesmo a guerra. A história também tem um lado místico, onde vai sendo explorado ao longo dos episódios. 

M.K. tem um poder misterioso que é ativado quando sangra e por isso, ele vai aprender a controlar ao longo dos episódios, mas para isso acontecer, terá de treinar muito e aprender a lutar. É leal quando convém mas quando tem uma sede de vingança pode tornar-se numa pessoa instável e perigosa. 


Eu gostei de ver a evolução do Sunny ao longo destas 3 temporadas, pois esta é uma personagem que acaba por ter um desenvolvimento bem interessante de se acompanhar, onde também vemos, um lado mais fragilizado e humano da mesma, apesar de ser reconhecido desde o início como um assassino frio e imbatível. Acabamos por ver um lado mais sensível desta personagem que não acreditávamos que fosse possível existir. 

Sunny é um mestre em artes marciais, onde deixa de ser Clipper, tentando levar uma vida diferente e também tem como objetivo, saber mais sobre o seu passado. É exemplar no seu trabalho, e tem uma reputação longa, como assassino letal, no qual tem cerca de 400 tatuagens de lâminas nas costas, que simboliza cada pessoa que matou, nos seus tempos como Clipper.

Daniel Wu faz uma boa interpretação desta personagem e tem uma habilidade excelente em representar um guerreiro eficaz como Sunny.  


Para além do Sunny, a Widow é uma das minhas personagens favoritas da série. Apesar de ser ambiciosa e estar constantemente à procura de mais poder, podemos ver que também existe uma preocupação para com o bem-estar do seu povo. A Widow é uma das vilãs da história, onde é uma das lutadoras mais capazes, determinadas e interessantes de se acompanhar, principalmente quando luta em saltos altos, que mostra ser uma tarefa muito fácil de se executar. 

Widow é uma mulher independente e poderosa, ambiciosa e toma decisões difíceis, para chegar aos seus objetivos. Tem uma personalidade muito forte e nem sempre é bem compreendida pelas pessoas à sua volta, tendo assim, uma força incrível. Nunca desiste de chegar ao que quer e também é uma guerreira autêntica, com um passado que fará toda a diferença para se perceber a sua maneira de ser.

Gostei muito de ver o desenvolvimento da personagem da Widow e das suas cenas partilhadas com o Sunny, principalmente quando lutam em conjunto, pois captam a atenção do público, com as suas habilidades impressionantes para as artes marciais. 

Para além da Widow, também gostei dos vilões que foram sendo introduzidos ao longo do desenrolar da série, apesar de haver momentos em que achei que tornaram-se um pouco cansativos para o público.


Bajie é daquelas personagens que são fundamentais na história. É sarcástico, com algumas piadas pelo meio, mas também tem um lado mais sábio, nos quais dá conselhos que podem fazer a diferença no caminho de alguém, mas infelizmente, nem sempre é levado a sério. É uma pessoa imprevisível, que não gosta de falar do passado.

Existe uma boa dinâmica entre Bajie e Sunny, nos quais vemos a evolução da relação entre estas 2 personagens e onde podemos ver o respeito mútuo que têm um pelo o outro. Bajie pode ter algumas atitudes mais estranhas, mas que depois acabam por fazer todo o sentido. Ele tem um talento natural para as artes marciais, onde ficamos a saber do seu passado como mestre e professor a ensinar outras pessoas a lutar com garra.  


Master Dee Dee Kuma's é o mestre responsável pela coordenação de todas as coreografias de lutas que acontecem ao longo dos episódios da série. Este senhor é reconhecido como duplo e também como coreógrafo de filmes, como Kill Bill ou Matrix. É sem dúvida, um ótimo coordenador das artes marciais utilizadas nesta história, onde podemos apreciar a sua criatividade, nos quais tenta que sejam sempre coreografias diferentes umas das outras.

Considero que esta série tem as cenas de luta mais bem representadas, tanto no mundo da televisão, como na do cinema, onde inclui uma qualidade fantástica, cativando e prendendo a atenção do espetador. Esta série arriscou a fazer algo, que nunca tenha sido feito antes na televisão e sem dúvida que resultou muito bem. Considero que as cenas de artes marciais têm uma boa qualidade artística e que fascinam quando se vê o resultado final.

Apesar de ter cenas de ação deslumbrantes e uma boa fotografia, o ritmo da história nem sempre foi feito da melhor forma. O argumento poderia ter sido melhor, onde a pessoa acaba por esquecer-se quando está a ver a qualidade das cenas de ação. Para além disso, havia personagens que não se conseguia perceber o seu papel e importância na história, tornando-as desinteressantes e cansativas. Também achei que o elenco foi mal escolhido, apesar de felizmente, haver algumas exceções.  


