domingo, 31 de maio de 2020

Série "Upload" - uma possibilidade tecnológica onde existe vida após a morte, em formato digital e num modo cómico


A série "Upload" estreou recentemente no serviço da Amazon Prime Video. Tem a criação de Greg Daniels e é constituída por apenas 10 episódios de cerca de 30 minutos cada, nesta 1ª temporada e para além disso, esta comédia original já foi renovada para uma nova temporada. 

Em 2033, Nathan Brown (Robbie Amell) é um programador que sofreu um acidente de carro, controlado por Inteligência Artifical e após estar em perigo de vida, este decide carregar a sua consciência para uma realidade virtual requintada chamada Lake View, mas a sua presença neste local é paga pela sua namorada rica chamada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards). Nathan vai passar por um período de adaptação por esta forma nova de viver a eternidade, onde tudo à sua volta é completamente digital, mas terá a ajuda de Nora Antony (Andy Allo), o seu Angel e responsável pelo seu avatar, que trabalha no serviço de atendimento do software Upload, e onde poderá estar presente na sua realidade, através de óculos de realidade virtual, sempre que for necessário.

O elenco é constituído por Robbie Amell (Nathan Brown), Andy Allo (Nora Anthony), Allegra Edwards (Ingrid Kannerman), Zainab Johnson (Aleesha), Kevin Bigley (Luke), Jordan Johnson-Hinds (Jamie), Chris Williams (Dave Anthony), Owen Daniels (A.I. Guy), Andrea Rosen (Lucy), Josh Banday (Ivan), Jessica Tuck (Viv), William B. Davis (David Choak), Elizabeth Bowen (Fran), Matt Ward (Bryon), entre outros.

Como seria a vida após a morte, se a nossa consciência pudesse ser colocada num ambiente virtual? Nesta história, cientistas desenvolveram uma tecnologia, onde é possível fazer o upload das consciências das pessoas e enviá-las para um mundo virtual paradisíaco, ou seja, a sua consciência pode ser transportada para um sítio luxuoso, onde pode interagir com outras pessoas que já faleceram ou comer tudo o que quiser num buffetAcaba por ser uma pessoa que faleceu, mas que continua a existir, a comunicar-se e a viver, como se nada tivesse acontecido.

Esta série dá-nos uma perspetiva de como isto poderia acontecer, mas há situações que são difíceis de imaginar, tais como, o morto ter a oportunidade de participar no seu próprio funeral ou haver a possibilidade de contactar os seus entes queridos que ainda estão vivos, através de uma chamada telefónica ou videochamada, experiências sexuais através de óculos de realidade virtual, entre outros. Acaba por ser difícil de imaginar, algo como isto ser alguma vez possível de acontecer, mas esta série dá-nos uma perspetiva de como seria. 

Podemos ver que neste período, os seres humanos são completamente dependentes da realidade virtual e da inteligência artificial, onde a maior parte não têm problemas em viver para sempre num software.  



Esta comédia acaba por abordar um tema já muito falado, tanto em filmes e séries, mas que é realizado de um modo bem diferente daquilo que já vimos e onde também diverte o espetador. É interessante ver como é a dependência diária da humanidade pela tecnologia e pela vida eterna, e como pode ser adaptada de formas diferentes. 

A história também desenrola-se à volta do mistério da morte e das memórias apagadas de Nathan, pois existem indicações de que poderia não ter sido um acidente e para além disso, havia uma percentagem pequena de acidentes deste género. 

Um dos temas abordados são as diferenças que continuam a existir entre as classes sociais ou seja, os benefícios que os ricos têm perante outros membros da sociedade. No caso de Lake View, aqueles que têm mais dinheiro são os que conseguem ter melhores condições neste mundo virtual, pois cada residente pode aderir a pacotes diferentes de dados e no caso das pessoas mais ricas, estas têm uma maior facilidade de obterem pacotes com dados ilimitados, devido à sua própria riqueza. Para pessoas com menor possibilidade financeira, cada residente tem um plano pré-pago de 2 GB mensais que pode utilizar, mas quando os dados terminam, o avatar da pessoa acaba por ser "congelado".

