domingo, 14 de dezembro de 2025

Jay Kelly proporciona uma representação de uma luta interna e ainda, uma reflexão sobre escolhas, fama, valores morais e identidade

 

Parece que todo o mundo conhece Jay Kelly, exceto ele mesmo.

Jay Kelly é uma das produções mais recentes da Netflix que é realizada por Noah Baumbach.

O elenco conta com George Clooney, Adam Sandler, Laura Dern, Billy Crudup, Riley Keough, Grace Edwards, Stacy Keach, Jim Broadbent, Patrick Wilson, Eve Hewson, Greta Gerwig, Alba Rohrwacher, Josh Hamilton, Lenny Henry, Emily Mortimer, Nicôle Lecky, Thaddea Graham, Isla Fisher, Louis Partridge e Charlie Rowe.

A grande estrela de cinema, Jay Kelly embarca numa jornada de autodescoberta inesperadamente intensa, profunda e transformadora pela Europa e na companhia de Ron, o seu agente bastante dedicado. Ao longo deste percurso, esta dupla questiona as suas escolhas de vida, relações familiares e o impacto que causaram no mundo. E assim, eles terão de lidar, tanto com o presente, como com o passado.

Ao longo deste drama, podemos observar o protagonista a reavaliar as suas escolhas de vida que tiveram um impacto duro na sua vida pessoal.

Para muitos ele é o sonho americano e um herói do cinema, sendo que consideram magico o que ele faz, enquanto brilha em qualquer lugar em que esteja presente e por isso, o mundo quer que este artista continue a fazer filmes.

Logo no início, conhecemos Jay num ponto de viragem da sua vida, pois é devido a uma sequência de acontecimentos que fazem com que ele decida fazer uma viagem. Tudo isto, porque ele debate-se com as escolhas que fez na vida e com as prioridades que definiu, onde também inclui as suas relações com a família e as suas amizades. E chega alturas em que lhe apetece simplesmente desistir.

Jay está a entrar nos últimos anos da sua carreira, onde ele tem feito muita gente feliz e significa muito para muitas pessoas. Porém, aos poucos começa a aceitar a ideia de que se calhar ele não tenha sido um bom pai e amigo, porque teve de fazer determinadas escolhas e por tudo aquilo que ele fez e que não fez.

Por isso, pela primeira vez, ele enfrenta tudo de uma forma mais clara, enquanto é roído de preocupação, arrependimento e culpa que vai combinando com momentos de ansiedade. E são muitos os pensamentos que lhe passam pela cabeça, como o facto de estar a chegar o momento de partida da filha dele e sentir que não passou tempo suficiente com ela. Apesar de ele dizer que há várias alturas em que ele está sozinho, o contrário é mostrado de um modo divertido.

Depois de ter sempre vivido na sua bolha como se de um cenário de um filme se tratasse, ele decide sair para o mundo com uma enorme vontade em querer voltar a ligar-se e sair com as pessoas. Uma das suas ideias que é de loucos para muitos, é ele viajar num comboio na Europa, algo que não fazia há muitos anos e onde qualquer pessoa poderia interagir com ele.

Com Jay Kelly vemos um pouco da loucura que envolve uma estrela de cinema, mostrando com convicção como é difícil sermos nós próprios, principalmente quando se é o Jay Kelly, sendo que acompanhamos a posição dele na sua jornada. Esta jornada mostra que a vida de artista não é um mar de rosas, principalmente para aqueles ao seu redor, como é o caso de Ron, o seu agente.

Através de Ron, conseguimos perceber que o trabalho de um agente de um ator de cinema não é nada fácil e que implica muitas vezes fazer sacrifícios e estar longe da família dele. Não importa que compromissos que ele tivesse avisado com antecedência, se Jay estivesse a ter um esgotamento nervoso ou outra coisa qualquer, então Ron teria de largar tudo e correr num instante para o seu cliente. É garantido que todos precisam do Ron, maioritariamente Jay, pois é ele que está sempre presente e resolve tudo o que for preciso.

Aqui vemos Adam Sandler a interpretar este Ron que nos apresenta a capacidade de versatilidade deste ator. Claro que estamos mais habituados a vê-lo em registos mais cómicos, mas neste caso é uma ótima surpresa e espero que ele possa desempenhar mais personagens com um tom mais dramático. Desde o início que a pessoa se identifica com esta personagem, comove-se, cria empatia e coloca-se no lugar dele, imaginando em determinadas situações, o que faria no lugar dele. E também é interessante acompanhar a dinâmica dele com Jay Kelly.

