A Netflix lançou recentemente
mais uma nova série original, desta vez foi “Warrior Nun”, constituída por 10
episódios e é protagonizada por uma atriz portuguesa chamada Alba Baptista. É
uma adaptação da banda desenhada “Warrior Nun Areala”, que tem a autoria de Ben
Dunn e a série é criada por Simon Barry.
Ava (Alba Baptista) é uma jovem órfã
e tetraplégica que vivia num orfanato, tendo recentemente morrido, mas de
repente é ressuscitada numa morgue, por uma relíquia poderosa chamada Halo e
assim, surge uma nova oportunidade na sua vida para ter experiências novas, que
nunca tinha tido anteriormente e para além disso, tem novos superpoderes, tais
como atravessar paredes e também voltar a ter a capacidade de andar. Mas esta
vida nova vem com um custo e um sacrifício pessoal, muito maior do que ela
pensava, que implica tornar-se numa freira guerreira e lutar contra o mal, que
inclui demónios que precisam de ser parados.
O elenco é constituído por Alba
Baptista (Ava), Toya Turner (Shotgun Mary), Kristina Tonteri-Your (Sister
Beatrice), Lorena Andrea (Sister Lilith), Tristán Uloa (Father Vincent), Thekla
Reuten (Jillian Salvius), Olivia Delcán (Sister Camila), Joaquim de Almeida
(Cardinal Duretti), Emilio Osorio (J.C.), entre outros.
Toda a história é desenrolada à
volta de uma organização secreta antiga da Igreja Católica chamada Order of the
Cruciform Sword (Ordem da Espada Cruciforme, em português). Esta é constituída
por freiras guerreiras que fizeram um juramento de proteger a humanidade contra
o mal, tendo como missão, dedicarem as suas vidas a lutarem contra demónios. Para
conseguirem cumprir todas as missões são lideradas por uma freira guerreira,
que tem inserida no seu corpo, uma relíquia chamada Halo (é um tipo de auréola),
dando poderes à sua portadora.
A irmã Shannon (Melina Matthews)
foi a freira guerreira mais recente que liderou estas freiras até caírem todas
numa armadilha, durante uma missão que falhou, fazendo com que a líder tenha
sido assassinada por razões desconhecidas e misteriosas. Esta tinha sido
atacada com Divinium, que é o único metal que pode matar uma freira guerreira,
sendo um dos segredos mais bem escondidos do Vaticano. Enquanto umas lutam
intensivamente com um demónio e para protegerem o Halo, uma freira resolve
retirá-lo do corpo da irmã Shannon e colocá-lo nas costas do corpo morto de
Ava, mas ninguém imaginava que esta rapariga poderia tornar-se na próxima
portadora do Halo.
Ava teve uma infância complicada,
nos quais passou a maior parte da sua vida num orfanato, após ter sofrido um
acidente que deixou-lhe tetraplégica e matou a sua mãe. Depois de Ava morrer, o
seu corpo é transportado para a morgue de uma igreja, mas o mesmo acaba por
receber uma auréola de um anjo com o nome de Halo, levando a que fosse
ressuscitada, de uma forma inexplicável.
Esta jovem é a narradora desta
história, onde vai partilhando as suas opiniões, experiências, dúvidas e medos,
ao longo dos episódios. Ela começa a cativar o público, desde o início, onde
partilha tudo aquilo que quer experimentar pela 1ª vez e quando o faz, ela
refere os seus pensamentos e as conclusões que vai chegando, sempre de um modo
irónico, aproveitando ao máximo, esta segunda oportunidade que lhe foi dada
para viver.
Ava não imaginava que ia ter uma
nova oportunidade na sua vida, quando o Halo a ressuscitou. Esta relíquia acaba
por dar um propósito a Ava, mas ela não quer ter essa responsabilidade, mas sim
ser uma rapariga normal e adquirir experiências novas, que nunca conseguiu ter,
por isso vai precisar de lidar com muitas situações, desde que voltou a acordar.
Esta é uma personagem um pouco
problemática que tenta seguir uma vida sem preocupações, não levando as coisas
muito a sério, sendo sarcástica em muitos dos diálogos que faz com outras
personagens e sem dúvida que é engraçado, ver a forma como ela vê tudo à sua
volta e a sua adaptação perante esta nova realidade. Até chega momentos em
que torna-se um pouco irritante e a atriz Alba Baptista está de parabéns, pois observa-se um à vontade da mesma na forma como desempenha Ava.
