quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Minissérie "The Queen's Gambit" da Netflix - a história incrível de Elizabeth Harmon, considerada como um prodígio na arte de jogar xadrez

 

Finalmente chegou à plataforma da Netflix, a minissérie de sete episódios chamada The Queen’s Gambit (O Gambito da Rainha, em português), uma história que revela a arte que é o jogo de xadrez, a complexidade do mesmo e como os jogadores se vão preparando para cada competição, sendo baseada no livro de romance de 1983 com o mesmo nome que foi escrito por Walter Tevis e tendo sido criada por Scott Frank e Allan Scott, incluindo também a banda sonora de Carlos Rafael Rivera.

 

Esta minissérie de drama conta a história de Elizabeth Harmon (Anya Taylor-Joy) que passou a viver num orfanato católico, depois de ter sofrido um acidente de carro com a sua mãe tornando-se assim, órfã. Beth vai ter uma jornada longa de aprendizagens não só para se tornar numa mulher adulta, mas também para desenvolver as suas capacidades extraordinárias no xadrez que aprendeu inicialmente com o zelador do orfanato. Para tornar-se numa boa jogadora de xadrez, ela vai aprender o que for necessário para vencer todos os seus adversários nas diversas competições tanto nacionais como europeias que irá participar, mas será que os seus vícios vão impedi-la de alcançar os seus objetivos?

 

O elenco é constituído por Anya Taylor-Joy (Beth Harmon), Bill Camp (Sr. Shaibel), Marielle Heller (Alma Wheatley), Patrick Kennedy (Aliston Wheatley), Chloe Pirrie (Alice Harmon), Moses Ingram (Jolene), Thomas Brodie-Sangster (Benny Watts), Harry Melling (Harry Beltik), Christiane Seidel (Helen Deardoff), Rebecca Root (Lonsdale), Isla Johnston (Beth Harmon, em criança), Akemnji Ndifornyen (Sr. Fergusson) e Jacob Fortune-Lloyd (D.L.Townes).

 


O xadrez é considerado como um jogo muito complexo que necessita que a pessoa tenha inteligência, atenção, sabedoria e um plano de estratégia para pôr em prática em qualquer tipo de circunstância, nos quais os principais participantes são do sexo masculino, pois acreditavam que as mulheres não tinham as capacidades necessárias para participarem num jogo maioritariamente de homens, mas sem dúvida, que Elizabeth Harmon provou o contrário ou seja, que qualquer um, seja ele, homem ou mulher pode jogar xadrez, desde que tenha as ferramentas necessárias para o fazer.

 

A mente é muito utilizada neste jogo de tabuleiro devido à quantidade de estratégias e planos que têm de ser criados para vencer o adversário, sendo que é uma forma excelente de exercitar o cérebro que requer um bom nível de paciência e é fundamental que a pessoa esteja atenta para não cometer erros desnecessários. Assim, é importante que a pessoa esteja com atenção aos movimentos do seu adversário para que possa quem sabe, prevenir as suas jogadas.



 

Apesar do tema predominante da história ser o xadrez, sendo considerado como maioritariamente dominado por homens, também são abordados assuntos pertinentes e que continuam a ser falados atualmente, tais como o excesso de consumo de álcool e drogas e consequências respetivas e o papel das mulheres na sociedade.

 

Na década de 1950 e depois de ter sobrevivido a um acidente de carro que tornou-se fatal para a sua mãe biológica, Elizabeth Harmon vai viver para um orfanato de raparigas chamado Methuen, sendo localizado na zona do Kentucky que é dirigido por Helen Deardorff que dedicou toda a sua vida a esta instituição.


