Anora tem sido um dos filmes que tem dado
mais que falar, tendo já arrecadado a Palma de Ouro do 77º Festival de Cinema
de Cannes e colocando-se assim, como um dos preferidos para a próxima edição
dos Óscares. Além disso, esta produção
escrita e realizada por Sean Baker foi o mote de abertura da seleção oficial do
Tribeca Festival Lisboa que se realizou no passado dia 18 e 19 de outubro.
Com
a estreia nos cinemas portugueses marcada para dia 31 de outubro, quem esteve
presente na 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa assistiu exclusivamente a este
drama e logo na manhã de 18 de outubro no International Movies Stage, o local
dedicado aos filmes internacionais. Um espaço que merecia uma tela maior e mais
lugares sentados para o grande número de afluência de pessoas que estava pronta
para ver esta obra protagonizada por Mikey Madison.
Para
além de Mikey Madison, o elenco é composto por Mark Eydelshteyn, Yura Borisov,
Karren Karagulian e Vache Tovmasyan.
Esta
é a história de Anora, uma jovem trabalhadora do sexo em Brooklyn que tem
a oportunidade de viver a história da Cinderela quando conhece o filho de um
oligarca russo com quem se casa impulsivamente. Quando a notícia do casamento
chega até à Rússia, o seu conto de fadas é ameaçado pelos pais do noivo que
decidem viajar até Nova Iorque para anular o matrimónio.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Anora é daquelas jovens que deixa qualquer
um fascinado com a sua simpatia e carisma, chegando a um ponto que a
consideramos muito mais como um apoio amigo do que uma trabalhadora do sexo. A
sua rotina era praticamente a mesma diariamente, sendo que mesmo trabalhando
num ambiente amigável, havia sempre aquela colega mais invejosa que tentava estragá-lo.
Porém, Anora não se deixava afetar por ninguém e sabia muito bem qual
era o seu valor, sendo que era popular no estabelecimento onde tem estado a
trabalhar.
Um
dia, a vida de Anora muda completamente quando surge um cliente que
gostaria de ter a companhia de alguém que falasse russo. Após alguma
reticência, Anora apesar de estar na sua pausa aceitou atendê-lo. No
entanto, ela não sabia mesmo o que lhe esperava. Uma mera noite no seu local de
trabalho transformou-se numa vida de sonho e completamente surreal com o filho
de um oligarca russo.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Um
amor à primeira vista que parecia ser tudo demasiado perfeito, onde tudo se
desenrolou demasiado rápido e tendo pelo meio um casamento repentino em Las
Vegas. Inicialmente, é um conto de fadas para Anora, mas na realidade acaba
por ser posto em causa por nada mesmo, do que os seus novos sogros. Será que
este amor é uma autêntica fraude? Uma coisa é certa! Existe uma ligação bem
forte entre este casal, mas será suficiente para ficarem juntos?
Anora é um filme inesperado que surpreende com
o seu lado mais cativante e engraçado, e que apresenta um tipo de Cinderela dos
tempos modernos, que não tem horário de recolher obrigatório. À sua maneira,
consegue ser refrescante e combina naturalmente com uma banda sonora que fica
no ouvido, sem nunca esquecer os seus momentos mais selvagens, divertidos e alucinantes.
Repentinamente,
esta protagonista cria uma empatia imediata com o espetador e até uma conexão
especial, chegando assim, a um ponto que até compreendemos todos os altos e
baixos que ela vai sentindo na pele. Existe uma cena específica e bastante
longa que observamos um lado completamente diferente da personalidade de Anora
cheio de determinação, resiliência e outras surpresas. Cena essa que foi muito
bem desempenhada por Mikey Madison e que deu para ver que deve ter sido desafiante
para esta atriz filmar.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Anora traz uma história mais inovadora com
uma essência muito própria e com uma mensagem bem perspicaz que aborda um tema
que por vezes, pode ser considerado para muitos como um tabu. Contudo, através
da narrativa contada pelos olhos desta jovem, temos a capacidade de compreender
melhor o preconceito que ainda existe ao redor das trabalhadoras de sexo e
ainda, a importância que é termos uma mente mais aberta para isto e muito mais.
O argumento em si é bem desenvolvido, porém
o final pode não agradar a todos.
Mesmo
assim, até se consegue entender, pois estamos a ver aqui um ser humano que
sempre inibiu as suas emoções e teve uma solução prática para lidar com isso.
Claro que não era o mais acertado e ao mesmo tempo, ela tentava relativizar
tudo o que ocorria à sua volta. Mas, é garantido que existirá sempre um dia, nos
quais toda essa inibição vai trazer um resultado mais explosivo, chegando a uma
altura, em que todos esses sentimentos surgem de uma só vez. A única solução é
simplesmente deitar tudo cá para fora. E isso é uma das muitas coisas que nos
faz refletir após assistir a este filme.
Por isso, quando forem ver Anora simplesmente vão com a mente aberta e não percam este filme cheio de paixão, romance, festas sem fim e com uma dose de loucura!
E também é importante referir que o Tribeca Festival Lisboa está de parabéns, porque Anora foi sem dúvida, uma boa escolha para ser o filme de abertura da 1ª edição deste festival!
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