Apesar de ser uma realidade pouco provável de acontecer algum dia, esta até poderia ser um paraíso possível e interessante da pessoa pertencer após morrer, mas infelizmente continua a haver preconceito com as condições financeiras das pessoas. Tudo o que quiser adquirir tem de ser pago e se é para passar uma eternidade neste serviço, então não será fácil manter os pagamentos, caso a pessoa tenha poucos rendimentos. 


Os residentes de Lakeview desfrutam de quartos de hotel luxuosos e buffets com muito bom aspeto e para além disso, podem aderir a várias atividades, de acordo com os seus gostos e preferências. Por exemplo, se necessitarem de terapia, têm animais peculiares disponíveis para escolherem para assim, ajudá-los a ultrapassarem momentos mais complicados. 

Nathan tem uma boa família, uma namorada excêntrica, um emprego e um carro que anda sozinho. Após o seu corpo sofrer um acidente estranho, num carro conduzido e controlado por Inteligência Artificial, resolve aceitar que a sua mente, memórias e personalidade sejam preservadas no Upload, no paraíso de Lake View. Ele começa a ver que a vida neste paraíso Lake View não é tão perfeita, como pensava e que não será fácil passar lá, a sua eternidade.

Nathan é uma personagem carismática e interessante, na forma como vê as coisas à sua volta e tem um bom crescimento pessoal ao longo destes episódios, onde acaba por aproximar-se do público, de um modo cativante e simples. Há uma boa evolução no desenvolvimento desta personagem, onde no início só dava importância a coisas fúteis e durante o desenrolar da história vai aprendendo o que realmente importa. 

Este acaba por perceber que não viveu uma vida tão feliz como pensava, tanto ao lado da namorada, como no seu próprio emprego. Assim, apaixona-se pela sua Angel, assistente que está disponível para o ouvir e onde são criadas dinâmicas bem interessantes entre eles.  



Nora acaba por ser o coração desta série, onde mostra a preocupação e empatia que tem perante os seus clientes. Faz o atendimento aos diversos clientes do Upload e é a responsável pelo avatar de Nathan no mundo virtual. Também tem uma ligação muito especial com o seu pai doente, que tenta a todo o custo convencê-lo, a transferir a sua consciência para o sistema. 

Existe uma boa construção na relação entre Nora e Nathan, onde dão a oportunidade que possa vir a acontecer uma relação romântica, mas sem qualquer tipo de exageros, apesar de ser improvável esta relação alguma vez existir.

O software Upload acaba por ser muito complexo, nos quais os funcionários de atendimento ao cliente têm de estar atentos aos seus clientes que são constituídos por um avatar específico e fazerem os possíveis para facilitarem a vida dos mesmos. Todas as consciências inseridas no software são vigiadas, nos quais têm um serviço de assistência de 24 horas, onde cada avatar pode ser ajudado em situações diferentes ou simplesmente para desabafarem com alguém. 

Como acontece com qualquer aplicação, os paraísos que aparecem na série também são sujeitos a atualizações, erros e anúncios que tornam a série engraçada e caricata à sua maneira. 


Tendo um tom constante de humor, considero que algumas das cenas que vemos nesta série são hilariantes e sarcásticas, porque são criadas piadas que achei divertidas, nos quais são baseadas, até na forma como vivemos atualmente com as redes sociais, como por exemplo, as avaliações através de estrelas (1 a 5), onde podem ser dadas aos funcionários do serviço de apoio do Upload ou para classificarem o desempenho que uma pessoa teve no sexo. 

Acho que havia histórias de algumas personagens, que poderiam ter sido muito mais bem exploradas e aproveitadas, porque considero que sejam personagens divertidas, que mereciam muito mais destaque. É uma série com potencial, onde podem ser desenvolvidas muitas mais histórias e felizmente têm a oportunidade de o fazer na 2ª temporada.

Esta é uma história com uma criatividade boa, onde são abordadas questões e situações que trazem um momento de reflexão para o espetador. Mas também mostra a dependência que a sociedade tem perante a tecnologia, deixando o público curioso com o desenrolar dos episódios e onde começa a meter em prática a sua própria imaginação. É sem dúvida, uma série boa para distrair a mente e da pessoa desligar-se da realidade.

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