quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Filme "Paradise Highway" com Juliette Binoche e Morgan Freeman já está disponível

 

O filme Paradise Highway – Perseguidas com a duração de 115 minutos é uma das estreias desta semana nos cinemas portugueses com a distribuição da PRIS Audiovisuais, sendo que tem a realização e o argumento de Anna Gutto e com os vencedores da Academia, Juliette Binoche e Morgan Freeman. No elenco ainda temos Frank Grillo, Hala Finley, Cameron Monaghan e Veronica Ferres.

Esta é uma história que é desenrolada ao redor de uma camionista que foi forçada a fazer contrabando de cargas ilícitas para salvar o seu irmão de um gangue mortal. Com agentes do FBI no seu encalço, a consciência de Sally (Juliette Binoche) é desafiada quando descobre que a encomenda final acaba por ser uma adolescente.

Tudo isto acontece quando a vida do seu irmão é ameaçada e Sally, uma condutora de transporte de mercadorias, relutantemente concorda em fazer contrabando de cargas ilícitas, mas desta vez era uma menina chamada Leila (Hala Finley). Enquanto Sally e Leila começam uma viagem perigosa através das fronteiras entre estados, um obstinado agente do FBI sai em seu rasto, determinado a fazer o que for preciso para encerrar uma operação de tráfico humano e trazer Sally e Leila, são e salvas.

Paradise Highway – Perseguidas é uma produção de drama e de thriller bem apresentada e com uma boa qualidade cinematográfica que tem a capacidade de transmitir corretamente a sua mensagem. São poucos os filmes que abordam mais especificamente o tema das redes de tráfico sexual e queiram de uma certa forma chamar à atenção que continuam a existir um número elevado de jovens que são vítimas deste tipo de mercado ilegal e é necessário que seja feito alguma coisa para que se impeça que isto continue a acontecer.  

Algo que é pertinente é o facto de se acompanhar o modo como as pessoas podem ser transportadas pelo país e ainda por cima, sem ninguém dar conta do que está a suceder. O espetador tem a oportunidade de saber mais o que implica ter a profissão de camionista e todas as dificuldades que fazem parte no transporte de mercadorias, seja a quantidade de horas longas de trabalho, as dormidas nas paragens dos camiões ou a solidão que podem vir a sentir. Porém, também podemos ver que pode existir uma comunidade mais unida nestes profissionais que se ajudam uns aos outros quando realmente precisam. Também foi interessante que tivesse sido mais focado em mulheres que têm esta profissão e ainda tivessem mostrado como um camião se pode tornar num alojamento prático!

Além disso, também são destacados os problemas que permanecem no sistema norte-americano que faz com que vários jovens sejam mais suscetíveis a serem vítimas de tráfico humano, pois acabam por não ter qualquer tipo de apoio do seu próprio país e por mais que queiram sobreviver, estes têm medo daquilo que pode vir a acontecer, caso enfrentem os seus criminosos. Este é um sistema que tem muito para mudar, mas felizmente ainda há quem queira fazer a diferença e continuar a lutar da forma que pode como é o caso da personagem de Morgan Freeman, um oficial das forças da autoridade.

Este é um filme com uma história previsível cheia de perseguições que explora traumas, novas oportunidades, família e sobrevivência e com alguma emoção pelo meio que até pode não ser dos melhores do ano ou agradar a todos, mas que possui uma mensagem clara do negócio que está ao redor do tráfico humano e dos efeitos que tem nas suas vítimas!   

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Uma visita ao Culloden Battlefield na Escócia - o local onde ocorreu um dos massacres mais angustiantes, violentos e marcantes da história britânica

 

Durante a minha visita breve a Inverness (podem encontrar AQUI o meu relato da cidade), eu tive a oportunidade de conhecer melhor o campo de batalha de Culloden, onde ocorreu um dos eventos mais significativos e importantes da Escócia.

Culloden está situado a poucos kms de Inverness, sendo que podem deslocar-se até lá por carro ou até aproveitarem o autocarro hop-on hop-off da empresa City Sightseeing, através da rota azul que parte da estação de autocarros de Inverness, sendo que a primeira tour se inicia às 11h10 e a última termina às 15h10.

Um dos sítios que eu tinha mais curiosidade em visitar na Escócia era sem dúvida, o Culloden Battlefield (o campo de batalha de Culloden, em português), principalmente pelo significado que este local tem para a história da Escócia e dos respetivos clãs e na forma como o país evoluiu até aos dias de hoje, devido a este acontecimento marcante. 

Tanto este local, como o seu centro de visitantes estão abertos das 10h às 16h (de novembro a março) e das 09h às 17h30 (de abril a outubro), mas nos meses de junho a agosto encerra às 18h. Enquanto a entrada para o campo de batalha de Culloden é grátis, o centro de visitantes nos quais tem um museu com a história bem narrada, ilustrada e apresentada em salas que são divididas entre a perspetiva dos soldados britânicos com as dos jacobitas é pago (cerca de 14 libras por adulto), sendo que quem possuir bilhete para o autocarro turístico do City Sightseeing de Inverness tem desconto. Em horários específicos, este centro também tem disponível tours guiadas pelo campo de batalha, sem qualquer custo extra que nos ensina mais sobre o que realmente aconteceu em Culloden. 

Este museu premiado é um sítio localizado ao lado do campo de batalha que apresenta artefactos de ambos os lados da batalha e exibições interativas que revelam mais pormenores sobre este conflito e ainda é considerado como um guia essencial para se saber mais sobre um dia crucial na história.

