O
filme Waiting for the Barbarians estreou recentemente, depois de ter sido
exibido no Festival de Cinema de Veneza em 2019. Este drama tem a realização de
Ciro Guerra e é baseado no livro de JM Coetzee, que também é o responsável pelo
seu argumento, tendo a duração de cerca de uma hora e cinquenta e dois minutos.
É produzido por Monika Barcardi, Michael Fitzgerald, Andrea Iervolino e Olga
Segura, sendo que Giampiero Ambrosi é o responsável pela banda sonora do mesmo.
O
Magistrado (Mark Rylance) é o responsável por um posto localizado nas fronteiras
de um determinado império. Tudo parecia estar a correr bem até que chega o
Coronel Joll (Johnny Depp) para fazer uma investigação, com o objetivo de saber
mais informações sobre o paradeiro exato dos bárbaros, que estariam
relativamente perto da fronteira e para isso, utilizou muitas das suas técnicas
de tortura para fazer os prisioneiros falarem, mas nem sempre teve os melhores
resultados, piorando a situação neste sítio. Sendo o Magistrado, como uma
pessoa justa, este fará os possíveis para saber quais são os planos deste
coronel que infelizmente terá para ele consequências devastadoras.
Esta
história é protagonizada por Johnny Depp (Coronel Joll), Mark Rylance
(Magistrado), Gana Bayarsaikhan (A Rapariga), Greta Scacchi (Mai) e Robert
Pattinson (Oficial Mandel), David Dencik (Clerk) e Sam Reid (Lieutenant).
Esta
base e de certa forma vila, que é uma das principais defesas do império, sendo localizada
num sítio incerto, vai sem dúvida passar por mudanças muitas significativas ao
longo do desenrolar da história, principalmente a partir do momento que os
soldados do Coronel Joll começam a querer obter tudo que esta população tem
disponível, desde comida a cavalos. Será que algum dia a população ou mesmo o
próprio Magistrado estarão dispostos a virarem-se contra eles?
O
Magistrado é um cavalheiro pacífico com um bom coração que é justo para com os outros,
mas nem sempre lhe compensa nas situações que vai passando. Um dia, ele conhece
uma rapariga do povo nómada que está gravemente ferida, devido a ter sido
torturada por soldados, tendo criado uma relação relativamente próxima com ela,
mesmo que ela não veja dessa forma. Ele fará os possíveis para cuidar desta
rapariga que só quer voltar para o seu povo e assim, o Magistrado resolve ir
numa jornada longa com ela pelo deserto para que possa voltar para o seu lar,
mas esta aproximação irá trazer consequências para este homem, que terá
mudanças significativas na sua vida, com traições pelo meio.
Este
senhor considera que é responsável por um espaço relativamente pacífico, em que não surge
problemas. É um indivíduo muito dedicado ao seu trabalho, mas não gosta de ver
injustiças, sendo que há determinados momentos que parece que não está
satisfeito com tudo o que acontece ao seu redor. Por isso, ele não concorda com
as decisões do Coronel Joll como é o caso de ter pessoas maltratadas presas sem
qualquer justificação possível que acabam por ser torturadas com grande
intensidade e tenta intervir para defendê-las e assim, ele conseguir
libertá-las. Será que os seus atos de bondade serão considerados razão
suficiente para se associar com o povo inimigo e assim cometer traição?
Infelizmente,
nem todos os soldados da base concordam com as atitudes e os comportamentos do
Magistrado perante o povo nómada, não compreendendo, a razão pelo qual ele trata
tão bem este povo e como sabe tanto sobre a respetiva história.
Na
sua jornada, o Magistrado terá de percorrer um caminho longo pelo deserto cheio
de dificuldades que inclui dormir em tendas, tempestades de areia,
consequentemente levando alguns dos seus cavalos e para além disso, também irá
suceder um nível elevado de desconfiança por parte de um dos povos nómadas que
vivem nas montanhas e estão indignados com os soldados. Será que ele conseguirá
sobreviver e criar uma boa relação com esta tribo?
Nesta
época existia uma guerra entre os soldados liderados pelo Coronel Joll e o povo
nómada que são considerados como bárbaros que não parece ter fim, mas que
infelizmente não chegamos a acompanhar essas batalhas. Mas será que a força dos
soldados do Coronel Joll será suficiente para vencer os seus inimigos?