Ava torna-se na nova portadora do
Halo, apesar de ser cética, relativamente a tudo o que está relacionado com
religião e Deus. Assim, ela vai passar por um período longo de adaptação para
perceber a importância que é liderar estas freiras na luta contra o mal e
pertencer a esta organização, que podem muito bem, tornarem-se na sua nova
família, ao mesmo tempo que descobre os seus novos poderes. Será que o seu
destino é tornar-se na próxima Freira Guerreira e a nova campeã de Deus?
Quando começa a explorar esta sua
nova vida e a tentar descobrir a sua própria identidade, Ava conhece um grupo
de jovens responsáveis por crimes de invasão de propriedades luxuosas, entre
eles, JC, nos quais acaba por começar a sentir uma atração por este rapaz. Ava
tem a oportunidade de viver realmente pela 1ª vez como uma adolescente, por
isso tem um dilema, entre viver uma vida completamente nova e um romance com JC
ou aceitar a missão de combater o mal.
Durante esta 1ª temporada, existe
um período de descoberta por parte de Ava, relativamente aos seus poderes e
assim, avaliando os seus limites, ao mesmo tempo que tenta arranjar uma
explicação ou uma razão plausível para ter sido ela a escolhida para ter estas
novas habilidades.
Para além disso, Ava é
perseguida, tanto por Jillian que quer abrir um portal para um local
desconhecido, que acredita que possa ser o céu, um sítio sem dor, como por um
grupo de freiras da Ordem da Espada Cruciforme e também por um demónio
designado por Tarasks, com o objetivo de recuperar o Halo.
Por vezes pode tornar-se
cansativo, a quantidade de vezes que Ava tenta fugir dos seus problemas, em vez
de enfrentá-los com coragem, mas aos poucos, esta rapariga vai aprendendo a
lidar com isso.
Esta é uma história leve e
divertida, que tem algumas referências à cultura pop e é constituída por muita
ironia, sarcasmo e humor, mas ao mesmo tempo apresenta uma grande conspiração, acabando
por conter um pouco de manipulação, perseguições, cenas de luta. Também existe
uma certa parceria no início entre a religião e a ciência, onde podemos
observar as experiências que vão sendo feitas por parte da ciência, mas depois
acabam por ocorrer dificuldades causadas por pessoas de fé. Assim, a guerra
entre a fé e a ciência torna-se inevitável, mesmo que não tenha sido muito
explorada.
Também aborda de uma forma muito
leve o feminismo, onde podemos ver personagens femininas com personalidades
fortes e poderosas, em que têm o que é necessário para cumprirem a sua missão,
por isso este grupo de mulheres que são representadas na série servem como
inspiração para muitas raparigas. Uma das expressões que mais gostei, foi sem
dúvida, quando estas freiras guerreiras dizem umas para as outras “nesta vida
ou na próxima” para assim mostrarem a união e força que têm, quando estão preparadas para lutarem em
conjunto.
O grupo das freiras guerreiras
terá de percorrer um caminho longo, com o objetivo de convencerem Ava a
tornar-se na líder respetiva e fazer parte da Ordem da Espada Cruciforme. Infelizmente
nem todas as freiras estão satisfeitas com o facto de ter sido Ava a escolhida
pelo Halo, entre elas, Lilith.
Lilith é uma freira que treina
mais intensivamente que as outras pessoas, mas sofre uma grande desilusão
quando percebe que não será ela, a próxima protetora e portadora do Halo, nos
quais ela preparou-se toda a sua vida para o receber e pensava que tinha um destino para
ser cumprido já que o Halo tinha sido passado por gerações da sua
família.
A maior parte da ação da série é realizada por estas freiras que estiveram muito tempo para preparem-se até chegar o dia, que tivessem de colocar as suas aprendizagens em prática.
Uma das partes que pode mais cativar o espetador são as coreografias de luta, principalmente aquelas que são protagonizadas pela Irmã Beatrice, que mostra uma freira lutadora, vencendo qualquer um que se meta no seu caminho. Considero que ver as freiras em ação são alguns dos pontos positivos desta série e torna-se empolgante para o público assistir. Para além disso, as cenas de luta que são mostradas nesta série são interessantes de se ver, apesar de eu achar que poderiam ter ainda mais qualidade, em comparação com outras produções que têm coreografias de luta brilhantes.
Num modo geral, o espetador acaba
por criar empatia com todas as freiras da história, ficando com curiosidade em
saber mais sobre o respetivo passado destas mulheres.
Para além disso, temos a cientista Jillian que
coloca-se numa guerra com a igreja católica, continuando com as suas
investigações, mesmo que o Cardeal Duretti não concorde e utilizando Divinium
para as suas experiências científicas que é proibido pela Igreja Católica. O
Cardeal Duretti tem os seus próprios planos que é alcançar o cargo mais
importante do Vaticano, mesmo que signifique prejudicar a Igreja.
