sábado, 11 de julho de 2020

Série "Warrior Nun" da Netflix, com Alba Baptista - uma história de fantasia que vai cativando o espetador, durante uma jornada com freiras guerreiras


A Netflix lançou recentemente mais uma nova série original, desta vez foi “Warrior Nun”, constituída por 10 episódios e é protagonizada por uma atriz portuguesa chamada Alba Baptista. É uma adaptação da banda desenhada “Warrior Nun Areala”, que tem a autoria de Ben Dunn e a série é criada por Simon Barry.

Ava (Alba Baptista) é uma jovem órfã e tetraplégica que vivia num orfanato, tendo recentemente morrido, mas de repente é ressuscitada numa morgue, por uma relíquia poderosa chamada Halo e assim, surge uma nova oportunidade na sua vida para ter experiências novas, que nunca tinha tido anteriormente e para além disso, tem novos superpoderes, tais como atravessar paredes e também voltar a ter a capacidade de andar. Mas esta vida nova vem com um custo e um sacrifício pessoal, muito maior do que ela pensava, que implica tornar-se numa freira guerreira e lutar contra o mal, que inclui demónios que precisam de ser parados.

O elenco é constituído por Alba Baptista (Ava), Toya Turner (Shotgun Mary), Kristina Tonteri-Your (Sister Beatrice), Lorena Andrea (Sister Lilith), Tristán Uloa (Father Vincent), Thekla Reuten (Jillian Salvius), Olivia Delcán (Sister Camila), Joaquim de Almeida (Cardinal Duretti), Emilio Osorio (J.C.), entre outros.

Toda a história é desenrolada à volta de uma organização secreta antiga da Igreja Católica chamada Order of the Cruciform Sword (Ordem da Espada Cruciforme, em português). Esta é constituída por freiras guerreiras que fizeram um juramento de proteger a humanidade contra o mal, tendo como missão, dedicarem as suas vidas a lutarem contra demónios. Para conseguirem cumprir todas as missões são lideradas por uma freira guerreira, que tem inserida no seu corpo, uma relíquia chamada Halo (é um tipo de auréola), dando poderes à sua portadora.

A irmã Shannon (Melina Matthews) foi a freira guerreira mais recente que liderou estas freiras até caírem todas numa armadilha, durante uma missão que falhou, fazendo com que a líder tenha sido assassinada por razões desconhecidas e misteriosas. Esta tinha sido atacada com Divinium, que é o único metal que pode matar uma freira guerreira, sendo um dos segredos mais bem escondidos do Vaticano. Enquanto umas lutam intensivamente com um demónio e para protegerem o Halo, uma freira resolve retirá-lo do corpo da irmã Shannon e colocá-lo nas costas do corpo morto de Ava, mas ninguém imaginava que esta rapariga poderia tornar-se na próxima portadora do Halo.

Ava teve uma infância complicada, nos quais passou a maior parte da sua vida num orfanato, após ter sofrido um acidente que deixou-lhe tetraplégica e matou a sua mãe. Depois de Ava morrer, o seu corpo é transportado para a morgue de uma igreja, mas o mesmo acaba por receber uma auréola de um anjo com o nome de Halo, levando a que fosse ressuscitada, de uma forma inexplicável.

Esta jovem é a narradora desta história, onde vai partilhando as suas opiniões, experiências, dúvidas e medos, ao longo dos episódios. Ela começa a cativar o público, desde o início, onde partilha tudo aquilo que quer experimentar pela 1ª vez e quando o faz, ela refere os seus pensamentos e as conclusões que vai chegando, sempre de um modo irónico, aproveitando ao máximo, esta segunda oportunidade que lhe foi dada para viver.

Ava não imaginava que ia ter uma nova oportunidade na sua vida, quando o Halo a ressuscitou. Esta relíquia acaba por dar um propósito a Ava, mas ela não quer ter essa responsabilidade, mas sim ser uma rapariga normal e adquirir experiências novas, que nunca conseguiu ter, por isso vai precisar de lidar com muitas situações, desde que voltou a acordar.  

Esta é uma personagem um pouco problemática que tenta seguir uma vida sem preocupações, não levando as coisas muito a sério, sendo sarcástica em muitos dos diálogos que faz com outras personagens e sem dúvida que é engraçado, ver a forma como ela vê tudo à sua volta e a sua adaptação perante esta nova realidade. Até chega momentos em que torna-se um pouco irritante e a atriz Alba Baptista está de parabéns, pois observa-se um à vontade da mesma na forma como desempenha Ava.