O Coronel Joll é uma pessoa peculiar, perigosa e um especialista em tortura que
quer adquirir a todo o custo, as informações necessárias para que consiga
encontrar os bárbaros e eliminá-los. Para além disso, ele captura qualquer tipo
de pessoa para seu prisioneiro, considerando que todos são culpados e que
merecem ser castigados e torturados, mas não sabemos realmente o que vai na cabeça dele.
Sendo
conhecido pelas suas técnicas de interrogatório que inclui torturas a um nível
elevado, o Coronel Joll tem o objetivo de investigar os bárbaros, prendendo
quem ache que possa ser útil para destruir este povo que ele não suporta. Eu achei
os seus óculos de sol bem caricatos e criativos, sendo que os mesmos acabam por
ser mencionados no filme em que algumas das personagens ficam surpreendidas e
curiosas com aquele objeto.
O
oficial Mandel é um dos soldados comandados pelo Coronel Joll, até que
ligeiramente impulsivo, que chega a liderar esta base, enquanto o coronel não
está presente, mas não consegue fazê-lo da mesma forma que o seu superior.
Os
interrogatórios feitos aos prisioneiros são constituídos maioritariamente por
tortura que às vezes pode fazer confusão a espetadores mais sensíveis. As
pessoas tornavam-se prisioneiras pelas razões mais descabidas e estranhas, não
importa a faixa etária, pois na opinião do Coronel Joll, todos aqueles que ele
conseguia apanhar faziam parte do povo bárbaro e que mesmo após períodos longos
de tortura não tivesse conseguido obter respostas, continua a acreditar que
eles estão a mentir e a esconder algum ponto fundamental para a sua
investigação.
Esta
história está dividida, de acordo com as estações do ano, representando as
atitudes que são cometidas por estes seres humanos enquanto esperam que chegue
a guerra até eles e infelizmente nem sempre tomam as melhores decisões, levando
a possíveis consequências. Temos a oportunidade de ver mais linguagem corporal
ou mesmo expressões faciais do que diálogos em si ou seja tenta dar uma atenção
específica às emoções de cada personagem, mas nem sempre resulta da melhor
forma.
Este
filme é constituído por um ritmo muito lento e um argumento frágil que tem dificuldades
em criar uma possível empatia com o espetador, criando por vezes, confusão para
o mesmo, diminuindo cada vez mais a sua vontade e interesse de acompanhar este
drama. Mesmo assim, a banda sonora está adequada ao tipo de história que
estamos a ver, a realização está bem trabalhada, a interpretação do elenco é
bem conseguida, principalmente por Mark Rylance e Johnny Depp e toda a
fotografia, decoração dos interiores e as vistas escolhidas são bem
introduzidas nos diversos planos de filmagem.
Apesar
de a história estar a ser desenrolada a uma velocidade inferior ao que estaria
à espera, eu achei que a jornada que o Magistrado fez no deserto foi
provavelmente das partes mais cativantes do filme inteiro, pois foi a altura
onde teve um pouco mais de ação e para além disso, também gostei dos diálogos
partilhados entre o Magistrado e o Coronel Joll.
Também
não deveria ter sido representado da forma que foi, em que faltaram partes
cruciais da história que deveriam ter sido muito mais esclarecidas, fazendo com
que perdesse o seu próprio brilho e para além não indica a localização de onde
decorre o filme ou mesmo o nome do império que a maioria das personagens quer
tanto defender.
Este é um
filme que vai perdendo força no seu desenrolar, com falta de ação e violência,
em que as personagens poderiam ter sido mais exploradas de uma forma mais
eficiente e poderia ter aproveitado o seu potencial. A parte técnica até está
bem implementada neste filme, mas não é suficiente para que tenha um resultado
final satisfatório, acabando por desiludir o público que está a assistir.
Como
não tive oportunidade de ler o livro, não posso argumentar de uma forma mais
específica, as semelhanças e diferenças entre o filme e o livro, mas sinceramente depois
de ter visto o filme, não fiquei curiosa para ler o mesmo.
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