Para quem não sabe sobre o que causou esta batalha e que deixou uma marca histórica foi um tipo de guerra civil. Em 1745, o neto de Jaime VI, Bonnie Prince Charlie rumou em segredo de França até à Escócia para reclamar o trono britânico, sendo que reuniu um exército que lutou contra uma Londres em pânico alcançando vitórias. Perto de reclamar o seu objetivo, os jacobitas regressaram para norte e o exército de Hanôver, apoiado por escoceses leais à coroa massacrou os rebeldes em Culloden, a última batalha travada em solo britânico.

Os apoiantes jacobitas queriam restaurar a monarquia Stuart aos tronos britânicos e por isso, reuniram-se para lutar contra as tropas lideradas pelo Duque de Cumberland que não teve um bom desfecho.

O dia 16 de abril de 1746 foi a data da última batalha realizada em solo britânico e da derrota de Bonnie Prince Charlie e dos Jacobitas, tornando-se assim, numa das batalhas mais angustiantes, violentas e sangrentas da história britânica. A chacina perpetrada pelo exército de Hanôver do “Carniceiro Sanguinário”, o Duque de Cumberland foi rápida e brutal, pois em menos de uma hora, cerca de 1600 homens foram mortos e dos quais 1500 foram jacobitas. Ainda assim, foi a única vitória do Duque de Cumberland ao longo da sua vida.  

Atualmente, o campo de batalha está a ser restituído ao seu aspeto de então pelo National Trust for Scotland, sendo que caminhar por este local, entre os túmulos dos clãs e onde decorreu todo este conflito, ainda é uma experiência muito emotiva e até inexplicável.

Este é um terreno bem longo para se percorrer, onde podemos encontrar vestígios desta batalha e visitar pontos cruciais para o seu desenrolar. Um desses exemplos são as bandeiras que representam cada um dos exércitos na linha da frente respetiva. As vermelhas apresentam as tropas do governo britânico enquanto as azuis são onde estavam localizados os rebeldes dos jacobitas.

Na zona marcada pelas bandeiras vermelhas estiverem presentes cerca de 8000 soldados liderados pelo duque de Cumberland, sendo que foi o local onde a maior parte desta batalha ocorreu, principalmente os combates corpo a corpo. Relativamente perto deste sítio, podemos encontrar a Leanach Cottage que foi utilizada após a batalha como um hospital de terreno para as tropas do governo britânico.  

Já as bandeiras azuis mostram a linha da frente do exército jacobita que era constituída por cerca de 5500 e Charles Edward Stuart encontrava-se atrás desta linha. 

Depois temos Culwhiniac que era o extremo sul do exército jacobita, onde as paredes de pedra do local foram destruídas pela milícia do governo durante a batalha, criando ainda mais condições para um desfecho inevitável para os rebeldes jacobitas.

O visitante tem a oportunidade de estar presente diretamente na área que dividia o exército do governo das tropas jacobitas, sendo que no meu caso comecei a imaginar como teria sido os eventos daquele dia fatídico, onde tiros de canhão poderiam estar a sobrevoar pelas nossas cabeças com o objetivo de chegar ao outro lado e as possíveis dificuldades que os jacobitas tiveram em percorrer aquele pântano de Culloden e ao mesmo tempo lutarem pelas suas convicções e por aquilo que acreditavam.

É impressionante como é possível termos a oportunidade de estarmos a pisar um campo de batalha real, onde muitos lutaram e perderam as suas vidas. Uma homenagem que sem dúvida merecem que seja representada no local. E foi isso que aconteceu em 1881 através da construção do memorial Cairn com 6 metros de altura que está localizado numa área, onde também foram adicionadas as lápides com o nome de alguns dos clãs envolvidos na batalha, tendo sido encomendados por Duncan Forbes da Culloden House. Alguns dos clãs e regimentos que foram reconhecidos são Campbell, Mackintosh, Fraser, Stewards of Appin, Mixed Clans, Macgillvrey, MacLean, Maclachlan, Clan Donald e Keppoch. Ainda foram colocadas posteriormente pedras que apresentam os regimentos reais franceses, os Irish Picquets e os Royal Ecossaise. Mas muitos outros clãs e regimentos que lutaram na batalha não têm um memorial no local.

Não há palavras para descrever o que a pessoa sente enquanto caminha pelos diferentes percursos disponíveis no campo de batalha de Culloden e só quem lá está presente fisicamente é que percebe o que eu quero dizer. É uma experiência inesquecível! Ficamos com um respeito ainda maior por este local e por quem fez parte destes combates, onde reinou o caos e se travou uma batalha que foi enigmática e vital, em que cada um dos lados seguiu com os seus princípios e ambições e lutou por um propósito que mudou para sempre a história e a cultura tanto da Escócia, como da Inglaterra.

Se visitarem a Escócia, Culloden é um lugar que deve mesmo fazer parte do vosso itinerário e que não podem mesmo perder! Para quem quiser saber mais sobre esta batalha, existem uma variedade de livros disponíveis, como por exemplo “Culloden Tales”, de Hugh G. Allison que é muito interessante e inclui histórias sobre o campo de batalha mais famoso da Escócia. Além disso, também podem acompanhar detalhes desta batalha através da sua representação na série “Outlander”, apesar de existirem ligeiras alterações ao que realmente aconteceu.

De seguida, partilho com vocês mais fotografias sobre a minha visita a Culloden!