sábado, 12 de dezembro de 2020

Série "The Big Bang Theory" - uma comédia com uma boa qualidade de humor que mistura a ciência com a cultura pop

 

A série The Big Bang Theory (A Teoria do Big Bang, em português) é uma das comédias norte-americanas com mais sucesso e mais conhecidas e populares da atualidade, tendo sido criada para o canal CBS em 2007 por Chuck Lorre e Bill Prady, terminando em 2019, com 279 episódios e dividida em 12 temporadas. Atualmente, esta sitcom está disponível no canal AXN White Portugal, na HBO Portugal e na Netflix, sendo que tem a produção da Warner Bros. Television em parceria com a Chuck Lorre Productions e foi nomeada e premiada por diversas vezes, contendo milhares de admiradores espalhados pelo mundo e mantendo muito boas audiências até ao seu final.

Esta comédia conta a história de 2 físicos, Sheldon Cooper (Jim Parsons) e Leonard Hofstadter (Johnny Galecki) que dividem um apartamento em Pasadena e trabalham no Instituto de Tecnologia da Califórnia - Caltech. Um dia, eles conhecem a vizinha do lado chamada Penny (Kaley Cuoco), que lhes vai trazer muitos desafios pela frente, principalmente em termos de lidar com os outros e socializar. Estes 2 colegas terão uma jornada longa pela frente, mas têm como aliados, os seus amigos e colegas, Howard Wolowitz (Simon Helberg) e Rajesh Koothrappali (Kunal Nayyar), que para além de serem tímidos e reservados, também gostam de ciência e são uns geeks e nerds autênticos na área da cultura pop.

O elenco é constituído por Johnny Galecki (Leonard Hofstadter), Jim Parsons (Sheldon Cooper), Kaley Cuoco (Penny), Simon Helberg (Howard Wolowitz), Kunal Nayyar (Rajesh “Raj” Koothrappali), Melissa Rauch (Bernadette Rostenkowski), Mayim Bialik (Amy Farrah Fowler), Kevin Sussman (Stuart Bloom), entre outros.

Este é um grupo de cientistas e amigos nerds que vivem as suas aventuras por Pasadena que incluem momentos hilariantes, divertidos e com um pouco de drama pelo meio ao mesmo tempo que vão adquirindo experiências relevantes para evoluírem como indivíduos.

Sheldon Cooper tem uma personalidade muito complexa e peculiar, onde podemos ver a sua falta de empatia e o quanto é anti-social, por isso, é uma pessoa que não gosta de conviver com os outros. Apesar de ter uma inteligência brilhante em várias áreas da Ciência, sendo Física, aquilo que escolheu, ele acaba por não ser a pessoa mais fácil de se lidar. 

Este é um físico teórico muito inteligente que faz a sua pesquisa no Caltech em Pasadena, Califórnia, mas tem constantemente atitudes egoístas e não tem consciência do que faz e de como magoa os outros, principalmente quem faz tudo por ele. Ele pode ser um génio, mas não consegue entender o sarcasmo dos outros para com ele, ao mesmo tempo que não se interessa pelas conversas que os seus amigos vão tendo com ele, mas aos poucos vai aprendendo a lidar com isso.

Jim Parsons representa muito bem e de um modo brilhante, a maneira de ser desta personagem, que facilmente incomoda-se com os outros, principalmente com o seu inimigo, Will Wheaton que apesar de ter participado em Star Trek nunca deixou de ser um obstáculo para Sheldon Cooper que estava sempre a querer prejudicá-lo. Todas as suas expressões faciais e linguagens corporais são muito bem mostradas, nos quais podemos observar, certas manias que Sheldon tem, seja no seu egoísmo ou quando começa a tornar-se muito irritante. Considero que seja uma personagem caricata, com muita piada, deixando o público, a rir-se constantemente. 

Sheldon é daquelas pessoas específicas e excêntricas que nem sempre todos conseguem aturar, pois ele acha que tem sempre razão e a opinião dos outros não importa, mas até ficamos a simpatizar com a sua maneira de ser que acaba por ter a sua piada. Apesar de ter entrado na faculdade com apenas 11 anos, ele continua a ser muito infantil noutros aspetos durante a sua vida adulta, seja nos diferentes contratos que ele cria para os seus amigos para fazerem da forma que ele quer, mas vamos acompanhando ao longo dos episódios, um ligeiro amadurecimento da sua parte e onde eu esperava que houvesse uma maior evolução desta personagem.

Para além de gostar muito da área da Física, ele também é um grande nerd, seja por considerar o Flash como um dos seus super-heróis favoritos ou por gostar muito do programa do Professor Proton de tal forma que sonha com ele ou simplesmente pelo Star Trek ser um dos programas favoritos de Sheldon Cooper e foi através da série que fiquei a saber mais sobre esta produção que nunca tinha visto e fiquei curiosa para acompanhar no futuro.

Inicialmente Sheldon incomoda-se com a presença de Penny, mas com o tempo ele vai percebendo que afinal estava errado e vai criando um relacionamento de confiança com alguém que não imaginava que viesse a acontecer e que vai ter paciência para ajudá-lo nas suas manias e em situações bem específicas.