 

A relação de Beth com o Sr. Shaibel começa quando ela desce até à cave do orfanato para limpar os apagadores do quadro utilizado na sala de aula e vê um senhor sentado sozinho a olhar e a jogar algo que era desconhecido para ela. Inicialmente não foi fácil para a Beth satisfazer a sua curiosidade, pois o Sr. Shaibel é um pouco antissocial e parecia que não queria ter conversas com ninguém, mas aos poucos, Beth vai conseguir conquistá-lo e mais tarde, convencê-lo a ensiná-la a jogar xadrez, fazendo com que tivessem juntos, períodos longos fechados no interior da cave, sem que fossem interrompidos. Assim, Beth fica cada vez mais fascinada com aquele jogo de tabuleiro, aumentando a sua vontade em querer saber mais sobre o mesmo e aprender todas as técnicas possíveis do mundo do xadrez.



Beth vê no Sr. Shaibel como um tipo de figura paterna que ensina-lhe lições vitais para ela utilizar na sua vida adulta que na altura não percebe a importância que podem vir a ter, mas depois começa a criar ligações que chegam a fazer todo o sentido, pois em determinados momentos vão sendo mostrados flashbacks dela com ele que podem ajudar em lidar com situações específicas.  

 

Inicialmente, Beth não estava habituada à toma de comprimidos que eram calmantes tomados por todas as crianças do orfanato, mas depois chegou a um ponto que ela já era completamente dependente deles, pois ela passou a ver no teto, imagens grandes das peças de xadrez e assim, estudar possíveis estratégias para utilizar em jogos futuros e acreditava que sem ver o que precisava, não conseguia vencer. Por isso, ela achava que estas visões que foi tendo à noite representavam um tabuleiro de xadrez que a ajudava a treinar vários movimentos que podiam vir a ser útil nas suas partidas futuras, seja com o Sr. Shaibel ou mesmo nos torneios que vai participando ou mesmo como forma de analisar as suas jogadas que já tinha feito.



 

Depois de alguns anos a viver no orfanato, Beth é finalmente adotada por uma família que vive em Lexington, Kentucky, nos quais não tem a melhor das histórias, pois Alma tem um vício muito grande em álcool e o seu marido nunca está presente em casa, mas Beth e Alma acabam por uma criar uma ligação tão forte, principalmente quando Alma resolve apoiar Beth em competições de xadrez e acompanhá-la. 


 

Beth é uma mulher determinada que tem um talento nato para a sua paixão que é o xadrez, sendo mesmo considerada como um prodígio do mesmo, estando plenamente dedicada de tal forma que não desiste, mesmo que hajam circunstâncias suficientes para o fazer, por isso vai cometendo alguns erros durante a sua jornada de aprendizagem no mundo do xadrez que podem ser fundamentais para o seu futuro como jogadora.


 

Esta é uma rapariga no meio de tantos rapazes que é confiante naquilo que está a fazer, principalmente se isso implica um jogo de xadrez, pois ela gosta de explorar todas as formas possíveis e existentes quando cria a sua estratégia antes de jogar com alguém, mas para isso acontecer, ela também lê livros sobre o assunto, com o objetivo de ajudá-la a melhorar as suas prestações em cada jogo, como por exemplo, o Modern Chess Openings. Ela joga de uma forma implacável e sem misericórdia que faz com que alguns dos seus adversários desistam logo, fazendo com que ela se torne a vencedora após poucas jogadas, mas apesar de tentar controlar tudo o que se desenrola ao seu redor, nem sempre consegue.



 

Beth começou a competir muito jovem com outros amantes deste jogo de tabuleiro através da sua participação em torneios de xadrez, onde começa a ganhar dinheiro e reconhecimento e vence pessoas que têm muitos anos de experiência nesta área. Para além dos torneios mais locais, ela também tem a oportunidade de participar numa das competições mais importantes do xadrez que é o U.S. Open ou mesmo em locais mais emblemáticos, tais como México, França e Rússia.

 

Elizabeth Harmon é considerada como um prodígio quando falamos na arte de jogar xadrez de uma forma exemplar e vencedora que está constantemente a analisar as diferentes possibilidades para conseguir vencer, mas isso não a impede de ter as suas fragilidades e ter um lado mais vulnerável.



