sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Ed Westwick no Tribeca Festival Lisboa 2025 | E o que esperar da série Sandokan: The Pirate Prince

 

Durante a 2ª edição do Tribeca Festival Lisboa, um dos destaques foi a apresentação do 1° episódio de Sandokan: The Pirate Prince, cuja série pode ser vista em breve no canal AXN. E que teve um Q&A com a presença exclusiva de Ed Westwick que interpreta o Lord James Brooke. Durante a sua passagem por este evento e especificamente na sala, The Chapel, ele esteve a responder a perguntas sobre a série e sobre a sua carreira.

Sandokan: The Pirate Prince é uma produção internacional que tem sido muito aguardada, sendo que o elenco é constituído por Can Yaman, Alanah Bloor, Alessandro Preziosi, Ed Westwick e John Hannah.

O protagonista desta história é interpretado por Can Yaman, sendo que Sandokan é uma das figuras mais lendárias da literatura de aventuras que nasceu da imaginação do autor Emilio Salgari.

Aventura, paixão, revolução e amor pela natureza são alguns dos temas que são apresentados em Sandokan. A história mergulha nas origens do mito, explorando a jornada do Tigre da Malásia, desde um simples aventureiro até se tornar num príncipe pirata.

Em meados do século XIX e localizado em Bornéu, temos um paraíso tropical habitado pelas tribos nativas Dayak, mas dominado pela lei impiedosa dos colonizadores britânicos, Sandokan (Can Yaman) é um pirata que vive apenas para si e para a sua tripulação, liderada pelo leal Yáñez (Alessandro Preziosi).

No entanto, tudo muda quando, durante uma incursão, conhece Marianne (Alanah Bloor), a bela filha do cônsul britânico em Labuan. É o início de uma história de amor impossível entre duas almas gémeas: Marianne, de sangue europeu e nobre, mas com o espírito selvagem de quem cresceu num paraíso tropical. Já Sandokan é um pirata aventureiro que carrega nas veias, sem o saber, o sangue de antigos reis guerreiros.

Depois temos o lendário caçador de piratas Lord James Brooke (Ed Westwick), que não recuará perante nada para capturar Sandokan e conquistar o coração de Marianne.

Estes protagonistas lutarão por si e pelo seu amor, mas vão acabar por perceber que afinal fazem parte de algo maior: a história de um povo que luta pela liberdade e pela preservação da natureza virgem.

Por isso, Sandokan terá a obrigação de tornar-se muito mais do que um pirata, ou seja, ele irá tornar-se no lendário Tigre da Malásia.

Divulgação: AXN Portugal

Neste remake do grande clássico Sandokan, Can Yaman é o novo pirata malasiano, enquanto Ed Westwick será o seu grande rival com o nome de Lorde James Brooke, sendo que nos é dada a chance de reviver a lenda deste carismático pirata do mar da Malásia.

Como apreciadora de séries históricas e principalmente de tudo o que esteja relacionado com piratas, claro que a minha curiosidade em conhecer esta nova produção surgiu imediatamente. Agora será que vale a pena?

Apesar de só ter assistido apenas ao primeiro episódio, posso dizer desde já que foi uma ótima surpresa. Desde o início que começamos a acompanhar Sandokan a enfrentar forças opressoras, enquanto está a lutar pela liberdade, não só a dele e da sua tripulação, mas também pela liberdade de um povo específico.

Sandokan: The Pirate Prince é apresentada como uma aventura cativante e requintada cheia de ação intensa, lutas peripécias, intrigas, batalhas e perseguições sem fim que envolve e cria um interesse imediato a quem está a ver. E onde não irá faltar um romance proibido, paixão, revolução, coragem, conflitos, muito amor e rebeldia pelo meio.

Esta série possui uma identidade própria e tem um lado espiritualmente mais selvagem que depois é acompanhada por uma banda sonora que encaixa com a trama, na qual aborda assuntos pertinentes, a lealdade e também desenvolve as consequências da lei implacável do Império Britânico e aquilo que faz aos mais desfavorecidos.  

Um dos principais destaques vai para a cinematografia e os cenários que surpreendem pela positiva e deixam qualquer um sem palavras. A época em que a narrativa está inserida é muito bem reconstituída, sendo que apesar de ser apresentada num tom moderno, acabam por respeitar e ter atenção a todos os pormenores da mesma.

