quarta-feira, 23 de outubro de 2024

O filme "O Teorema de Marguerite" é um drama francês em que a matemática é uma das protagonistas principais

 

O Teorema de Marguerite é um drama francês realizado por Anna Novion que foi a Seleção Oficial na edição de 2024 do Festival de Cannes. No elenco temos Ella Rumpf, Jean-Pierre Darroussin, Clotilde Courau e Julien Frison. Com esta obra, Elle Rumpf venceu um prémio César na categoria de Revelação Feminina, enquanto Julien Frison foi nomeado para Revelação Masculina.

Marguerite (Elle Rumpf) é uma brilhante estudante de matemática e a única mulher do curso. No mesmo dia em que tem de apresentar a sua tese, fruto de vários anos de trabalho, perante uma comissão de investigadores, um colega de Marguerite descobre um erro no cálculo que abala todas as certezas e leva a aluna a desistir e a recomeçar uma vida nova. Um drama que aborda a obsessão pela perfeição no mundo dominado por homens.

A história de uma jovem intelectual que, graças a uma crise, emerge do seu casulo institucional para enfrentar a “vida real” e os seus sentimentos mais profundos.

Já imaginaram como seria ter uma vida toda delineada, quando um simples erro num cálculo de matemática pode abalar o próprio mundo de alguém que dedicou toda a sua vida a comprovar algo e de seguida, acaba por deitar tudo a perder? Foi isso que aconteceu com esta protagonista que após uma defesa da sua tese ter corrido mal, abandona a faculdade, recomeça uma nova vida e novos labirintos surgem no caminho. Uma atitude drástica que iria fazer toda a diferença na próxima etapa da vida desta jovem!

Divulgação: Pris Audiovisuais

O Teorema de Marguerite é uma produção científica inteligente e pensada fora da caixa que nos apresenta como a matemática pode tornar-se em algo fascinante e até interessante quando vemos por uma outra perspetiva. Ao mesmo tempo, ficamos surpreendidos em como uma equação tão complexa pode levar por inúmeros caminhos, transformando-se por vezes num autêntico labirinto. Contudo, é uma ferramenta útil cheia de certezas que pode ajudar um ser a reencontrar a lógica da sua existência.

Além disso, também é constituído pelos seus momentos mais emocionantes e desesperantes que são fulcrais para se chegar a um método novo que pode vir a tornar-se inovador, espetacular e gratificante. Esta é daquelas protagonistas que o espetador vai criando alguma empatia, apesar do seu mau feitio e falta de jeito para relacionamentos sociais. E o público chega a um ponto que está a torcer para que ela consiga alcançar o seu objetivo.

Também nos dá uma lição valiosa sobre a importância do trabalho em equipa e que existem alturas, em que nós temos de dar um passo atrás para termos uma visão mais refrescante. É com o erro que nós evoluímos. E assim, são colocadas novas ideias em prática e são experimentadas novas abordagens para resolver este cálculo de matemática complexo, que estava há muito tempo à espera para que fosse finalmente solucionado. Por vezes, basta experimentar uma estratégia diferente que até pode ser algo tão inesperado como um simples jogo de Mahjong para melhorar o raciocínio e ver com outros olhos, o que está mesmo à nossa frente.

Divulgação: Pris Audiovisuais

A matemática é sem dúvida, uma linguagem muito complexa, mas valiosa que faz todo o sentido e que nos leva para inúmeras possibilidades que nem imaginaríamos que seriam possíveis!    

O Teorema de Marguerite consegue produzir uma narrativa diversificada e organizada que surpreende pela positiva e apresenta um resultado satisfatório e curioso. E ainda, aborda temas que na atualidade são raros de serem debatidos, enquanto cria uma ligação própria com o público que está a assistir. No entanto, é pena que não tivessem sido mostradas mais cenas divertidas relacionadas com o jogo de Mahjong. Também mostra o quanto a obsessão em alguma coisa pode vir a tornar-se perigoso. Por isso, o essencial é manter os pés assentes na terra, não apressar a resolução do problema, mas sim, ir ao seu ritmo e na companhia de quem realmente importa.


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