Uma das produções da Prime Video que suscitou mais curiosidade para 2024
foi a série Zorro. Esta nova adaptação constituída atualmente por 10
episódios é escrita e criada por Carlos Portela e tem Miguel Bernardeau como o
herói mascarado.
Para além de Miguel Bernardeau, temos no elenco, Renata Notni, Dalia
Xiuhcoatl, Emiliano Zurita, Andrés Almeida, Cuauhtli Jiménez, Elia Galera, Paco
Tous, Rodolfo Sancho, Cristo Fernández, Francisco Reyes, Luis Tosar, Ana
Layevska, Fele Martínez, Peter Vives, Joel Bosqued e também conta com a
participação de Cecilia Suárez.
Esta série vai transportar os espetadores a uma emocionante aventura cheia
de ação e coragem no século XIX. A história acompanha Diego de la Vega (Miguel
Bernadeu) que é o escolhido para ser o novo Zorro, ainda que o seu objetivo
seja apenas descobrir os assassinos que mataram o pai e levá-los à justiça. À
medida que assume o papel de Zorro, Diego luta pela justiça em
Los Angeles, mas também descobre os desafios de ser um herói e como o seu papel
afeta a Califórnia no século XIX.
Zorro é inspirado pela personagem que foi criada em 1919 pelo escritor Johnston
McCulley e que desde então já trouxe inúmeras adaptações, sendo o filme
protagonizado por Antonio Banderas até considerado como um dos grandes êxitos
dos anos 90 e que continua a conquistar admiradores nos dias de hoje. Um
clássico que perdemos a conta de quantas vezes assistimos a esse filme!
A Califórnia no século XIX estava a traçar o seu caminho até se transformar
completamente e deixar de ser uma província mexicana. Até lá, muito ainda tinha
de acontecer nesta terra dividida e nem todos iriam ficar satisfeitos com essa
futura mudança.
Desta vez, temos um Diego de la Vega mais jovem que vem para a sua
propriedade na Califórnia, após a morte misteriosa do seu pai. Ele é um homem charmoso
da aristocracia com princípios e com um bom coração que é determinado e não
gosta de ver injustiças. E quer descobrir em quem se quer tornar, o que
realmente aconteceu ao seu pai e quem são os verdadeiros responsáveis pela
morte dele. O que ele não imaginava é que esta sua investigação iria ser
perigosa e levar a desvendar conspirações, segredos obscuros e revelações
inesperadas.
A escolha do Zorro é envolvida de um modo interessante e perante um
lado mais espiritual. O traje desta figura vai sendo passado de pessoa em
pessoa, onde a decisão é feita por uma entidade nativa-americana que está
encarnada numa raposa. Depois da morte do anterior Zorro, a decisão
recai para um Diego de la Vega surpreendido que irá precisar do seu
tempo para processar essa informação e mostrar o seu valor para usar a máscara.
Diego de la Vega vai-se tornar num Zorro com um traje novo que vai
trazer boas surpresas e criar uma empatia instantânea para quem está a ver.
Um dos pontos mais positivos desta série é o facto de retratarem e
destacarem a história dos indígenas e ainda, criarem uma ligação especial entre
este povo e o Zorro. Esta é uma ligação profunda e mágica que faz todo o
sentido que seja mencionada e ao mesmo tempo, é essencial que seja valorizada a
importância que os indígenas tiveram e continuam a ter na história da
Califórnia e dos próprios Estados Unidos.
Outra coisa que vale mesmo a pena destacar é a dinâmica e o companheirismo
único entre Diego de la Vega e Bernardo (funcionário do seu pai).
Bernardo é mudo e por isso, comunica-se com Diego através de
linguagem gestual. É bem engraçado ver as picardias entre eles e a cumplicidade
bonita que têm, sendo que Bernardo até tem um talento natural para
ajudar Diego a ser o Zorro, a desenvolver as suas habilidades de
luta e a esconder o seu segredo. Bernardo é mesmo o aliado ideal de Diego
que fará o que for necessário pelo seu amigo. As cenas partilhadas entre esta
dupla são das minhas favoritas que por vezes, têm um alívio cómico com piadas
leves, mas introduzidas na altura certa.
Já a relação de Diego e Lolita poderia ter tido uma química
mais evidente e natural. Sinceramente, fiquei com a sensação que por vezes, era
forçado e de que faltava algo para preencher uma dinâmica que poderia ter sido
melhor sucedida.
Zorro é uma série divertida que faz a pessoa viajar na sua mente pelo universo
deste herói e sentir a ação em primeira mão. Também consegue entreter e é
difícil não gostar, apresentando de um modo revigorante aquela personagem
clássica e icónica que tanto adoramos. Uma história bem construída com alguns flashbacks
e muitas reviravoltas que é constituída por uma visão mais moderna e não
esquece dos elementos próprios da época que representa. Pode até ter algumas
falhas, diálogos um pouco desnecessários e também momentos com um ritmo mais
lento ou conter personagens mais irritantes e pouco atrativas. Mas, não tira a
vontade de continuar a acompanhar a narrativa que está a ser contada.
No entanto, esta nova adaptação de Zorro é diferente com as suas
mudanças e nada tem a ver com os seus filmes populares. Contudo, traz uma
nostalgia imediata e a essência deste herói lendário sempre disposto a lutar,
sem esquecer o seu “Z” simbólico e o seu legado. Ainda aborda temas relevantes
para a sociedade e que as pessoas se identificam, tais como, o empoderamento
feminino, colonização, justiça, classes sociais, o povo indígena que mais tarde
teve de abandonar as suas terras, violência, entre outros.
Esta é uma aventura desenrolada no século XIX que possui um visual e uma mensagem própria, captando a atenção com as suas cenas de ação e luta bem conduzidas e impecáveis, e com coreografias bem criativas e cativantes. Com uma boa escolha para a fotografia e banda sonora, o facto dos seus figurinos terem sido bem retratados para a época e com um bom desempenho de Miguel Bernardeau, esta visão trouxe assim, um resultado bem satisfatório e com um tom mais poético que surpreendeu positivamente o espetador. A sua cena final é servida para que haja uma continuação da história. Por isso, agora é esperar que tragam mais aventuras com ainda mais qualidade para este Zorro cheio de potencial e na companhia do seu aliado bem corajoso e carismático Bernardo.
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