Importante destacar que a performance de Adam Sandler merece o seu devido reconhecimento, sendo que foi nomeado na categoria de Melhor Ator Secundário para os Critics Choice Awards, Gotham Awards e os Golden Globes por esta sua prestação.

Jay Kelly apresenta uma transformação cinematográfica que é bonita e convidativa que mantém as pessoas motivadas e proporciona uma representação de uma luta interna e ainda, uma reflexão sobre escolhas, fama, valores morais e sobre a questão da identidade.

Uma das surpresas mais criativas foi nesta aventura de Jay Kelly, o modo como representaram as suas memórias, ou seja, como se tivéssemos um filme dentro da cena de outro filme. Ao longo desta história, ele começa a relembrar-se de coisas e questiona-se se deu valor às coisas certas, sendo que a maior parte das memórias dele estão relacionadas com filmes onde participou.

Temos aqui a filmagem de muitos planos num só movimento e um cenário que ganha forma numa perspetiva que não estamos tão habituados a ver que entrega uma boa sincronização. Durante as cenas em que o protagonista está a relembrar-se, a sensação é que estamos a passar por diferentes portais, onde inicialmente estamos num sítio e de repente somos transportados para outro completamente distinto. Ele está a ver-se a si mesmo em jovem e camadas da sua realidade, enquanto está a mostrar ao público a sua jornada que ele acredita que tudo o que passou tem de ter algum significado.

Além disso, vai sendo abordado o tributo que ele no fim irá receber e é interessante darem-nos a oportunidade de observar o próprio Jay Keller a ver a vida dele a passar diante dos seus olhos, onde gera camadas subtis de emoções, tanto para ele, como para o público a assistir.  

Outro dos destaques também vai para o facto de conseguirmos assistir aos bastidores de como é fazer um filme, mesmo que seja por uns instantes. E ainda, vai para a banda sonora inserida neste filme que tem autenticidade, não é nada forçada e que toca num tom familiar e revigorante que encaixa na perfeição, fica no ouvido e que faz realmente desfrutar deste som melódico.

Por isso, Jay Kelly até pode não agradar a todos, mas à sua maneira está a reconhecer a nossa humanidade nos seus prós e nos seus contras e como é muito mais fácil sermos outra pessoa. E realça com energia e garra, um sentimento mais pessoal e íntimo dos seus protagonistas e faz com que queiramos conhecer melhor as personagens e fazer esta viagem com elas.

Para terminar, A Geek Traveller esteve presente uns dias durante o BFI London Film Festival, onde o icónico Royal Festival Hall também recebeu Noah Baumbach, George Clooney, Adam Sandler, entre outros para apresentar este drama da Netflix.

A energia e o ambiente em si foram também a loucura – mais um momento único para qualquer fã de cinema! Por isso, partilho com vocês, o vídeo exclusivo da Premiere de Jay Kelly em Londres.



segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Entrevista exclusiva ao elenco da série portuguesa "Lua Vermelha: Nova Geração"

 

Depois de cerca de 15 anos depois, Lua Vermelha, uma das séries de vampiros mais icónicas da televisão portuguesa está de regresso. Com Lua Vermelha: Nova Geração que é inspirada no universo que conquistou milhares de fãs em 2010, esta nova aposta promete combinar o ADN original com uma abordagem mais contemporânea, com o objetivo não só de cruzar fronteiras, mas também de dar a conhecer novos talentos.

A primeira temporada foi lançada a 31 de outubro, sendo que já tem uma segunda temporada confirmada. E fez parte do top das séries mais vistas nas plataformas de streaming da Opto e da Prime Video.  

O elenco do reboot desta série juvenil conta com os regressos de Mafalda Luís de Castro (Isabel), Rui Porto Nunes (Afonso), António Camelier (Henrique) e Catarina Mago (Beatriz).

Já o novo elenco é constituído pela Inês Pires Tavares (Sofia), Rui Pedro Silva (Tomás), Henrique Mello (Lucas), Bia Wong (Sun), Rita Bretão (Beni), Henrique de Carvalho (Hélio), Sofia Arruda (Teresa), Carolina Carvalho (Eunice), André Leitão (Francisco), Rui Unas (Sancho), Oceano Basílio (Brigida) e Miguel Damião (Otelo).

Em Lua Vermelha: Nova Geração, dezasseis anos após deixarem o passado para trás, Afonso e Isabel veem a sua vida tranquila em Sintra abalada, quando a sua filha, Sofia, se torna o centro de uma nova ameaça sobrenatural. Dotada de dons especiais e ligada a uma guerra ancestral sem o saber, Sofia terá de descobrir segredos escondidos e enfrentar uma força obscura que pode destruir a humanidade. À medida que o perigo se aproxima, os pais já não conseguem continuar a esconder-lhe a verdade. 

