terça-feira, 18 de agosto de 2020

Crítica ao filme "Waiting for the Barbarians", protagonizado por Johnny Depp, Mark Rylance e Robert Pattinson

O filme Waiting for the Barbarians estreou recentemente, depois de ter sido exibido no Festival de Cinema de Veneza em 2019. Este drama tem a realização de Ciro Guerra e é baseado no livro de JM Coetzee, que também é o responsável pelo seu argumento, tendo a duração de cerca de uma hora e cinquenta e dois minutos. É produzido por Monika Barcardi, Michael Fitzgerald, Andrea Iervolino e Olga Segura, sendo que Giampiero Ambrosi é o responsável pela banda sonora do mesmo.

 

O Magistrado (Mark Rylance) é o responsável por um posto localizado nas fronteiras de um determinado império. Tudo parecia estar a correr bem até que chega o Coronel Joll (Johnny Depp) para fazer uma investigação, com o objetivo de saber mais informações sobre o paradeiro exato dos bárbaros, que estariam relativamente perto da fronteira e para isso, utilizou muitas das suas técnicas de tortura para fazer os prisioneiros falarem, mas nem sempre teve os melhores resultados, piorando a situação neste sítio. Sendo o Magistrado, como uma pessoa justa, este fará os possíveis para saber quais são os planos deste coronel que infelizmente terá para ele consequências devastadoras.  

 

Esta história é protagonizada por Johnny Depp (Coronel Joll), Mark Rylance (Magistrado), Gana Bayarsaikhan (A Rapariga), Greta Scacchi (Mai) e Robert Pattinson (Oficial Mandel), David Dencik (Clerk) e Sam Reid (Lieutenant).


 

Esta base e de certa forma vila, que é uma das principais defesas do império, sendo localizada num sítio incerto, vai sem dúvida passar por mudanças muitas significativas ao longo do desenrolar da história, principalmente a partir do momento que os soldados do Coronel Joll começam a querer obter tudo que esta população tem disponível, desde comida a cavalos. Será que algum dia a população ou mesmo o próprio Magistrado estarão dispostos a virarem-se contra eles?


 

O Magistrado é um cavalheiro pacífico com um bom coração que é justo para com os outros, mas nem sempre lhe compensa nas situações que vai passando. Um dia, ele conhece uma rapariga do povo nómada que está gravemente ferida, devido a ter sido torturada por soldados, tendo criado uma relação relativamente próxima com ela, mesmo que ela não veja dessa forma. Ele fará os possíveis para cuidar desta rapariga que só quer voltar para o seu povo e assim, o Magistrado resolve ir numa jornada longa com ela pelo deserto para que possa voltar para o seu lar, mas esta aproximação irá trazer consequências para este homem, que terá mudanças significativas na sua vida, com traições pelo meio. 



 

Este senhor considera que é responsável por um espaço relativamente pacífico, em que não surge problemas. É um indivíduo muito dedicado ao seu trabalho, mas não gosta de ver injustiças, sendo que há determinados momentos que parece que não está satisfeito com tudo o que acontece ao seu redor. Por isso, ele não concorda com as decisões do Coronel Joll como é o caso de ter pessoas maltratadas presas sem qualquer justificação possível que acabam por ser torturadas com grande intensidade e tenta intervir para defendê-las e assim, ele conseguir libertá-las. Será que os seus atos de bondade serão considerados razão suficiente para se associar com o povo inimigo e assim cometer traição?


 

Infelizmente, nem todos os soldados da base concordam com as atitudes e os comportamentos do Magistrado perante o povo nómada, não compreendendo, a razão pelo qual ele trata tão bem este povo e como sabe tanto sobre a respetiva história.



 

Na sua jornada, o Magistrado terá de percorrer um caminho longo pelo deserto cheio de dificuldades que inclui dormir em tendas, tempestades de areia, consequentemente levando alguns dos seus cavalos e para além disso, também irá suceder um nível elevado de desconfiança por parte de um dos povos nómadas que vivem nas montanhas e estão indignados com os soldados. Será que ele conseguirá sobreviver e criar uma boa relação com esta tribo?

