Beforeigners é a primeira série original norueguesa com o seu idioma próprio que foi produzida em 2019 pela HBO Europe, sendo constituída por uma temporada de seis episódios, mas que já foi renovada para uma segunda temporada e atualmente está disponível na SkyShowtime. Este drama que mistura ficção científica é criado e escrito por Anne Bjørnstad e Eilif Skodvin, em que tem a realização de Jens Lien e tendo sido produzido pela Rubicon TV, parte da Endemol Shine Group e com Hanne Palmquist, Steve Matthews e Antony Root como produtores executivos da HBO.
Esta história retrata um acontecimento que vai mudar o mundo para sempre, quando luzes intensas aparecem sobre o oceano e começam a surgir no presente, indivíduos que pertencem a três épocas bem diferentes do passado que inclui a idade da pedra, a era dos Vikings e o final do século XIX. Estes vão passar a ser considerados como visitantes ou Beforeigners que não têm ideia de como vieram parar ao presente e não se lembram da sua vida anterior. Alguns anos depois, uma equipa é criada na polícia que faz parte Alfhildr Enginnsdottir (Krista Kosonen), uma visitante que veio do tempo dos Vikings e o seu parceiro, o agente Lars Haaland (Nicolai Cleve Broch), sendo que juntos vão investigar um assassinato misterioso de uma mulher e durante este caso vão desvendar descobertas inesperadas.
O elenco é constituído por Nicolai Cleve Broch (Lars Haaland), Krista Kosonen (Alfhildr Enginnsdottir), Ágústa Eva Erlendsdóttir (Urd Sighvatsdóttir), Stig Henrik Hoff (Tommy), Stig R. Amdam (Harald Eriksen), Ragnhild Gudbrandsen (Wenche), Lavrans Haga (Jørn), Eli Harboe (Ada), Nader Khademi (Alex), Jeppe Beck Laursen (Skjalg), Linsay Rousseau (Wenche), Ingunn Beate Øyen (Chefe da Polícia), Madeleine Malling Breen (Madeleine), Oddgeir Thune (Navn), Ylva Bjørkass Thedin (Ingrid), Agnes Kittelsen (Marie), Veslemøy Mørkrid (Othilia), Herbert Nordrum (HC), Kyrre Haugen Sydness (Gregers), Jóhannes Haukur Jóhannesson (Kalv), Odd-Magnus Williamson (Jeppe), entre outros.
Este drama que também tem um lado mais de ficção
científica aborda os aparecimentos misteriosos e improváveis nas águas de Bjørvika
de pessoas de outras épocas do passado, tais como, a idade da pedra, a era dos
Vikings e também do século XIX, mas tudo isto acontece através de um tipo de
flash de luzes que surge de repente, sendo que este avisa da chegada destes
visitantes ou Beforeigners que pelos vistos fazem viagens no tempo, em que
deveriam ser impossíveis de serem concretizadas, ao mesmo tempo que não têm
recordações da sua vida passada e tudo isto ocorre sem razão aparente. Quais
serão as causas destes acontecimentos? Será que também é possível viajar para o
passado ou só funciona numa única trajetória?
Esta é uma história com suspense e bem criativa que decorre em Oslo, na Noruega, em que mostra as dificuldades que existem quando povos distintos se juntam para tentarem viver em comunidade, sendo que é interessante ver como é possível, uma mistura de pessoas que nasceram em épocas diferentes conseguem conviver umas com as outras. O mundo acaba por passar por uma mudança de certa forma, radical quando chegam estas pessoas que sempre viveram no seu próprio tempo e não estão familiarizadas com os costumes do presente. Assim, estes visitantes não passam por um processo de adaptação fácil, pois têm de passar por um período de quarentena e de aprender a viver num tempo que evoluiu que é completamente diferente e oposto ao que viviam no passado, principalmente com a introdução da tecnologia, sendo que infelizmente acabam por passar por situações de discriminação, preconceito, crimes de ódio e muito mais, em que nem todos vão reagir bem, mas mesmo assim não desistem e utilizam as suas tradições e habilidades para colocarem em prática no tempo presente que chegam a ser úteis em determinadas alturas.
O curioso é que apesar das pessoas do passado
começarem aos poucos a adaptarem-se a viver num mundo completamente novo,
também existe quem seja originalmente do presente que quer viver uma vida no
passado que não é sua, fazendo-se passar por quem não são e utilizando
figurinos próprios que representem a época em questão ou mesmo fazerem
tatuagens específicas para serem identificadas como um determinado povo, como é
o caso dos Vikings que têm características específicas. Para além, a história
também mostra quando uma pessoa do passado cria uma vida em comum com alguém do
presente, mesmo que cada um tenha educações e costumes completamente opostos
entre si, mas isso não impede que estejam juntos.
Como referido anteriormente, este grupo de pessoas que
pertencem a épocas diferentes tornaram-se em migrantes que têm de lutar
constantemente para que possam integrar e pertencer a esta sociedade moderna,
sendo que são mostradas as condições em que cada um deles vive que pode ser desde
uma vida luxuosa que tem uma liberdade de tal forma que não precisa de usar
roupas ou simplesmente, viver na rua isolado como um mendigo e com falta de
comida para sobreviver ou até mesmo ter um trabalho específico que implica
criar uma droga viciante em formato de gotas que pode trazer consequências para
quem utiliza, mas cada povo vive de acordo, com as suas capacidades, sofrendo
assim, preconceito e vergonha por parte do mundo moderno e tornando-se injusto
em determinadas situações que até faz lembrar a situação pela qual os refugiados
estão a passar na vida real.
