sexta-feira, 29 de maio de 2020

Série "Into the Badlands" - quando as artes marciais são o foco da história e com sequências de luta incríveis


A série de artes marciais "Into the Badlands" é constituída por 3 temporadas, com um total de apenas 32 episódios e criada pelo canal AMC, onde começou a ser transmitida em 2015. Esta história foi feita pelos mesmos criadores da série "Smallville", designados por Alfred Gough e Miles Millar. A produtora de Quentin Tarantino é a responsável pela sua produção e os produtores executivos são Stacey Sher, Michael Shamberg, David Dobkin, Stephen Fung, Michael Taylor, Karen Richards, Paco Cabrezas e ainda Daniel Wu, que também é o protagonista da série. 

É inspirada num conto chinês com o nome de "Journey to the West" escrito por Wu Chengen e publicado no século XVI. Mike Shinoda é o compositor responsável pela abertura do genérico da série, que eu considero que foi bem inserida na mesma.

A história desenrola-se após a destruição da civilização, nos quais os barões são os atuais líderes daqueles que conseguiram sobreviver. Acaba por contar a história de Sunny (Daniel Wu), um guerreiro talentoso que irá viajar com um jovem chamado M.K. (Aramis Knight), por uma terra perigosa, com o objetivo de adquirir o máximo de conhecimento possível. Ao longo desta jornada, são várias as lutas que irão decorrer, mas são poucos aqueles que irão conseguir fazer frente a Sunny


O elenco é constituído por Daniel Wu (Sunny), Aramis Knight (M.K.), Nick Frost (Bajie), Marton Csokas (Quinn), Emily Beecham (Minerva/The Widow), Oliver Stark (Ryder), Orla Brady (Lydia), Sarah Bolger (Jade), Madeleine Mantock (Veil), Ally Ioannides (Tilda), Stephen Lang (Waldo), entre outros. 

Muitos anos depois da morte de milhões de pessoas e da sociedade ter sido destruída por completo, a terra torna-se conhecida como Badlands, onde é governada por 7 barões que fazem o que for preciso para sobreviverem e têm como aliados os Clippers. Os Clippers são exércitos constituídos por soldados muito bem tratados que para além de assassinos, também são leais, sacrificando as suas próprias vidas pelo barão respetivo. Um dos Clippers mais perigosos de toda a Badlands é o Sunny, que colabora com o Barão Quinn, desde muito jovem.

Badlands é um lugar violento e cheio de perigos, mas que tem muito conhecimento que ainda pode ser adquirido. Infelizmente, o povo sofre, porque depende dos barões para sobreviverem, passando assim por várias dificuldades e acabando por tornarem-se escravos dos barões. Nem todos os barões são bons líderes e o seu poder é garantido à base da violência por parte dos Clippers, que nem sempre resulta da melhor forma para o povo. 

Podemos ver a crueldade existente nesta história, nos quais parecia que a humanidade não tinha aprendido nada, com todo o mal que fez, levando à destruição da civilização. A série é repleta de cenas com muito sangue, nos quais temos como temas: a vingança, o poder, a traição, a violência extrema, os dons de algumas personagens ou mesmo a guerra. A história também tem um lado místico, onde vai sendo explorado ao longo dos episódios. 

M.K. tem um poder misterioso que é ativado quando sangra e por isso, ele vai aprender a controlar ao longo dos episódios, mas para isso acontecer, terá de treinar muito e aprender a lutar. É leal quando convém mas quando tem uma sede de vingança pode tornar-se numa pessoa instável e perigosa. 


Eu gostei de ver a evolução do Sunny ao longo destas 3 temporadas, pois esta é uma personagem que acaba por ter um desenvolvimento bem interessante de se acompanhar, onde também vemos, um lado mais fragilizado e humano da mesma, apesar de ser reconhecido desde o início como um assassino frio e imbatível. Acabamos por ver um lado mais sensível desta personagem que não acreditávamos que fosse possível existir. 

Sunny é um mestre em artes marciais, onde deixa de ser Clipper, tentando levar uma vida diferente e também tem como objetivo, saber mais sobre o seu passado. É exemplar no seu trabalho, e tem uma reputação longa, como assassino letal, no qual tem cerca de 400 tatuagens de lâminas nas costas, que simboliza cada pessoa que matou, nos seus tempos como Clipper.

Daniel Wu faz uma boa interpretação desta personagem e tem uma habilidade excelente em representar um guerreiro eficaz como Sunny.  


