sábado, 3 de abril de 2021

Série "The Tudors", protagonizada por Jonathan Rhys Meyers - a história marcante da vida do rei Henry VIII de Inglaterra, dos seus respetivos casamentos e do seu reinado conturbado

The Tudors é uma série histórica de drama de 2007 com 4 temporadas dividida em 38 episódios, em que terminou em 2010, acabando por vir a receber diversos prémios. Com produção da Peace Arch Entertainment, esta foi criada por Michael Hirst, baseando-se na vida do rei Henry VIII de Inglaterra que é protagonizado por Jonathan Rhys Meyers, sendo que foi transmitida no canal Showtime e em Portugal podemos ver mais recentemente no canal AXN White.

Para além de Jonathan Rhys Meyers, também temos a participação de Henry Cavill (Charles Brandon), Natalie Dormer (Anne Boleyn), James Frain (Thomas Cromwell), Nick Dunning (Thomas Boleyn), Maria Doyle Kennedy (Catherine de Aragão), Sarah Bolger (Mary Tudor), Hans Matheson (Thomas Cranmer), Henry Czerny (Thomas Howard), Jamie Thomas King (Thomas Wyatt), Alan van Sprang (Francis Bryan), Annabelle Wallace (Jane Seymour), Sam Neill (Cardinal Thomas Wolsey), Anthony Brophy (Chapus), Callum Blue (Anthony Knivert), Gerard McSorley (Robert Aske), Joss Stone (Anne de Cleves), Tamzin Merchant (Catherine Howard), Lothaire Bluteau (Charles de Marillac), Max Brown (Edward Seymour), Torrance Coombs (Thomas Culpeper), David O’Hara (Henry Howard), Peter O’Toole (Pope Paul III), Jeremy Northam (Thomas More), Max von Sydow (Cardinal Von Waldburg), Joely Richardson (Catherine Parr), entre outros.

A história retrata os anos conturbados e agitados do reinado de Henry VIII de Inglaterra (Jonathan Rhys Meyers) que foi rei durante praticamente 40 anos, ao mesmo tempo que aborda os relacionamentos e respetivos casamentos com as suas seis mulheres que acabaram por criar um impacto naquela altura, cada uma à sua maneira, seja pela forma como viveram as suas vidas ou até pelo fim trágico que algumas tiveram. São elas, Catherine de Aragão (Maria Doyle Kennedy), Anne Boleyn (Natalie Dormer), Jane Seymour (Annabelle Wallis), Anne de Cleves (Joss Stone), Catherine Howard (Tamzin Merchant) e Catherine Parr (Joely Richardson). Como será que cada uma destas mulheres vai conseguir encantar este monarca? Será que Henry VIII irá ser um líder justo e digno para o seu reino?

 

Como referido anteriormente, esta série de época apresenta a história de vida complicada de Henry VIII que foi rei de Inglaterra de 1509 a 1547 e dos seus respetivos casamentos que tiveram uma curta duração, sendo que a primeira temporada desenrola-se entre 1518 e 1530. A segunda temporada apresenta os acontecimentos entre 1531 e 1536 enquanto a terceira temporada mostra os eventos ocorridos entre 1536 e 1540 e por fim, a quarta e última temporada retrata desde 1540 até à data da morte deste rei em 1547.

Não temos só a oportunidade de acompanhar o caminho atribulado que foi a vida e o reinado de Henry VIII em si para se tornar num dos reis mais mediáticos e polémicos da história de Inglaterra, mas também os desenvolvimentos dos relacionamentos deste com as suas seis esposas que começou na primeira e segunda temporada com Catherine de Aragão e Anne Boleyn. Depois durante a terceira temporada foram abordados os seus casamentos com Jane Seymour e Anne de Cleves e na quarta e última temporada chegou a vez de Catherine Howard e da sua última esposa, Catherine Parr.

 

O rei Henry VIII de Inglaterra era um homem com uma personalidade muito complexa bem diferente do que aparece nos livros de história já que neste caso era um jovem egoísta, atraente, charmoso e poderoso com manias, onde tinha comportamentos impulsivos e obsessivos, mas sem faltar aquelas alturas em que se sentia mais revoltado com tudo o que lhe ia acontecendo ou até tinha dores insuportáveis que aconteciam sucessivamente, devido a uma lesão que foi causada num acidente quando era mais novo, fazendo com que durasse uma boa parte da sua vida. Ele tinha um lado mais cruel, em que mandava executar todos aqueles que lhe pudessem prejudicar ou simplesmente pudessem um obstáculo para ele e tomava medidas extremas para proteger o seu reino, chegando a um ponto que enlouqueceu e ficou louco. Por isso, se alguém o traísse, ele praticamente ordenava a morte dessa pessoa. Será que Henry alguma vez vai ter momentos em que a sua sanidade mental estará equilibrada?