Depois temos Can Yaman a dar vida a este pirata guerreiro que foi sem dúvida, uma boa escolha para este herói, pois consegue criar logo uma ligação com o espetador e ainda, faz com que se fique com uma maior vontade em querer acompanhar a sua jornada.

Já Ed Westwick é o antagonista deste drama e acho que o facto de ele estar a interpretar uma personagem diferente do seu registo habitual faz com que a pessoa também tenha curiosidade em assistir.

Por tudo isto, dá para perceber que Sandokan: The Pirate Prince transmite um amor pela natureza, enquanto proporciona diversão. Além disso, tem uma história mais inovadora e com potencial para entregar uma obra poderosa e muito mais.

Não percam a série Sandokan: The Pirate Prince no canal do AXN, que irá trazer de certeza, uma lufada de ar fresco!

De seguida, deixo-vos com um momento, onde depois do visionamento do primeiro episódio desta produção, eu tive a oportunidade de fazer uma pergunta ao Ed Westwick que ocorreu na 2ª edição do Tribeca Festival Lisboa! E partilho também algumas fotografias da presença deste ator. 






domingo, 23 de novembro de 2025

Filme "Anjo da Sorte" - é uma comédia absolutamente leve e divertida que toca o coração

 

Preparados para testemunharem um ato divino?

Anjo da Sorte (Good Fortune, como título original) é a nova comédia realizada por Aziz Ansari que entrega um registo muito diferente do trabalho de Keanu Reeves.

Para além de Keanu Reeves, o elenco é composto por Seth Rogen, Aziz Ansari, Keke Palmer e Sandra Oh.

Nesta história temos um anjo bem-intencionado, mas algo inepto, chamado Gabriel (Keanu Reeves) que interfere na vida de um trabalhador precário (Aziz Ansari) e de um rico capitalista de risco (Seth Rogen). Esta é uma comédia inteligente e reconfortante sobre um anjo estagiário desastrado que tenta provar a um trabalhador precário que o dinheiro não resolve todos os seus problemas. Mas quando o dinheiro, na verdade, resolve a maior parte deles, tudo começa a correr mal. E assim, temos um anjo que quando falha nas suas tarefas, também é despedido…e condenado a viver como humano como forma de castigo. Às vezes, a vida não é justa. Às vezes, a vida é engraçada. E, muitas vezes, é as duas coisas ao mesmo tempo.

Gabriel é um anjo de baixo orçamento com boas intenções que quer muito ajudar o Arj. Mas, que afinal de contas é incapaz, pois acaba por intrometer-se na vida tanto deste trabalhador independente em dificuldades, como de um milionário simpático e com um ar de arrogante. O seu plano celestial corre terrivelmente mal quando acidentalmente, este anjo troca fisicamente as vidas de Arj e Jeff. Será que é agora que Arj e Jeff precisam de um milagre?

Este anjo só tinha o dever de salvar pessoas que enviam mensagens de texto a conduzir, mas ele queria ter tarefas mais importantes, como orientar pessoas e até salvar uma alma perdida. Depois de testemunhar que Arj fez tudo o que era suposto fazer e nada estava a resultar, Gabriel viu um homem que só tinha tido azar na sua vida e que precisava desesperadamente de uma intervenção divina. Assim, Gabriel decidiu ajudá-lo e acabou por fazê-lo da pior maneira.

Contudo, as consequências dos atos desastrados de Gabriel não foram só para estes dois homens de mundos opostos, mas também para ele próprio, onde acaba despedido e recebe o castigo de viver como humano.

Anjo da Sorte é uma comédia absolutamente leve e divertida que toca o coração, transmitindo uma mensagem sobre empatia, sorte, destino, solidariedade, compreensão e desigualdades sociais que acaba por proporcionar vários momentos de reflexão. Tudo isso é abordado sem grandes exageros e apresentado num tom simples e engraçado que nos faz prender a atenção e desligar assim da vida real.

Este é mesmo daqueles filmes repletos de energia que por mais vezes que possamos assistir nos nossos tempos livres, irá sempre servir para descomprimir.