Também temos a oportunidade de
conhecer a história da primeira freira guerreira e a sua ligação com o Anjo
Adriel, que é o responsável por ter-lhe oferecido e colocado o Halo no interior
do seu corpo e também descobrir que nem toda a gente tem a capacidade de ser o
portador deste este tipo de poderes.
Há falhas na série, seja no
argumento, constituído por diálogos que nem sempre fazem muito sentido e esta
história demora até que seja relativamente interessante. Eu acho que existem
personagens que parecerem deslocados da história, não fazendo falta nenhuma a
esta fantasia e que não se percebe o sentido de estarem presentes em
determinados episódios, a não ser evitarem que Ava siga o seu propósito. Também
focam-se em romances desnecessários para a altura em que a história está
inserida, em vez de focarem no mais importante. Sem dúvida, que a série demorou
algum tempo a desenvolver temas pertinentes para a história
Na minha opinião, a relação entre
Ava e JC é explorada na altura errada e deveria ser mais abordada durante uma
possível 2ª temporada, onde nesta 1ª poderíamos ter visto mais do treinamento
de Ava com as freiras e esta a pôr em prática, tudo aquilo que vai aprendendo.
Acho que esta série faltou um
pouco de equilíbrio, na forma como tudo foi desenvolvido nestes 10 episódios e
também ausência de pesquisa em algumas partes relacionadas com o Vaticano. As
personagens principalmente as freiras têm muito potencial para serem mais
exploradas, caso haja mais uma nova temporada. Infelizmente, nem todas as
piadas funcionaram da mesma forma, nos quais algumas acabaram por ser forçadas.
A banda sonora até foi escolhida
para o tipo de série que é e a fotografia foi boa, onde podemos ver alguns cenários
bem bonitos de Espanha, desde as paisagens até apreciar a arquitetura
localizada neste país. Os efeitos visuais são razoáveis e interessantes de ver,
mas podiam ser melhores e por isso acredito que fizeram os possíveis com um
orçamento pequeno.
O espetador tem curiosidade em
saber mais sobre este universo, que ainda não foi muito abordado noutros filmes
e séries. Perde tempo a explorar situações e personagens, que não acrescentam
muito ao argumento e poderiam muito bem serem adicionadas, numa futura
temporada, mas infelizmente optaram por incluir partes que possam tirar a
atenção ao espetador. Por exemplo pode acontecer a pessoa perder-se em algumas
situações, principalmente, quando são introduzidas algumas das mitologias para
saber a origem do Halo e do divinium e que são fundamentais para compreender o
que aconteceu até ao presente.
Ao longo dos episódios, esta
história até tem reviravoltas interessantes que dá para reconhecer o esforço
que foi feita para cativar o espetador, mas eu acho que foram introduzidas nas
alturas erradas, deixando o mesmo na expetativa, mas ao mesmo tempo desiludido,
da forma como tudo se foi desenrolando.
Eu gostaria de ver mais sobre o treino de Ava, pois achei que é dos ingredientes fundamentais desta jornada e também haver momentos em que ela tenha muito mais ação, lutando de uma forma mais surpreendente os demónios. Para além disso, também, gostaria que explorassem muito mais os demónios, aumentando a presença destes e ainda com melhores efeitos visuais. Acredito que se continuar, irá ser promissor.
Esta 1ª temporada termina de uma
forma surpreendente, que dá vontade de querer saber mais, mas eu acho que
poderiam ter dado respostas muito mais cedo, do que foi feito. Este poderá ser
um final que muitos não esperavam e tendo terminado de uma forma que desiludiu
o público, pois estava a ser empolgante naquele momento e nem sempre é boa
ideia interromper cenas que estão a ser cruciais para a história para depois deixar
a pessoa pendurada e assim, ter de esperar pelos próximos capítulos.
Infelizmente são várias as perguntas que ficaram por responder.
Esta é uma história de fantasia que
divide opiniões para quem já teve a oportunidade de ver estes 10 episódios, mas
não devemos levar muito a sério, porque neste caso, um dos seus principais
objetivos é simplesmente entreter o público e podemos comprovar isso através
dos diálogos que são constituídos por mais humor e sarcasmo. Estas personagens
convidam-nos para uma aventura mais inesperada, com elementos que podem ser
fundamentais para lutar contra o mal.
É uma série que tem muito potencial para ser melhor desenvolvida, pois é uma boa forma de entretenimento, divertindo e cativando o espetador, durante uma jornada com freiras guerreiras, mas que ainda tem muito para melhorar e caso haja uma 2ª temporada, espero que tenha uma melhoria significativa, com muito mais investimento no orçamento, principalmente a nível de efeitos visuais.
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