Na 2ª edição do Tribeca Festival Lisboa 2025, o elenco esteve à conversa com A Geek Traveller, onde partilharam mais sobre o que podemos esperar das suas personagens, como foi a experiência em participar nesta série e muito mais...

Um agradecimento à Inês Pires Tavares, Rui Pedro Silva, Henrique Mello, Mafalda Luís de Castro, Bia Wong, Rui Porto Nunes, António Camelier e Catarina Mago pela disponibilidade em responderem às minhas perguntas. E um obrigada à Prime Video Portugal pela oportunidade!

De seguida, partilho com vocês a conversa completa com o elenco da série portuguesa, Lua Vermelha: Nova Geração. E ainda, um vídeo, onde estes atores descrevem a série em 3 palavras. 




sábado, 6 de dezembro de 2025

A minha experiência na 2ª edição do Tribeca Festival Lisboa 2025

 

Depois da sua estreia em Portugal, a 2ª edição do Tribeca Festival Lisboa está de regresso à capital portuguesa no Unicorn Factory para conversas ao vivo inspiradoras, podcasts, convidados nacionais e internacionais e a estreia de filmes e séries para todos os gostos.

Desta vez, este evento ocorreu ao longo de 3 dias pelo Beato Innovation District, sendo que as datas escolhidas foram 30 e 31 de outubro e 1 de novembro.

Durante estes três dias, este festival continuou a ter uma programação repleta de Talks, Podcasts e visionamentos nacionais e internacionais que criaram vontade em assistir. Enquanto no ano passado, chegaram alturas em que a pessoa podia ter dificuldades em escolher aquilo que mais queria assistir, já este ano, isso aconteceu com uma menor frequência. De vez em quando, aconteceram momentos em que se tentava conciliar entre atividades que estavam a acontecer ao mesmo tempo, mas não foi com a mesma intensidade que na edição passada.

Muito disso pode também ter a ver com os gostos de cada um, sendo que no meu caso, não senti que estivesse sempre a correr de um lado para o outro. No entanto, quando optamos por ir assistir a alguns dos filmes disponíveis neste festival, isso até podia vir a acontecer.

Na primeira edição, optei por assistir apenas a um filme que foi Anora, no qual devido a incompatibilidades de horários, não tive a oportunidade de vê-lo nesse dia completo. Enquanto neste ano, acabei por estar mais presente nas sessões de cinema.  

Perante a sua primeira edição, já tinha sido feita algumas queixas em relação à preparação do recinto, principalmente a nível do visionamento de filmes. Mas será que houve alguma melhoria?

Relativamente aos locais escolhidos para os visionamentos das produções, tanto nacionais, como internacionais, tivemos novidades. O público dividiu-se entre duas novas salas de cinema: The Theater by Toyota no Teatro Ibérico e The Chapel by Betclic no Convento do Beato.

A escolha em si foi bastante acertada, na qual melhorou significativamente as condições, o conforto e a experiência do espetador. Contudo, o facto de as salas em questão serem um pouco distantes uma da outra e do recinto principal não ajudou, principalmente em dias de chuva. Mesmo assim, compensou essa mudança e a adição da oferta de pipocas à porta de cada espaço foi uma mais-valia.

Para este ano, mais uma vez, o Tribeca Festival Lisboa trouxe uma seleção de filmes nacionais e internacionais para todos os gostos que prometia surpreender os visitantes. A conclusão foi que muitas das sessões estavam completamente cheias, onde algumas até esgotaram.

A sala de cinema que frequentei mais foi The Chapel, onde fui assistir aos filmes In The Head Of Dante com a realização de Julian Schnabel, Dreams com a realização de Michel Franco que tem Jessica Chastain como a protagonista (acompanhado depois por um Q&A com o realizador), Eleanor The Great, o primeiro filme realizado pela Scarlett Johansson. E também tive presente na apresentação da série Sandokan: The Pirate Prince, onde foi exibido o seu primeiro episódio e de seguida, houve um Q&A com a presença exclusiva do ator Ed Westwick.

Já no Teatro Ibérico acabei por ir só ver o filme Honeyjoon que venceu o prémio na edição deste ano do Tribeca em New York. E de seguida, também houve um Q&A com a presença da realizadora Lillian T. Mehrel e do protagonista José Condessa.