 

Na altura, eu achei bem divertido acompanhar uma Beth tão novinha a jogar xadrez com várias pessoas experientes de um determinado clube de xadrez ao mesmo tempo e dando a entender que era algo muito fácil de concretizar quando na verdade não o era. Para além disso, no momento em que torna-se numa adolescente podemos ver em Beth, um certo requinte na forma como ela comporta-se ao redor de outras pessoas.


 

O espetador tem a oportunidade de ver um pouco, o amadurecimento de Beth, desde que ela passou a viver no orfanato até aos dias atuais que desenrola-se a história. Ela é uma pessoa reservada, tímida, vulnerável e introvertida, mas também é muito observadora, perspicaz e inteligente nas coisas que mais gosta e ficamos com a noção que a partir do momento que ela começa a aprender xadrez com o zelador do orfanato, esta já não está mais interessada em nada ao seu redor e fazendo com que crie uma certa obsessão pelo xadrez que pode não ser totalmente positiva, principalmente se envolve o excesso de comprimidos e mais tarde, o de álcool.

 

Anya Taylor-Joy desempenha a Elizabeth Harmon de um modo bem simples e surpreendente, mas também cativante e interessante, não só pela forma como vai interpretando a personagem, mas também através das suas expressões faciais que transmite aquilo que é necessário o público saber, sem que sejam utilizadas palavras.


 

Após circunstâncias normais na vida terem sucedido, Beth terá de aprender a lidar com as mesmas, mas não será uma tarefa fácil de concretizar que pode levar a um caminho de autodestruição, pois chega a um ponto que ela começa a sentir a pressão entre a pessoa que ela é e a pessoa que os outros querem que ela seja, ficando com dúvidas da sua própria identidade e das decisões que tomou até aquele momento específico, principalmente se envolve dinheiro. Infelizmente, ela nem sempre lida com essa pressão da melhor forma, levando a que tenha uma maior tendência a tomar comprimidos e a beber quantidades elevadas de álcool, em que pode levar a uma altura que já não se reconhece. Assim, existe momentos em que Beth perde o seu rumo, onde vem a cometer alguns erros, mas com o tempo, ela começa a valorizar aquilo que é realmente importante para ela.

 

É fundamental que ela enfrente um desafio bem complexo na sua vida que possa vir a tornar-se numa bela lição de vida, mas será que a sua obsessão pelo xadrez pode vir a prejudicar a sua sanidade mental?



 

Ao longo da sua jornada, Beth tem a oportunidade de conhecer pessoas da sua faixa etária e mais velhas que têm em comum, o gosto pelo xadrez, acabando por enfrentá-las, seja em jogos de treino ou mesmo em torneios. Será que alguns dos seus adversários vão conseguir descobrir a estratégia utilizada por Beth para os vencer ou terá ela de esforçar-se mais?

 



Durante a sua jornada de aperfeiçoamento na arte do xadrez, ela vai ter alguns mentores que até chegaram a ser os seus adversários, nos quais temos Harry que fica surpreendido com a sua eficácia no xadrez e Benny que apesar de ser uma pessoa arrogante, também é muito bom a jogar xadrez, principalmente utilizando movimentos rápidos. Eles vão ser fundamentais para ajudar Beth a preparar-se para enfrentar um dos seus principais adversários que é o campeão mundial russo chamado Borgov, sendo considerado como imbatível, devido à sua vasta experiência. Será que a preparação de Beth vai ser suficiente para vencer Borgov, o melhor jogador do mundo ou ainda tem por onde melhorar?

 

Beth acredita que não é capaz de vencer, caso não tenha consigo, os seus complementos que são os comprimidos e o álcool, mas ela também cria ligações de tal forma fortes que chega a um ponto que vemos diferentes jogadores de xadrez a trabalharem individualmente com ela e em equipa para ajudá-la a melhorar cada vez mais a sua prestação em cada jogo, pois é sempre bom quando um tabuleiro de xadrez é visto por outros olhos, por isso, ela vai ter uns bons aliados ao longo da sua preparação.