Ava torna-se na nova portadora do Halo, apesar de ser cética, relativamente a tudo o que está relacionado com religião e Deus. Assim, ela vai passar por um período longo de adaptação para perceber a importância que é liderar estas freiras na luta contra o mal e pertencer a esta organização, que podem muito bem, tornarem-se na sua nova família, ao mesmo tempo que descobre os seus novos poderes. Será que o seu destino é tornar-se na próxima Freira Guerreira e a nova campeã de Deus?

Quando começa a explorar esta sua nova vida e a tentar descobrir a sua própria identidade, Ava conhece um grupo de jovens responsáveis por crimes de invasão de propriedades luxuosas, entre eles, JC, nos quais acaba por começar a sentir uma atração por este rapaz. Ava tem a oportunidade de viver realmente pela 1ª vez como uma adolescente, por isso tem um dilema, entre viver uma vida completamente nova e um romance com JC ou aceitar a missão de combater o mal.

Durante esta 1ª temporada, existe um período de descoberta por parte de Ava, relativamente aos seus poderes e assim, avaliando os seus limites, ao mesmo tempo que tenta arranjar uma explicação ou uma razão plausível para ter sido ela a escolhida para ter estas novas habilidades.

Para além disso, Ava é perseguida, tanto por Jillian que quer abrir um portal para um local desconhecido, que acredita que possa ser o céu, um sítio sem dor, como por um grupo de freiras da Ordem da Espada Cruciforme e também por um demónio designado por Tarasks, com o objetivo de recuperar o Halo.

Por vezes pode tornar-se cansativo, a quantidade de vezes que Ava tenta fugir dos seus problemas, em vez de enfrentá-los com coragem, mas aos poucos, esta rapariga vai aprendendo a lidar com isso.

Esta é uma história leve e divertida, que tem algumas referências à cultura pop e é constituída por muita ironia, sarcasmo e humor, mas ao mesmo tempo apresenta uma grande conspiração, acabando por conter um pouco de manipulação, perseguições, cenas de luta. Também existe uma certa parceria no início entre a religião e a ciência, onde podemos observar as experiências que vão sendo feitas por parte da ciência, mas depois acabam por ocorrer dificuldades causadas por pessoas de fé. Assim, a guerra entre a fé e a ciência torna-se inevitável, mesmo que não tenha sido muito explorada.

Também aborda de uma forma muito leve o feminismo, onde podemos ver personagens femininas com personalidades fortes e poderosas, em que têm o que é necessário para cumprirem a sua missão, por isso este grupo de mulheres que são representadas na série servem como inspiração para muitas raparigas. Uma das expressões que mais gostei, foi sem dúvida, quando estas freiras guerreiras dizem umas para as outras “nesta vida ou na próxima” para assim mostrarem a união e força que têm, quando estão preparadas para lutarem em conjunto.

O grupo das freiras guerreiras terá de percorrer um caminho longo, com o objetivo de convencerem Ava a tornar-se na líder respetiva e fazer parte da Ordem da Espada Cruciforme. Infelizmente nem todas as freiras estão satisfeitas com o facto de ter sido Ava a escolhida pelo Halo, entre elas, Lilith.

Lilith é uma freira que treina mais intensivamente que as outras pessoas, mas sofre uma grande desilusão quando percebe que não será ela, a próxima protetora e portadora do Halo, nos quais ela preparou-se toda a sua vida para o receber e pensava que tinha um destino para ser cumprido já que o Halo tinha sido passado por gerações da sua família.  

A maior parte da ação da série é realizada por estas freiras que estiveram muito tempo para preparem-se até chegar o dia, que tivessem de colocar as suas aprendizagens em prática.

Uma das partes que pode mais cativar o espetador são as coreografias de luta, principalmente aquelas que são protagonizadas pela Irmã Beatrice, que mostra uma freira lutadora, vencendo qualquer um que se meta no seu caminho. Considero que ver as freiras em ação são alguns dos pontos positivos desta série e torna-se empolgante para o público assistir. Para além disso, as cenas de luta que são mostradas nesta série são interessantes de se ver, apesar de eu achar que poderiam ter ainda mais qualidade, em comparação com outras produções que têm coreografias de luta brilhantes.

Num modo geral, o espetador acaba por criar empatia com todas as freiras da história, ficando com curiosidade em saber mais sobre o respetivo passado destas mulheres.

Para além disso, temos a cientista Jillian que coloca-se numa guerra com a igreja católica, continuando com as suas investigações, mesmo que o Cardeal Duretti não concorde e utilizando Divinium para as suas experiências científicas que é proibido pela Igreja Católica. O Cardeal Duretti tem os seus próprios planos que é alcançar o cargo mais importante do Vaticano, mesmo que signifique prejudicar a Igreja.

