sábado, 17 de setembro de 2022

Série "See" da Apple TV+ com Jason Momoa - um mundo inovador que traz pontos de reflexão bem interessantes

 

A série pós-apocalíptica de êxito global See tem sido uma das apostas da plataforma da Apple TV+ que estreou recentemente a sua terceira e última temporada com oito episódios, terminando assim, a história protagonizada por Jason Momoa e criada por Steven Knight.

Além de Jason Momoa (Baba Voss), o elenco é constituído por Sylvia Hoeks (Sibeth Kane), Hera Hilmar (Maghra Kane), Christian Camargo (Tamacti Jun), Archie Madekwe (Kofin), Nesta Cooper (Haniwa), Tom Mison (Lord Harlan), Olivia Cheng (Charlotte), Eden Epstein (Wren), Michael Raymond-James, David Hewlett, Trieste Kelly Dunn, Alfre Woodard (Paris), Dave Bautista (Edo Voss), Joshua Henry (Jerlamarel) e Yadira Guevara-Prip (Bow Lion).

Uma história que mistura drama com ação, ficção científica e aventura, desenrolando-se num futuro brutal e primitivo, centenas de anos depois da humanidade ter perdido a capacidade de ver. Como isso aconteceu, a humanidade teve de encontrar novas maneiras de interagir, construir, caçar e principalmente de sobreviver. Porém, tudo muda quando num dia uns irmãos gémeos nascem com este sentido.

Um evento catastrófico ocorreu quando mais de metade da população mundial foi exterminada por um vírus, enquanto aqueles que sobreviveram perderam completamente a visão. Assim, a perda deste sentido acabou por ser passada nas gerações seguintes, fazendo com que a humanidade tivesse de encontrar novos modos de sobrevivência.

Pode conter spoilers!

Divulgação: Apple TV+

Baba Voss é um guerreiro nato, determinado, destemido e líder da tribo Alkenny, mas também é o irmão de Edo Voss e o pai adotivo de Kofun e Haniwa, crianças bem especiais que nasceram com a habilidade de verem e que irão ter um impacto importante no futuro deste universo. Ele fará os possíveis para proteger e garantir a segurança da sua família e tribo dos caçadores de bruxas e outros inimigos. Esta história também mostra o amor de um pai e tudo aquilo que é capaz de fazer para proteger a sua família. Infelizmente em determinadas situações, Baba está na realidade a colocá-los em mais perigo.

Além disso, é pertinente ver em determinadas situações como apesar de ser cego, o Baba se movimenta lentamente não só para ouvir onde está o seu adversário, mas também para esconder a sua própria localização.

Apesar de vermos um lutador violento, selvagem, eficaz e muitas vezes age com cautela, Baba Voss também tem os seus momentos mais vulneráveis e um lado mais humano que teremos a oportunidade de acompanhar com aqueles que ele mais ama.

Divulgação: Apple TV+

Como não podia ter filhos, este protagonista decide tomar conta e criar as crianças de Maghra como suas. Quando Maghra foi deixada por Jerlamarel (o pai biológico das crianças), ela conheceu Baba Voss e como precisava de proteção acabou por se casar com ele e juntou-se à tribo Alkenny. Será que Baba Voss vai colocar todos em risco de vida por causa do segredo que este novo casal esconde? Uma coisa é certa! Baba irá ter uma jornada difícil pela frente e cheia de obstáculos!

Jason Momoa encaixa-se completamente no papel deste protagonista que desempenhou de um modo fantástico e é na minha opinião um dos melhores papéis da sua carreira!

A 1ª temporada acaba por nos introduzir um mundo completamente diferente e original daquilo que já vimos em outras produções, ou seja, um evento catastrófico que neste caso causou a morte de uma boa parte da humanidade e aqueles que sobreviveram ficaram cegos, levando a que tivessem de se adaptar a estas novas circunstâncias. Porém muitos anos depois com o nascimento de duas crianças com o poder de ver, a vida neste universo nunca mais seria a mesma. E por isso, temos a oportunidade de assistir aos efeitos que o surgimento da visão irá ter nesta nova sociedade e como irão lidar com tudo isso.