 


Também é interessante ver as relações de Beth com as outras personagens, como por exemplo, com a Jolene, uma rapariga negra que vivia com ela no orfanato e que tornaram-se amigas rapidamente, onde ensinou-a o modo como tudo funcionava naquele sítio e apesar de terem estado separadas muitos anos, isso não impediu que Jolene ajudasse Beth numa altura que fosse realmente necessária. Por vezes, a amizade pode ser fundamental para que alguém consiga perder determinados vícios, como os do álcool e drogas e isso é algo que a própria história vai abordando.

 

Esta é uma produção muito bem criada e desenvolvida, nos quais tem um argumento interessante e cativante, muito devido ao desempenho dos atores, mas também pelos figurinos, pela banda sonora, cinematografia e pela forma como a época foi sendo representada ao longo dos episódios. É constituída por uma fotografia muito bonita e uma ótima realização pela escolha que tiveram a nível dos ângulos que foram filmando nas diferentes cenas que resultaram num resultado final fantástico, em que também incluíram vistas maravilhosas seja do México, França e Rússia. 



 

Ao longo dos episódios, o espetador está constantemente cativado com tudo o que vai acontecendo, despertando cada vez mais a curiosidade em saber como determinadas situações vão sendo resolvidas e como tudo termina. Este também fica cheio de vontade de jogar xadrez, implementando estratégias e colocando em prática, técnicas para conseguir derrotar o seu adversário.

 

Esta minissérie tem todos os ingredientes necessários para se tornar numa história de sucesso e fiquei completamente satisfeita com os sete episódios que me prenderam a atenção desde o início ao fim e também por finalmente terem abordado um tema tão interessante como é o xadrez, sendo que nem damos conta do tempo a passar.


 

Eu sempre fui uma apaixonada pelo xadrez, tendo jogado quando era mais nova e até que conseguia vencer algumas partidas, mas sempre considerei o xadrez como algo especial e entusiasmante em que podemos colocar a nossa mente em prática, criando estratégias que nem sempre são fáceis de implementar, pois todas elas dependem dos movimentos do adversário.

 

A minissérie é constituída por um pouco de suspense que terminou de uma forma muito bonita e satisfatória, sem entrar em grandes pormenores, onde Beth tem o reconhecimento merecido como jogadora profissional de xadrez depois de todas as dificuldades que foi passando até chegar a esse final, por isso, eu considero que seja uma história que vale mesmo a pena de acompanhar, mesmo que não seja um amante do xadrez.



sábado, 24 de outubro de 2020

Minissérie "The Third Day" da HBO, protagonizada por Jude Law e Naomie Harris - um thriller intenso, onde na ilha misteriosa de Osea, tudo pode acontecer

 

O serviço de streaming HBO tem feito uma aposta forte em minisséries, onde estreou mais recentemente, The Third Day, uma produção em conjunto com a Sky Studios. Esta é constituída por 6 episódios, sendo dividido em duas partes designadas por Summer (Verão, em português), protagonizada por Jude Law e Winter (Inverno, em português) protagonizada por Naomie Harris, em que pelo meio temos um especial definido por Autumn (Outono, em português) cerca de 12 horas sem interrupções e filmado num único plano sequência que foi transmitido em direto nas redes sociais da HBO, tornando-se em algo inédito e diferente no mundo do entretenimento. Tem a criação de Dennis Kelly juntamente com o Felix Barrett da companhia de teatro chamada Punchdrunk que fez um trabalho muito bom a nível de improvisação no especial referido anteriormente e também tem um papel de realizador em conjunto com Marc Munder e Philippa Lowthorpe.