Também temos a oportunidade de conhecer a história da primeira freira guerreira e a sua ligação com o Anjo Adriel, que é o responsável por ter-lhe oferecido e colocado o Halo no interior do seu corpo e também descobrir que nem toda a gente tem a capacidade de ser o portador deste este tipo de poderes.

Há falhas na série, seja no argumento, constituído por diálogos que nem sempre fazem muito sentido e esta história demora até que seja relativamente interessante. Eu acho que existem personagens que parecerem deslocados da história, não fazendo falta nenhuma a esta fantasia e que não se percebe o sentido de estarem presentes em determinados episódios, a não ser evitarem que Ava siga o seu propósito. Também focam-se em romances desnecessários para a altura em que a história está inserida, em vez de focarem no mais importante. Sem dúvida, que a série demorou algum tempo a desenvolver temas pertinentes para a história

Na minha opinião, a relação entre Ava e JC é explorada na altura errada e deveria ser mais abordada durante uma possível 2ª temporada, onde nesta 1ª poderíamos ter visto mais do treinamento de Ava com as freiras e esta a pôr em prática, tudo aquilo que vai aprendendo.

Acho que esta série faltou um pouco de equilíbrio, na forma como tudo foi desenvolvido nestes 10 episódios e também ausência de pesquisa em algumas partes relacionadas com o Vaticano. As personagens principalmente as freiras têm muito potencial para serem mais exploradas, caso haja mais uma nova temporada. Infelizmente, nem todas as piadas funcionaram da mesma forma, nos quais algumas acabaram por ser forçadas.

A banda sonora até foi escolhida para o tipo de série que é e a fotografia foi boa, onde podemos ver alguns cenários bem bonitos de Espanha, desde as paisagens até apreciar a arquitetura localizada neste país. Os efeitos visuais são razoáveis e interessantes de ver, mas podiam ser melhores e por isso acredito que fizeram os possíveis com um orçamento pequeno.

O espetador tem curiosidade em saber mais sobre este universo, que ainda não foi muito abordado noutros filmes e séries. Perde tempo a explorar situações e personagens, que não acrescentam muito ao argumento e poderiam muito bem serem adicionadas, numa futura temporada, mas infelizmente optaram por incluir partes que possam tirar a atenção ao espetador. Por exemplo pode acontecer a pessoa perder-se em algumas situações, principalmente, quando são introduzidas algumas das mitologias para saber a origem do Halo e do divinium e que são fundamentais para compreender o que aconteceu até ao presente.

Ao longo dos episódios, esta história até tem reviravoltas interessantes que dá para reconhecer o esforço que foi feita para cativar o espetador, mas eu acho que foram introduzidas nas alturas erradas, deixando o mesmo na expetativa, mas ao mesmo tempo desiludido, da forma como tudo se foi desenrolando.

Eu gostaria de ver mais sobre o treino de Ava, pois achei que é dos ingredientes fundamentais desta jornada e também haver momentos em que ela tenha muito mais ação, lutando de uma forma mais surpreendente os demónios. Para além disso, também, gostaria que explorassem muito mais os demónios, aumentando a presença destes e ainda com melhores efeitos visuais. Acredito que se continuar, irá ser promissor.

Esta 1ª temporada termina de uma forma surpreendente, que dá vontade de querer saber mais, mas eu acho que poderiam ter dado respostas muito mais cedo, do que foi feito. Este poderá ser um final que muitos não esperavam e tendo terminado de uma forma que desiludiu o público, pois estava a ser empolgante naquele momento e nem sempre é boa ideia interromper cenas que estão a ser cruciais para a história para depois deixar a pessoa pendurada e assim, ter de esperar pelos próximos capítulos. Infelizmente são várias as perguntas que ficaram por responder.

Esta é uma história de fantasia que divide opiniões para quem já teve a oportunidade de ver estes 10 episódios, mas não devemos levar muito a sério, porque neste caso, um dos seus principais objetivos é simplesmente entreter o público e podemos comprovar isso através dos diálogos que são constituídos por mais humor e sarcasmo. Estas personagens convidam-nos para uma aventura mais inesperada, com elementos que podem ser fundamentais para lutar contra o mal.

É uma série que tem muito potencial para ser melhor desenvolvida, pois é uma boa forma de entretenimento, divertindo e cativando o espetador, durante uma jornada com freiras guerreiras, mas que ainda tem muito para melhorar e caso haja uma 2ª temporada, espero que tenha uma melhoria significativa, com muito mais investimento no orçamento, principalmente a nível de efeitos visuais.

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