Um dos destaques principais vai para o trabalho de Keanu Reeves que nos entrega uma performance bem diferente daquilo de que estamos habituados a vê-lo. Desta vez, num registo mais cómico e é mesmo gratificante quando temos a oportunidade de ver a sua versatilidade como ator.     

Neste caso, Keanu Reeves dá vida a um anjo trapalhão e muito peculiar que normalmente é só responsável por evitar que as pessoas enviem mensagens de texto a conduzir, acabando por salvá-las e impedindo assim, vários acidentes. E ele sentia que devia estar a fazer mais pelos humanos, principalmente depois de observar a vida de Arj.

Depois de todas as asneiras que fez, este anjo passa a viver como um humano e essa sua experiência irá mostrar-lhe verdadeiramente qual é o significado do seu modo de vida atual e todas as dificuldades que fazem parte. Já imaginaram como seria um ser celestial tornar-se num homem viciado em nicotina? No modo como Keanu Reeves o interpreta tem a sua piada.

Além disso, também é muito interessante acompanhar a troca da vida, tanto de Arj, como de Jeff, principalmente do segundo. Jeff sempre esteve sempre habituado a uma vida de grandes posses e sem nenhumas preocupações. Por isso, a pessoa cria alguma curiosidade em ver como seria um milionário perdido num ambiente cheio de azar e precariedade, sendo que tem de arranjar formas de sobreviver, porque não irão faltar adversidades. E depois disso tudo, também ver o que acontece com esta personagem e como isso o influencia a ver a vida por outros olhos e até mesmo, a tomar decisões que possam realmente fazer a diferença para melhorar a vida dos mais desfavorecidos.     

Ao longo de 1h37m, o Anjo da Sorte é uma bênção da comédia que oferece pelos caminhos do destino, uma aventura divinamente contagiante e cativante de um entretenimento que envolve risos, festas, confusões, caos, conflitos sociais, surpresas inesperadas e um sentido de humor bem apurado.

Agora, aproveitem este anjo desastrado enviado do céu para terem um momento puramente animado e descontraído que não vão querem perder!

E não se esqueçam de enviar para o universo aquilo que mais desejam. Quem sabe, pode até resultar e termos assim, a prova de que os anjos realmente existem.


sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Filme "Wicked: For Good" - o que esperar da conclusão desta saga tão popular e emocionante

Chegou o momento de nos despedirmos de um dos maiores fenómenos cinematográficos dos últimos tempos. Wicked: For Good (Wicked: Pelo Bem, como tradução em português) apresenta a sua conclusão realizada por Jon M. Chu que promete mais uma vez não deixar ninguém indiferente.

É impressionante como a adaptação de um musical da Broadway se tornou como a mais bem-sucedida de sempre.

Preparados para assistir a este segundo capítulo?

Ariana Grande e Cynthia Erivo estão de regresso, juntamente com Jonathan Bailey, Jeff Goldblum, Michelle Yeoh, Marissa Bode, Ethan Slater e Colman Domingo.

Este capítulo final da história nunca contada das bruxas de Oz começa com Elphaba e Glinda separadas, a viver com as consequências das suas escolhas.

Elphaba (Cynthia Erivo), agora demonizada como a Bruxa Má do Oeste, vive no exílio, escondida na floresta Oziana enquanto continua a lutar pela liberdade dos animais silenciados de Oz e tenta desesperadamente expor a verdade que sabe sobre o Feiticeiro (Jeff Goldblum).

Entretanto, Glinda tornou-se no símbolo glamoroso da bondade de toda a cidade de Oz, vivendo no palácio da Cidade Esmeralda e desfrutando dos privilégios da fama e popularidade. Sob as ordens da Madame Morrible (Michelle Yeoh), Glinda é destacada para servir de conforto efervescente a Oz, tranquilizando as massas de que tudo está bem sob o domínio do Feiticeiro.

À medida que o estrelato de Glinda cresce e que se prepara para casar com o Príncipe Fiyero (Jonathan Bailey), num espetacular casamento Oziano, é atormentada pela separação de Elphaba. Tenta mediar uma reconciliação entre Elphaba e o Feiticeiro, mas esses esforços fracassam, afastando ainda mais Elphaba e Glinda. As consequências vão transformar Boq (Ethan Slater) e Fiyero para sempre, e ameaçam a segurança da irmã de Elphaba, Nessarose (Marissa Bode), quando uma rapariga do Kansas irrompe nas suas vidas.