Divulgação: Apple TV+

Essas crianças são Kofun e Haniwa e filhos de Maghra e Jerlamarel, um homem procurado pela rainha Kane por ter a capacidade de ver e acaba por ser uma ameaça para esta líder, chegando a um ponto que ele tem de estar constantemente a fugir para não ser apanhado. Jerlamarel consegue criar o seu impacto à sua maneira, sendo que acredita que foi escolhido por Deus para trazer de volta a visão ao mundo e considera-se como um tipo de salvador da humanidade. Já Maghra é uma mulher justa que faz tudo o que for preciso para proteger os seus filhos e tem um lado mais frágil com aqueles que ela mais ama, tal como acontece com Baba Voss.   

A pessoa começa a imaginar como será o futuro destas crianças e todos aqueles que nasceram com o dom de ver e aos poucos começamos a observar que são constantemente alvo de preconceitos e perseguidas por caçadores, os Witchfinders e ainda são considerados como bruxos que supostamente mereciam morrer. Será que voltar a existir a visão no mundo é uma bênção ou uma maldição? Será que possuir o sentido da visão terá as suas vantagens?

Divulgação: Apple TV+

Uma coisa é certa, a rainha Sibeth Kane é a irmã mais velha de Maghra e uma governante implacável e detestável do Reino de Payan que não tem misericórdia e mata quem espalhar heresias sobre o tema da visão. Tanto ela como o seu exército de caçadores de bruxas querem eliminar todos aqueles que promovam o conceito da visão e que possuem conhecimentos mais específicos sobre o tema.

Um dos seus principais aliados será Tamacti Jun que é quem lidera este exército, sendo considerado como um soldado leal, brilhante e violento com a missão de encontrar todos aqueles que possuem o sentido da visão. Esta é daquelas personagens que terá um desenvolvimento muito interessante ao longo das três temporadas desta série, mostrando as suas aptidões bem peculiares e tudo aquilo que vai aprendendo com as suas experiências de vida.

Divulgação: Apple TV+

Kofun e Haniwa são os gémeos que nasceram com a habilidade mística de ver e acabam por se tornarem alvos de uma rainha que se sente ameaçada pela presença deles, ou seja, pessoas que conseguem ver. E por isso, ela não vai parar, enquanto não os capturar e eliminar toda a gente que tenha esse dom.

Entretanto, Kofun e Haniwa passam por um processo de aprendizagem diversificada, relativamente aos restantes membros da sua tribo que é utilizarem os livros que continham os conhecimentos que precisavam para aprenderem a ler e a adquirirem novas habilidades. Estes livros cheios de sabedoria eram considerados como uma ameaça direta à própria sociedade atual. Aos poucos, começamos a perceber que cada um deles têm uma visão do mundo completamente diferente. Enquanto Kofun é inteligente e mais cauteloso, Haniwa é uma jovem determinada, forte, orgulhosa e com um lado mais rebelde e curioso sobre o passado do mundo e as suas próprias origens que pode vir a deixá-la em sarilhos.

Divulgação: Apple TV+

Já a segunda temporada é dedicada praticamente ao confronto entre Baba Voss e o seu irmão Edo e com a participação de outros núcleos. Além disso, o protagonista tem de lidar com as consequências dos eventos ocorridos e neste caso precisa de resgatar a sua filha ao mesmo tempo que luta para garantir a sobrevivência da sua família. No entanto, Baba Voss tem um reencontro inesperado que é uma ameaça muito pior que Jerlamarel, pois ele terá de enfrentar o seu irmão, Edo Voss que tem um exército poderoso do seu lado.

Nesta terceira e última temporada já passou quase um ano desde que Baba Voss derrotou o irmão e némesis, Edo e despediu-se da família para viver remotamente na floresta. Mas quando um cientista trivantiano desenvolve uma nova forma devastadora de armamento para videntes que ameaçam o futuro da humanidade, Baba regressa para proteger a sua tribo.  

Para a maior parte das personagens deste universo foram os indivíduos com visão que tiveram a responsabilidade de destruírem o mundo, devido maioritariamente ao uso de tecnologia e a guerras constantes. A existência destas pessoas com o dom da visão eram ameaça suficiente para aqueles que são líderes desta nova sociedade e o que não faltavam eram receios sobre um possível regresso desse mesmo sentido. Este era um tema que se tornou num mito e num autêntico tabu e quem falaria sobre o assunto estaria a cometer um ato de heresia e teria de ser castigado.