 

O elenco é constituído por Jude Law (Sam), Katherine Waterston (Jess), John Dagleish (Larry), Mark Lewis Jones (Jason), Jessie Ross (Epona), Paddy Considine (Sr. Martin), Emily Watson (Sra. Watson), Freya Allan (Kail), Börje Lundberg (Mimir), Naomie Harris (Helen), Nico Parker (Ellie), Charlotte Gairdner-Mihell (Talulah), Paul Kaye (Cowboy), entre outros.

 

Esta minissérie é focada em duas personagens, em que cada uma faz uma viagem separada à ilha misteriosa de Osea, numa época do ano específica e diferente com razões bem distintas uma da outra, sendo baseada em fatos reais, pois esta ilha situa-se no estuário do rio Blackwater, em Essex, no leste da Inglaterra, onde encontra-se uma estrada bem antiga e peculiar que só se tem acesso, quando a maré está baixa.     


 

Inicialmente acompanhamos a história de Sam (Jude Law) que durante um passeio pelo local, onde o corpo do seu filho tinha sido encontrado há uns anos cruza-se com uma jovem que está a tentar suicidar-se, sendo que ele chega a tempo de salvá-la e levando-a de regresso à ilha de Osea. Este é um sítio que é caracterizado pelos seus festivais anuais cheios de música e outras atividades que é a única altura que costumam receber visitantes, pois são uma comunidade que têm dificuldade em deixar um estranho entrar na mesma, mas será que a ligação de Sam com Osea é maior do que ele pensava? Valerá a pena, ele descobrir mais sobre o que realmente acontece na vida da população desta ilha? E será que Sam estava simplesmente por coincidência juntamente ao sítio onde localiza-se a ilha de Osea?


 

A segunda parte desta minissérie designada por Winter, inicia-se meses após os acontecimentos dos episódios anteriores, onde nos é apresentada Helen (Naomie Harris) e as suas duas filhas, Ellie (Nico Parker) e Talulah (Charlotte Gairdner-Mihell) que resolveram viajar de carro até à ilha de Osea para comemorar o aniversário de Ellie, mas será que todas estão satisfeitas com esta ideia de passar uns dias de férias? Quando chegam à ilha, elas encontram um sítio completamente diferente do que estariam à espera ou seja, um local deserto e destruído, como se uma tempestade tivesse passado por lá, onde os seus habitantes tentam mandá-las embora, a todo o custo, mas será que irá resultar ou os planos de Helen serão outros?


 

Situada numa costa do Reino Unido, a ilha de Osea está ligada à restante civilização através de uma estrada que tem milhares de anos, tendo sido construída pelos romanos, mas nem sempre está acessível devido à própria maré, pois demora muito tempo a estar disponível e pouco tempo, aberta ou seja cerca de 1h30. Será que Osea vai mudar a vida dos protagonistas para sempre?



 

Quando chega à ilha, Sam é recebido pelos donos do alojamento local que é o casal Martin que vai ter um papel importante na sua jornada, sendo que ele começa a sentir-se cada vez mais atraído pela vontade de querer explorar este espaço e saber mais sobre a sua história, principalmente quando conhece Jess, uma historiadora americana que lhe conta as tradições e costumes desta comunidade que só recebe visitantes em épocas muito específicas do ano, por isso, ele sente-se conquistado pelos moradores da ilha.

 

Sam é um homem paciente que vive em Londres e atormentado pelas lembranças do passado, principalmente a perda do seu filho. Ele fica atraído por uma ilha que não descansa enquanto não a explorar totalmente, tentando perceber o que está a acontecer neste local, ao seu redor e população respetiva, ao mesmo tempo que vai lidar com muitos dos seus traumas mas será que irá conseguir superá-los ou chega a um ponto sem retorno?