Para além de momentos intrigantes, são várias as reviravoltas que vão acontecendo, nos quais umas são previsíveis e outras surpreendentes, mas merece destaque pela sua parte técnica, onde temos como exemplo, os efeitos visuais. 

Esta é uma série que é indicada para os fãs de artes marciais, pois não há limites para a quantidades de lutas que são mostradas nesta história e com sangue ao estilo Tarantino. Também é interessante ver um lado diferente do que poderia ser um possível futuro pós-apocalíptico, pois cada vez mais existem histórias que mostram versões relativamente semelhantes de como seria o mundo após a destruição da maior parte dos seres humanos e neste caso temos um lado muito mais original, onde as artes marciais são fundamentais para a luta pela sobrevivência da humanidade.

Esta é uma série com figurinos e cenários muito bem escolhidos e inseridos na história, que tem um estilo que ainda não tinha sido visto na televisão, mas que ainda tinha muito potencial para dar, histórias por contar e onde está sempre a comprovar a razão pelo qual tem as melhores cenas de lutas vistas em televisão. É um bom entretenimento com sequências de ação bem elaboradas, onde cada luta é espetacular e cativante do espetador acompanhar.

terça-feira, 26 de maio de 2020

A Importância da Alimentação para um Sistema Imunitário Fortalecido


Atualmente não existe um alimento específico que possa prevenir ou combater a COVID-19. No entanto, é essencial que o nosso sistema imunitário esteja o mais forte possível para podermos fazer face aos sintomas inerentes à doença. Para isso existe um conjunto de fatores importantes como o descanso, o exercício físico e a alimentação.

Relativamente a este último, ao termos um estado de hidratação adequado e uma alimentação completa, diversificada e equilibrada, o nosso sistema imunitário torna-se mais eficaz, levando a um menor risco de doença. 

A vitamina C é um dos micronutrientes que ajuda a aumentar a resistência às infeções, atuando no sistema imunitário. Laranja, kiwi, limão, ananás, batata doce, brócolos, alcachofra e gengibre, entre outros, são alguns dos alimentos que contêm esta vitamina e que devemos incluir na nossa alimentação. 

Para além disso, devemos também incluir alimentos ricos em ómega-3, pois têm uma ação anti-inflamatória e são bons aliados no aumento das defesas do nosso sistema imunitário. Temos o exemplo de alguns vegetais de folha verde, como os espinafres, brócolos ou couve-flor, sementes, frutos secos, peixes gordos como o salmão, atum, cavala ou sardinha, chicória, batata doce, mirtilos, entre outros.

A vitamina D é também essencial para o nosso sistema imunitário e para a prevenção de várias doenças. Aproveite para apanhar um pouco de sol na sua janela, varanda ou terraço durante cerca de 20 minutos e assim evitar a carência desta vitamina. 

domingo, 24 de maio de 2020

Série "Medici" - uma das melhores séries históricas existentes sobre o governo de uma das famílias mais poderosas de Florença


A série "Medici" é constituída por 3 temporadas, nos quais a 1ª temporada designa-se por "Medici - Masters of Florence" e as restantes por "Medici - The Magnificent". É uma colaboração feita por italianos e britânicos, nos quais o idioma é em inglês, tendo sido criada por Frank Spotnitz e Nicholas Meyer e também tem Richard Madden como um dos produtores executivos da série. Estreou no canal italiano Rai 1, mas também é transmitido na Netflix em alguns países, tais como, EUA, Canadá, Irlanda, entre outros. Infelizmente não é transmitido na Netflix em Portugal.  

Este é um drama familiar e político, que conta a história da linhagem dos Medici, durante o período em que governaram Florença, em Itália. Irá acompanhar todos os acontecimentos, desafios e dificuldades que cada membro da família dos Medici teve de passar para conseguirem salvar a sua terra e respetivo povo das mãos de diferentes manipuladores, que tinham como principal objetivo, serem eles a governar e adquirir a riqueza da cidade para eles próprios.

Esta série representa a história de uma das famílias mais poderosas da época que fez a diferença em Florença, mas que pelo caminho fez muitos inimigos dispostos a prejudicá-los a todo o custo. Durou quase 3 séculos, onde a sua riqueza foi fundamental para impulsionar a cultura italiana e também foi responsável pelo período do Renascimento. O banco da família Medici nasceu nesta região e tornou-se num dos mais antigos da Europa. 