Este rei vai ser constantemente pressionado para que tenha um herdeiro do género masculino. Infelizmente, ele passa por dificuldades relativamente a esse assunto ao mesmo tempo que vai sendo testado a nível de intrigas mais políticas que vão aparecendo na sua corte. Henry VIII enfrenta desafios e traições por parte de pessoas que não respeitam as suas decisões e a sua autoridade. Será que Henry vai ser um rei eficaz para a sua corte e nação?

O casamento entre Henry VIII e a sua primeira mulher completamente dedicada e leal, Catherine de Aragão passou por altos e baixos, principalmente porque ela não lhe conseguia dar um herdeiro masculino, mas tudo mudou quando ele se apaixonou por Anne Boleyn e por isso, não desiste enquanto não se divorciar da atual rainha que vai ser um processo longo e complicado, pois ele não está satisfeito com o seu matrimónio atual e quer se casar com a sua nova paixão que não deixa de ser tentadora.

Henry luta para obter a anulação do seu casamento com Catherine de Aragão em que esta acreditava que nada poderia colocar o fim à sua união com o rei, de tal forma que ele desafia todos, sendo que corta as suas relações com a Igreja Católica e adere à reforma protestante que vai ajudá-lo a se tornar no primeiro monarca a divorciar-se, mas que também vai marcar o futuro de toda a Inglaterra, criando assim, uma nova era para a religião deste país. Com a sua decisão de criar uma nova religião, neste caso, a protestante que não foi bem aceite por todos, Henry coloca em risco as ligações do reino com outros impérios europeus devido à sua obsessão por Anne Boleyn. Estas mudanças podiam levar a uma revolta por parte do seu povo e aqueles que não concordavam em seguir com esta religião, acabavam por ser perseguidos e quando fossem apanhados eram imediatamente condenados à morte.

 

Também é explorada a relação que Henry VIII tinha com os seus homens de confiança, entre eles, Charles Brandon, o Duque de Suffolk, melhor amigo e o maior confidente do rei, o Cardeal Wolsey, o filósofo Thomas More, o Thomas Cromwell, entre outros. Infelizmente para Henry, existiam aqueles que tinham planos muito bem preparados e organizados para que podiam ter um benefício próprio e por isso, aproveitavam-se da boa vontade do rei para colocarem em prática os seus planos e conseguirem alcançar os seus objetivos. Será que essas pessoas vão sofrer as consequências pelos seus atos?

Jonathan Rhys Meyers está de parabéns, pois tem um talento imperdível e faz um trabalho brilhante a desempenhar este rei e mostrando todos os lados da personalidade deste monarca.

Para garantir a dinastia Tudor era fundamental que Henry VIII tivesse um herdeiro masculino. Ao longo da altura em que acompanhamos a sua história e percebemos a dificuldade que ele tem em ter um filho como o seu sucessor, pois parece que existe uma possível falta de capacidade das rainhas não conseguirem dar à luz o que era preciso para a descendência de Henry. Será que isto é algum tipo de castigo divino e ele vai ter apenas mulheres na linha de sucessão?

O público vai tendo uma mistura de sentimentos perante o rei em que por vezes compreendemos determinados atos que ele tem de tomar e noutras situações, achamos que toma decisões precipitadas e até radicais.

 

The Tudors é uma história que apresenta as mulheres que se destacaram na vida do rei Henry VIII e os aliados e inimigos do mesmo, mas também é repleta de drama, alianças políticas que podem ser quebradas a qualquer momento, acordos diplomáticos que nem sempre resultavam bem, conspirações, conflitos, rumores que começam a surgir na corte até chegarem aos ouvidos do rei, momentos ousados e apaixonantes, traições, esquemas, dilemas, rivalidades, manipulações, cenas mais eróticas, guerra, violência, assassinatos, paixões, intrigas, invasões, ambições, poder, adultério, luxúria, disputas políticas, torturas, morte e muito mais. Também aborda a forma como funcionava o ambiente da corte inglesa no século XVI que é constituída por intrigas, jogos e traições e como o poder pode influenciar o comportamento de alguém e até chegando a um nível obsessão que pode levar a um estado de loucura.

 

O que não faltam são membros da corte a serem acusados de traição, maioritariamente conselheiros do rei que dava para perceber que eram umas autênticas cobras, pois estavam sempre a lançar o seu veneno para que conseguissem chegar aos seus objetivos. Num geral eram pessoas falsas que só queriam prejudicar e subirem a sua posição perante os outros, de tal forma que era difícil confiar em alguém, chegando a um ponto que se compreende a razão pela qual o rei tinha momentos de paranoia, porque não sabia com quem contar.

