A
série “Snowpiercer” tem sido muito falada e comentada desde que estreou a sua
1ª temporada constituída por 10 episódios, sendo exibida pelo TNT e transmitida
a nível internacional pela Netflix. Mesmo antes de estrear, esta já tinha uma
2ª temporada confirmada, em que é baseado na banda desenhada francesa chamada
“Le Transperceneige” lançado em 1982, com a autoria de Jacques Lob, Benjamin
Legrand e Jean-Marc Rochette, e onde já foi feito um filme de 2013 com o mesmo
nome da série realizado por Bong Joon-Ho e protagonizado por Chris Evans. Os
responsáveis pela realização deste drama são James Hawes, Sam Miller, Helen
Shaver, Frederick Toye, David Frazee, Leslie Hope, Clare Kilner, Rebecca
Rodriguez, Christoph Schrewe e Everardo Gout, o argumento é escrito por Bong
Joon-Ho e Kelly Masterson e a adaptação televisiva é feita por Josh Friedman e
Graeme Manson (também responsável pela escrita da série Orphan Black).
Esta
história desenrola-se 7 anos após uma experiência científica que tinha o
objetivo de combater o aquecimento global, mas que infelizmente acabou por
destruir a maior parte da vida do planeta, criando uma nova Era do Gelo. Assim
foi criado um comboio chamado Snowpiercer, constituído por 1001 carruagens,
onde transporta os passageiros que são considerados como os únicos
sobreviventes deste evento, sendo divididos dependendo da sua classe social.
Este comboio é um tipo de arca com energia ilimitada, constantemente em
movimento, sem fazer qualquer tipo de paragem, que inclui tudo o que é
necessário para a humanidade sobreviver. Mas nem todos os passageiros estão
satisfeitos com as condições que têm, principalmente as pessoas que estão na
última carruagem do Snowpiercer e por isso são várias as revoltas que vão
suceder. Um dia acontece um homicídio macabro de um membro da 3ª classe e
Melanie Cavil (Jennifer Connelly), que é a hospedeira e a voz responsável do
Snowpiercer e também seguindo as ordens do próprio Mr. Wilford resolve contratar
Andre Layton (Daveed Diggs), um ex-detetive de homicídios para investigar este
assassinato, cometido por um dos passageiros.
O
elenco é constituído por Jennifer Connely (Melanie Cavil), Daveed Diggs (Andre
Layton), Mickey Sumner (Bess Till), Alison Wright (Ruth), Iddo Goldberg
(Bennett Knox), Lena Hall (Miss Audrey), Sheila Vand (Zarah Ferami), Mike
O’Malley (Roche), Karin Konoval (Dra. Pelton), Annalise Basso (LJ Folger),
Susan Park (Jinju Seong), Timothy V. Murphy (Nolan Grey), Katie McGuinness
(Josie), Roberto Urbina (Javi de La Torre), Jaylin Fletcher (Miles), Steven Ogg
(Pike), entre outros.
Snowpiercer
foi construído pelas Indústrias Wilford através do visionário Mr. Wilford,
sendo assim, um comboio com alta tecnologia que está sempre a circular sem
parar à volta do mundo, mas não faz nenhuma paragem, constituído por 1001
carruagens, onde os seus passageiros são divididos pela classe social respetiva
e também podemos encontrar um pouco de tudo aquilo que é essencial para a
humanidade sobreviver.
O
comboio é dividido pela 1ª classe, 2ª classe, 3ª classe e os Tailies (“Cauda”
em português). Os Tailies são as pessoas mais pobres que conseguiram entrar na
cauda do comboio de uma forma clandestina, pois não tinham bilhetes e a maior
parte dos da 3ª classe pagam a sua estadia e alimentação através do trabalho
que vão realizando para manter o comboio a funcionar, enquanto os da 1ª classe
tinham pago uma fortuna pelos seus bilhetes e assim, têm à sua disposição,
condições muito luxuosas cheios de benefícios.
Depois
de ter acontecido o fim do mundo, com um planeta completamente constituído por
gelo, não vai ser fácil a humanidade sobreviver, mesmo que seja a bordo do
Snowpiercer, que tem um sistema próprio de funcionamento, pois nem todos estão
satisfeitos com a forma como a ordem é estabelecida, por isso vão suceder
algumas revoluções, no decorrer dos anos.
