Uma
das adaptações mais esperadas de 2025 chegou à plataforma de streaming da Netflix.
Frankenstein é a próxima produção realizada pelo icónico Guillermo del
Toro, tendo sido baseada na criação da Mary Shelley.
O
elenco é constituído por Oscar Isaac, Jacob Elordi, Mia Goth, Christopher
Waltz, Charles Dance, Felix Kammerer, David Bradley, Lars Mikkelsen e Christian
Convery.
Tudo
é desenrolado ao redor do Dr. Victor Frankenstein que quer criar vida
nova a partir da morte, sem prever o que viria a seguir. Em uma história com
dois lados, quem realmente é o monstro?
Já
houve diversas versões desta figura tão enigmática e popular. No entanto, quando
foi anunciado que iríamos ter uma nova visão nas mãos do grande Guillermo del
Toro, a expetativa para assistir era elevada. Mas será que este cineasta irá deixar
a sua marca impactante o suficiente para transformar Frankenstein em
algo que ainda não tenhamos visto?
Primeiramente,
a história é dividida em duas partes, sendo que a primeira parte do filme é
contada do ponto de vista do cientista, o Victor Frankenstein. E ao
longo desse período há alguma incerteza em relação ao quanto é credível a
história de Victor, onde pode ser questionado se existe realmente uma criatura.
Já a segunda parte é dedicada a vermos pelos olhos da criação de Victor.
No final, acabamos por acompanhar um tipo de dinâmica familiar invulgar e complexa.
Relativamente
a Victor, ele é aquele tipo de personagem principal que se torna o vilão
e muito disso, está relacionado com as consequências dos seus atos, devido àquilo
que passou na sua infância, principalmente com o seu pai e chegando a um ponto
que parece um género de dor geracional que ocorreu e que passou entre gerações.
Ele tinha o objetivo de ultrapassar os conhecimentos e habilidades do seu pai e
criar algo único no mundo. Além disso, ele é alguém que tinha uma dor muito profunda
e queria muito que o seu irmão o amasse.
Enquanto
conta o seu lado da história, nós conseguimos de certa forma, entender a dor de
Victor e a obsessão dele em criar o homem perfeito. Inicialmente, ele
teve uma visão que se transformou numa ideia que ganhou forma na sua mente e
desde aí, foi inexorável até se tornar verdade. Até mesmo nas etapas iniciais
que ele testou num público específico, parte do que lhes iria dizer seria um
facto. Porém, outra parte não, sendo que tudo acaba por tornar-se numa verdade absoluta.
Agora,
depois de ter concretizado o seu desejo e ter superado os limites da ciência, Victor
acreditou plenamente que criou algo verdadeiramente horrível e tinha
determinado que a memória dos seus males deveria morrer consigo. Na opinião
dele, ele ao procurar a vida, acabou por criar a morte. Mas, será isso mesmo
verdade? Será que o grande Victor Frankenstein cometeu um erro? Uma
coisa é certa. Ele não considerou o que viria após a criação e é preciso
destacar o Oscar Isaac que teve uma performance excelente em transmitir a
personalidade peculiar e toda a loucura e destruição deste Victor. E
para saber as respostas às perguntas feitas anteriormente, é essencial que se
conheça a versão da sua criatura.
Afinal
que criatura é esta? Em primeiro lugar, é completamente diferente daquilo que
já tivemos a oportunidade de assistir noutras adaptações e ao longo do filme
percebemos a razão para esta conclusão. Depois do criador dele ter contado a
sua história, agora ele vai contar a dele.
Esta
é uma criatura feita de pedaços de cadáveres de um campo de batalha que Victor
Frankenstein monta como se fosse um puzzle. Ele é um tipo de ser original e
é claramente composto por pessoas diferentes, sendo que se recorda de
fragmentos e de memórias de vários homens. No entanto, desde o início há uma
pureza nele que nos identificamos imediatamente, criamos empatia e em certos
momentos, começamos a torcer por ele.
Enquanto
isso, há quem o considere como um monstro como é o caso de Victor
Frankenstein, o criador dele. E tal como qualquer ser humano, quando alguém
tem medo de algo e neste caso, de alguém, a tendência é caçar e matar apenas
por ser uma criatura fragmentada e discriminada e também tudo o que possa ser considerado
como desconhecido.
Temos
a possibilidade de ver o desenvolvimento difícil desta criatura que bastava uma
palavra ou um simples olhar para se compreender o que estava a sentir. Apesar
de ter sido maltratado e excluído por Victor, ele simplesmente queria
uma companheira ao seu lado para viver em paz. E caso o amor lhe fosse negado,
então iria entregar-se à ira e o principal alvo seria o seu criador.
