sábado, 8 de março de 2025

Filme "Mickey 17" transporta-nos para uma viagem imperdível e alucinante que ganha novas dimensões

 

Já chegou um dos filmes mais aguardados do realizador sul-coreano, Bong Joon Ho. Mickey 17 é a sua nova produção de ficção científica e é uma adaptação do livro Mickey 7, de Edward Ashton. Bong Joon Ho também é o responsável pelo argumento e promete surpreender o público.

O elenco é constituído por Robert Pattinson, Naomi Ackie, Steven Yeun, Toni Collette e Mark Ruffalo.

Na história, o improvável herói, Mickey Barnes (Robert Pattinson), vê-se numa circunstância extraordinária de trabalhar para um empregador que exige o compromisso absoluto com o trabalho…morrer para viver. Ele é um “descartável” cuja função é morrer e voltar a ser impresso. Cada vez que Mickey morre, a humanidade aprende algo novo.

Por isso, ele está mortinho para salvar a humanidade. Mas, será que ele leu a papelada toda e sabe exatamente o que significa ser um “descartável”? Terá Mickey tomado atenção a tudo aquilo que esta função implica?

Este acaba por ser o pior emprego do mundo, ou seja, sempre que morre em missão, ele é imediatamente impresso de novo, com todas as memórias intactas. E de seguida, está pronto para regressar ao trabalho e é praticamente garantido que irá morrer outra vez.

Divulgação: Warner Bros. Pictures Portugal e Cinemundo

Isto acontece, porque na Terra, tudo estava a correr mal e ele queria sair de lá. Perante as dificuldades financeiras e como se sentia sem rumo e desesperado, Mickey decidiu embarcar como um membro da tripulação a bordo de uma nave espacial para fazer parte de um projeto de colonização de um planeta gélido, onde inscreveu-se como um candidato “descartável”, sujeitando-se assim, a uma série de experiências em que incluíam as tarefas mais perigosas. E que implicava morrer diversas vezes e de inúmeras maneiras. Seja qual fosse a forma que ele morresse, era logo impressa uma nova versão do seu corpo com as memórias sempre atualizadas.

Neste trabalho avassalador e bem solitário é exigido um compromisso absoluto com o mesmo, onde pode consumir totalmente a pessoa, tornando-se assim, num autêntico inferno combinado com toxicidade e com todo o tipo de venenos que possam existir. Pois, ele é exposto a radiações, inala gases tóxicos e ainda, é injetado com vacinas experimentais. Mas, não importa as consequências, porque aconteça o que acontecer, ele irá de seguida, renascer, quantas vezes forem precisas.  

Mickey é sem dúvida, um herói improvável e esta é a sua grande dádiva para a humanidade. Ele até pode ser considerado como um jovem vulnerável e tolo. E mesmo assim, apesar dos muitos desafios que enfrenta, ele acaba por sobreviver sem quebrar. Quando a sobrevivência da humanidade está em risco, Mickey está pronto para se sacrificar, quantas vezes forem necessárias. Nós acompanhamos um Mickey a lutar até ao fim.

Divulgação: Warner Bros. Pictures e Cinemundo

A sua vulnerabilidade vai sendo apresentada ao longo desta história, sendo que ele tenta processar o que ele é e aquilo de que é feito. Mas, ao mesmo tempo, tem uma relação um pouco complicada com todas as suas versões anteriores e que às vezes é difícil de se descrever. Contudo, tudo muda quando surge inesperadamente o 18, porque ele tem de lidar com o facto da razão pelo qual ele foi a única versão que sobreviveu. E ainda, entender a complexidade da personalidade deste 18 que é muito mais destemido e corajoso do que ele. Eles são múltiplos, o que significa que a regra é serem todos exterminados. Será que o Mickey 17 e 18 vão ser exterminados?