Nos livros de história nós lemos sobre a família Medici, a responsável pelo Renascimento em Itália e é bem interessante, ver como esta série adapta esta história. 


1ª Temporada: Masters of Medici



Esta 1ª temporada é composta por 8 episódios e desenrola-se em Florença no século XV. 

O elenco é constituído por Richard Madden (Cosimo de Medici), Dustin Hoffman (Giovanni de Medici), Guido Caprino (Marco Bello), Stuart Martin (Lorenzo de Medici), Tatjana Nardone (Emilia), Annabel Scholey (Contessina de Medici), Valentina Bellè (Lucrezia de Medici), Ken Bones (Ugo Bencini), Alessandro Sperduti (Piero de Medici), Michael Schermi (Ricciardo), Daniel Caltagirone (Andrea Pazzi), Lex Shrapnel (Rinaldo degli Albizzi), Sarah Felberbaum (Maddalena), Alessandro Preziosi (Filippo Brunelleschi), Engenio Franceschini (Ormanno Albizzi), Brian Cox (Bernardo Guadagni), entre outros.

Depois de tornar-se banqueiro do Papa, durante o seu reinado, Giovanni de Medici (Dustin Hoffman) morre de forma misteriosa. O seu filho Cosimo (Richard Madden) assume a liderança do banco da família Medici, tendo como seu aliado, o seu irmão Lorenzo (Stuart Martin). São vários os obstáculos que terá de enfrentar, enquanto governa Florença, desde a epidemia da peste, as rivalidades que tem com outras famílias ou pôr em prática, a sua visão para o futuro desta terra e abrir o caminho para o Renascimento.


Cosimo é admirador de arte e arquitetura e gosta de desenhar. Um dos seus sonhos é terminar a construção do Duomo de Florença, mas não será fácil encontrar o arquiteto que terá as habilidades necessárias para o fazer. Para além disso são muitos aqueles que não concordam com a construção do mesmo. Será Filippo Brunelleschi (Alessandro Preziosi) capaz de construir a sua cúpula? 

Ao longo destes episódios podemos acompanhar o período em que Cosimo esteve em exílio em Veneza e as conspirações que foram sendo desenvolvidas contra o poder que a família Medici tem perante Florença e o seu povo. Também podemos ver a altura em que Cosimo financiou uma revolução artística que é visível, quando a pessoa visita a cidade de Florença. 

Richard Madden fez um trabalho exemplar em interpretar esta personagem e representar a sua personalidade com ideias inovadoras e essenciais para colocar Florença no caminho para o período do Renascimento, mesmo com muitas dificuldades pelo meio.


2º e 3ª Temporada:  The Magnificent


Ao longo de 8 episódios, a história decorre 20 anos após os acontecimentos da 1ª temporadas, onde seguimos a vida de Lorenzo de Medici (Daniel Sharman), filho de Piero (Julian Sands) e Lucrezia de Medici (Sarah Parish), que era conhecido como o Magnífico e neto de Cosimo. Em 1460, o seu pai Piero sofre uma tentativa de assassinato e por isso, Lorenzo resolve assumir as responsabilidades como líder da família e do banco Medici. Mais tarde, Lorenzo casa-se com Clarice Orsini (Synnove Karlsen), que será uma aliada fundamental no seu reinado. 

Lorenzo irá reinar Florença de uma forma diferente e de acordo com as suas convicções. Tem um irmão chamado Giuliano (Bradley James), no qual tem uma relação muito próxima e também é amigo de Sandro Botticelli (Sebastian de Souza). Terá pela frente, a gestão do banco da família Medici que não será nada fácil. 

Com o sonho de trazer paz para Florença, o reinado de Lorenzo é diferente do normal, não sendo visto da melhor forma, levando a que tenha como principal adversário, uma família de banqueiros chamada Pazzi, e liderada por Jacopo Pazzi (Sean Bean). Jacopo e o seu sobrinho Francesco (Matteo Martari) vão unir forças com o Papa (Raoul Bova) contra a política da família Medici. E assim, surge uma das famosas conspirações da história de Florença, designada por Conspiração dos Pazzi, com o objetivo de tirar o poder a Lorenzo.


O elenco é constituído por Daniel Sharman (Lorenzo de Medici), Bradley James (Giuliano de Medici), Sean Bean (Jacopo Pazzi), Julian Sands (Piero de Medici), Sarah Parish (Lucrezia de Medici), Synnove Karlsen (Clarice Orsini), Sebastian de Souza (Sandro Botticelli), Alessandra Mastronardi (Lucrezia Donati), Raoul Bova (Papa Sisto IV), Aurora Ruffino (Bianca de Medici), Matilda Lutz (Simonetta Vespucci), Matteo Martari (Francesco de Pazzi) e Charlie Vickers (Guglielmo de Pazzi).