 

Nesta época existia uma guerra entre os soldados liderados pelo Coronel Joll e o povo nómada que são considerados como bárbaros que não parece ter fim, mas que infelizmente não chegamos a acompanhar essas batalhas. Mas será que a força dos soldados do Coronel Joll será suficiente para vencer os seus inimigos?



 

O Coronel Joll é uma pessoa peculiar, perigosa e um especialista em tortura que quer adquirir a todo o custo, as informações necessárias para que consiga encontrar os bárbaros e eliminá-los. Para além disso, ele captura qualquer tipo de pessoa para seu prisioneiro, considerando que todos são culpados e que merecem ser castigados e torturados, mas não sabemos realmente o que vai na cabeça dele.


 

Sendo conhecido pelas suas técnicas de interrogatório que inclui torturas a um nível elevado, o Coronel Joll tem o objetivo de investigar os bárbaros, prendendo quem ache que possa ser útil para destruir este povo que ele não suporta. Eu achei os seus óculos de sol bem caricatos e criativos, sendo que os mesmos acabam por ser mencionados no filme em que algumas das personagens ficam surpreendidas e curiosas com aquele objeto.

 



O oficial Mandel é um dos soldados comandados pelo Coronel Joll, até que ligeiramente impulsivo, que chega a liderar esta base, enquanto o coronel não está presente, mas não consegue fazê-lo da mesma forma que o seu superior. 

 

Os interrogatórios feitos aos prisioneiros são constituídos maioritariamente por tortura que às vezes pode fazer confusão a espetadores mais sensíveis. As pessoas tornavam-se prisioneiras pelas razões mais descabidas e estranhas, não importa a faixa etária, pois na opinião do Coronel Joll, todos aqueles que ele conseguia apanhar faziam parte do povo bárbaro e que mesmo após períodos longos de tortura não tivesse conseguido obter respostas, continua a acreditar que eles estão a mentir e a esconder algum ponto fundamental para a sua investigação.


 

Esta história está dividida, de acordo com as estações do ano, representando as atitudes que são cometidas por estes seres humanos enquanto esperam que chegue a guerra até eles e infelizmente nem sempre tomam as melhores decisões, levando a possíveis consequências. Temos a oportunidade de ver mais linguagem corporal ou mesmo expressões faciais do que diálogos em si ou seja tenta dar uma atenção específica às emoções de cada personagem, mas nem sempre resulta da melhor forma.

 



Este filme é constituído por um ritmo muito lento e um argumento frágil que tem dificuldades em criar uma possível empatia com o espetador, criando por vezes, confusão para o mesmo, diminuindo cada vez mais a sua vontade e interesse de acompanhar este drama. Mesmo assim, a banda sonora está adequada ao tipo de história que estamos a ver, a realização está bem trabalhada, a interpretação do elenco é bem conseguida, principalmente por Mark Rylance e Johnny Depp e toda a fotografia, decoração dos interiores e as vistas escolhidas são bem introduzidas nos diversos planos de filmagem. 

 

Apesar de a história estar a ser desenrolada a uma velocidade inferior ao que estaria à espera, eu achei que a jornada que o Magistrado fez no deserto foi provavelmente das partes mais cativantes do filme inteiro, pois foi a altura onde teve um pouco mais de ação e para além disso, também gostei dos diálogos partilhados entre o Magistrado e o Coronel Joll.

 



Também não deveria ter sido representado da forma que foi, em que faltaram partes cruciais da história que deveriam ter sido muito mais esclarecidas, fazendo com que perdesse o seu próprio brilho e para além não indica a localização de onde decorre o filme ou mesmo o nome do império que a maioria das personagens quer tanto defender.

 

Este é um filme que vai perdendo força no seu desenrolar, com falta de ação e violência, em que as personagens poderiam ter sido mais exploradas de uma forma mais eficiente e poderia ter aproveitado o seu potencial. A parte técnica até está bem implementada neste filme, mas não é suficiente para que tenha um resultado final satisfatório, acabando por desiludir o público que está a assistir.

 

Como não tive oportunidade de ler o livro, não posso argumentar de uma forma mais específica, as semelhanças e diferenças entre o filme e o livro, mas sinceramente depois de ter visto o filme, não fiquei curiosa para ler o mesmo.



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