 


Durante a sua expedição pela ilha, Sam vai conhecendo os rituais secretos cometidos pelos habitantes da mesma que incluem sacrifícios de seres humanos e animais, chegando a um ponto que sente-se isolado, sem ter por onde fugir, ao mesmo tempo que tem de enfrentar a sua escuridão interior, tornando-se assim, numa jornada bem complicada para Sam cheio de dificuldades e obstáculos, em que a sua saída de Osea vai sendo constantemente adiada, sem que ele consiga perceber.

 

Sam vai conseguir descobrir a sua ligação com a ilha de Osea que está relacionado com a sua família, dividindo as opiniões dos seus moradores sobre se deve ser nomeado como The Father (Pai, em português) que representa a pessoa que está responsável pelo bem-estar da população de Osea, mas ele terá primeiramente de vencer testes intensivos que irão ou não mostrar, a sua capacidade de liderar esta população que serão realizados durante o episódio especial que divide a minissérie em duas partes.

 

Ao longo da história podemos observar o procedimento de como algumas personagens lidam em algumas situações bem específicas, seja com o luto pela perda de um ente querido ou com a culpa que sentem devido a determinadas ações que cometeram ao longo da sua vida e isso vemos através da personalidade perturbada de Sam que envolve surtos psicóticos e alucinações no meio de tanta dor e sofrimento, sendo que ele nem sempre tem a capacidade de distinguir a realidade da fantasia.

 



Inicialmente, a população de Osea parece completamente simples, mas aos poucos começamos a perceber que a ilha e os seus habitantes vivem num autêntico culto, onde existe manipulação com o objetivo de influenciar as pessoas a seguirem com o seu papel e em que a sua religião é representada de um modo bem estranho e quem não seguir com a mesma, sofre com consequências bem violentas ou seja começamos a ver um fanatismo religioso por algo que é complicado de se explicar, mas que leva a cenas sangrentas e assustadoras, chegando a um ponto que começa-se a questionar a sanidade mental destas pessoas que tentam preservar as suas tradições a todo o custo.

 

Toda a ilha é um mistério, constituída por uma história mesmo muito antiga que envolve uma religião específica que pode não fazer muito sentido, pois são modos de pensar muito diferentes e com costumes bem estranho. Inicialmente, a pessoa fica confusa em saber quais são os objetivos da maior parte das personagens ou se a simpatia de alguns tem realmente, segundas intenções, pois parece que esta é uma população que está a ver constantemente ameaças ao seu redor, mas esta é uma história em que tudo se vai encaixando, acabando por fazer sentido mais tarde. Nestes últimos episódios há uma certa divisão da comunidade, onde inicialmente não sabemos a razão pela mesma, podendo estar relacionada com a insatisfação dos moradores perante circunstâncias que foram sucedendo nos últimos tempos, em Osea.

 


Helen tem uma missão oculta quando chega à ilha que inclui encontrar o seu marido que tem estado desaparecido e que desconfia que possa ter passado por Osea, por isso resolve perguntar à sua população sobre o seu paradeiro. Ela é uma pessoa impaciente que chega a um ponto que explode, onde as emoções chegam com grande intensidade, devido à quantidade de vezes que vai sendo pressionada para que responda a perguntas relacionadas com a sua vida privada que ela não se sente confortável para falar.


 

Durante a sua estadia na ilha, alguns dos seus moradores não querem ajudar a Helen e as suas duas filhas, sem se perceber a razão para tal acontecer, mas Helen tenta ser solidária na mesma, mesmo que as suas ações possam vir a prejudica-la futuramente, mas com as mentiras que vão sendo constantemente contadas, ela sente-se traída e zangada com as situações que vão sucedendo, fazendo com que venhamos a conhecer um lado diferente desta personagem. Mesmo assim, ela está determinada a encontrar as suas respostas em Osea, mas a sua chegada vai criar uma mudança radical na sua vida.


 

Quando chega à ilha, Helen não tem qualquer conhecimento sobre Osea e os seus segredos mais obscuros, tendo criado uma certa obsessão por este local, pois acredita que é a única forma de obter as suas respostas e assim conseguir proteger as suas filhas, pois esta é uma família que passou por momentos difíceis seja a nível monetário, como também devido a comportamentos mais violentos de Ellie, criando desconfiança e insegurança perante tudo o que viesse a acontecer no futuro.


