Herege (Heretic, como título original) é a produção de terror mais recente
da A24 que é realizada por Scott Beck e Bryan Woods e tendo como protagonista o
ator britânico, Hugh Grant no papel de vilão.
Esta
é a história sobre duas jovens missionárias que se veem obrigadas a dar provas
da sua fé quando batem à porta errada e são recebidas pelo diabólico Sr.
Reed (Hugh Grant), dando consigo presas no seu jogo mortífero do gato e do
rato.
Estas
duas missionárias que, ao tentarem evangelizar este homem excêntrico, acabam
por ficar presas em sua casa. Á medida que se confrontam com o intelecto
rarefeito e malévolo do anfitrião, elas começam a questionar a sua própria fé.
Hugh
Grant dá vida a um vilão psicopata e obcecado, que recorre a diálogos absolutamente
manipuladores, para abordar os dogmas da religião e toda a complexidade que faz
parte em relação às inúmeras teorias e filosofias que têm sido discutidas desde
sempre. O seu desempenho é de arrepiar e traz-nos um registo deste ator
completamente diferente daquilo que estamos habituados a ver.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Herege é um thriller de terror psicológico
que apresenta uma trama inovadora e interessante, enquanto retrata um dos temas
mais complexos e controversos que é a religião. O argumento em si é sólido,
está muito bem conseguido e é executado a um ritmo lento, mas adequado, criando
assim em cada uma das suas cenas, um suspense na dose exata que deixa o público
plenamente agarrado ao ecrã.
Além
disso, quem está a ver vai tendo a oportunidade de adquirir mais conhecimento
sobre os grandes mistérios da Teologia, enquanto questiona as diversas teorias
associadas às religiões que vão sendo apresentadas, como é o caso das crenças relacionadas
com os Mórmons. Nem sempre é fácil retratar narrativas associadas à religião,
cujo assunto possui uma complexidade intensa e muitas vezes, não existem
evidências científicas para comprovar. E também há várias versões sobre o mesmo
tema, mas com características que acabam por encaixar entre si. Não é um tema
concreto e esclarecedor e por isso, tal como acontece no filme, é relativamente
mais fácil do que pensamos, as pessoas começarem a questionar a sua própria fé
e algumas vezes, sentirem-se perdidas.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Herege consegue trazer algo de novo que não
precisa de assustar fisicamente, mas que faz o público refletir profundamente sobre
as suas próprias convicções e questionar sobre a sua fé e qual é a verdade no
seu estado mais puro. Este é daqueles exemplos, onde o terror psicológico pode
ter muito mais impacto no espetador do que uns meros sustos. E isso, é devido
ao facto de a história testar e mexer com inteligência com as crenças das
pessoas que é algo que faz parte da identidade de cada um e assim, por vezes,
pode tornar-se assustador e até perigoso para alguns.
Este é um filme inesperado que surpreende positivamente pelo modo que vai sendo construído e pela performance fantástica de Hugh Grant como antagonista. Apesar do final não ser dos melhores, esta produção teve a capacidade de superar as expetativas para quem gosta de filmes deste género, enquanto deu lições interessantes sobre os tipos de religião que existem, o poder que a fé tem na vida de alguém e como esta pode fazer toda a diferença no instinto de sobrevivência de cada um. É um tema tabu que vai continuar a suscitar dúvidas e a criar discussões, mas que ao mesmo tempo, proporciona uma aprendizagem pertinente e cativante sobre uma matéria desconhecida e à sua maneira, com uma essência mágica.
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