Para
este tipo de personagem já adaptado diversas vezes, sabia-se que precisava de
se ver alguém com potencial e que conseguisse prender a atenção do público.
Jacob Elordi encarnou com tanta elegância e dedicação esta criatura e à medida
que a história foi ocorrendo, o seu próprio movimento corporal é pensado numa maneira
diferente, sendo que depois lhe deu mais expressividade e realidade.
Frankenstein é uma obra eletrizante e arrebatadora
que nos proporciona uma experiência imersiva e nos apresenta com inteligência,
uma visão louca e espetacular desta trama passada no século XIX. Esta não é
apenas uma história de um cientista brilhante que foi capaz de criar vida e
muitas outras coisas. É também retratada a fragmentação do ser humano, o luto, a
relação complexa de pais e filhos, a solidão e isolamento e a necessidade de
pertencer e de ser amado. E também está a ser contada histórias de pessoas
cheias de maldade que têm uma ambição sem limites e são cruéis e egoístas. E tudo
isto é uma forma mais real de ver o mundo e entender cada história.
Automaticamente
faz questionar-nos não só o mundo e a humanidade, mas também a nossa própria
identidade. Quem sou eu e porque estou aqui? Afinal, qual é o meu propósito? Podemos
encontrar redenção? E também nos transmite a ideia de amar uma personagem que é
imperfeita e de perdoar essas imperfeições.
Guillermo
del Toro deu tudo de si nesta produção, sendo que para mim estava destinado a
fazer Frankenstein e a transformá-lo atualmente num dos seus filmes mais
bonitos visualmente. Era mesmo inevitável isso acontecer, pois ele já estava a
pensar há muito tempo na sua visão perante o livro de Mary Shelley. E dá para
ver que também tinha uma estratégia muito precisa de como decidiu filmar este
filme, enquanto mostrava o amor que tem por ele, sendo que fez coisas que
normalmente um realizador não faz e estava disposto a correr mais riscos.
Apesar
de existirem mudanças em relação a diferentes adaptações de Frankenstein,
este cineasta queria impulsionar a sua visão e encontrou uma maneira de
permanecer fiel ao romance original, mas moldando de acordo com a sua marca, o
seu estilo e a sua maneira de demonstrar emoções. E são muito poucos os
cineastas que realmente são capazes de criar mundos e proporcionar uma
experiência única ao espetador.
Frankenstein possui uma energia própria envolvida
numa história comovente que é fluída e repleta de espontaneidade. E é uma
homenagem a um ambiente gótico combinado com o sobrenatural que automaticamente
relacionamos com este mundo. Além disso, mergulhamos profundamente para o mundo
de Frankenstein, graças ao trabalho brilhante a nível do design de
produção, cinematografia, guarda-roupa muito adequado à época representada,
maquilhagem e banda sonora com música que faz amplificar as emoções do filme e
as loucuras da situação que está a acontecer no momento. Também a iluminação
estava muito bem incorporada e os efeitos especiais foram ótimos. Assim, todos
estes elementos juntos foram fulcrais para funcionarem em conjunto e assim,
darem vida a esta obra impressionante e com uma ótima qualidade.
Um
desses exemplos, vai para os cenários que foram construídos. Estes foram
fundamentais para definirem o tom em que como seria esta adaptação de Frankenstein.
A cela da criatura foi construída de raiz e o laboratório é o derradeiro
cenário onde a criação acontece. O laboratório era um local completamente louco
com muitas partes de cadáveres e sangue espalhados por todo o lado, sendo que Victor
fez o que fosse necessário para provocar uma tempestade e relâmpagos. E claro
que não faltaram explosões e muito mais.
Outra
coisa que gostaria de destacar e que dá para perceber o trabalho espantoso de cenografia
foi o navio preso no gelo do Ártico, onde se dá grande parte da ação. E fiquei
ainda, mais surpreendida pela positiva, por saber que construíram o navio de
verdade, tanto o interior, como o exterior. Este acaba por ser um dos grandes símbolos
desta produção.
A obra deste génio que é o Guillermo del Toro é mesmo digna de se ver e é apresentada em grande escala como este mundo funciona, levando a momentos muito ativos de loucura e a cenas brutalmente violentas, transmitindo todo o tipo de emoções e também mostrando a importância que era contar a história da criatura. E para além disso, acredito que vai permanecer para sempre na memória de muitos admiradores deste universo do Frankenstein.











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