Para além de fenómenos estranhos em que pessoas aparecerem
de uma forma inexplicável no oceano em determinados períodos de tempo que afeta
constantemente a eletricidade da zona, este não é o único enigma desta
história, sendo que também desenrola-se ao redor de um assassinato misterioso
de uma mulher desconhecida e com tatuagens em Oslo. Uma equipa vai ser criada
para resolver este homicídio, sendo que Alfhildr Enginnsdottir torna-se num
membro da polícia local e na primeira viking com essa função, em que faz parte
do grupo de pessoas que irá investigar este crime, juntamente com o inspetor
Lars Haaland.
Alfhildr Enginnsdottir é uma Beforeigner e uma viking
que tal como os outros visitantes, ela ficou com amnésia de quem era na sua
vida passada, mas aos poucos vai tendo flashblacks de memórias dela e fica a
saber que era uma guerreira destemida deste povo. Mesmo antes de saber a sua
verdadeira identidade, ela resolve seguir o caminho de tornar-se numa oficial
da polícia e nem todos vão ver isso com bons olhos, tentando prejudicá-la de
todas as formas possíveis, pois não acreditam que ela seja uma pessoa indicada
para trabalhar na polícia, mas ela não deixa de lutar por aquilo que mais quer.
Esta é uma personagem muito interessante com uma
personalidade muito própria que foi desempenhada de um modo excelente pela
atriz finlandesa, Krista Kosonen. Esta mulher também tem os seus momentos em
que fala nórdico antigo que acaba por ser útil na sua primeira investigação ou
quando começa a utilizar os seus instintos para chegar à próxima pista e vai
passar por um período de amadurecimento, onde tenta conciliar a sua vida nova
com aquela que é partilhada pelos guerreiros vikings que conheceu a comunidade através
da sua amiga, Urd, mas não será uma tarefa fácil, pois ela ainda tem muito para
aprender, sendo que o seu parceiro, Lars vai ser uma peça fundamental para isso
acontecer.
Lars Haaland é um inspetor da polícia local que tem os
seus momentos desafiantes e algumas dificuldades que pode afetar não só a sua
vida, mas daqueles ao seu redor, como a sua filha, Ingrid, principalmente com
as drogas que podem ter efeitos na sua prestação não só como investigador, mas
como pai. A dinâmica que ele tem com a sua nova parceira, Alfhildr é bem
divertida, em que existem alturas em que ele sente-se desconfortável com
práticas mais prematuras desta, mas ao mesmo tempo, tenta mostrar-lhe que não
precisa de ter determinados hábitos que já não são normais, atualmente ou
aqueles desentendimentos ou até mesmo brincadeiras que ocorrem e que fazem
parte de qualquer parceria.
Uma das partes que eu achei muito interessante foi a
forma como os vikings adaptaram-se a viver num período diferente do seu, mas
que mantinham as mesmas tradições e características próprias deste povo, mesmo que
tenham ficado com amnésia de quem eram no passado e um desses exemplos foi o
bar que foi criado pelo mesmo e onde muitas noites festejam e divertem-se por
mais problemas e preocupações que tivessem à espera fora deste local, sendo que
não perdem a essência que os define. Para além disso, também dá para ver a
determinação que as mulheres vikings têm, sendo que não fogem de uma luta, seja
em que época estiverem e que vão manter-se fortes para o que for preciso, como
guerreiras que são.
Esta também é uma história policial cheia de mistérios e de mudanças em que as migrações do tempo não param de acontecer, logo visitantes continuam a aparecer em grandes números e aos poucos, cada um deles não deixa de procurar pela sua identidade e por respostas, ao mesmo tempo que procura refúgio para proteger-se daqueles que lhes possa querer fazer mal, pois não aceitam os seus hábitos ou tradições, mas que podendo acontecer algumas tragédias pelo caminho. Também apresenta não só o cristianismo, mas infelizmente, a maldade, a exploração, a xenofobia e a discriminação que continua a existir no mundo e cada vez mais em proporções preocupantes, mas a única diferença é que neste caso, as vítimas são imigrantes que são do passado e vieram parar ao presente sem saberem como e para além disso, não tiveram qualquer tipo de escolha nesta viagem que criou um impacto para elas no futuro.
Beforeigners está repleta de eventos inesperados, fenómenos inéditos e estranhos e revelações surpreendentes que estão no meio de uma conspiração, de tal forma que a pessoa fica aliviada por existir mais uma temporada para que possamos obter respostas de uma história que cativou desde o início ao fim, prendendo a atenção do espetador, devido a um bom argumento e uma parte técnica satisfatória e por isso, eu estou curiosa para os próximos acontecimentos da primeira produção original norueguesa da HBO Europe que sem dúvida, foi das poucas que vi com este idioma e que eu aconselho a verem.
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