Apesar
da personagem Mr. Wilford que é o responsável pela construção do Snowpiercer
estar presente no filme desta adaptação, o mesmo não acontece nesta série,
mesmo que este seja mencionado por diversas vezes. Por isso, a identidade deste
líder e criador inovador continua a ser um grande mistério para o público,
durante esta 1ª temporada.
Melanie
é a responsável por ser a “Voz” e seguir as ordens do Mr. Wilford, dando os
anúncios e as notícias diárias a todos os passageiros, através de comunicados
feitos via microfone que são ouvidos em todas as carruagens do comboio. No
início, tanto os passageiros como o espetador pensa que Wilford está fechado no
sítio onde controla o funcionamento do motor e por isso consideram a Melanie
como a sua intermediária e porta-voz.
Assim,
ela utiliza a sua posição e influência para manter a ordem e descobrir tudo
aquilo que necessita de saber para continuar a manter o comboio a funcionar,
sem qualquer tipo de obstáculos. São vários aqueles que querem lutar pelo
controlo do comboio, mas nem todos vão ser bem-sucedidos.
Melanie
é uma personagem bem mais complexa do que imaginávamos e nem sempre conseguimos
perceber bem quais são os seus planos, mas é uma pessoa inteligente, calculista, fria e sabe bem aquilo que quer.
O
trabalho de Melanie não é nada fácil, quando falamos da função de supervisionar
o futuro da humanidade, por isso, ela vai ter obstáculos constantes,
principalmente quando for desvendado um dos maiores segredos de Snowpiercer,
que podem vir a criar muitas mais revoltas por parte dos passageiros.
Segundo
as indicações de Mr. Wilford, Melanie retira Layton da Cauda, que no passado
foi um detetive de homicídios, para que este investigue um assassinato que
ocorreu na 3ª classe, de uma forma misteriosa e macabra. Para isto acontecer,
Layton terá ao seu lado Bess Till que foi encarregada de o supervisionar e
conduzi-lo aos locais necessários para resolver este crime.
Enquanto
Layton conduz a sua investigação, o espetador tem a oportunidade de conhecer
algumas das carruagens existentes no Snowpiercer e fica surpreendido com a
complexidade de cada uma, principalmente todos os cenários construídos de forma
a caberem numa simples carruagem de comboio, que parece impossível de
acontecer, mas é muito interessante ver o requinte das outras classes, como por
exemplo, a discoteca que é uma forma dos passageiros autorizados divertirem-se
e por meros momentos, o público esquece-se que já não está no interior de um
comboio, apesar de ainda estar. Sem dúvida que parece haver mais espaço
disponível do que aquele que poderíamos alguma vez imaginar.
Durante
a investigação de um assassinato misterioso, Layton acaba por vir a descobrir
alguns dos segredos mais obscuros e bem guardados do Snowpiercer, por isso ele
vai ser impedido a todo o custo, antes que possa ter oportunidade de revelá-los
aos restantes passageiros do comboio. Infelizmente, Layton acaba por ser
castigado devido aquilo que sabe sobre a gestão do Snowpiercer, mas será que os
seus aliados o irão ajudar?
Os
Tailies são as pessoas mais pobres que vivem na última carruagem do comboio num
ambiente bem escuro, sem qualquer tipo de condições para sobreviverem de forma
digna. São alimentados com barras que têm muito mau aspeto e abusados pelos
guardas e por isso sentem-se revoltados com os responsáveis pela Snowpiercer,
mas principalmente com Mr. Wilford. Estes querem ser livres e ter as mesmas
condições e regalias que os outros passageiros e não estarem fechados na sua
carruagem, tratados como meros animais e sem oportunidade de verem o exterior
do comboio. Por isso, sendo o líder revolucionário dos Taillies, Layton fará o
que for preciso para que o seu povo tenha justiça e os mesmos direitos que as
outras pessoas pertencentes a outras classes, nem que seja planear uma
revolução como nunca antes vista.
Durante
o decorrer dos episódios, a revolução não está longe e não vão faltar mudanças,
sejam elas positivas ou negativas, que podem ou não beneficiar todos os membros
deste comboio. Com o objetivo de conseguirem ter melhores condições neste lar
eterno são vários aqueles que querem que volte a democracia para que possa
voltar a haver justiça.
Neste
drama acabamos por presenciar muita crueldade no interior deste meio de
transporte. Uma das formas de castigar criminosos é coloca-los no interior de
gavetas, que funcionam como um tipo de prisão, apesar de eles estarem
completamente adormecidos e quando são acordados, precisam de um período longo
de adaptação para não haver sequelas. Outra dessas formas é congelar um dos
braços da pessoa e depois parti-lo, colocando a mesma numa dor intensa.
