Chegou
o momento de ver a adaptação cinematográfica do livro homónimo de Warren Zanes
sobre a vida e carreira do ícone do rock americano, Bruce Springsteen. Springsteen:
Deliver Me From Nowhere é realizado por Scott Cooper e tem Jeffrey Allen
White a representar este artista musical.
Para
além de Jeffrey Allen White como o protagonista, o elenco é constituído por
Jeremy Strong, Paul Walter Hauser, Stephen Graham, Odessa Young, Gaby Hoffman,
Marc Maron e David Krumholtz.
Esta
visão narra a produção de “Nebraska”, o álbum lançado por Bruce Springsteen em
1982 – um disco acústico, cru e assombrado, que marcou um momento decisivo na
vida do artista e é considerado como uma das suas obras mais impactantes e
duradouras.
Também
acompanha Bruce Springsteen ainda jovem, no limiar do sucesso mundial, num
momento em que lutava para conciliar as exigências do sucesso com os fantasmas
do passado. Gravado num gravador de 4 faixas no quarto da casa de Springsteen
na Nova Jérsia, “Nebraska” tornou-se num marco da sua carreira – um álbum
íntimo e sombrio, habitado por almas perdidas à procura de um motivo para
acreditar.
Divulgação: 20th Century Studios Portugal
Em
1981, logo após o êxito de “The River Tour” temos este jovem artista a
atravessar um momento crítico da sua vida. Enquanto sente o peso da fama e dos
traumas de um passado conturbado, ele decide afastar-se durante algum tempo
numa casa em Colts Neck, Nova Jérsia. Este lugar torna-se num tipo de refúgio
silencioso, onde faz uma reflexão mais profunda que leva a que escreva novas
canções extremamente pessoais.
Springsteen:
Deliver Me From Nowhere
não é uma simples história biográfica, é sim, a apresentação do homem por
detrás da música que está à beira de ser uma superestrela global que enfrenta
um capítulo exigente da sua vida e os fantasmas do seu passado. De uma maneira
muito particular, testemunhamos a sua vulnerabilidade que vai estando associada
às suas inseguranças, enquanto compreendemos o papel principal e a força que a
música tem para ele.
Divulgação: 20th Century Studios Portugal
Desde
o início, dá para perceber a razão pelo qual “Nebraska” foi um dos seus
trabalhos mais duradouros, pois ele passou por dificuldades, mergulhou
profundamente e em silêncio perante as suas feridas, medos e memórias que não foram
fáceis de encarar. Ele sempre foi definido como um ótimo storyteller e foi
o facto de sair da sua zona de conforto, lidar com a sua saúde mental e
acompanharmos todos os passos da produção de “Nebraska” que torna esta jornada tão
interessante.
Ficamos
a saber mais sobre o seu trauma não resolvido e a conhecer melhor esta figura tão
conhecida que tinha os seus momentos de solidão e as suas fragilidades. E que ainda,
gravou um álbum inteiro sozinho em casa isolado do sucesso e do mundo da fama,
cujas faixas não precisavam de ter um som perfeito. Um ícone do rock americano
que procurava inspiração, paz em casa e no seu processo criativo, fazendo com
que o espetador crie uma ligação maior com ele.
Divulgação: 20th Century Studios Portugal
Um
dos maiores destaques vai para a interpretação de Jeffrey Allen White como
Bruce Springsteen. Foi uma boa surpresa, principalmente por ver este ator num
registo completamente diferente daquilo que já tinha visto e por ter tido uma
ótima performance nas apresentações ao vivo e a representar a diferentes níveis
a personalidade complexa e real do Boss.
Além disso, foi maravilhoso assistir à dinâmica
única e especial de Bruce Springsteen e Jon Laudau, o histórico manager e
confidente do músico. Jeremy Strong encaixou na perfeição a dar vida à pessoa
que mais apoiou e acreditou em Bruce, sendo que dá para a ver que tinha uma
sensibilidade muito própria e um sentido de proteção para com ele, porque para
Jon aquilo que importava era o Bruce Springsteen e nada mais.
Esta
é daquelas relações tão naturais que muitos de nós admira e muito devido ao
amor, lealdade, confiança e o sentido de responsabilidade que têm um pelo
outro. As cenas que mais apreciei foram protagonizadas por esta dupla que fazem
com que o público tenha logo uma ligação imediata e próxima com estes dois. E
algumas destas cenas até tiveram os seus momentos mais comoventes e verdadeiros.
Outro
ator que vale a pena referir pelo seu bom trabalho é o de Paul Walter Hauser
que tem surpreendido cada vez mais e aqui interpreta o técnico de guitarra Mike
Batlan, trazendo um lado mais leve e cómico à história em si.
Divulgação: 20th Century Studios Portugal
Springsteen:
Deliver Me From Nowhere
é uma viagem mais emocional por um outro lado deste artista icónico que parece incompleto
e saber a pouco. Além disso, poderia ter beneficiado muito mais, se tivesse tido
mais atuações ao vivo, mostrando assim, a força da natureza que é Bruce
Springsteen no palco. E ainda, ter mais cenas partilhadas entre Bruce e o seu
manager, Jon Laudau, cuja relação é um dos pontos mais fortes do filme. Isso
também teria sido uma excelente adição.
Não
há dúvidas, que ele mostra com intensidade a sua verdade contra tudo e todos e
os sacrifícios que teve de fazer. E é transmitida a sua determinação e coragem para
se enfrentar a si mesmo e o seu passado complicado, mas não é o suficiente para
se destacar da mesma forma, em relação a outras histórias dedicadas a outros artistas
musicais que tiveram um impacto muito maior.
Divulgação: 20th Century Studios Portugal
Mesmo
assim, é uma obra inspiradora bem editada que apresenta a criação da canção
popular “Born in The USA” e também o processo artístico por detrás de um disco
peculiar. Enquanto isso, também honra o legado de Bruce Springsteen e não deixa
de ser interessante acompanhar alguns dos anos mais difíceis deste músico
visionário que foi crucial para a evolução da sua carreira e visão artística,
sendo que continua a ser um ícone na música internacional, uma inspiração para
uma geração de artistas e músicos e também é um autêntico espetáculo cheio de
energia no palco. E para quem já assistiu a um concerto ao vivo, como eu, sabe
bem daquilo que eu falo.
Por isso, não vão com expetativas e aproveitem o momento para conhecer um pouco mais sobre a vida e carreira do astro de rock, Bruce Springsteen numa perspetiva diferente e até identificarem-se com alguns dos temas abordados nesta narrativa.



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