Para além do Sunny, a Widow é uma das minhas personagens favoritas da série. Apesar de ser ambiciosa e estar constantemente à procura de mais poder, podemos ver que também existe uma preocupação para com o bem-estar do seu povo. A Widow é uma das vilãs da história, onde é uma das lutadoras mais capazes, determinadas e interessantes de se acompanhar, principalmente quando luta em saltos altos, que mostra ser uma tarefa muito fácil de se executar. 

Widow é uma mulher independente e poderosa, ambiciosa e toma decisões difíceis, para chegar aos seus objetivos. Tem uma personalidade muito forte e nem sempre é bem compreendida pelas pessoas à sua volta, tendo assim, uma força incrível. Nunca desiste de chegar ao que quer e também é uma guerreira autêntica, com um passado que fará toda a diferença para se perceber a sua maneira de ser.

Gostei muito de ver o desenvolvimento da personagem da Widow e das suas cenas partilhadas com o Sunny, principalmente quando lutam em conjunto, pois captam a atenção do público, com as suas habilidades impressionantes para as artes marciais. 

Para além da Widow, também gostei dos vilões que foram sendo introduzidos ao longo do desenrolar da série, apesar de haver momentos em que achei que tornaram-se um pouco cansativos para o público.


Bajie é daquelas personagens que são fundamentais na história. É sarcástico, com algumas piadas pelo meio, mas também tem um lado mais sábio, nos quais dá conselhos que podem fazer a diferença no caminho de alguém, mas infelizmente, nem sempre é levado a sério. É uma pessoa imprevisível, que não gosta de falar do passado.

Existe uma boa dinâmica entre Bajie e Sunny, nos quais vemos a evolução da relação entre estas 2 personagens e onde podemos ver o respeito mútuo que têm um pelo o outro. Bajie pode ter algumas atitudes mais estranhas, mas que depois acabam por fazer todo o sentido. Ele tem um talento natural para as artes marciais, onde ficamos a saber do seu passado como mestre e professor a ensinar outras pessoas a lutar com garra.  


Master Dee Dee Kuma's é o mestre responsável pela coordenação de todas as coreografias de lutas que acontecem ao longo dos episódios da série. Este senhor é reconhecido como duplo e também como coreógrafo de filmes, como Kill Bill ou Matrix. É sem dúvida, um ótimo coordenador das artes marciais utilizadas nesta história, onde podemos apreciar a sua criatividade, nos quais tenta que sejam sempre coreografias diferentes umas das outras.

Considero que esta série tem as cenas de luta mais bem representadas, tanto no mundo da televisão, como na do cinema, onde inclui uma qualidade fantástica, cativando e prendendo a atenção do espetador. Esta série arriscou a fazer algo, que nunca tenha sido feito antes na televisão e sem dúvida que resultou muito bem. Considero que as cenas de artes marciais têm uma boa qualidade artística e que fascinam quando se vê o resultado final.

Apesar de ter cenas de ação deslumbrantes e uma boa fotografia, o ritmo da história nem sempre foi feito da melhor forma. O argumento poderia ter sido melhor, onde a pessoa acaba por esquecer-se quando está a ver a qualidade das cenas de ação. Para além disso, havia personagens que não se conseguia perceber o seu papel e importância na história, tornando-as desinteressantes e cansativas. Também achei que o elenco foi mal escolhido, apesar de felizmente, haver algumas exceções.  


Para além de momentos intrigantes, são várias as reviravoltas que vão acontecendo, nos quais umas são previsíveis e outras surpreendentes, mas merece destaque pela sua parte técnica, onde temos como exemplo, os efeitos visuais. 

Esta é uma série que é indicada para os fãs de artes marciais, pois não há limites para a quantidades de lutas que são mostradas nesta história e com sangue ao estilo Tarantino. Também é interessante ver um lado diferente do que poderia ser um possível futuro pós-apocalíptico, pois cada vez mais existem histórias que mostram versões relativamente semelhantes de como seria o mundo após a destruição da maior parte dos seres humanos e neste caso temos um lado muito mais original, onde as artes marciais são fundamentais para a luta pela sobrevivência da humanidade.

Esta é uma série com figurinos e cenários muito bem escolhidos e inseridos na história, que tem um estilo que ainda não tinha sido visto na televisão, mas que ainda tinha muito potencial para dar, histórias por contar e onde está sempre a comprovar a razão pelo qual tem as melhores cenas de lutas vistas em televisão. É um bom entretenimento com sequências de ação bem elaboradas, onde cada luta é espetacular e cativante do espetador acompanhar.

Sem comentários:

Enviar um comentário