É
interessante ver como os Tailies têm a capacidade de construir uma boa equipa
de informantes, divididos em classes diferentes do comboio, que podem fazer
toda a diferença, quando chegar a altura certa para alcançar o motor e assim,
assumir o poder do Snowpiercer.
Este
é um planeta que congelou numa tentativa falhada da humanidade em parar com o
aquecimento global e neste caso podemos ver a importância que o dinheiro tem em
situações de sobrevivência e a forma como privilegia uma pessoa, mesmo que não
tenham um bom carácter. Como exemplo, temos LJ Folger, a filha de uma família
influente e milionária que vive na 1ª classe do comboio, mas é uma rapariga com
raiva, desequilibrada, instável, anti-social, com pensamentos obscuros, que tem
planos mais malignos, do que a sua família poderia imaginar e adora quando
acontecem confusões, mas nem sempre paga pelas suas ações.
Por
isso, a raiva de vários de passageiros de diferentes classes vai aumentando,
sempre que observam injustiças a acontecerem com pessoas mais vulneráveis e as
pessoas mais poderosas não pagam pelos seus crimes.
Este
é um comboio que sofre de ameaças constantes, seja por parte dos passageiros da
1ª classe ou dos passageiros da última carruagem. Assim, são várias as
dificuldades que vão ocorrendo no Snowpiercer, seja a nível de danos causados
ao próprio comboio como a falta de reservas, relativamente à alimentação que
vai começando a acontecer aos poucos. Será que isto ainda vai complicar mais, a
gestão destes últimos seres humanos, seja por parte de Melanie ou mesmo de
Layton, que querem obter o controlo do Snowpiercer?
Ao
longo dos episódios, esta série explora conspirações, conflitos, mecanismos de
sobrevivência, justiça, luta entre classes, problemas técnicos do comboio e
alguns momentos de desespero e ação que inclui violência bem visível, quando
chega o momento da revolução, onde podemos ver a luta entre as tropas lideradas
por Nolan contra os Tailies e os da 3ª classe, nos quais acontecem baixas para
os dois lados.
Apesar
de não vermos de um modo constante a guerra existente entre as diferentes
classes sociais, eu acredito que isto será muito mais abordado na 2ª temporada.
Também
existe uma certa fé depositada no Mr. Wilford, que é um tipo de herói para a
maior parte dos passageiros, levando a que a sua influência não tenha limites,
mesmo que não tenha aparecido pessoalmente recentemente. Mas será que este
senhor é tão bom como todos pensam ou tem os seus próprios planos para
implementar?
Wilford
é considerado como um salvador, mas ao mesmo tempo como um mito e dá às pessoas
uma sensação de esperança e segurança para o futuro da humanidade, em que
estará sempre presente para o que for necessário, mas que pode não ser bem
assim, pois elas não sabem o que está acontecer no sítio onde se encontra o
motor ou até se este homem pode ser ou não, uma fraude.
Esta
história é constituída por uma versão bem diferente do filme, com reviravoltas
surpreendentes e intrigantes, que cativam o espetador desde o início até ao fim,
com a curiosidade a aumentar cada vez mais.
Ao
contrário do filme, esta série tem sido uma boa surpresa, onde dá-nos a
oportunidade de aprofundar muito mais o nosso conhecimento perante este comboio
de alta tecnologia, de uma forma a esclarecer o público sobre o funcionamento
do mesmo e tudo aquilo que está incluído no seu interior. Também temos a
oportunidade de ver o exterior do comboio, onde observamos o mundo
completamente destruído e congelado.
Para
além disso, os escritores deixam o público criar as suas próprias teorias sobre
as razões pelas quais determinadas situações estão a suceder naquele momento específico
e quais poderão ser as respetivas consequências.
Todas
as cenas de ação estão bem construídas e os episódios têm sido feitos a um bom
ritmo acompanhados por uma boa banda sonora. A fotografia escolhida é mais fria
e obscura em alguns momentos, tornando-se como a mais adequada para esta
história e os efeitos visuais são muito bem introduzidos nas alturas certas.
Esta série de ficção científica segue um caminho e tem uma perspetiva completamente diferente daquela que estaríamos à espera, tornando-se assim cada vez mais interessante de se assistir. Assim, estou muito curiosa para acompanhar a 2ª temporada, depois da 1ª temporada ter terminado, de uma forma bem intrigante.
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