Sheldon protagoniza alguns dos momentos mais divertidos da história, principalmente com o seu modo característico com que bate à porta de Penny ao mesmo tempo que vai chamando por ela, cerca de 3 vezes tem a sua piada e é tudo devido a um trauma que sucedeu na sua infância. Existem também aquelas cenas que nunca vão ser esquecidas e marcam a própria série como é o caso da música de embalar, Soft Kitty que é cantada maioritariamente para Sheldon seja pela sua mãe, Mary (Laurie Metcalf) ou até por Penny, quando ele tem dificuldades a dormir, está doente ou simplesmente demasiado perturbado com situações que lhe vão sucedendo, apesar de ele cantar a melodia em determinadas alturas ou mesmo quando ninguém pode sentar no seu lugar no sofá da sala do seu apartamento, pois é um sítio específico só para ele e para mais ninguém, mas quando isso acontece, ele não reage da melhor forma.   

Inicialmente Penny é uma jovem atraente e extrovertida que trabalha num restaurante chamado Cheesecake Factory, mesmo que tenha o sonho de algum dia ser atriz, mas a sua vida muda por completa quando começa a trabalhar numa área completamente oposta daquilo que esperava e com o tempo até aprende a gostar, mas será que vai desistir do seu sonho na representação?

Por vezes, Penny sente-se deslocada das conversas destes quatro rapazes, pois não é lá muito inteligente em comparação com eles, relativamente a qualquer tema relacionado com ciência, mas depois tudo o que fosse sobre relacionamentos com os outros, isso já era outra história, sendo que ela acaba por conquistar o coração de cada um destes nerds à sua maneira. Ela tem uma forma específica de ajudar estes homens a interagirem com as mulheres, pois eles têm muita dificuldade a terem uma simples conversa com o sexo oposto, sentindo-se constrangidos por terem dito algo idiota.

Este grupo de rapazes ficam de um modo geral fascinados com Penny, a nova vizinha de Leonard e Sheldon e como são pessoas desajeitadas não sabem muito bem como conviver com ela, por isso, eles vão ter muito para aprender e ela será uma ajuda fundamental ao longo dos episódios.

Leonard Hofstadter é o companheiro de casa de Sheldon, em que têm dividido um apartamento, durante um grande período de tempo, sendo que é a pessoa que tem mais paciência para com um indivíduo como o Sheldon que até chega a ser o seu motorista particular que o leva para onde ele queira ir e segue todas as suas regras através de um contrato criado por Sheldon que ele teve de assinar. É muito engraçado ver as cenas partilhadas entre estas duas personagens, pois Leonard vai pregando partidas a Sheldon que dão muita vontade de rir.

A vida de Leonard vai mudar de um modo significativo quando Penny torna-se na sua nova vizinha, sendo que ao longo da história, ele apaixona-se por ela, mesmo acreditando que ela não quer nada com ele, pois eles são pessoas distintas e com gostos muito diferentes, mas será que neste o caso, o oposto atrai-se? Para além disso, ele também tem de lidar com situações que foram decorrendo relacionados com a sua mãe, Beverly Hofstadter (Christine Baranski) que vai fazendo constantemente a sua análise perturbadora sobre o seu filho, como uma especialista de psiquiatria e demonstrando o carinho especial que sente por Sheldon.


Leonard e Penny partilham um relacionamento complicado entre eles, passando por diversas fases, com alguns altos e baixos, onde terão os seus momentos felizes e outros que possam implicar mais discussões, mas eles fazem os possíveis para lidarem com os seus problemas e cada um utiliza uma abordagem bem específica. Será que eles vão conseguir ultrapassar as suas diferenças e ficarem juntos?

Depois temos ainda o engenheiro aeroespacial, Howard Wolowitz e o astrofísico, Rajesh Koothrappali. Howard é um judeu que é constantemente massacrado por Sheldon por não ter as mesmas habilitações que os restantes, sendo que ele ainda vive com a sua mãe protetora que tem uma voz característica com um volume alto e distinto de qualquer personagem que nos possamos lembrar, pois ela trata-o como uma criança. Sempre que possível, ele finge que é um especialista a conquistar mulheres e tenta dar o seu charme perante elas, apesar de não resultar a maior parte das vezes, enquanto Raj é tímido e tem dificuldades em falar com mulheres, exceto quando bebe, mas isso vai mudar depois de conhecer Penny.

A partir da 3ª temporada, Penny não será a única mulher pertencente ao grupo e assim, Bernadette Rostenkowski entra na vida de Howard enquanto Amy Farrah Fowler entra mais tarde na de Sheldon e cada um destes relacionamentos terá os seus desafios, testes e obstáculos, desde o seu início. Estas personagens femininas vão fazer toda a diferença na vida deste grupo de rapazes, de um modo que vai criar mudanças que eles não imaginavam que pudessem vir a acontecer.