Para além disso, também é retratado um planeta desconhecido designado por Niflheim que vai sendo testado para o projeto de colonização e Mickey é a chave para a sobrevivência da humanidade. Será que eles estão completamente sozinhos neste lugar ou já existem espécies nativas? A verdade é que eles estão acompanhados por umas criaturas com características muito peculiares que acabam por lhes dar uma lição muito útil para sobreviverem.

Divulgação: Warner Bros. Pictures Portugal e Cinemundo

Mickey 17 é uma obra de arte ousada e surpreendente com uma identidade própria que nunca sabemos o que esperar e onde tudo pode acontecer. Esta é uma aventura sci-fi que é irreverente, hilariante e é constituída por um lado mais selvagem e outro mais cómico e irónico, sendo que se desenrola num ambiente futurista e cuja narrativa aborda dilemas éticos e humanitários, enquanto apresenta uma mensagem mais profunda e em certas situações numa perspetiva mais provocadora e até política. Por isso, acaba por tornar-se num filme relevante para os dias de hoje.

Este é um lugar distópico enrolado em opressão e violência que nos faz relacionar imediatamente com o mundo em que estamos a viver agora. Neste caso, este sítio é liderado por Kenneth Marshall, um político ambicioso e tirano que rapidamente traz à memória ditadores do passado. Este bilionário narcisista é desempenhado na perfeição por Mark Ruffalo que apresenta este antagonista como um ser desprezível que embarca numa viagem ao espaço para colonizar o planeta gelado Niflheim. Contudo, só lhe importa o poder e não tem qualquer tipo de limites.    

A narrativa em si é maioritariamente narrada pelo seu protagonista, sendo que desde o início conseguimos criar uma empatia imediata pelo Mickey, enquanto torcemos por ele. E ainda, acabamos por assistir, de acordo com o seu ponto de vista.

Divulgação: Warner Bros. Pictures e Cinemundo

Um dos maiores destaques do filme vai para Robert Pattinson que interpreta ao mesmo tempo e de um modo brilhante, duas versões do Mickey com feitios e conflitos totalmente diferentes, apesar de ainda terem alguns pontos em comum. É muito interessante acompanhar a jornada dos dois, a própria dinâmica do Mickey 17 com o Mickey 18 e como cada um lida com Kenneth Marshall e outras personagens. A versatilidade de Robert Pattinson é espetacular e ele dá mesmo tudo nestes dois papéis bem desafiantes e acompanhado por um tom humorístico bem engraçado. Sinceramente, espero que Robert Pattinson venha a ser premiado por este seu trabalho que merece sem dúvida, o devido reconhecimento.  

Além disso, a trama representa os níveis a que pode chegar um programa de clonagem futurista e todas as suas implicações e questões éticas. E não nos podemos esquecer da questão mais vezes mencionada na história. Sim, falamos da insistência de Mickey 17 ser constantemente bombardeado com a pergunta “Qual é a sensação de morrer?”. Uma pergunta com a qual a maioria de nós acaba por ter de lidar, mais cedo ou mais tarde, principalmente perante um acontecimento traumático. De uma certa forma, acaba por ser um tema mais tabu. Porém, acaba por criar um género de reflexão sobre o assunto.  

Divulgação: Warner Bros. Pictures Portugal e Cinemundo

Mickey 17 transporta-nos para uma viagem imperdível e alucinante que ganha novas dimensões e é cheia de revelações, circunstâncias inesperadas e ainda, com sequências completamente loucas. Esta é uma experiência cinematográfica única e com uma visão excêntrica sobre a colonização, vinda da mente do icónico Bong Joon Ho que precisa de ser vista em IMAX e que nos mostra ângulos de filmagem criativos e um trabalho de realização inteligente.

Este filme de ficção científica é uma diversão garantida e é cativante em cada uma das suas cenas. Por isso, não percam! Aproveitem esta ótima fonte de entretenimento e venham de mente aberta!

Se quiserem saber mais sobre a minha experiência na World Premiere de Mickey 17 em Londres, podem Ver AQUI!



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