David
Attenborough: A Life on Our Planet (David Attenborough: Uma Vida no Nosso
Planeta, em português) é o mais recente documentário original da Netflix com uma
duração de 1h23 minutos deste naturalista britânico que dedicou toda a sua vida
a conhecer as espécies selvagens, filmando todas as suas aventuras, partilhando
e transmitindo a todos os amantes da natureza, a importância que é a
preservação do Planeta Terra.
Com
uma produção da Silverback Films e da organização ambiental global WWF e
realização de Alastair Fothergill, Jonnie Hughes e Keith Scholey, David Attenborough
representa o seu testemunho perante tudo aquilo que foi observando nas suas
viagens pelo mundo em mais de 60 anos de carreira e como podemos lidar com os
problemas que o planeta tem estado a sofrer. Todos os seus alertas sobre aquilo
que tem estado a acontecer com o planeta têm sido feitos através dos seus
livros, filmes, séries e programas de rádio que este tem participado, sendo que
estes são problemas reais que podem trazer consequências devastadoras para o
nosso futuro.
Este
é daqueles documentários que conta a história da vida no nosso planeta de uma
forma que nem damos conta do tempo a passar, pois representa não só a beleza do
mesmo, mas também o perigo que corre, caso não sejam tomadas medidas que podem
fazer toda a diferença para a conservação, tanto do planeta como das suas
espécies.
David
Attenborough nasceu em 8 de maio de 1926, em Isleworth, na cidade de Londres.
Com 94 anos, ele tem dois irmãos, nos quais o seu irmão mais velho era o ator e
diretor Richard Attenborough que interpretou o papel de um bilionário
excêntrico no filme de Jurassic Park em 1993 e também ganhou o óscar de melhor
diretor pelo filme, Ghandi, em 1983, enquanto o seu irmão mais novo, John
trabalhava como executivo na indústria automóvel e trabalhando também como
consultor financeiro. Desde criança que David tem sido um colecionador de tudo
o que é relacionado com a vida natural, como por exemplo, fósseis e mais tarde
resolveu licenciar-se em Ciências Naturais na Universidade de Cambridge e por
fim, entrou na BBC em 1952, mas ao longo da sua carreira já recebeu muitos
prémios e títulos.
Com
vários documentários transmitidos a nível internacional nas últimas quatro
décadas e séries de televisão sobre a vida selvagem, tais como, Life on Earth
que foi filmada em 39 países e transmitida com sucesso na BBC na década de 1970,
a série Blue Planet filmado na década de 1990 ou mesmo Frozen Planet que foi
exibido em 2011, este grande comunicador é a pessoa mais indicada para nos
contar todas as aventuras que viveu, explorando e documentando os lugares
selvagens do nosso planeta, espalhados pelos diversos continentes e mostrando o
papel que a natureza tem na nossa sobrevivência. Para além disso, ele vai narrando
a história da evolução do planeta, onde pelo caminho vão sucedendo alterações
negativas, como a perda de habitats selvagens, ao mesmo tempo que propõe uma
visão para o futuro.
O
Planeta Terra é constituído por uma beleza incrível e por milhares de milhões
de indivíduos de milhões de tipos de plantas e animais, mas depende da sua
biodiversidade para funcionar corretamente, sendo que o mundo vivo que nos
rodeia tem sido essencial para a sua estabilidade e devido às alterações
constantes que têm sucedido, nós vamos percebendo que é cada vez mais difícil
manter um equilíbrio e chegando assim à conclusão que nós temos o poder de
ameaçar a própria existência da natureza selvagem.
Infelizmente
tem decorrido um nível elevado de perda, tanto dos locais selvagens do nosso
planeta como da sua biodiversidade, levando a que o mundo natural esteja a
desaparecer cada vez mais e que venha a tornar-se no futuro, num lugar onde não
podemos viver, pois somos dependentes do seu bom funcionamento. Para além
disso, a perda da biodiversidade também tem sido causada pela destruição dos
ecossistemas, levando assim, à extinção de diversas espécies de animais
selvagens.
A
cada 100 milhões de anos acontece algo catastrófico, como um evento de extinção
em massa em que uma grande percentagem das espécies são eliminadas, sendo que
até agora já ocorreram 5 extinções em massa nos quatro mil milhões de anos da
história da vida, sendo que a última vez aconteceu no tempo dos dinossauros,
dos quais 75% das espécies foram exterminadas e assim durante 65 milhões de
anos houve o processo de reconstrução do mundo vivo. Infelizmente, um sexto
evento de extinção em massa está a caminho, mas o modo de como nos comportamos
daqui para a frente pode ter muita influência em acelerar ou não o mesmo.
