Parece
que todo o mundo conhece Jay Kelly, exceto ele mesmo.
Jay
Kelly é uma das
produções mais recentes da Netflix que é realizada por Noah Baumbach.
O elenco conta
com George Clooney, Adam Sandler, Laura Dern, Billy Crudup, Riley Keough, Grace
Edwards, Stacy Keach, Jim Broadbent, Patrick Wilson, Eve Hewson, Greta Gerwig,
Alba Rohrwacher, Josh Hamilton, Lenny Henry, Emily Mortimer, Nicôle Lecky,
Thaddea Graham, Isla Fisher, Louis Partridge e Charlie Rowe.
A
grande estrela de cinema, Jay Kelly embarca numa jornada de autodescoberta
inesperadamente intensa, profunda e transformadora pela Europa e na companhia de
Ron, o seu agente bastante dedicado. Ao longo deste percurso, esta dupla
questiona as suas escolhas de vida, relações familiares e o impacto que
causaram no mundo. E assim, eles terão de lidar, tanto com o presente, como com
o passado.
Ao
longo deste drama, podemos observar o protagonista a reavaliar as suas escolhas
de vida que tiveram um impacto duro na sua vida pessoal.
Para
muitos ele é o sonho americano e um herói do cinema, sendo que consideram
magico o que ele faz, enquanto brilha em qualquer lugar em que esteja presente
e por isso, o mundo quer que este artista continue a fazer filmes.
Logo
no início, conhecemos Jay num ponto de viragem da sua vida, pois é
devido a uma sequência de acontecimentos que fazem com que ele decida fazer uma
viagem. Tudo isto, porque ele debate-se com as escolhas que fez na vida e com
as prioridades que definiu, onde também inclui as suas relações com a família e
as suas amizades. E chega alturas em que lhe apetece simplesmente desistir.
Jay está a entrar nos últimos anos da sua
carreira, onde ele tem feito muita gente feliz e significa muito para muitas
pessoas. Porém, aos poucos começa a aceitar a ideia de que se calhar ele não
tenha sido um bom pai e amigo, porque teve de fazer determinadas escolhas e por
tudo aquilo que ele fez e que não fez.
Por
isso, pela primeira vez, ele enfrenta tudo de uma forma mais clara, enquanto é
roído de preocupação, arrependimento e culpa que vai combinando com momentos de
ansiedade. E são muitos os pensamentos que lhe passam pela cabeça, como o facto
de estar a chegar o momento de partida da filha dele e sentir que não passou tempo
suficiente com ela. Apesar de ele dizer que há várias alturas em que ele está
sozinho, o contrário é mostrado de um modo divertido.
Depois
de ter sempre vivido na sua bolha como se de um cenário de um filme se
tratasse, ele decide sair para o mundo com uma enorme vontade em querer voltar
a ligar-se e sair com as pessoas. Uma das suas ideias que é de loucos para
muitos, é ele viajar num comboio na Europa, algo que não fazia há muitos anos e
onde qualquer pessoa poderia interagir com ele.
Com
Jay Kelly vemos um pouco da loucura que envolve uma estrela de cinema, mostrando
com convicção como é difícil sermos nós próprios, principalmente quando se é o
Jay Kelly, sendo que acompanhamos a posição dele na sua jornada. Esta
jornada mostra que a vida de artista não é um mar de rosas, principalmente para
aqueles ao seu redor, como é o caso de Ron, o seu agente.
Através
de Ron, conseguimos perceber que o trabalho de um agente de um ator de
cinema não é nada fácil e que implica muitas vezes fazer sacrifícios e estar longe
da família dele. Não importa que compromissos que ele tivesse avisado com
antecedência, se Jay estivesse a ter um esgotamento nervoso ou outra
coisa qualquer, então Ron teria de largar tudo e correr num instante
para o seu cliente. É garantido que todos precisam do Ron, maioritariamente
Jay, pois é ele que está sempre presente e resolve tudo o que for
preciso.
Aqui
vemos Adam Sandler a interpretar este Ron que nos apresenta a capacidade
de versatilidade deste ator. Claro que estamos mais habituados a vê-lo em
registos mais cómicos, mas neste caso é uma ótima surpresa e espero que ele
possa desempenhar mais personagens com um tom mais dramático. Desde o início
que a pessoa se identifica com esta personagem, comove-se, cria empatia e
coloca-se no lugar dele, imaginando em determinadas situações, o que faria no
lugar dele. E também é interessante acompanhar a dinâmica dele com Jay Kelly.
Importante
destacar que a performance de Adam Sandler merece o seu devido reconhecimento,
sendo que foi nomeado na categoria de Melhor Ator Secundário para os Critics
Choice Awards, Gotham Awards e os Golden Globes por esta sua prestação.
Jay
Kelly apresenta uma
transformação cinematográfica que é bonita e convidativa que mantém as pessoas
motivadas e proporciona uma representação de uma luta interna e ainda, uma reflexão
sobre escolhas, fama, valores morais e sobre a questão da identidade.
Uma
das surpresas mais criativas foi nesta aventura de Jay Kelly, o modo
como representaram as suas memórias, ou seja, como se tivéssemos um filme
dentro da cena de outro filme. Ao longo desta história, ele começa a
relembrar-se de coisas e questiona-se se deu valor às coisas certas, sendo que
a maior parte das memórias dele estão relacionadas com filmes onde participou.
Temos
aqui a filmagem de muitos planos num só movimento e um cenário que ganha forma
numa perspetiva que não estamos tão habituados a ver que entrega uma boa
sincronização. Durante as cenas em que o protagonista está a relembrar-se, a
sensação é que estamos a passar por diferentes portais, onde inicialmente
estamos num sítio e de repente somos transportados para outro completamente distinto.
Ele está a ver-se a si mesmo em jovem e camadas da sua realidade, enquanto está
a mostrar ao público a sua jornada que ele acredita que tudo o que passou tem
de ter algum significado.
Além
disso, vai sendo abordado o tributo que ele no fim irá receber e é interessante
darem-nos a oportunidade de observar o próprio Jay Keller a ver a vida
dele a passar diante dos seus olhos, onde gera camadas subtis de emoções, tanto
para ele, como para o público a assistir.
Outro
dos destaques também vai para o facto de conseguirmos assistir aos bastidores
de como é fazer um filme, mesmo que seja por uns instantes. E ainda, vai para a
banda sonora inserida neste filme que tem autenticidade, não é nada forçada e
que toca num tom familiar e revigorante que encaixa na perfeição, fica no
ouvido e que faz realmente desfrutar deste som melódico.
Por isso, Jay Kelly até pode não agradar a todos, mas à sua maneira está a reconhecer a nossa humanidade nos seus prós e nos seus contras e como é muito mais fácil sermos outra pessoa. E realça com energia e garra, um sentimento mais pessoal e íntimo dos seus protagonistas e faz com que queiramos conhecer melhor as personagens e fazer esta viagem com elas.
Para terminar, A Geek Traveller esteve presente uns dias durante o BFI London Film Festival, onde o icónico Royal Festival Hall também recebeu Noah Baumbach, George Clooney, Adam Sandler, entre outros para apresentar este drama da Netflix.
A energia e o ambiente em si foram também a loucura – mais um momento único para qualquer fã de cinema! Por isso, partilho com vocês, o vídeo exclusivo da Premiere de Jay Kelly em Londres.







































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