Com a ascensão de uma multidão furiosa contra a Bruxa Má, Glinda e Elphaba terão de unir-se uma última vez. Com a sua amizade singular a tornar-se o fulcro dos seus destinos, terão de se ver verdadeiramente uma à outra, com honestidade e empatia, se quiserem mudar a si mesmas e a todo o Oz, para sempre.

Primeiramente, gostaria de referir que não irei fazer comparações em relação ao material original, no qual tanto o primeiro como o segundo capítulo foram adaptados, sendo que desta vez irá sem dúvida, dividir mais as opiniões.

Wicked: For Good leva-nos mais uma vez numa viagem maravilhosa e arrepiante por Oz que é carregada de emoção e que toca o coração, sendo que continua a ser visualmente épica, proporcionando um género de obra de arte impecável que tira completamente o fôlego. De certa forma, ficamos com aquela sensação de que ao longo da história estamos no interior de uma bolha mágica, onde nada nos pode distrair e/ou tirar a atenção.

Apesar de haver alturas em que tudo parece ser demasiado rápido e partes que deveriam ter sido mais bem exploradas, o filme em si entregou uma maturidade impressionante envolvida em vulnerabilidade, compreensão e lições uteis que nos conecta e nos deixa a pensar e por vezes, até a ter esperança num mundo melhor.

Tanto Ariana Grande, como Cynthia Erivo proporciona-nos mais uma vez performances espetaculares e encantadoras, onde cada uma tem a sua chance de brilhar e quando isso acontece, a pessoa fica perplexa, principalmente com as atuações musicais.

Desta vez, acompanhamos as consequências dos atos destas duas protagonistas num tom ligeiramente mais obscuro, sendo que ao longo desta jornada, são mostrados os sacrifícios que são feitos em nome da amizade e da justiça. Além disso, também mostra que apesar de serem duas pessoas tão distintas entre si e de verem a vida de maneira diferente, elas construíram uma relação de amizade improvável, especial e tão poderosa que as fez mudar para melhor. Por isso, apesar das diferenças entre si, Glinda e Elphaba continuam a lutar uma pela outra.

Algo que gostaria de realçar é que a pessoa fica completamente arrepiada nas cenas em que elas partilham o ecrã, principalmente na atuação da canção For Good e na sequência final do filme! E também partilham um desentendimento engraçado, onde observamos Ariana Grande com um traço mais cómico.

Relativamente às novas faixas que fazem parte desta banda sonora e com a exceção de uma ou outra, estas não tiveram o resultado esperado e nem o efeito deixado pelo seu primeiro capítulo.

À sua maneira, este filme comove e transmite uma mensagem forte e profunda de amizade, determinação, mudança, aceitação e de transformação que te envolve imediatamente e que o espetador se identifica. E mostra que existe sempre a opção de fazermos o caminho do bem e que podemos fazer a diferença no mundo, mesmo que nos digam o contrário.

Com Wicked: For Good, percorremos a mais recente estrada de tijolos amarelos e ainda, testemunhamos o final emocionante desta saga que teve algumas falhas a nível de meros detalhes e que poderia ter trazido mais magia. Mesmo assim, houve situações em que se fica com a lágrima no canto do olho.

Para além disso, é uma narrativa com uma energia cativante, onde possui tudo o que se propõe a ser e mais um pouco, sendo que nos mostra como as nossas emoções são muito mais do que aquilo que deixamos transparecer.

Mesmo que esta conclusão tenha ensinado lições importantes, cumprido com aquilo que prometeu e ter entregado uma experiência tocante com uma excelente qualidade rodeada em drama, emoção e humor, o primeiro filme foi aquele que teve um maior impacto em mim.

No entanto, é uma produção ligeiramente acelerada realizada num tom maduro com boas vibrações que deixa a sua marca e é uma bonita homenagem a todos os admiradores deste universo tão mágico e popular e que nos inspira a uma mudança positiva.

Por isso, não se esqueçam de mudar pelo bem faz toda a diferença e vão ver que tudo se irá transformar em algo maravilhoso!

Para acederem à crítica do primeiro capítulo de Wicked, vejam AQUI! 

