A
nova obra de Jacques Audiard, vencedora de 2 prémios no Festival de Cannes já
pode ser vista em Portugal. Falamos de Emilia Pérez, onde arrecadou
também o prémio da audiência no último Festival Internacional de Cinema de
Toronto e foi selecionado pela França, para competir na categoria de Melhor
Filme Internacional na edição 2025 dos Óscares.
Para
além de ter vencido o Prémio do Júri na edição 2024 do Festival de Cannes,
também recebeu o prémio na categoria de Melhor Interpretação Feminina, devido
às protagonistas desta produção, Karla Sofia Gascón, Zoe Saldaña, Selena Gomez
e Adriana Paz.
Este thriller combinado com musical falado em castelhano foi rodado nos subúrbios de Paris, sendo que nos traz música e melodrama e é acompanhado por momentos sombrios de violência, enquanto narra a jornada de Manitas, o líder de um cartel de droga mexicano, que aspira vir a ser mulher.
Esta
é uma história de renascimento e redenção, que traça a odisseia de quatro
mulheres no México, cada uma em busca da sua própria felicidade. Entre elas
está Rita (Zoe Saldaña), uma advogada altamente qualificada, mas
desvalorizada numa empresa que está mais interessada em livrar criminosos do
que levá-los à justiça. Um dia, Rita é raptada pelo cartel de droga liderado
por Manitas (Karla Sofia Fascón), que acaba por contratá-la para o
ajudar a retirar-se do narcotráfico, a mudar de vida e iniciar a sua transição
sexual, o seu plano mais secreto.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Emilia
Pérez é uma narrativa
complexa composta por um tornado perigoso de emoções e uma aprendizagem
transformadora, onde vai apresentando sequências musicais muito bem detalhadas
e coreografadas, enquanto cada uma das suas personagens principais vai-se
desenvolvendo, de acordo com todos os obstáculos que vão enfrentando. De uma
maneira muito própria e através da música, também consegue expor o sofrimento profundo
e às vezes, silencioso sentido por estas mulheres.
Contudo,
pode haver alturas em que se torna muito mais forçado e exagerado, fazendo com
que a pessoa perca o foco na cena em si. Isso pode acontecer, quando estamos focados
numa cena mais séria e de repente, surge a sequência musical e acaba por se
perder completamente o contexto da situação e o interesse na mesma. Por isso, poderia
ter existido um melhor equilíbrio entre as cenas mais dramáticas e as
sequências musicais.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Esta
é daquelas histórias que acaba por criar algo de novo, fazendo com que seja
criada uma maior curiosidade no modo como tudo se irá desenrolar. Além disso, o
desempenho duplo de Karla Sofia Gascón, tanto como Manitas e Emilia
Pérez é de louvar e foi uma das grandes surpresas deste filme. Sabiam que
esta atriz espanhola se tornou na primeira mulher transgénero a ser premiada em
Cannes?
Também
foi interessante assistir à interpretação de Zoe Saldaña e conhecer a versatilidade
e os diferentes registos no trabalho desta atriz.
Com a sua essência transmitida maioritariamente em castelhano, Emilia Pérez deixa a sua marca de determinação e resiliência com um final mais poético. E ajuda a pessoa a questionar e a refletir sobre a sua própria transformação pessoal que por vezes, pode fazer toda a diferença na sua jornada individual. Além disso, também ocupa o seu tempo a criar mais discussão em temas que ainda são considerados como tabus.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Pode
não agradar a todos e ter os seus altos e baixos. No entanto, destaca-se pela
sua visão mais original em mostrar algo de novo e ainda, apresenta em como há
muitas mulheres que sofrem em silêncio, mas que merecem ser ouvidas. E quando chegar
o dia delas se libertarem dessa angústia, a sensação de liberdade e verdade irá
valer muito a pena.
Uma coisa é certa! A música tem a capacidade única de transmitir coisas extraordinárias ao ser humano e faz bem à nossa mente.
Sem comentários:
Enviar um comentário