Eu
acho que foi bem interessante incluírem neste documentário como tem sido a
evolução ao longo do tempo, tanto do valor numérico da população existente no
mundo em determinada década, como da quantidade de carbono que é constantemente
libertado para a atmosfera ou mesmo a percentagem da natureza selvagem restante
no planeta. Inicialmente, foi mostrado que em 1937 existiam cerca de 2,3
biliões de pessoas, com a natureza selvagem restante ser de 66%, mas em 2020,
os valores já eram completamente diferentes, sendo que estavam presentes cerca
de 7,7 mil milhões da população mundial, com cada vez mais carbono na atmosfera
e com apenas 35% de natureza selvagem restante. Assim, com a perda dos lugares
selvagens do planeta e respetiva biodiversidade, nós chegamos a uma conclusão
bem devastadora, pois ainda haveria mesmo muito por fazer para que estes
valores tivessem alterações significativas no futuro.
A
biodiversidade do Holoceno ajudou a trazer estabilidade e todo o mundo vivo
foi-se adaptando a um ritmo suave e fiável, sendo assim, considerado como um
tipo de jardim de éden, onde podemos beneficiar da energia do sol e dos minerais
da terra e para além disso, o seu ritmo de estações do ano era tão fiável que
deu à nossa própria espécie, uma oportunidade única de pertencer a este
planeta. Se não tomarmos atenção e continuarmos a tratar mal o nosso planeta, a
segurança e a estabilidade do holoceno perder-se-á, levando a eventos trágicos,
tais como, o desaparecimento de habitats inteiros ou mesmo ao colapso da
civilização.
As
florestas húmidas são habitats particularmente preciosos, onde mais de metade
das espécies terrestres vivem, mas para estas existirem é crucial que exista
uma diversidade de árvores. Infelizmente já foram cortadas cerca de 3 biliões
de árvores em todo o mundo, das quais são cerca de 15 mil milhões de árvores
por ano e metade das florestas húmidas do mundo já foram mortas, muito devido à
própria desflorestação.
As
florestas são um componente fundamental na recuperação do planeta pois são a
melhor arma que a natureza tem para bloquear o carbono e são centros de
biodiversidade. Assim, quanto mais selvagens e diversificadas forem as
florestas, mais eficazes são a absorver o carbono da atmosfera e por isso, é
essencial que se pare com a desflorestação, evitando uma perda catastrófica de
espécies ou mesmo o tipo de destruição semelhante ao que tem ocorrido na
Amazónia.
O
planeta aquece por queimarmos combustíveis fósseis e libertarmos dióxido de
carbono e outros gases com efeito de estufa para a atmosfera que podem trazer
mudanças irreversíveis, se não fizermos nada. Atualmente devido às nossas
atividades, já ocorreu um aumento da temperatura na atmosfera, piorando a
evolução do aquecimento global e tornando o tempo cada vez mais imprevisível.
Durante
a nossa história, já perseguimos animais até à extinção, sendo algo
completamente inaceitável, como por exemplo, as baleias que eram massacradas na
década de 1970 que acabou por vir a ser crime mais tarde, mas salvar espécies
individuais ou até grupos de espécies não é suficiente para que isto pare, mas
sim criar soluções sustentáveis que não prejudique mais o mundo vivo.
A
Terra vai perdendo o seu equilíbrio, devido às alterações climáticas e ao
aquecimento global que são cada vez mais evidentes. Tanto as alterações
climáticas, como o aquecimento global são das maiores ameaças existentes que
coloca em risco não só a sobrevivência do planeta, mas também da humanidade e
por isso são assuntos que devem mesmo ser levados a sério, tornando-se numa
luta que é necessária de acontecer.
Um
dos seus melhores exemplos é o que está a acontecer no Ártico que é considerado
como o habitat mais remoto de todos que está localizado nos extremos norte e
sul do planeta. Com o aquecimento da atmosfera e dos verões do Ártico, o gelo
vai desaparecendo, tanto no Polo Norte, como no Polo Sul, fazendo com que seja
refletida menos energia solar para o espaço e acelerando o próprio aquecimento
global.
Quando
se visita esta zona espera-se encontrar extensões de gelo marinho e não é isso
que acontece, sendo que já se consegue chegar a sítios que inicialmente não
eram possíveis por estarem permanentemente presas no gelo, onde este já
diminuiu consideravelmente nos últimos 40 anos, ou seja, cerca de 40%. Assim,
chegamos à conclusão que o nosso planeta está a perder o seu gelo, pois poderá
chegar a um ponto que deixa de haver gelo no verão no Polo Norte, fazendo com
que muito mais tarde possam vir a ocorrer uma maior libertação de quantidades
elevadas de metano, um gás com um efeito de estufa muito mais potente do que o
dióxido de carbono e consequentemente, acelerando o ritmo das alterações
climáticas, do aquecimento global e outros tipos de eventos catastróficos de
forma drástica.
