quarta-feira, 22 de abril de 2020

Crítica ao filme "Coffee & Kareem" disponível na Netflix


Neste período de quarentena temos tendência a ver filmes que nos possam distrair de alguma forma, como por exemplo, os de comédia. O filme “Coffee & Kareem” é a mais recente aposta da plataforma da Netflix, que foi responsável pela sua produção, com o objetivo de partilhar alguns momentos de diversão ao espetador. Tem o argumento de Shane Mack e a realização de Michael Dowse.

Esta história desenrola-se na cidade de Detroit, onde conta a vida de um agente da polícia que se chama Coffee (Ed Helms), que trabalha com uma inspetora da polícia chamada Watts (Betty Gilpin) e que aproveita cada oportunidade para o humilhar. Para além disso, namora com Vanessa (Taraji P. Henson), que tem um filho de 12 anos chamado Kareem (Terrence Little Gardenhigh). Um dia, Kareem (Terrence Little Gardenhigh) apanha a sua mãe a fazer relações sexuais com o seu mais recente namorado, e para terminar este namoro, irá fazer os possíveis para se vingar, arranjando forma de ser Coffee a ir buscá-lo à escola. E enquanto está com Coffee vai até ao esconderijo de um dos maiores criminosos da cidade para pedir a sua ajuda para dar uma lição ao Coffee sem que este saiba, mas não contava testemunhar o homicídio de um agente da polícia corrupto. Acaba por recorrer à ajuda de Coffee para o ajudar a sobreviver e a proteger a sua mãe. Coffee e Kareem acabam também por descobrir uma conspiração muito maior do que eles pensavam.

O elenco é constituído por: Ed Helms (Coffee); Terrence Little Gardenhigh (Kareem); Taraji P. Henson (Vanessa); Betty Gilpin (Watts); David Alan Grier (Walter Hill); RoReaco Lee (Orlando), entre outros. 

Neste filme temos um pouco de tudo, desde explosões, perseguições em alta velocidade, cenas de luta que acontecem durante uma chuva de cocaína ou outras cenas de ação extremamente exageradas.

Coffee e Kareem têm personalidades muito distintas e com uma relação de amor e ódio, mas com o desenrolar da história acaba por haver uma aprendizagem e uma evolução positiva na relação de ambos, pois acabam por resolver as diferenças que têm um com o outro, para assim se unirem num objetivo comum. Acaba por haver alguma química entre as personagens, mas não é o suficiente para cativar. Esta relação poderia ter tudo para dar certo e provocar algumas gargalhadas, mas não foi o que aconteceu.

Coffee acaba por ser uma personagem muito ingénua e com bom coração, mas ao mesmo tempo incompetente no seu trabalho, onde por vezes atrapalha mais do que ajuda e nem sempre tem essa noção. Acaba por ser o alvo de gozo na polícia e depois torna-se o responsável pela fuga de um dos bandidos mais perigosos da cidade, acabando por sofrer as consequências. São várias as dificuldades que vai passando, incluindo conciliar a sua relação com Vanessa com a de Kareem, que nem sempre corre da melhor forma. Para além disso, também terá de lidar com o ódio que o filho da sua namorada negra tem contra a polícia e especificamente por ele ser um homem branco. 

Achei que o personagem do Kareem era muito irritante e pouco interessante, tornando-se cansativo para o espetador, da forma forçada e exagerada, que foi interpretada. É um miúdo de 12 anos que se considerava um gangster, com uma linguagem muito específica, onde não havia limite para as asneiras e palavrões que dizia, de um modo que fazia perder a piada rapidamente. Apesar de ter um conhecimento absurdo de determinados assuntos, haviam muitas atitudes deste que não correspondiam a um rapaz da sua idade e sendo alguém que acaba por dizer tudo o que pensa, sem sofrer qualquer tipo de consequências. 

Infelizmente, acaba por não ter o mesmo brilho que muitas comédias dos anos 80. Para além de ser um filme bem previsível, tentam forçar algo que acaba por não ter um bom resultado e inclui um humor que por vezes não tem qualquer sentido e piada. Acaba por tornar-se num filme que não fica memória do espetador.

Os poucos momentos de diversão acabam por acontecer devido à personagem de Taraji P. Henson, que apesar de ter poucas cenas conseguiu cativar um pouco o espetador através do seu dom para lidar com criminosos quando se sente ameaçada, mas acaba por não ser o suficiente para que seja um bom filme. Na minha opinião, Taraji protagonizou uma das cenas de luta mais divertidas deste filme policial. Para além disso, o pouco tempo que foi partilhado entre os personagens, Vanessa e Watts valeu a pena em assistir e acabou por ser alvo de algum interesse.

Existem também algumas cenas de ação que acabam por ser um pouco ridículas de assistir e outras que são forçadas quando querem transmitir algum tipo de mensagem seja a nível do bullying, da política, da violência policial, do racismo ou da pedofilia e assim acabam por ridicularizar as pessoas que sofrem de discriminação mais do que deviam, tornando-se em piadas absurdas para assuntos extremamente delicados. Também acaba por haver uma representação exagerada da violência que vai sendo mostrada no filme e são várias as piadas homofóbicas e sexuais que acabam por ser cansativas de ouvir.

Chega a um momento que há uma falta de criatividade no próprio argumento do filme. Parece também haver alguma desorientação e constante repetição por parte do realizador à medida que o filme se vai desenrolando. 

Existe sem dúvida, um desperdício de talento. Nem a presença de atores como Ed Helms, Taraji P. Heson ou Betty Gilpin conseguiram salvar este filme. Por vezes a banda sonora ajudou a que pudesse haver uma ligeira melhoria, mas mesmo assim, continuou a não ser suficiente.

O filme pode até conseguir produzir alguns risos ao espetador mas não é suficiente para que seja um bom filme de comédia.

Este tipo de filmes acabam por ter um género bem difícil de ser implementado, pois cada vez é mais difícil criar uma comédia com boa qualidade. E filmes clássicos de comédia que inclui polícias que só fazem asneiras e estão sempre atrapalhados com aquilo que vão fazendo é o que não falta. Pode até ter alguns ingredientes que um filme policial deve ter, mas não é o suficiente para ter sucesso ou para cativar o espetador.

Considero que seja uma comédia policial exagerada e com piadas de pouca qualidade que não apresenta nada de inovador. Não respeita os limites e não explora pontos que poderiam sem dúvida melhorar o desenrolar do filme. Infelizmente o humor funciona apenas em momentos pontuais e se tivesse sido pensado de outra forma, poderia ter sido muito mais divertido e imprevisível.

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