Uma boa parte do meu tempo também foi passada no Lisbon Stage by Meo, onde decorreram várias Talks, sendo que tive a chance de assistir a mais conversas pertinentes e interessantes. Nestas Talks tiveram a presença de nomes, tais como, Giancarlo Esposito, Edie Falco, Veronica Falcón, Joaquim de Almeida, Daniela Ruah, Meg Ryan, Kim Cattrall, Edie Falco, Piper Perabo, José Condessa, Margarida Marinho, Afonso Pimentel, entre outros.   

Agora, se tivesse de escolher qual foi o maior destaque desta segunda edição do Tribeca Festival Lisboa, então seria sem dúvida, a Talk do Villans We Love To Hate: The Rise Of The AntiHero. Esta foi realizada logo no primeiro dia do festival, tendo sido moderada por Daniela Ruah e teve como convidados: Giancarlo Esposito, Joaquim de Almeida e Veronica Falcón.

Eu sou daquelas pessoas que fica cativada com o desempenho e o desenvolvimento da história de alguns vilões ou anti-heróis. Um desses exemplos foi a performance de Giancarlo Esposito como Gus Fring nas séries, Breaking Bad e Better Call Saul e também a da Veronica Falcón como Camila Vargas na série, The Queen of the South.

Ouvi-los foi uma enorme inspiração, sendo que partilharam testemunhos muito interessantes, a experiência que estiveram a interpretar estas personagens e ainda contaram histórias divertidas.

Esta foi a Talk que mais me entreteu e que me trouxe uma energia incrível e momentos em que me fartei de rir! E muito disso foi devido a estes convidados espetaculares.

Este festival também teve uma área dedicada aos podcasts, onde fui assistir no The Studio a uma conversa dedicada à “Geração 60” que teve a participação de José Raposo e Luísa Cruz e com a moderação de Conceição Lino.

No entanto, gostaria de destacar o Podcast “Quatro à Conversa” que teve a presença de Luís Ungaro, João Miguel Salvador e Paulo Dimas, sendo que o tema central foi o papel da Inteligência Artificial no dia a dia. Durante este momento, foi-nos mostrado um exemplo dos benefícios do uso da inteligência artificial. O facto de ter existido espaço para conversas relacionadas com vários assuntos relacionados com a tecnologia e a utilização da inteligência artificial foi uma excelente ideia.

Numa perspetiva de imprensa foi mais uma vez uma experiência gratificante e muito positiva, no qual conseguiu melhorar ainda mais as condições oferecidas à comunicação social. Outro ponto positivo foi a proximidade, disponibilidade e acesso que os convidados tiveram com a imprensa e onde tivemos a oportunidade de conversar de uma forma mais descontraída e simples, fazendo perguntas maioritariamente relacionadas com as suas carreiras e sobre assuntos relevantes.

Na minha opinião, poderia ter havido uma programação mais diversificada, principalmente nos temas das Talks, em comparação com o ano passado. Contudo, continuo a realçar que houve uma variedade de conteúdos dirigida para todos os gostos e que também, deu para se assistir a filmes muito distintos entre si. No meu caso, sei que ainda havia muito mais painéis, podcasts e muito mais que poderia ter visto, mas não deu tempo para tudo.

Mesmo assim, as minhas escolhas proporcionaram-me um bom entretenimento.

Além disso, para mim, as Talks em que o Giancarlo Esposito participou e a respetiva conferência de imprensa tornaram-se facilmente dos meus momentos favoritos deste evento, onde partilhou muitas das suas opiniões não só sobre o seu trabalho em interpretar antagonistas, mas também pelas reflexões profundas sobre aquilo que realmente importa.

O Tribeca Festival Lisboa conseguiu mais uma vez proporcionar momentos de storytelling únicos que acaba por nos ensinar lições bem úteis. E também acabamos por nos identificar com muito daquilo que ouvimos nestas Talks.

Esta segunda edição trouxe-me mais uma vez uma ótima experiência, principalmente a nível de melhorias nas condições dos recintos. E agora que venha mais melhorias, novidades, surpresas e a próxima edição já confirmada do Tribeca Festival Lisboa com mais produções impactantes e nomes de talentos nacionais e internacionais, para que possamos celebrar todos juntos mais um ano de cinema, storytelling e muito mais.

Para concluir, deixo aqui um agradecimento pelas oportunidades, confiança e apoio que me foram proporcionados ao longo do festival.

Querem ver mais conteúdos sobre o Tribeca Festival Lisboa 2025? Aqui têm:

PS: Esta lista de conteúdos deste evento ainda será atualizada! Mais artigos brevemente!

Também podem assistir a mais vídeos relacionados com o festival na conta do YouTube! Ver AQUI!

De seguida, partilho um vídeo com os melhores momentos desta 2ª edição e algumas fotografias tiradas durante a cobertura deste evento!