Desta vez, o filme é Origin – Desigualdade e Preconceito, tendo sido
escrito e realizado pela nomeada ao Óscar Ava DuVernay. E levou a que tenha
sido nomeado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, na categoria de Melhor
Filme. Sabiam que esta realizadora é a primeira americana negra a inscrever um
filme na competição do Festival de Veneza?
Esta é uma adaptação do
best-seller do New York Times de Isabel Wilkerson, Caste: The Origins of our
Discontents. É um tipo de interpretação
artística da vida desta autora e do seu processo de escrita.
Com a duração de 2 horas e 21 minutos, este drama narra a tragédia e o
triunfo da jornalista vencedora do Prémio Pulitzer, Isabel Wilkerson, enquanto
investiga um fenómeno global de proporções épicas. Interpretado pela nomeada ao
Óscar, Aunjanue Ellis-Taylor, Isabel vivencia uma perda pessoal e um amor
insondáveis enquanto atravessa continentes e culturas para escrever um dos livros
americanos que definem o nosso tempo. Como referido anteriormente, é uma
dramatização inspirada no best-seller Caste do New York Times, este
filme explora o mistério da história, as maravilhas do romance e a luta pelo
futuro de todos nós.
Para além de Aunjanue Ellis-Taylor como a protagonista, o elenco é composto
por Jon Bernthal, Emily Yancy, Nick Offerman, Vera Farmiga, Audra Mcdonald,
Connie Nielsen, Finn Wittrock, Blair Underwood e Niecy Nash-Betts.
Esta produção explora o mistério da história, as maravilhas do romance e a luta pelo nosso futuro. Ao investigar o fenómeno global das castas, raça e identidade e a sua influência sombria na sociedade, uma jornalista enfrenta uma perda inexplicável e descobre a beleza do amor e da própria resiliência humana. Ao longo da história são retratadas diferentes culturas que criaram hierarquias sociais, ou castas, e o preço que isso causa à humanidade das pessoas. Uma viagem que desafia as noções convencionais de desigualdade e preconceito.
Divulgação: Pris Audiovisuais
Isabel Wilkerson fez inúmeras reportagens e agora escreve livros, sendo que a sua obra The Warmth of Other Suns ganhou um prémio Pulitzer. Um dia, surgiu-lhe a chance de escrever sobre um tema impactante, sendo que a vida dela nunca mais seria a mesma.
Para aceitar esse desafio, o verdadeiro interesse dela é ela querer estar
realmente dentro da história e contar como tudo está interligado, sendo que tem
uma visão muito específica sobre aquilo que quer relatar, enquanto questiona
aquilo que realmente importa. Além de fazer uma pesquisa intensiva, Isabel tem
a oportunidade de falar com pessoas reais que partilham as suas experiências
emocionantes e tocantes. E também visita sítios como Berlim na Alemanha e Mumbai
na Índia que foram fundamentais para ela escrever a sua tese e compreender
melhor o conceito das castas.
Esta é a jornada que esta escritora percorre, em que tanto Isabel, como o
público acabam por refletir sobre qual é o significado disto tudo, acabando por
se tornar numa das perguntas-chave desta narrativa. Falamos do sistema de
castas que é injusto e maligno e que cria uma conexão única com a Índia antiga,
o regime nazista e os colonizadores americanos. E também é referida a ideia de
inferioridade de raças, onde esta protagonista fica a saber mais sobre o
simbolismo nazista, o intelectualismo judaico que infelizmente teve o seu fim, como
a endogamia tem relação com o sistema de castas, a forma como a Índia trata os Dalits
como seres inferiores e muito mais.
Divulgação: Pris Audiovisuais
Já imaginaram o terror que é um negro completamente inocente e indefeso atravessar
um bairro constituído maioritariamente por brancos e ser considerado
automaticamente como o mau da fita e às vezes sofrer consequências
irreversíveis? A probabilidade de ocorrer um problema deste tipo é infelizmente,
muito elevada.
Depois temos o Holocausto, onde os nazis queriam criar uma república
totalmente branca, mas eles odiavam os judeus que na maior parte eram também
brancos. Simplesmente, não era uma situação de racismo, pois estávamos perante
a mesma raça. A partir de um determinado momento, os judeus deixaram de estar
seguros, chegando a um ponto que foram vítimas do regime nazi, sem esquecer da destruição
tremenda de livros repletos de história, imaginação e ideias proibidas que
sucedeu nessa altura.
Por fim, também é abordado o sistema degradante da Índia, onde uma classe
de pessoas denominada por Dalits estão no nível mais baixo da hierarquia e são
considerados como intocáveis. Mais um exemplo de preconceito e discriminação
que acontece há muito tempo e que não teima em terminar.
Divulgação: Pris Audiovisuais
Com um registo diferente e envolvente, Origin – Desigualdade e
Preconceito transmite um ensinamento vital e perspicaz, onde inclui uma
mensagem simples com um propósito ousado e muito poderoso que faz o espetador sentir
com intensidade e refletir profundamente sobre tudo aquilo que acabou de assistir.
A nível cinematográfico é brilhante e até pode haver alturas que é doloroso de se
ver, mas é extremamente importante que a sociedade seja confrontada com narrativas
cheias de força que desafiam conceitos preconcebidos sobre racismo e castas, e
as sociedades que os moldam. Simplesmente, não podemos ignorar tudo isto e esta
obra é fundamental para compreendermos exatamente aquilo que está a acontecer no
mundo que nos rodeia, especificamente em diversas culturas que estão
constantemente a desumanizar cada indivíduo.
Este é um filme imperdível feito com simplicidade e com todo o cuidado que traz uma lição autêntica de história e faz debater sobre temas muito importantes que têm mesmo de serem vistos, e que também não irão deixar ninguém indiferentes. É uma obra marcante e vencedora que deixa qualquer um sem palavras e ainda, a processar tudo aquilo que acabou de ver. Tem uma perspetiva muito própria no qual teve a chance de contar uma combinação de histórias tensas e trágicas numa só. Além disso, aborda o racismo, crimes de ódio, justiça social, corrupção moral, discriminação, sofrimento de pessoas mais vulneráveis, perdas de entes queridos e como lidar com o luto, e muito mais.
Origin – Desigualdade e Preconceito cumpriu com o seu propósito de um modo
eficaz, mostrando como uma voz pode realmente fazer a diferença e contendo
relatos que afetam quem está a assistir, deixando um aperto no coração. É
perfeitamente claro que a opressão pode não centrar totalmente a raça e que a
separação das raças continua a ser muito discutido. E infelizmente, a história
de gerações mais antigas continua a repetir-se nos dias de hoje, onde o ódio e
a violência continuam a acontecer. Mas, é algo que as pessoas precisam mesmo de
saber, porque o racismo não é o mesmo que casta e infelizmente, este último é
muito mais do que ódio e continua a estar muito invisível para a sociedade.
E por isso, são assuntos que devem ser discutidos em sociedade para que finalmente possam ocorrer mudanças significativas para melhorar consideravelmente, a vida de todos aqueles que são vítimas do sistema de casta e que têm esperança de uma vida melhor. Uma das mensagens principais desta produção é que todos merecem a liberdade para ir para onde quiserem, expressar-se da forma que preferirem, amarem quem quiserem, enquanto resistem e lutam pelo direito humano de fazer isso.
Assim, este é daqueles filmes que pode não ser para todos os gostos ou ser mais difícil de acompanhar, mas sem dúvida, merece o devido reconhecimento e que não podem perder!
Parece um bom filme. Vou colocar na lista
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