Lorenzo quer impulsionar a cultura italiana, mostrando a beleza da arte, onde Botticelli será o seu principal aliado e acaba por tornar-se num mentor para outros artistas que querem expressar a sua arte. 

As obras de arte não eram vistas da melhor forma, por isso foi difícil para a família Medici contrariar essas opiniões. Por isso aproveitaram a sua própria influência para mostrarem a importância desta cultura, dando oportunidades a artistas de revelarem a sua arte e os seus movimentos artísticos. 

O desempenho de Daniel Sharman na personagem de Lorenzo de Medici é espetacular e brilhante. Está de parabéns, na forma como conseguiu representar uma das personalidades e figuras históricas mais carismáticas daquela época. Foi interessante acompanhar o papel fundamental que Lorenzo teve no Renascimento Italiano.  

Na 3ª e última temporada constituída por 8 episódios, Lorenzo vai ter inimigos como Girolamo Riario (Jack Roth) que não irá descansar, enquanto todos os membros da família Medici estiverem mortos, nos quais será uma luta longa e difícil de vencer. Para além disso, também são adicionadas figuras importantes nesta época, tais como Tommaso Peruzzi (Toby Regbo), que foi um arquiteto italiano que construiu a Villa Farnesina, uma vila de Roma entre 1508 e 1511 e Girolamo Savonarola (Francesco Montanari), um padre que era conhecido pelas suas profecias e destruição de obras de arte e por insistir em mudanças na igreja católica. A personagem Bruno Bernardi (Johnny Harris) também é introduzida nesta última temporada.


O argumento está muito bem elaborado, onde inclui um elenco constituído não só por atores britânicos, mas também por italianos. É constituído por cenários espetaculares e desempenhos incríveis, onde mostra a influência da família Medici naquela época e a sua importância para Florença evoluir da forma que o fez.  

A banda sonora é cativante e um dos pontos positivos da série, nos quais a responsabilidade é de Paolo Buonvino, onde inclui músicas lindíssimas, que ficam no ouvido do público e que vão sendo introduzidas nas partes mais importantes da história. 

A série também tem um genérico muito bem construído, onde inclui a música "Renaissance" e "Revolution of Bones" feita por Paolo Buovino e Skin e também considero que esta foi muito bem escolhida para representar este drama familiar. É daquelas músicas que estabelecem uma ligação com a história da série, sempre que o espetador tem a oportunidade de ouvir. É uma música poderosa cheia de emoção que encaixa perfeitamente nesta história. 

Um dos pontos positivos da série foi a forma como recriaram Florença naquela época. Acredito que tenha sido um desafio grande para David Serge, um dos responsáveis pelos efeitos visuais da mesma. Um dos exemplos, é sem dúvida, o Duomo de Florença, nos quais  foram sendo mostradas imagens da mesma, sem o telhado e a cúpula, pois a mesma foi sendo construída ao longo do desenrolar da história da 1ª temporada. A equipa de efeitos visuais está de parabéns pelo modo que trabalharam ao longo destas 3 temporadas.


A série capta a essência daquilo que era vivido na altura. Dá para ver que há muita paixão envolvida na construção desta série, desde os figurinos, os cenários ou a complexidade necessária para incluir elementos que só existiam naquela época. Foi tudo muito bem representado, onde mostra tanto o requinte como a riqueza da família Medici ou de outras famílias existentes na altura. Toda a cenografia é magnífica, onde mostra a beleza de Florença, durante o século XV e é muito bom admirá-la.

As gravações desta série foram realizadas em vários locais de Itália, tais como Florença, Mântua, Roma, Pienza, Montepulciano e assim mostrar a beleza da região de Toscana. Algumas cenas também foram feitas na região de Val d' Orcia. Por exemplo, o Palazzo Comunale representa a sede do banco dos Medici e o Palazzo Piccolomini representa o exterior do Palácio da família.Também foram utilizados edifícios, como Palazzo Vecchio, a Basilica di San Lorenzo, Palazzo del Bargello, o Battistero e o Duomo. 

Com algumas adaptações narrativas, esta não é uma história totalmente fiel ao original, pois houve situações que nunca se chegou a saber como sucederam na realidade, como o caso da morte de Giovanni e assim, os criadores resolveram escolher um determinado rumo, com o objetivo de envolver o público no mistério. 