Nenhum
ecossistema está a salvo, principalmente o oceano. O oceano é um bom aliado na
nossa batalha para reduzir o carbono que está na atmosfera, mas infelizmente,
este já não tem a capacidade suficiente de absorver todo o excesso de calor
causado pelas nossas atividades e como resultado, a temperatura global média
torna-se mais quente, tendo já ter aumentado cerca de 1º C. No interior deste
local mágico estão inseridos os recifes de coral coloridos que tratam de
diferentes espécies de peixes, mas quanto mais o oceano aquece, as populações
de peixes são cada vez menores e maior é a probabilidade destes recifes
morrerem.
As
pessoas até que ficam vulneráveis e preocupadas quando olham para as imagens do impacto
que a atividade humana tem tido no planeta e as possíveis consequências daquilo
que tem estado a acontecer com o mesmo, mas é fundamental que sejam tomadas
ações para que haja esperança para as gerações futuras. Estas são imagens que até
chegam a chocar, mas ajuda numa forma pertinente para chamar a atenção do
problema gravíssimo pelo qual o planeta está a enfrentar e caso não sejam
tomadas medidas podem surgir situações a nível apocalíptico.
Isto
é um tipo de alerta para todos, mas principalmente para o público com faixa
etária mais jovem que pode ter um papel fundamental na luta contra as mudanças
climáticas. Por isso, é importante consciencializar as pessoas ao nosso redor
sobre este tema e não continuarmos a consumir a terra até ela esgotar-se por
completo.
Temos
de ter noção de que o mundo está mesmo em perigo e que vivemos num declínio
global que foi sucedendo devido ao mau planeamento e erro humano, levando a
consequências devastadoras, tais como as cidades tornarem-se inabitáveis, como
aconteceu após o evento do Chernobyl.
O
impacto da humanidade na natureza é cada vez mais evidente, sendo cada vez mais
responsável pela sua destruição e chegará a um ponto que terão impactos
irreversíveis, tais como, a produção global de alimentos entrar em crise e aí
já é tarde para fazermos algo, pois quanto mais danificarmos o planeta, maior
será o prejuízo para nós próprios. Aquilo que fazemos tem implicações reais no
futuro da humanidade, sendo fundamental que as pessoas comecem a agir para salvar
o planeta, já que esta foi maioritariamente responsável por tudo o que está a
acontecer atualmente.
Segundo
David Attenborough é muito simples o que devemos fazer para salvar o nosso
planeta que inclui a renaturalização do mesmo. Comecemos pela recuperação de
florestas para assim conseguirem ajudar a equilibrar e a bloquear o carbono que
é lançado para a atmosfera e também arranjarmos formas de explorar florestas,
mas de um modo sustentável. Temos o exemplo da Costa Rica, que há cerca de 100
anos era coberta por dois terços de floresta, mas acabou por ser reduzida a 25%
na década de 1980, mas o Governo teve a solução para este problema que foi
apoiar e criar subsídios para os proprietários replantarem a floresta e isso
fez com que esta aumentasse para cerca de 50%.
A
recuperação da biodiversidade através da renaturalização que coloca o ecossistema
em equilíbrio e melhora a estabilidade e funcionamento do planeta. A restrição
das práticas de pesca também pode ser uma medida, pois quanto mais saudável
estiver o habitat marinho mais peixe estará disponível para consumirmos. A
própria agricultura urbana já é utilizada em algumas cidades e pode ser uma
forma de devolver à natureza, terras férteis que podem ser essenciais para a
melhoria da biodiversidade do planeta, ou seja, é possível produzir muito mais
comida sem precisar de utilizar uma grande quantidade de terra e apenas através
de tecnologia. Sendo assim, podemos diminuir as áreas que usamos para cultivar
e criar mais espaço para o regresso da natureza selvagem.
O
mundo vivo move-se essencialmente a energia solar, mas se eliminássemos os
combustíveis fósseis e movêssemos também o mundo, utilizando as energias
eternas da natureza solar, eólica, hidráulica e geotérmica já conseguíamos
fazer mudanças significativas para o futuro. A energia renovável não se esgota
e quem sabe possa vir a tornar-se na principal fonte de energia do mundo, sem
que seja necessário a utilização de combustíveis fósseis, pois podemos fazer um
reaproveitamento dos recursos disponíveis e assim, vivermos uma vida mais
sustentável.
O
nosso tempo neste planeta é limitado e aquilo que é essencial é vivermos de um
modo sustentável, aliando a tudo aquilo que a natureza nos fornece de bom.