Um dos cenários que mais gosto para além da sala de estar do apartamento do Leonard e Sheldon é a loja de banda desenhada, onde trabalha o Stuart que é um indivíduo que acaba por ser ignorado pelos restantes, mas protagoniza cenas tão caricatas.  

Stuart Bloom é daquelas pessoas que quer pertencer a este grupo de nerds, mas sente-se excluído, sendo que muitos deles não estão confortáveis com a sua presença. Será que algum dia isso vai mudar para este ser humano que é estranho à sua maneira, mas que tem um bom fundo e simplesmente quer ser aceite pelos outros?

Ao longo da história, este grupo de amigos conecta-se uns com os outros, em que cada um tem a sua peculiaridade, mesmo que não tenham jeito nenhum para socializarem com outras pessoas, mas foram conseguindo ganhar a empatia do público, sendo que cada uma destas personagens passam pelas suas situações constrangedoras e é interessante vermos a forma como vão lidando com tudo isso, ao mesmo tempo que se vão relacionando com a sociedade em si, pois eles são seres humanos como nós e são coisas que podem acontecer a qualquer um. Assim, vai sendo mostrando as suas vitórias, conquistas, desilusões e as experiências que vão ganhando que lhes ajudam a crescerem como seres humanos e deixarem de se comportarem como crianças.

Esta série mostra o lado geek ou nerd que todos nós temos, pois tal como nós, estas personagens são apaixonadas pela cultura pop e temos a oportunidade de acompanhar a forma como esta história foi abordando o tema ao longo destes anos todos que acaba por ter um significado muito real para cada um de nós. Assim, existem uma boa quantidade de referências à cultura pop, seja a nível do mundo da banda desenhada, séries, jogos e filmes, desde Star Wars, Star Trek, Harry Potter, Lord of the Rings, entre outros e mostra a dedicação que este grupo de amigos tem por este universo tão extenso, mas ao mesmo tempo tão especial, sendo que ainda tem muitas participações especiais de figuras legendárias, seja da ciência como Stephen Hawking, da banda desenhada como Stan Lee e de filmes como Mark Hamil.

Esta sitcom é constituída por um humor inteligente que é repleto de bons diálogos misturados com sarcasmo que trazem piadas engraçadas e divertidas. É uma história que teve a sua lógica e sentido na forma como foi sendo desenvolvida por mais peripécias e reviravoltas que podiam vir a acontecer com as suas personagens e que sem dúvida, sempre atraiu e teve o seu potencial, mas eu acho que poderiam tê-la aproveitado muito mais, abordando especificamente o lado mais nerd das personagens e que ainda ficaram histórias por contar, principalmente, ver como seria a vida de Sheldon como um marido e homem de família.

Podem ter existido algumas partes que não foram coerentes, mas não deixa influenciar o seu resultado final e a importância que a história foi tendo para o seu público, pois não existe um episódio que não dava vontade de rir, mas esperava uma evolução mais significativa por parte do Sheldon e que as características de uma pessoa geek tivessem sido muito mais bem exploradas.

Apesar do seu lado humorístico que inclui situações cómicas que vão conquistando o espetador, acompanhar o convívio deste grupo de amigos e ver a forma como os estes nerds integram a sociedade, a história também fornece partes interessantes relacionados com a ciência, seja a nível de experiências científicas ou equações matemáticas que vão sendo resolvidas.

Temos a oportunidade de aprender mais sobre diferentes temas relacionados com a ciência, como a física e astronomia que são interessantes na forma como vão sendo explicadas, sendo que é curioso que todos os episódios são um tipo de homenagem a princípios, teorias e experiências científicas que são muito relevantes no mundo real. Tudo é produzido de uma forma bem realista, nos quais existem cientistas reais que são consultores e ajudam em tudo o que está relacionado com a ciência em si.

A série não teria a sua identidade se não fosse pela banda canadiana, Barenaked Ladies que é a responsável pelo tema do genérico que descreve como foi sendo o desenvolvimento do universo e as mudanças que foram decorrendo não só com o planeta, mas também com a humanidade, mas sem dúvida que fica na memória do público, de tal forma que associamos a música logo a esta sitcom.

Para além disso, é interessante ver uma personagem como o Sheldon conseguir encontrar a sua alma gémea e enfrentar os seus medos por alguém que ama, mesmo que demore muito tempo a chegar a esse patamar não deixa de ser curioso de se acompanhar. Apesar de não ter começado a acompanhar a série na altura que estreou e só ter visto quando faltavam poucas temporadas para terminar, esta foi uma história leve que não me cansou quando estive a fazer maratona da mesma durante um Verão.

The Big Bang Theory é um bom entretenimento para a pessoa descontrair nos seus tempos livres e divertir-se, devido à sua boa qualidade de humor e a presença da personagem do Sheldon Cooper é uma das principais razões para acompanhar esta série de comédia que está na lista das melhores existentes deste tipo e eu concordo. Foi um final que homenageou o seu público que foi de acordo com as expetativas, apesar de algumas pessoas terem ficado desiludidas com o modo como terminou.

BAZINGA!




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