 

Esta minissérie é um terror psicológico com uma mistura de emoções que não é aconselhada para todo o tipo de público, pois é constituída por cenas perturbadoras que podem ser sensíveis para alguns espetadores, mas para quem gosta de thrillers e histórias mais pesadas pode ser uma boa opção. Esta história cria um ambiente intimista, mas também obscuro, através da escolha excelente de fotografia para apresentar a mesma, mas também pela forma como vai cativando, fazendo com que a pessoa fique cada vez mais curiosa com o que vai acontecer de seguida.

 

Como já foi referido anteriormente, esta minissérie é constituída por seis episódios, divididos por um especial ao vivo que tem a duração de 12 horas que teve a colaboração da companhia de teatro britânica chamada Punchdrunk que foi fundada por Feliz Barrett, onde os atores tiveram a liberdade de construir a sua própria personagem. Este apresenta um dia inteiro em Osea, onde o espetador tem a oportunidade de testemunhar tudo o que é captado em tempo real, como se tivesse presente, ou seja, mostra como é passar um dia inteiro na ilha de Osea, sem qualquer tipo de cortes, repetições, edições e filtros, pois é tudo filmado numa única sequência, criando assim, um tipo de ligação entre as duas partes da minissérie.

 



Milton Lopes é um português que fez uma participação nesta produção tanto britânica como americana, no tal episódio especial com a duração de 12 horas, tendo sido transmitido em direto na plataforma e página de facebook da HBO, criando assim a sua própria personagem e ter momentos de improviso próprios para colocar em ação.

 

Este episódio especial é designado por Autumn, sendo que acontece entre a primeira e a segunda parte da minissérie, tendo a participação especial de Jude Law e Katherine Waterson. Todos os anos, durante esta altura, Osea organiza um festival chamado Esus and the Sea que marca a passagem das crianças da ilha para a vida adulta.

 



Quando Osea necessita de um novo líder, o nomeado para Father, o candidato tem de passar por um teste que é percorrer o caminho de Esus para assegurar que é a pessoal ideal para liderar a ilha e que a mesma o aceite. Para assim acontecer, Sam terá de passar por uma procissão e um ritual em nome do deus Esus para tornar-se no pai da comunidade, mas não será uma tarefa nada fácil de se concretizar, pois terá pelo caminho, dificuldades, sacrifícios e alguma violência para que consiga cumprir com os seus desafios que incluem testes que desafiam a sanidade mental e a capacidade física do participante.

 

O povo de Osea celebra com comida e bebidas a nomeação de um novo líder, mas será que Sam vai conseguir tornar-se no Father de Osea? Para esta população, Osea é o coração do mundo, sendo um sítio seguro e um bom refúgio e quando ela está doente, o resto também está, por isso é fundamental que tenham uma pessoa indicada para os liderar, mantendo os seus costumes que inclui festivais e seguir com a sua religião. Infelizmente, nem sempre se compreende os rituais secretos e estranhos que são feitos em Osea e quais são as razões para os fazer e tenho pena que não tenha sido explicado com mais pormenor a mitologia da ilha.

 

Esta minissérie foi sem dúvida um grande desafio para toda a equipa da produção pela forma como construíram tudo isto, sendo que foi ambicioso e corajoso aquilo que resolveram fazer com o evento especial criando um bom resultado final, apesar de não ter visto as 12 horas, mas sim um resumo da mesma e na minha opinião foi tudo executado de uma forma bem surpreendente a nível positivo e com improvisações bem interessantes de ver, principalmente por saber que foram longas horas de performance. A interpretação que é feita tanto em teatro como em televisão é mostrado através dos desempenhos dos atores, pois costumam ser mundos bem separados.