O papel que as mulheres tinham naquela época e na corte era curioso, principalmente aquelas que estavam associadas à família real. Muitas eram corajosas, determinadas e fortes, como foi o caso das rainhas Catherine de Aragão e Anne Boleyn e que tinham uma função a desempenhar. Cada uma das mulheres de Henry tinha a sua própria essência e temperamento, seja a Catherine de Aragão que tinha uma grande devoção pelo seu marido e até ao fim, ela acreditou que seria sempre a rainha de Inglaterra ou a Anne Boleyn que era uma mulher com fortes emoções que seduzia e manipulava as pessoas ao seu redor, mas não imaginava que também era manipulada pelos outros ou a Jane Seymour que tinha uma bondade indescritível e estas foram só alguns exemplos.

 

A história que é contada nesta série e gerou discussão não é fiel aos seus acontecimentos reais pela qual esta é baseada, sendo que há muitas mudanças, seja a nível de nomes, características físicas de determinadas personagens ou a nível de eventos que não ocorreram na realidade, nas quais algumas foram exageradas, acabando por não serem bem aceites pelo público, principalmente em Portugal com uma situação específica relacionada com um rei português que foi abordado neste drama. Por isso, aquilo que eu aconselho é verem com calma, mas sem que tenham de avaliar os erros históricos e incoerências que possam vir a surgir e também relembrar que determinadas situações foram criadas com o objetivo de atrair o público e quem sabe possa até vir a se tornar interessante.

 

The Tudors é uma das produções mais bem-sucedidas dos últimos tempos que mistura ficção com realidade com uma fotografia fantástica e com figurinos excecionais e exuberantes que tem uma banda sonora de Trevor Morris e um tema de abertura que fica sem dúvida na memória, seja com a música que é escolhida ou mesmo pela forma como cada membro do elenco vai sendo apresentado. Esta teve um bom equilíbrio durante o desenvolvimento da sua história, fazendo com que conseguisse cativar o espetador em momentos vitais da mesma, através de uma liberdade criativa que até teve alguns resultados interessantes. É um drama que atrai e envolve quem está a assistir, mesmo que tenha alguns episódios mais parados pelo meio, sendo constituído por uma cinematografia bem produzida, bons efeitos visuais e cenários muito bem construídos para se adequar à época, mostrando a elegância e requinte e todos os pormenores pertinentes que existiam no século XVI e assim, acabamos por ter uma noção de como era a sociedade inglesa neste período.

Está é uma época que sempre foi muito falada na história da monarquia britânica, sendo que já teve as suas diferentes adaptações de várias formas, mas mesmo assim, continua a criar curiosidade para o público que gosta de séries de época e de saber mais sobre a dinastia Tudor, pois sem dúvida que é algo que vale a pena ser contado. As falhas a nível de rigor histórico que neste caso não me incomoda até não causam grande impacto na qualidade desta produção e todo o trabalho envolvido que continua a ser falada, mesmo anos após ter terminado a sua quarta e última temporada.

 

Henry VIII foi uma figura marcante na história de Inglaterra e da dinastia Tudor e um apaixonado pelo seu país que se transformou no maior protestante, criando uma religião completamente nova para o seu reino que chegou a dividir o mesmo. Apesar de ter sido considerado como um rei cruel e louco que ficou obcecado pelo poder, porém ele viveu uma vida invulgar e intensa e foi constantemente atormentado por algumas das escolhas que fez no seu passado. Foi uma jornada que foi tendo os seus altos e baixos com triunfos e derrotas pelo meio que explorou os seus vários relacionamentos amorosos, mas que sem dúvida, destacou e marcou Inglaterra e todos os monarcas que governaram depois e assim, ele foi um dos reis mais importantes que existiu na história da monarquia britânica que deixou um legado que ninguém irá esquecer, onde ocorreu a decapitação de amigos e inimigos e guerras inevitáveis contra a Igreja Católica e outras nações.

Depois de ter acompanhado os Tudors que foi constituído por um bom elenco que desempenhou muito bem as suas personagens, esta série dramática criou uma vontade e curiosidade em saber como seria a continuação dos acontecimentos e muito mais, mas desta vez protagonizadas pelos filhos de Henry VIII, Edward, Mary e Elizabeth I. Será que algum dia vamos ter oportunidade de ver uma produção dedicada a estes membros da família? Eu espero bem que sim! Para além disso, eu posso admitir que fui uma daquelas pessoas que começou a pesquisar sobre a história desta família e as suas origens depois de ter terminado estas quatro temporadas.

The Tudors é uma série interessante, emblemática e maravilhosa que teve uma identidade própria que conseguiu entreter o seu público e é uma versão que eu tinha curiosidade em ver e não desiludiu, em que cria uma ligação com as personagens que nem sempre os livros têm a capacidade de o fazer e também foi uma boa surpresa, todas as representações visuais mostradas de uma das histórias mais populares e conhecidas da monarquia inglesa.

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