Para além disso também ocorreram algumas ligeiras modificações, relativamente ao original, que nem chegamos a dar conta ou alguns pormenores que não estão de acordo com a época em questão. Temos como por exemplo, personagens do sexo masculino terem barba, quando nas suas pinturas da época não o tinham. 


Esta é daquele tipo de histórias que tem expetativas altas, principalmente para aqueles que são historiadores e alguns deles especializados na história desta família. Inclui todos os acontecimentos que foram fundamentais naquela época, onde não ignoram detalhes relevantes para contar a história e os pormenores são muito bem pensados. O importante é que têm atenção aos fatos históricos.

É uma série complexa, no qual o espetador não se perde e é constituída por uma história emocionante, muito bem construída, que envolve relações familiares, traição, ação, arte, conflitos políticos, dilemas, decisões difíceis de serem tomadas, estratégias de todo o tipo e guerras e respetivas consequências para o povo e apesar de ser uma série que não é muito falada, considero que seja uma história com grande qualidade e muito bem feita.  É muito interessante ver a admiração que o povo sente pela família Medici

Esta é uma história onde são representados os períodos mais importantes na história italiana e também é uma produção televisiva poderosa e com qualidade suficiente para ser vista por todos. Se gostam de séries históricas, esta é fundamental e imprescindível de acompanharem, pois cativa desde o início até ao fim.  

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Série "For Life" - um prisioneiro que torna-se num advogado para combater a injustiça de que foi alvo



A série "For Life" é um drama inspirado na história da vida de Isaac Wright Jr, nos quais foi preso por um crime que não cometeu e resolveu tornar-se num advogado para assim, conseguir garantir a sua liberdade. Tem a produção de Curtis "50 Cent Jackson" e Hank Steinberg, onde também é o seu criador e ainda tem Isaac Wright Jr como produtor executivo. É originalmente transmitido pelo canal norte-americano ABC e estreou recentemente no canal português AXN, onde podemos acompanhar esta 1ª temporada de 13 episódios.

Conta a história de um prisioneiro chamado Aaron Wallace (Nicholas Pinnock) que foi condenado a prisão perpétua, por um crime que não cometeu. Para combater a injustiça de que foi alvo, resolve tornar-se num advogado para assim, ajudar os seus colegas prisioneiros e o seu próprio caso. Terá um caminho longo pela frente, se quiser enfrentar os responsáveis pela sua vida atual e são vários os anos que terá de aguardar, para que possa ter uma oportunidade para o seu caso ser revisto. 

O elenco é constituído por Nicholas Pinnock (Aaron Wallace), Joy Bryant (Marie Wallace), Indira Varma (Safiya Masry), Tyla Harry (Jasmine Wallace), Mary Stuart Masterson (Anya Harrison), Boris McGiver (Glen Maskins), Dorian Missic (Jamal Bishop), Glenn Fleshler (Frank Foster) e Erik Jensen (Dez O'Reilly), Timothy Busfield (Henry Roswell) e Brandon J. Dirden (Darius Johnson). 


Baseado em acontecimentos verídicos, é uma história que expõe o funcionamento da justiça norte-americana e as injustiças pelos quais algumas pessoas inocentes são alvo e não têm capacidade de o provar. Devido ao sistema implementado são algumas as tragédias que acabam por suceder e que poderiam ter sido evitadas.

Esta história também tem um lado de ficção, por isso pode acontecer haver partes que são criadas na série e podem não ter decorrido na vida de Issac Wright Jr., o que torna mais curioso, o espetador acompanhar.  

Infelizmente muitos dos processos judiciais demoram anos até terem qualquer desenvolvimento e por vezes quem sofre são aqueles que cumprem sentenças, sendo inocentes. O sofrimento não acontece só com o condenado, mas também com a família deste, que acaba por não conseguir seguir em frente e esta série consegue mostrá-lo muito bem.

O funcionamento do sistema judicial acaba por ser um tema sensível de se debater e esta série representa bem algumas das injustiças que são feitas a pessoas inocentes. Os prisioneiros também são seres humanos que querem ser tratados com igualdade e respeito e esta história mostra isso. 


Antes de ser preso em Bellmore, Aaron Wallace vivia com a sua mulher e filha e também tinha negócios com amigos, nos quais abriu uma discoteca. Sempre foi uma pessoa respeitada por todos, até que um dia, a polícia entrou na sua discoteca e encontrou drogas. É acusado de ser líder de uma rede de tráfico de drogas e como nunca se considerou culpado e também não aceitou um acordo, acabou por ser condenado a prisão perpétua.

