terça-feira, 29 de outubro de 2024

Anora foi o filme escolhido para a sessão de abertura da 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa

Anora tem sido um dos filmes que tem dado mais que falar, tendo já arrecadado a Palma de Ouro do 77º Festival de Cinema de Cannes e colocando-se assim, como um dos preferidos para a próxima edição dos Óscares.  Além disso, esta produção escrita e realizada por Sean Baker foi o mote de abertura da seleção oficial do Tribeca Festival Lisboa que se realizou no passado dia 18 e 19 de outubro.

Com a estreia nos cinemas portugueses marcada para dia 31 de outubro, quem esteve presente na 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa assistiu exclusivamente a este drama e logo na manhã de 18 de outubro no International Movies Stage, o local dedicado aos filmes internacionais. Um espaço que merecia uma tela maior e mais lugares sentados para o grande número de afluência de pessoas que estava pronta para ver esta obra protagonizada por Mikey Madison.

Para além de Mikey Madison, o elenco é composto por Mark Eydelshteyn, Yura Borisov, Karren Karagulian e Vache Tovmasyan.

Esta é a história de Anora, uma jovem trabalhadora do sexo em Brooklyn que tem a oportunidade de viver a história da Cinderela quando conhece o filho de um oligarca russo com quem se casa impulsivamente. Quando a notícia do casamento chega até à Rússia, o seu conto de fadas é ameaçado pelos pais do noivo que decidem viajar até Nova Iorque para anular o matrimónio.

Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo

Anora é daquelas jovens que deixa qualquer um fascinado com a sua simpatia e carisma, chegando a um ponto que a consideramos muito mais como um apoio amigo do que uma trabalhadora do sexo. A sua rotina era praticamente a mesma diariamente, sendo que mesmo trabalhando num ambiente amigável, havia sempre aquela colega mais invejosa que tentava estragá-lo. Porém, Anora não se deixava afetar por ninguém e sabia muito bem qual era o seu valor, sendo que era popular no estabelecimento onde tem estado a trabalhar.

Um dia, a vida de Anora muda completamente quando surge um cliente que gostaria de ter a companhia de alguém que falasse russo. Após alguma reticência, Anora apesar de estar na sua pausa aceitou atendê-lo. No entanto, ela não sabia mesmo o que lhe esperava. Uma mera noite no seu local de trabalho transformou-se numa vida de sonho e completamente surreal com o filho de um oligarca russo.

Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo

Um amor à primeira vista que parecia ser tudo demasiado perfeito, onde tudo se desenrolou demasiado rápido e tendo pelo meio um casamento repentino em Las Vegas. Inicialmente, é um conto de fadas para Anora, mas na realidade acaba por ser posto em causa por nada mesmo, do que os seus novos sogros. Será que este amor é uma autêntica fraude? Uma coisa é certa! Existe uma ligação bem forte entre este casal, mas será suficiente para ficarem juntos?

Anora é um filme inesperado que surpreende com o seu lado mais cativante e engraçado, e que apresenta um tipo de Cinderela dos tempos modernos, que não tem horário de recolher obrigatório. À sua maneira, consegue ser refrescante e combina naturalmente com uma banda sonora que fica no ouvido, sem nunca esquecer os seus momentos mais selvagens, divertidos e alucinantes.

Repentinamente, esta protagonista cria uma empatia imediata com o espetador e até uma conexão especial, chegando assim, a um ponto que até compreendemos todos os altos e baixos que ela vai sentindo na pele. Existe uma cena específica e bastante longa que observamos um lado completamente diferente da personalidade de Anora cheio de determinação, resiliência e outras surpresas. Cena essa que foi muito bem desempenhada por Mikey Madison e que deu para ver que deve ter sido desafiante para esta atriz filmar.

Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo

Anora traz uma história mais inovadora com uma essência muito própria e com uma mensagem bem perspicaz que aborda um tema que por vezes, pode ser considerado para muitos como um tabu. Contudo, através da narrativa contada pelos olhos desta jovem, temos a capacidade de compreender melhor o preconceito que ainda existe ao redor das trabalhadoras de sexo e ainda, a importância que é termos uma mente mais aberta para isto e muito mais.  O argumento em si é bem desenvolvido, porém o final pode não agradar a todos.

Mesmo assim, até se consegue entender, pois estamos a ver aqui um ser humano que sempre inibiu as suas emoções e teve uma solução prática para lidar com isso. Claro que não era o mais acertado e ao mesmo tempo, ela tentava relativizar tudo o que ocorria à sua volta. Mas, é garantido que existirá sempre um dia, nos quais toda essa inibição vai trazer um resultado mais explosivo, chegando a uma altura, em que todos esses sentimentos surgem de uma só vez. A única solução é simplesmente deitar tudo cá para fora. E isso é uma das muitas coisas que nos faz refletir após assistir a este filme.   

Por isso, quando forem ver Anora simplesmente vão com a mente aberta e não percam este filme cheio de paixão, romance, festas sem fim e com uma dose de loucura! 

E também é importante referir que o Tribeca Festival Lisboa está de parabéns, porque Anora foi sem dúvida, uma boa escolha para ser o filme de abertura da 1ª edição deste festival!


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