 


Considero que esta história com dinâmicas diferentes está cheia de surpresas e reviravoltas, onde existe uma ligação convincente entre os dois protagonistas e a ilha, contendo jornadas com caminhos inesperados e momentos sem dúvida, assustadores a macabros. Cada um deles tem os seus traumas para ultrapassar, mas não será uma tarefa fácil, principalmente quando chegam a um ambiente tão pesado quanto Osea. Por isso, a visita a esta ilha torna-se num desafio autêntico, tanto para Sam, como para Helen.

 

Será que existe uma ligação entre as jornadas de Sam e Helen e será que estas personagens pertencem a Osea e vão conseguir obter respostas para as suas perguntas que já duram há muito tempo? Tanto Jude Law como Naomie Harris estão de parabéns pelas suas ótimas interpretações, onde conseguiram mostrar as fragilidades e medos das personagens respetivas e aproveitaram todos os momentos para brilharem e representarem a complexidade da história das mesmas.  



 

The Third Day é uma minissérie de thriller e suspense arrepiante, sinistro e violento, sendo constituída por uma ilha estranha e isolada, com muitos segredos por desvendar e mistérios que demoram algum tempo a serem descobertos. Tem uma banda sonora eficaz para o tipo de história, onde tem um argumento muito bem construído e estruturado, com uma boa liberdade criativa e com falhas ligeiras, mas não deixa de tirar a vontade de ver a mesma, mesmo que tenha algum sofrimento, dor e agonia pelo meio.

 

Inicialmente, o espetador pode sentir-se perdido, mas depois aos poucos vai perceber como a comunidade de Osea funciona, pois muitas dúvidas vão surgindo e nem sempre são dadas todas as respostas, em que existem episódios com mais revelações do que outros. Nem todas as partes foram bem explícitas, pois resolveram não dar muita importância ao mesmo, tendo ser difícil compreender as mesmas. Apesar de haver episódios um pouco cansativos e mais parados do que deviam, esta é uma história que vale a pena acompanhar tudo, desde o início ao fim, prendendo de certa forma, a atenção do público, pois ele tenta perceber afinal o que é real e o que é fantasia, mas atenção que existem cenas que possam ser mais perturbadoras e violentas que possam ser difíceis de assistir.

 


Fica a questão, se a ilha remota de Osea pode ser um tipo de refúgio para quem está a fugir de algo, será que irá ter algum tipo de normalidade e paz depois da forma como a minissérie terminou?


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A Importância dos Brócolos na Alimentação

 


Os brócolos são constituídos por uma diversidade de nutrientes, sendo bons aliados para incluirmos na nossa rotina alimentar. De seguida, refiro algumas das suas caraterísticas e respetivos benefícios para a saúde:


  • Possuem propriedades antioxidantes, anti-cancerígenas e anti-inflamatórias e ajudam na desintoxicação do organismo;
  • São uma boa fonte de cálcio, ajudando na saúde dos ossos e ricos em potássio, magnésio, selénio e zinco;
  • São ricos em vitamina C, vitamina K, vitamina A, vitaminas do complexo B, principalmente, ácido fólico;
  • Possuem poucas calorias (cerca de 35 kcal por 100 g), uma boa digestibilidade, uma boa quantidade de proteínas que ajuda na recuperação do corpo e são uma boa fonte de fibras, que ajuda na regulação do trânsito intestinal;
  • Ajudam a prevenir as doenças cardiovasculares, o cancro e constipações, são bons protetores contra as alergias e são benéficos na gravidez, pois possuem uma boa quantidade de ácido fólico, essencial na formação do feto;
  • São essenciais para o ganho de massa muscular, devido às suas quantidades de vitamina C, cálcio e ácido fólico.

Este é um alimento muito nutritivo que devemos incluir numa alimentação equilibrada, variada e saudável. Também podem ser cozidos a vapor, conservando assim, grande parte das vitaminas e minerais.