Por conta do poder e da fé inabalável, os seres humanos que nasciam com visão viviam sempre com medo, sendo constantemente caçados e eram definidos como serem trabalho do diabo. Por vezes, devido a rumores que iam surgindo haviam pessoas inocentes que acabavam por serem queimadas vivas por serem suspeitas de serem bruxas. Mesmo assim, havia sempre uma vantagem estratégica em ver!

Divulgação: Apple TV+

Este é um mundo que nos apresenta uma civilização completamente distinta daquela que conhecemos nos dias de hoje, onde não existem avanços tecnológicos, mas sim maneiras diferentes de se expressarem. Esta é uma sociedade nova de cegos com uma forte ligação com a natureza que voltou a construir as suas próprias armas, as suas casas e que caçavam para sobreviverem ou seja, no qual a sua população passou a viver, de acordo com o seu instinto.

Esta é uma civilização com tradições mais primitivas que funciona com regras diferentes e está dependente de sons e cheiros que ganham amplitude para que consigam sobreviver. De uma certa forma é maravilhoso ver a adaptação dos seres humanos às adversidades e ainda terem a arte de se reinventarem, como por exemplo, escrever algo, utilizando nós em cordões. Ainda demonstra a capacidade humana de se superar e até de julgar os outros, pois acabam por seguir os seus próprios instintos. Apesar de serem cegos, os outros sentidos acabaram por serem muito mais desenvolvidos e mais tarde virem a ser bem úteis na sobrevivência de cada um.  

Quem convive com alguém que tenha deficiência visual consegue reconhecer na série diversos elementos que fazem parte, como por exemplo, o sistema de comunicação utilizado que é baseado no tato e a importância que o aumento da sensibilidade dos outros sentidos tem para se sobreviver. É de louvar o facto de fazerem parte tanto no elenco como na equipa técnica, pessoas cegas ou deficientes visuais.

Com esta série é incrível o modo como foi construído um mundo em que a visão não existe há muito tempo, tendo atenção a todos os detalhes e onde observamos como determinadas coisas pertencentes ao passado são apresentadas como se fosse pela primeira vez.

Divulgação: Apple TV+

Até foi criado um estilo de luta único e emblemático para aqueles que não conseguem ver e ainda inclui o uso de espadas, lâminas e muito mais. As cenas de ação e de luta são espetaculares e incríveis de se acompanharem, brutais e muito bem coreografadas e considero como um dos destaques principais desta produção, conquistando o espetador num instante. As lutas apresentadas são completamente de tirar o fôlego e os seus métodos são bem diferentes de tudo o que foi apresentado até agora e o mesmo acontece com as estratégias e técnicas de combate.  

Depois de tantas produções abordarem o tema clássico dos efeitos que surgem após um apocalipse, esta série consegue ter a capacidade de ser inovadora e apresentar uma perspetiva bem inédita e original. Contudo, esta história intrigante com o seu lado mais sombrio e estranho foi uma aposta arriscada e ousada que teve os seus frutos e foi eficaz a contar a sua narrativa, sendo que não faltaram as batalhas sangrentas, guerras, escravos, traições, conflitos, rivalidades, profecias, perseguições, torturas, caos, destruições, manipulações, rumores, conspirações, armadilhas, preconceitos, tensões familiares, intrigas políticas, revoltas, crueldades, mentiras, ameaças constantes, verdades, lealdades, crenças, explosões e muitos segredos que acabaram por serem revelados.   

Divulgação: Apple TV+

Com See foi criado algo completamente novo e inovador que criou uma curiosidade e uma vontade imediata no espetador de querer continuar a ver a história a se desenvolver, onde o tema da religião foi um dos focos. Temos a oportunidade de ver boas interpretações por parte do elenco, vistas exuberantes de diferentes florestas e outros cenários impressionantes, uma fotografia impecável, uma boa escolha na banda sonora e figurinos e ainda contém um genérico bem típico para este tipo de mundo. Apesar de tentar manter o seu bom nível de qualidade acaba por não ser perfeita, porque por vezes as mudanças de ritmo não ajudam e criam mais problemas ligeiros. Porém, não tiram a vontade de continuar a ver a série.   