Esta é uma história, nos quais o próprio Aaron Wallace é o narrador, onde partilha alguns dos seus pensamentos e emoções com o público e acho que foi uma ideia bem implementada. Este é uma pessoa que quer recuperar a sua dignidade e a sua liberdade, mas para isso acontecer, ele terá de enfrentar e lutar contra o sistema criminal e jurídico, que nem sempre é justo.  


Wallace tem uma persistência e força de vontade impressionantes ao longo dos episódios, pois tem um desejo muito grande tanto de voltar para a sua família e não quer desistir da vida lá fora. Por isso, ele resolveu formar-se em Direito a partir da prisão e assim defender outros prisioneiros. Ao mesmo tempo, ele tenta descobrir as falhas os maiores erros cometidos no sistema criminal e jurídico para utilizar nos casos dos seus colegas prisioneiros e também no seu próprio caso.  Acaba por ser algo que ele consegue descobrir e torna-se interessante o espetador acompanhar todo o processo.

Durante os anos que tem estado preso, tornar-se num advogado acaba por ser uma forma de ele conseguir sobreviver na prisão. Henry é uma das pessoas que sempre acreditou no Wallace, ajuda-o sempre que pode e que foi fundamental para que ele conseguisse obter a sua licença para exercer.  


Aaron quer proteger as pessoas do sistema, tentando fazer a diferença e lutando pela justiça, que acaba por não ser nada fácil, tornando-se num alvo fácil de atingir. Irá ajudar os companheiros da prisão, mesmo que alguns não mereçam a mesma, mas Aaron tem um objetivo a seguir. Quer expôr a verdade sobre a sua sentença e toda a corrupção existente no sistema e para além disso quer alcançar a sua liberdade.

Tem sido interessante ver a aprendizagem que Aaron vai adquirindo em cada caso e nos quais aproveita para meter em prática no tribunal sempre que é necessário, acabando por surpreender todos aqueles ao seu redor.  

Nicholas Pinnock teve um desafio grande em interpretar esta personagem, nos quais inspirou-se em Isaac Wright Jr e teve a oportunidade de conversar com ele para assim, construir Aaron Wallace. Gostei muito da forma como ele tem desempenhado a personagem e está de parabéns, pois tem conseguido cativar o espetador, desde o início ao fim.


É interessante ver Aaron Wallace a trocar as suas roupas de prisioneiro por um fato e gravata, sempre que vai ao tribunal defender os seus casos e a segurança que vai tendo à sua volta. Acompanhar esta personagem a entrar num edifício, onde tinha sido acusado injustamente acaba por desencadear as memórias do mesmo, pois acaba por voltar cerca de 9 anos após ter sido prejudicado. 

Safiya é a diretora da prisão e torna-se numa das aliadas principais de Wallace, pois ela quer fazer mudanças no sistema prisional para assim tornar a vida dos prisioneiros mais confortável. Marie também é uma das aliadas de Wallace no exterior, onde irá ajudá-lo em alguns dos seus casos. 

Também é interessante ver como as reformas do sistema penal são feitas e que acaba por tornar-se num desafio, quando alguém quer fazer mudanças que pode fazer a diferença na vida de uma pessoa na prisão e muitas vezes podem não acontecer por motivos políticos. 

Esta série também mostra como funciona as amizades dentro de um estabelecimento prisional, que muitas vezes são por pura necessidade, onde a traição é frequente. Acaba por haver uma tensão frequente nas prisões e quem não respeita as regras acaba por ser prejudicado de formas diferentes. Mas também é possível ter aliados neste tipo de estabelecimentos.


Wallace tem uma jornada muito interessante de se acompanhar, pois leva a que o espetador fique ao lado desta personagem. É um homem que luta pela sua sobrevivência e liberdade e esta é uma história que vai surpreendendo ao longo dos episódios, pois são várias as reviravoltas que vão sucedendo.  

Se este for um tema que vos interesse, sem dúvida que aconselho a acompanharem esta série. Espero que esta seja renovada para uma nova temporada, para que possamos continuar a assistir ao desenvolvimento da história.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Série "White Lines" da Netflix - uma história que mostra como é "la vida loca" em Ibiza


Recentemente, estreou mais uma aposta na plataforma da Netflix. Desta vez foi a série "White Lines", que tem a criação de Álex Pina, responsável pela Casa de Papel e também tem a produção dos criadores da série britânica, The Crown. É constituída por 10 episódios e é considerada como a primeira produção que Álex Pina fez em exclusivo para a Netflix. Por isso, esta era das estreias mais aguardadas para este ano, onde as expetativas eram altas.