Devemos sentirmo-nos gratos por termos a oportunidade de viver num sítio com
uma beleza extraordinária que está constantemente a dar-nos lições de vida e
repletos de espécies vegetais e animais que estão a dividir o seu espaço com a
humanidade.
Este
mundo vivo deve ser tratado com carinho e cuidado, pois ele é o responsável não
só pela nossa existência, mas também pela nossa sobrevivência. A natureza é o
nosso maior aliado e devemos viver em equilíbrio com a mesma, pois se tomarmos
bem conta dela, ela também fará o mesmo por nós e se trabalharmos contra em vez
de ser em conjunto, nós vamos estar a prejudicar a forma como iremos viver no
futuro.
O
nosso planeta sofre um dos seus mais desafios desde a sua existência, mas ainda
vamos a tempo da humanidade corrigir o seu maior erro para com este mundo, mas para
isso acontecer, as mudanças têm de começar agora, mesmo que os resultados só
iremos ter a possibilidade de conseguir ver daqui a muito tempo. É necessário
que sejam tomadas medidas significativas que inclui a criação de soluções para
salvar o planeta que sem dúvida, não serão uma tarefa fácil de se concretizar,
mas se houver uma união global é possível fazer toda a diferença, sendo que
utilizar maioritariamente energias renováveis e tomar atitudes sustentáveis já
pode ajudar, mas quem sabe, que daqui a um século, o planeta pode voltar a ser
um local selvagem, onde possamos viver em equilíbrio com a natureza.
O
nosso mundo vai sem dúvida sobreviver da realidade que está a passar
atualmente, mas será que a humanidade vai conseguir? Se não tomarmos medidas
drásticas, eu acredito que seja muito difícil, levando a que o futuro dos seres
humanos esteja cada vez mais num maior risco.
David
Attenborough teve a oportunidade de ter uma vida extraordinária repleta de
aventuras e conhecimentos que foi adquirindo nas suas visitas, onde explorou os
locais selvagens do planeta e tendo viajado para todas as partes do globo e
assim, testemunhando o mundo vivo. Ele mostra as maravilhas que existem no
nosso planeta, desde a sua beleza até à sua variedade, incluindo muitas das
espécies existentes, mas que infelizmente são um bom número daquelas que estão
em vias de extinção devido às ações da humanidade. Por isso, ele partilha neste
documentário, o seu testemunho e a sua visão para o futuro, de um modo bem
intimista e interessante.
Este
não é um simples documentário, mas sim uma bela lição de vida dada por este
senhor que partilhou a sua oportunidade de ter uma vida cheia de aventuras num
meio selvagem, mostrando não só o seu testemunho, mas também a sua perspetiva e
visão para o futuro dedicado aos amantes da natureza, transmitindo assim, uma
mensagem de esperança para todos nós.
Como
referido anteriormente, David Attenborough dá as suas opiniões sobre quais são
os problemas atuais que o mundo natural enfrenta que podem vir a trazer
consequências devastadoras para o mesmo e também para a sobrevivência da
humanidade, sendo que dá sugestões de como tudo poderá ser resolvido. A forma
como ele narra este documentário sobre a vida selvagem é muito cativante,
deixando o espetador atento desde o início até ao seu final.
Neste
documentário temos a oportunidade de aprender mais sobre a natureza selvagem e
o quanto ela é limitada e precisa de proteção, pois as populações de animais
selvagens têm diminuído consideravelmente e a importância que é falar sobre as
alterações climáticas que estão a ocorrer atualmente no nosso planeta. Assim, se
continuarmos a fazer coisas insustentáveis, os danos acumulam-se e enfrentamos
o colapso do mundo vivo, o mesmo que deu origem à civilização.
O
espetador acaba por criar a sua própria reflexão perante este assunto, que está
relacionado com a vida do nosso planeta, tornando-se num tema muito pertinente.
O nosso mundo está repleto de desafios pelo caminho que por vezes está
plenamente dependente da humanidade, por isso é importante que sejam
apresentadas soluções que podem fazer toda a diferença na recuperação deste
mundo que devíamos estimar muito mais, sendo que ainda não é tarde demais para
que sejam tomadas atitudes.
Este é um documentário imperdível, relevante e cheio de qualidade testemunhado por David Attenborough que tem sido considerado como o ser humano que mais presenciou o mundo natural, a essência da natureza e o modo como as espécies selvagens têm vivido no seu habitat, onde vão tendo as suas dificuldades causadas por fatores externos, entre elas, os caçadores furtivos que causam cada vez mais o desaparecimento da natureza selvagem. Este é assunto muito sério que infelizmente nem sempre é levado muito a sério, principalmente quando o ser humano está mais habituado a tratar de um determinado problema em vez de preveni-lo, por isso é fundamental que vejam, pois é algo que vale mesmo muito a pena de acompanhar.
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