Este é um mundo pós-apocalíptico envolvido no caos com nações, reinos e tribos que têm receio pelo desconhecido e deixa qualquer um a pensar, pois a pessoa começa a imaginar desde o primeiro momento como seria viver sem um dos principais sentidos que é a visão e que tipo de adaptações teriam de ser feitas para que se consiga sobreviver com a ausência da mesma.

Esta história é inteligente, interessante, intensa e bem pensada, apresentando uma visão totalmente fora da caixa de um mundo distópico que consegue sobreviver de um modo tão natural sem conter algo que nós estamos tão habituados que esteja ali tão presente, chegando a um ponto que nos questionamos em como estas pessoas têm talentos tão fantásticos de construção de armas sem precisarem de ver ou como conseguem lutar tão bem contra os seus adversários, utilizando apenas outros sentidos. E também nos faz refletir em como seria o nosso mundo se existisse a falta de visão e se tínhamos a capacidade de nos adaptarmos ao que estava disponível como fizeram as personagens da série ou até de nos comunicarmos de maneira diferente.

Divulgação: Apple TV+

See é uma das séries mais caras dos últimos tempos que merece o seu reconhecimento. É bem desenvolvida e realizada com o seu suspense e com muita ação que infelizmente não é muito falada. Mas é peculiar e retrata muito bem o preconceito e a cegueira, mostrando a perspicácia que estas pessoas têm em agir mesmo sendo cegas. Num geral, esta produção é bem organizada e consegue envolver quem está a ver e cumprir com aquilo que promete, sendo de acordo com as expetativas que o público cria para esta história e a sua conclusão é profundamente satisfatória e de uma certa forma poética e épica que prende a atenção e está cheia de revelações que a pessoa não vai querer perder.

É uma novidade excelente que vale a pena assistir e conquistou um público que se tornou fiel da história e das suas personagens, apresentando o fim da realidade como a conhecemos num mundo original com pontos de vista únicos sobre a religião, cultura, política e a civilização em si e colocando pontos de reflexão bem interessantes, sendo que nunca foi antes feita desta forma e tem os seus momentos mais impactantes, onde os seres humanos estão numa batalha pela sobrevivência e a aquisição de informação importante pode ser poderosa neste lugar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Filme "Minamata" com Johnny Depp - uma história baseada em factos reais que merece ser vista e reconhecida

 

Depois de ter sido adiado por diversas vezes, finalmente chegou o momento em que estreia nos cinemas portugueses, o filme Minamata (O Fotógrafo de Minamata, como título em português) com distribuição do Films4You, sendo realizado por Andrew Levitas e protagonizado por Johnny Depp.

Este drama de 2020 estreou na 70ª edição do Festival de Cinema de Berlim e é baseado na visita em 1971 do fotógrafo norte-americano W. Eugene Smith à cidade japonesa de Minamata, onde documentou os efeitos do envenenamento por mercúrio dos cidadãos das comunidades costeiras, resultado da poluição provocada pela atividade de uma corporação industrial.

O elenco é constituído por Johnny Depp, Hiroyuki Sanada, Minami, Jun Kunimura, Ryo Kase, Tadanobu Asano, Akiko Iwase e Bill Nighy.

W. Eugene Smith ganhou fama a fotografar nas linhas da frente durante a Segunda Guerra Mundial. Quando o editor da Life Magazine lhe pede ajuda para expor um grande escândalo, ele volta ao Japão para revelar ao mundo a realidade dos residentes de Minamata, uma cidade do litoral onde a comunidade está a ser envenenada por mercúrio.

Naquela época, centenas de residentes das comunidades costeiras do Japão foram vítimas da “Doença de Minamata”, causada pela atividade de uma corporação industrial química que iriam trazer mais tarde efeitos devastadores e inesquecíveis para estas pessoas, incluindo a morte. Infelizmente, ninguém tinha o poder suficiente para impedir que isto continuasse a acontecer. Mas, tudo muda quando um fotógrafo de guerra aceita visitar este local e documentar aquilo que ia observando e que foi fruto de envenenamento por mercúrio.

W. Eugene Smith teve um papel muito importante na denúncia deste desastre ocorrido em Minamata, onde os resíduos industriais das fábricas da Chisso Corporation contaminaram com mercúrio a rede pública de abastecimento de água, os peixes e mariscos e cujas consequências duraram décadas que levou à morte e ao sofrimento de milhares de pessoas.