Zoe Walker (Laura Haddock) resolve deslocar-se até Ibiza para descobrir, o que aconteceu com o seu irmão, que tem estado desaparecido nos últimos 20 anos, desde a sua saída de Manchester e ida para esta ilha espanhola, com o objetivo de realizar o sonho de ser DJ e alcançar o sucesso. O corpo do irmão acaba por ser encontrado nas terras da família Calafat e é revelado que o mesmo foi assassinado. Por isso, Zoe não vai descansar, enquanto não souber quem foi o responsável pela morte de Axel (Tom Rhys Harries), mas para isso acontecer, também ficará a saber mais sobre o passado conturbado do seu irmão. 

O elenco inclui Laura Haddock (Zoe Walker), Nuno Lopes (Boxer), Daniel Mays (Marcus), Tom Rhys Harries (Axel Collins), Marta Milans (Kika Calafat), Juan Diego Botto (Oriol Calafat), Pedro Casablanc (Andreu Calafat), Belén López (Conchita Calafat), Angela Griffin (Anna), Francis Magee (Clint Collins), Laurence Fox (David), entre outros.


Esta série tem temas, tais como: consumo de drogas, sexo, orgias, vários tipos de violência, festas sem hora de terminar, funerais e homenagens que nem sempre correm bem, organização de festas de luxo ou o negócio de tráfico de drogas. Cada personagem acaba por ter pelo menos, um segredo a esconder e em algumas situações pode fazer a diferença, para se chegar à verdade sobre o desaparecimento de Axel.

É uma série, onde podemos conhecer melhor sobre a vida noturna em Ibiza, em que algumas pessoas definem como sendo "la vida loca", pois nesta ilha não há limites do que pode vir a acontecer. Acabamos por assistir a comportamentos semelhantes das pessoas que vivem lá, não importa, quer sejam britânicos ou espanhóis, ou sejam adolescentes ou adultos. Estes são indivíduos que gostam de usar drogas, participarem em festas e orgias e de estarem constantemente, num nível de adrenalina elevado. É uma ilha espanhola, onde tudo pode acontecer. 


Zoe Walker nunca mais foi a mesma desde o desaparecimento do seu irmão, pois tinham uma ligação muito forte e próxima, considerando-o como o seu ídolo. Sempre achou que tinha sido abandonada pelo seu irmão. Por isso, ela passou por um caminho longo de tratamentos psicológicos para assim, ficar com uma mente mais estável. Um dia, Zoe deixa toda a sua vida para trás para descobrir a verdade na ilha de Ibiza. 

Zoe é uma bibliotecária que sempre viveu em Manchester e resolve ir investigar o desaparecimento do irmão. Esta acaba por passar por uma aventura na ilha espanhola de Ibiza, onde acaba por conhecer os amigos que partiram com Axel para tentarem fazer mudanças de vida e ao longo dos episódios vai aprender mais sobre o passado do seu irmão.


Em Ibiza, as pessoas vivem sempre no limite, sem se preocuparem com possíveis consequências. Por isso, Zoe vai ter de passar por muitos obstáculos, principalmente a nível emocional, para conseguir controlar a sua sanidade mental e assim, ela acaba por vir a conhecer um lado de si própria, que não imaginava ser possível encontrar. 

É interessante ver a jornada e evolução da Zoe, ao longo destes episódios. Acabamos por chegar à conclusão, que Zoe é uma pessoa completamente diferente, daquilo que se pensava nos primeiros episódios e quando estamos a viver a vida num determinado limite é que acabamos por nos conhecermos melhor. Laura faz um bom trabalho a interpretar Zoe que acaba por ter uma personalidade muito mais complexa do que parecia inicialmente. 


Um dos pontos mais positivos e que considero que foi uma mais valia para a história foi a interpretação de Nuno Lopes, na personagem Boxer

Boxer é o chefe de segurança da família Calafat, e gestor de uma das maiores discotecas de Ibiza. Não é o segurança típico que estamos habituados a ver, onde vemos um lado mais sensível, mas ao mesmo tempo frio, quando é necessário. É uma pessoa emblemática e respeitada em Ibiza, apaixonado pela vida e gosta de aventuras e experiências novas. Acaba por ser a pessoa certa, quando alguém está em sarilhos. Mas também tem um lado frio e violento que usa, quando precisa de resolver problemas. 

Este acaba por ser um dos protagonistas da história, nos quais o ator consegue construir muito bem a sua personagem, cativando cada vez mais o espectador e acaba também, por protagonizar as cenas mais interessantes da série. 

