sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Série "Y: The Last Man" - uma história apocalíptica com uma visão diferente que ainda tinha muito para dar

 

Y: The Last Man (Y: O Último Homem, como título em português) é uma série dramática e de ficção científica constituída por uma temporada com 10 episódios que pode ser vista através do catálogo do Star e disponível na plataforma da Disney +. É produzida pela FX Productions, na qual foi desenvolvida para a televisão por Eliza Clark que é também a criadora e produtora executiva, sendo baseada na aclamada série de Brian K. Vaughan e Pia Guerra para a DC Comics com o mesmo nome.

Para quem não sabe, Y: O Último Homem é uma série de banda desenhada de ficção científica com 60 edições publicadas, desde 2002. Recebeu três Prémios Eisner e a edição «Y: O Último Homem, Volume 10» foi nomeada para o primeiro Prémio Hugo na categoria de Melhor História Gráfica.  

O elenco é composto por Diane Lane (Jennifer Brown), Ashley Romans (Agente 355), Ben Schnetzer (Yorick Brown), Olivia Thirlby (Hero Brown), Amber Tamblyn (Kimberly Cunningham Campbell), Marin Ireland (Nora Brady), Diana Bang (Dra. Allison Mann), Elliot Fletcher (Sam Jordan) e Juliana Canfield (Beth Deville).

Esta é uma história que atravessa um mundo pós-apocalíptico no qual um evento cataclísmico dizima todos os mamíferos com um cromossoma Y exceto um homem cisgénero e o seu companheiro de estimação. Os sobreviventes lutam para restaurar o que foi perdido e a oportunidade de construir algo melhor.

Esta é a jornada de Yorick enquanto ele atravessa um novo mundo cheio de caos ao seu redor juntamente com Ampersand, o seu macaco de estimação que também sobreviveu, enquanto os seus sobreviventes lutam com a perda dos seus entes queridos, ao mesmo tempo que tentam restaurar a sociedade mundial, através da liderança da mãe de Yorick, Jennifer Brown, uma antiga congressista democrata que se tornou na nova presidente dos Estados Unidos da América e não vai ter um caminho fácil de percorrer, onde os obstáculos vão surgindo, sendo que o pânico pode acontecer a qualquer momento.

Divulgação: Disney +

O Yorick não irá viajar constantemente sozinho, pois terá como companhia, a misteriosa Agente 355. É um membro da organização secreta Culper Ringer e guarda-costas do Yorick com ordens específicas da mãe deste ilusionista para o proteger, custe o que custar. Porém, esta agente do serviço secreto e espiã também é conhecida pelo seu pseudónimo Sarah Burgin e foi sem dúvida, um dos destaques da história que brilhava sempre que lutava, demonstrando as suas habilidades.

O motivo principal da viagem desta dupla é procurar pela Dra. Allison Mann, uma geneticista da Universidade de Harvard que a presidente Brown acredita que possa ser a única com capacidades para estudar Yorick, o único que sobreviveu, descobrindo qual foi a causa da morte misteriosa dos indivíduos com cromossoma Y e encontrar assim, a solução para salvar a humanidade, apesar desta especialista estar no radar do FBI por ter solicitado fundos dos sauditas.

Além disso, também acompanhamos como outras personagens lidam com este novo mundo sem homens. Falamos de Hero Brown, a irmã de Yorick que trabalhava como paramédica, porém viciada em drogas e álcool que está sempre metida em problemas e coloca a culpa na sua mãe pelos problemas que tem, sendo que tem ao seu lado Sam Jordan, um homem trans e o seu melhor amigo. Já Beth DeVille é a ex-namorada de Yorick que tinha outros planos que não o incluíam a ele. Enquanto Nora Brady, uma ex-acessora de imprensa do anterior presidente que vai passar por momentos difíceis, juntamente com a sua filha. Ainda temos Kimberly Campbell Cunningham, a filha do anterior presidente que ela perdeu, juntamente com o seu marido e filhos, sendo que ela tem planos próprios para retirar a Jennifer Brown da presidência.

Esta é uma série pós-apocalíptica e criativa que tem os seus flashbacks e mostra como seria um mundo sem homens. Já aí é um tema interessante, porque todas as produções relacionadas com o apocalipse ainda não tiveram este tipo de perspetiva, tornando-se assim, numa história intrigante e atrativa que tem potencial para prender a atenção do público. É um conceito novo com uma visão diferente e até envolvente de um cenário de apocalipse que cria curiosidade em imaginar a sobrevivência destas mulheres e serem elas a terem o poder. Aliás, pode acontecer certas personalidades femininas poderem vir a chocar ou até a revelarem-se, ao mesmo tempo que cada uma lida com esta catástrofe global à sua maneira.


Divulgação: Disney +

Tanto a narrativa como as respetivas personagens poderiam ter sido melhor aproveitadas, pois ainda tinham muito para dar e acabou por haver momentos em que existiu uma falta de equilíbrio no ritmo, dando importância a coisas que não valiam a pena e levando assim, a um resultado não tão eficaz como se esperava, porém conseguiu melhorar ao longo dos episódios. Além disso, poderia ter sido mais reveladora, em que os segredos das personagens eram desvendados mais rapidamente do que aconteceu, porque até podia ajudar a criar mais empatia pelas mesmas.

Mesmo assim, foi interessante acompanhar esta série, onde podemos criar as nossas teorias sobre a causa da extinção repentina dos homens, os possuidores do cromossoma Y e a razão pelo qual o Yorick ser o único que ficou neste mundo pós-apocalíptico comandado por mulheres que estava bem representado, mostrando um ambiente de horror, desafiante e mais aterrorizante, cheio de caos, tensão, destruição e com cadáveres, sejam eles de humanos ou de animais em decomposição por cada sítio que alguém passasse. O espetador começa a imaginar como seria o impacto da presença do protagonista para com o sexo feminino e o respetivo futuro tanto dele, como das restantes sobreviventes. Apesar de terem sido apenas dez episódios e ter ficado com um final em aberto, vale a pena ver esta produção que me fez querer saber o que iria acontecer de seguida, sempre que terminava um episódio.


Divulgação: Disney +

Y: The Last Man tem uma boa qualidade técnica, mostrando em cada episódio, a determinação e o poder feminino, a construção de uma nova ordem mundial que surgiu devido a uma tragédia inesperada e o quanto as mulheres conseguem ser independentes e são capazes de tomar decisões difíceis, seja qual for a circunstância, levando assim, a possíveis consequências iminentes ou a hostilidades. Também explora assuntos contemporâneos como a sobrevivência, o género, a identidade, o preconceito, os vícios, a raça, a discriminação, a política, a classe, os conflitos que surgem quando é necessário liderar os seres humanos, o luto, um simples recomeço, a liberdade, a manipulação, a traição, a importância da igualdade, a sexualidade, a fragilidade, o desespero, conspiração e histórias familiares.

Se quiserem saber mais sobre esta história sempre podem ver a série de banda desenhada de Brian K. Vaughan e Pia Guerra para a DC Comics com o mesmo nome na qual esta produção foi adaptada. Aproveito também para agradecer à Disney +, a oportunidade que me deu para estar presente no evento de lançamento desta série em Portugal!


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