Para quem não sabe, esta é uma história baseada em factos reais que ocorreu entre 1932 e 1968 e onde uma empresa química japonesa despejou cerca de 81 toneladas de mercúrio em Minamata, na ilha de Kyusho no Japão. Os resíduos tóxicos foram consumidos pelos peixes da região e, por sua vez, pelos habitantes, causando danos irreparáveis à sua saúde física e cognitiva, mas sobretudo deformações nos filhos que as mulheres grávidas tiveram posteriormente.

Além disso, é recriado o último grande trabalho do lendário fotógrafo W. Eugene Smith que era definido como sendo um excelente profissional com um feitio difícil e com uma paixão pela fotografia, mas que também tinha um vício em álcool. Ele é desleixado e tem um comportamento imprevisível e estava numa fase mais infeliz, onde se metia em sarilhos, vivia isolado e bebia para afogar as mágoas.

Um dia, ele recebe um trabalho irrecusável que incluía uma missão bem difícil e se iria tornar num autêntico desafio para este fotógrafo, mas que decide arriscar a sua própria vida para salvar milhares de pessoas no Japão.

Esta história também acompanha este profissional nos seus primeiros dias no Japão, onde ele precisa de conquistar a confiança da população de Minamata para que consiga fazer o seu trabalho e testemunhe em primeira mão o que está realmente a acontecer nesta comunidade e qual é a sua dimensão.

Ele precisa de conquistar a confiança da população para que consiga fazer o seu trabalho e testemunhe em primeira mão o que está realmente a acontecer nesta comunidade e qual é a sua dimensão.

Minamata é um filme deslumbrante e comovente que apresenta com sensibilidade um relato chocante e libertador, sendo produzido com uma fotografia bem escolhida e cuidada, nos quais começamos a imaginar como é possível determinadas pessoas são capazes de tudo por dinheiro e sem pensarem nas possíveis consequências que podem trazer para os outros.

Esta tragédia foi considerada como um dos eventos mais conhecidos do Japão, cuja história causa revolta e merece ser contada, e através das fotografias captadas por W. Eugene Smith dá para apresentar uma dimensão dolorosa e triste cometida por negligência humana que teve uma falta de preocupação e cuidado nas grandes empresas perante a população, principalmente aqueles de classes mais baixas da sociedade que acabaram por serem contaminadas e ficaram com sequelas para o resto das suas vidas. E infelizmente, as empresas que cometem crimes ambientais normalmente não são penalizadas por isso, porque há muitos mais fatores em jogo que influenciam o desenrolar da situação e com a existência da ganância insensível dos lucros corporativos ao custo da saúde da humanidade é um cenário que acontece com mais frequência do que poderíamos esperar.

E com o crescimento do poder que a imprensa foi tendo naquela altura fez com que tivesse um impacto muito maior, através da publicação na revista Life de imagens fortes, mas criadas com compaixão pelas vítimas do envenenamento ocorrido em Minamata, transformando-se assim numa história de triunfo sobre a adversidade e sobre as atrocidades que têm sido cometidas por seres humanos.  

Foi graças a este relato que foi possível fazer a denúncia deste desastre ambiental causado pelo homem e assim, revelar a verdade. E até existem determinados momentos em que temos a oportunidade de ver no filme o que a câmara fotográfica está a ver, ficando a pessoa ainda mais emocionada com aquilo que lhe está a ser mostrado e sem saber como reagir. A história deste filme também cria um número elevado de questões morais, éticas, sociais e humanidade que são essenciais que sejam discutidas e resolvidas.

Minamata é daquelas produções pertinentes e importantes com qualidade que nos entrega uma mensagem muito poderosa, real e relevante, sendo que mostra que uma fotografia marcante basta muito mais do que inúmeras palavras, onde representa a realidade que muitos tentam esconder, mas a emoção sentida continua muito bem presente e não é possível disfarçar. Tem a capacidade extraordinária de apresentar uma história perspicaz e fiel aos eventos ocorridos com conflitos e protestos pelo meio, juntamente com um ritmo e uma banda sonora adequada á situação e ainda retratar assuntos como o álcool, dinheiro, saúde, paternidade e muito mais. Ainda nos créditos finais também nos é apresentado um conjunto de catástrofes ocorridas ao redor do mundo que deixam qualquer um a pensar.