Considero que Nuno Lopes tem a melhor interpretação da série e por isso está de parabéns pelo seu ótimo desempenho, nos quais acho que foi fundamental para um bom resultado final da série.

A família Calafat é uma das mais poderosas da ilha, nos quais têm várias discotecas, bares noturnos, hotéis e outros negócios, que nem sempre são legais e também têm o objetivo de abrir um casino junto ao mar, que não será fácil de concretizar. É uma família cheia de segredos obscuros que vão sendo desvendados, ao longo dos episódios. 


Existe um equilíbrio perante o idioma falado na série, nos quais é dividido entre o inglês e e espanhol e também, acompanhamos duas linhas temporais, onde a história desenrola-se no presente e nos anos 90. O passado desenrola-se na altura, em que o Axel e os seus amigos começaram uma vida nova em Ibiza, e assim vamos saber todos os acontecimentos que sucederam até ao seu misterioso desaparecimento.

Axel foi considerado como um dos DJ mais talentosos da ilha de Ibiza e alcançou o sucesso pretendido, mas nem sempre fez as melhores escolhas, acabando por serem desvendadas algumas das suas atitudes mais imprevisíveis e loucas, que foi cometendo e assim, tornar-se numa pessoa que Zoe não conhecia por completo. 

No interior desta história acabamos por ter um bom mistério à volta do desaparecimento de Axel. Acho que poderiam ter sido introduzidas mais pistas, ao longo dos episódios, em vez de ser apenas no final, que foi quando revelaram o verdadeiro assassino deste DJ britânico.

Acho que os flashbacks foram sendo bem introduzidos para irmos conhecendo melhor a história daqueles 4 jovens de Manchester que partiram para Ibiza, em busca de um sonho, mas que nem sempre acaba da melhor forma, levando a que possa influenciar comportamentos futuros de algumas destes personagens.

Também é partilhado o excesso que é cometido, na organização de festas de luxo e comportamentos auto-destrutivos que podem vir a suceder, se a pessoa não tiver cuidados, pois esta é uma ilha, onde nem sempre as pessoas têm limites ou arrependimentos.


Gostei da forma como a relação entre Zoe e Boxer foi sendo desenvolvida e achei que foram construindo uma boa química entre os 2 e algumas das partes mais engraçadas e divertidas foram partilhadas por estes. Também é interessante ver, como duas personagens com personalidades tão distintas podem criar uma ligação tão grande, como estes criaram. Houve situações em que o Boxer disponibilizou-se a ajudar a Zoe, em tudo o que fosse necessário, mesmo que tenha acabado de a conhecer. Quando Zoe estava com Boxer dava para ver a sensação de liberdade que ela sentia e que não acontecia, quando estava com o seu marido.



Todas as vistas da ilha representadas na série são muito bem filmadas e escolhidas. Os planos estão espetaculares, e onde acaba por nos dar vontade de estarmos presentes naquele sítio paradisíaco. Para além disso, a fotografia foi também muito bem conseguida e escolhida e a parte técnica da série também foi muito bem realizada. 

Os locais escolhidos para as filmagens da série captam a atenção do espetador. Às vezes conseguimos imaginar-nos naquele paraíso, a descontrair e a divertirmo-nos.

Um dos pontos mais positivos foi sem dúvida, a banda sonora escolhida. Foi introduzida nos momentos certos, mas para além disso, escolheram músicas que o espetador já não ouve há muito tempo, mas que fica sempre na memória e acaba por ser interessante tirar saudades dessas canções. 

Gostei do fato de ter sido incluído na história, um narrador que neste caso, era a própria protagonista, que partilhava os seus pensamentos e emoções e assim, fomos acompanhando o desenrolar da série, de acordo com a perspetiva de Zoe.


  
Para além de Nuno Lopes. existem mais dois atores portugueses que têm uma participação nesta série que são Paulo Pires e Rafael Morais. Paulo Pires interpreta o milionário George, que é o noivo de Anne e Rafael Morais desempenha a versão mais nova de Boxer

Achei que nem todos os episódios são constituídos por apenas momentos dramáticos. Acaba por conter também, algumas cenas de comédia que até têm a sua piada, apesar de serem utilizadas algumas vezes, um humor mais negro. 

Considero que esta série representa um paraíso de luxo e dinheiro, que acaba por ser uma boa forma de entreter o espetador, principalmente na forma como esta foi filmada e pensada. Num geral, achei que todos os atores tiveram uma boa prestação e aconselho a verem, caso gostem deste tipo de histórias.