Durante a minha visita breve a Inverness (podem encontrar AQUI o meu relato
da cidade), eu tive a oportunidade de conhecer melhor o campo de batalha de
Culloden, onde ocorreu um dos eventos mais significativos e importantes da
Escócia.
Culloden está situado a poucos kms de Inverness, sendo que podem
deslocar-se até lá por carro ou até aproveitarem o autocarro hop-on hop-off da
empresa City Sightseeing, através da rota azul que parte da estação de
autocarros de Inverness, sendo que a primeira tour se inicia às 11h10 e a
última termina às 15h10.
Um dos sítios que eu tinha mais curiosidade em visitar na Escócia era sem
dúvida, o Culloden Battlefield (o campo de batalha de Culloden, em português),
principalmente pelo significado que este local tem para a história da Escócia e
dos respetivos clãs e na forma como o país evoluiu até aos dias de hoje, devido
a este acontecimento marcante.



Tanto este local, como o seu centro de visitantes estão abertos das 10h às
16h (de novembro a março) e das 09h às 17h30 (de abril a outubro), mas nos
meses de junho a agosto encerra às 18h. Enquanto a entrada para o campo de
batalha de Culloden é grátis, o centro de visitantes nos quais tem um museu com
a história bem narrada, ilustrada e apresentada em salas que são divididas
entre a perspetiva dos soldados britânicos com as dos jacobitas é pago (cerca
de 14 libras por adulto), sendo que quem possuir bilhete para o autocarro
turístico do City Sightseeing de Inverness tem desconto. Em horários
específicos, este centro também tem disponível tours guiadas pelo campo de
batalha, sem qualquer custo extra que nos ensina mais sobre o que realmente
aconteceu em Culloden.
Este museu premiado é um sítio localizado ao lado do campo de batalha que
apresenta artefactos de ambos os lados da batalha e exibições interativas que
revelam mais pormenores sobre este conflito e ainda é considerado como um guia
essencial para se saber mais sobre um dia crucial na história.

Para quem não sabe sobre o que causou esta batalha e que deixou uma marca
histórica foi um tipo de guerra civil. Em 1745, o neto de Jaime VI, Bonnie
Prince Charlie rumou em segredo de França até à Escócia para reclamar o trono
britânico, sendo que reuniu um exército que lutou contra uma Londres em pânico
alcançando vitórias. Perto de reclamar o seu objetivo, os jacobitas regressaram
para norte e o exército de Hanôver, apoiado por escoceses leais à coroa
massacrou os rebeldes em Culloden, a última batalha travada em solo britânico.
Os apoiantes jacobitas queriam restaurar a monarquia Stuart aos tronos
britânicos e por isso, reuniram-se para lutar contra as tropas lideradas pelo Duque
de Cumberland que não teve um bom desfecho.


O dia 16 de abril de 1746 foi a data da última batalha realizada em solo
britânico e da derrota de Bonnie Prince Charlie e dos Jacobitas, tornando-se
assim, numa das batalhas mais angustiantes, violentas e sangrentas da história britânica.
A chacina perpetrada pelo exército de Hanôver do “Carniceiro Sanguinário”, o
Duque de Cumberland foi rápida e brutal, pois em menos de uma hora, cerca de
1600 homens foram mortos e dos quais 1500 foram jacobitas. Ainda assim, foi a
única vitória do Duque de Cumberland ao longo da sua vida.
Atualmente, o campo de batalha está a ser restituído ao seu aspeto de então
pelo National Trust for Scotland, sendo que caminhar por este local, entre os
túmulos dos clãs e onde decorreu todo este conflito, ainda é uma experiência
muito emotiva e até inexplicável.
Este é um terreno bem longo para se percorrer, onde podemos encontrar
vestígios desta batalha e visitar pontos cruciais para o seu desenrolar. Um
desses exemplos são as bandeiras que representam cada um dos exércitos na linha
da frente respetiva. As vermelhas apresentam as tropas do governo britânico
enquanto as azuis são onde estavam localizados os rebeldes dos jacobitas.




Na zona marcada pelas bandeiras vermelhas estiverem presentes cerca de 8000
soldados liderados pelo duque de Cumberland, sendo que foi o local onde a maior
parte desta batalha ocorreu, principalmente os combates corpo a corpo.
Relativamente perto deste sítio, podemos encontrar a Leanach Cottage que foi
utilizada após a batalha como um hospital de terreno para as tropas do governo
britânico.



Já as bandeiras azuis mostram a linha da frente do exército jacobita que
era constituída por cerca de 5500 e Charles Edward Stuart encontrava-se atrás
desta linha.
Depois temos Culwhiniac que era o extremo sul do exército jacobita, onde as
paredes de pedra do local foram destruídas pela milícia do governo durante a
batalha, criando ainda mais condições para um desfecho inevitável para os
rebeldes jacobitas.
O visitante tem a oportunidade de estar presente diretamente na área que
dividia o exército do governo das tropas jacobitas, sendo que no meu caso
comecei a imaginar como teria sido os eventos daquele dia fatídico, onde tiros
de canhão poderiam estar a sobrevoar pelas nossas cabeças com o objetivo de
chegar ao outro lado e as possíveis dificuldades que os jacobitas tiveram em
percorrer aquele pântano de Culloden e ao mesmo tempo lutarem pelas suas
convicções e por aquilo que acreditavam.





É impressionante como é possível termos a oportunidade de estarmos a pisar
um campo de batalha real, onde muitos lutaram e perderam as suas vidas. Uma
homenagem que sem dúvida merecem que seja representada no local. E foi isso que
aconteceu em 1881 através da construção do memorial Cairn com 6 metros de
altura que está localizado numa área, onde também foram adicionadas as lápides
com o nome de alguns dos clãs envolvidos na batalha, tendo sido encomendados
por Duncan Forbes da Culloden House. Alguns dos clãs e regimentos que foram
reconhecidos são Campbell, Mackintosh, Fraser, Stewards of Appin, Mixed Clans,
Macgillvrey, MacLean, Maclachlan, Clan Donald e Keppoch. Ainda foram colocadas
posteriormente pedras que apresentam os regimentos reais franceses, os Irish
Picquets e os Royal Ecossaise. Mas muitos outros clãs e regimentos que lutaram
na batalha não têm um memorial no local.




Não há palavras para descrever o que a pessoa sente enquanto caminha pelos
diferentes percursos disponíveis no campo de batalha de Culloden e só quem lá
está presente fisicamente é que percebe o que eu quero dizer. É uma experiência inesquecível! Ficamos com um
respeito ainda maior por este local e por quem fez parte destes combates, onde
reinou o caos e se travou uma batalha que foi enigmática e vital, em que cada
um dos lados seguiu com os seus princípios e ambições e lutou por um propósito que mudou para sempre a história e a cultura tanto da Escócia, como da Inglaterra.
Se visitarem a Escócia, Culloden é um lugar que deve mesmo fazer parte do vosso itinerário e que não podem mesmo perder! Para quem quiser saber mais sobre esta batalha, existem uma variedade de livros disponíveis, como por exemplo “Culloden Tales”, de Hugh G. Allison que é muito interessante e inclui histórias sobre o campo de batalha mais famoso da Escócia. Além disso, também podem acompanhar detalhes desta batalha através da sua representação na série “Outlander”, apesar de existirem ligeiras alterações ao que realmente aconteceu.
De seguida, partilho com vocês mais fotografias sobre a minha visita a Culloden!