E por mais que possa dividir a opinião do público, este é um filme sensacional e impactante bem detalhado e realizado que chama a atenção, cria uma reflexão profunda sobre este tema e foi produzido de um modo bem interessante. Toda a gente precisa de ver e depois tirar as suas próprias conclusões sobre esta história verídica. Mas uma coisa é certa! Este é um dos melhores trabalhos da carreira de Johnny Depp que tem um desempenho brilhante e digno de reconhecimento!

domingo, 4 de setembro de 2022

"I Am Groot" da Marvel Studios já está disponível na Disney + e não podem mesmo perder!

 

O universo da Marvel continua a crescer, sendo que a Disney + estreou no passado dia 10 de agosto, I Am Groot (Eu Sou Groot, como título em português) com a voz de Vin Diesel como o protagonista. Nestas cinco curtas originais produzidas por Kevin Feige e James Gunn, temos a oportunidade de acompanhar em exclusivo Baby Groot, uma história focada na pequena árvore favorita de todos, juntamente com vários personagens novos e comuns.

Desta vez não há como proteger a galáxia dessa criança travessa! Então prepare-se, pois Baby Groot ocupa o palco na sua própria coleção de curtas, explorando os seus dias de glória a crescer – metendo-se em problemas – entre as estrelas.

Ao longo de cinco episódios e com a duração de cerca de 5 minutos cada, a pessoa nem dá conta do tempo a passar e fica completamente prendida ao ecrã a acompanhar as aventuras desta arvorezinha bem fofinha que nós tanto adoramos e ainda está presente na companhia de alguns amigos inesperados!

Esta produção de animação com um argumento bem simples tem uma ótima qualidade, principalmente a nível de efeitos visuais e cria vontade no espetador de querer ver muito mais! Seja qual for a sua versão, Groot é daquelas personagens cujos comportamentos destacam-se e basta três palavras para reconhecermos a sua verdadeira personalidade!

Groot não é só o herói dos Guardiões da Galáxia que surgiu pela primeira vez em 2014. Mas sim, uma figura que nunca saberemos o que esperar com a sua maneira de ser tão peculiar! Por vezes, ele mete-se em sarilhos e o modo como se livra deles tem a sua piada, chegando a um ponto que começamos a imaginar diversos cenários que poderiam ter realmente acontecido! O facto de ele estar neste momento a crescer e a ter os seus momentos mais imprevisíveis cria mais curiosidade em ver o que o Baby Groot vai fazer de seguida para lidar e resolver os seus problemas.

Ainda temos a participação especial do seu melhor amigo Rocket (na voz de Bradley Cooper) que faz parte do meu episódio favorito e vai deliciar os fãs pela química incomparável desta dupla que esperemos ver mais vezes no futuro! Uma coisa é certa! Em Guardiões da Galáxia Vol. 3 com estreia prevista para maio de 2023 e com realização de James Gunn, vamos vê-los de novo a partilhar o grande ecrã para uma aventura final desta equipa!

Com uma simplicidade bem perspicaz e uma boa dose de humor, I Am Groot merece o seu reconhecimento pelo modo que consegue conquistar automaticamente o público e ainda divertir em meros minutos! Porém, podia ter sido mais bem aproveitado. Acredito que esta pequena árvore ainda tem muitas histórias para contar ao longo da sua jornada e foi tão bom vê-la como protagonista, pois há muito tempo que já merecia brilhar sozinha e encantar à sua maneira.

I Am Groot é uma boa aposta para toda a família que funciona e promete entreter com as viagens engraçadas e rebeldes do Baby Groot e companhia! Este é um formato com ação, fantasia, ficção científica e comédia que dá a chance de ver esta arvorezinha a aprender a andar, a conhecer uma civilização extraterrestre em miniatura, a participar numa batalha de dança, a tomar um banho que se transforma num tumulto folhoso de proporções inesquecíveis e até a partilhar um momento bem especial e emocionante com um amigo da sua equipa que irá sem dúvida, deixar qualquer um a pedir por mais episódios! Uma produção bem leve que não devem mesmo perder!