De seguida, deixo-vos com um vídeo do evento da Premiere em Lisboa de Wicked: For Good!



quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Filme "Frankenstein" - o que esperar desta nova adaptação tão esperada e realizada por Guillermo del Toro

 

Uma das adaptações mais esperadas de 2025 chegou à plataforma de streaming da Netflix. Frankenstein é a próxima produção realizada pelo icónico Guillermo del Toro, tendo sido baseada na criação da Mary Shelley.

O elenco é constituído por Oscar Isaac, Jacob Elordi, Mia Goth, Christopher Waltz, Charles Dance, Felix Kammerer, David Bradley, Lars Mikkelsen e Christian Convery.

Tudo é desenrolado ao redor do Dr. Victor Frankenstein que quer criar vida nova a partir da morte, sem prever o que viria a seguir. Em uma história com dois lados, quem realmente é o monstro?

Já houve diversas versões desta figura tão enigmática e popular. No entanto, quando foi anunciado que iríamos ter uma nova visão nas mãos do grande Guillermo del Toro, a expetativa para assistir era elevada. Mas será que este cineasta irá deixar a sua marca impactante o suficiente para transformar Frankenstein em algo que ainda não tenhamos visto?

Primeiramente, a história é dividida em duas partes, sendo que a primeira parte do filme é contada do ponto de vista do cientista, o Victor Frankenstein. E ao longo desse período há alguma incerteza em relação ao quanto é credível a história de Victor, onde pode ser questionado se existe realmente uma criatura. Já a segunda parte é dedicada a vermos pelos olhos da criação de Victor. No final, acabamos por acompanhar um tipo de dinâmica familiar invulgar e complexa.

Relativamente a Victor, ele é aquele tipo de personagem principal que se torna o vilão e muito disso, está relacionado com as consequências dos seus atos, devido àquilo que passou na sua infância, principalmente com o seu pai e chegando a um ponto que parece um género de dor geracional que ocorreu e que passou entre gerações. Ele tinha o objetivo de ultrapassar os conhecimentos e habilidades do seu pai e criar algo único no mundo. Além disso, ele é alguém que tinha uma dor muito profunda e queria muito que o seu irmão o amasse.

Enquanto conta o seu lado da história, nós conseguimos de certa forma, entender a dor de Victor e a obsessão dele em criar o homem perfeito. Inicialmente, ele teve uma visão que se transformou numa ideia que ganhou forma na sua mente e desde aí, foi inexorável até se tornar verdade. Até mesmo nas etapas iniciais que ele testou num público específico, parte do que lhes iria dizer seria um facto. Porém, outra parte não, sendo que tudo acaba por tornar-se numa verdade absoluta.

Agora, depois de ter concretizado o seu desejo e ter superado os limites da ciência, Victor acreditou plenamente que criou algo verdadeiramente horrível e tinha determinado que a memória dos seus males deveria morrer consigo. Na opinião dele, ele ao procurar a vida, acabou por criar a morte. Mas, será isso mesmo verdade? Será que o grande Victor Frankenstein cometeu um erro? Uma coisa é certa. Ele não considerou o que viria após a criação e é preciso destacar o Oscar Isaac que teve uma performance excelente em transmitir a personalidade peculiar e toda a loucura e destruição deste Victor. E para saber as respostas às perguntas feitas anteriormente, é essencial que se conheça a versão da sua criatura.

Afinal que criatura é esta? Em primeiro lugar, é completamente diferente daquilo que já tivemos a oportunidade de assistir noutras adaptações e ao longo do filme percebemos a razão para esta conclusão. Depois do criador dele ter contado a sua história, agora ele vai contar a dele.

Esta é uma criatura feita de pedaços de cadáveres de um campo de batalha que Victor Frankenstein monta como se fosse um puzzle. Ele é um tipo de ser original e é claramente composto por pessoas diferentes, sendo que se recorda de fragmentos e de memórias de vários homens. No entanto, desde o início há uma pureza nele que nos identificamos imediatamente, criamos empatia e em certos momentos, começamos a torcer por ele.

Enquanto isso, há quem o considere como um monstro como é o caso de Victor Frankenstein, o criador dele. E tal como qualquer ser humano, quando alguém tem medo de algo e neste caso, de alguém, a tendência é caçar e matar apenas por ser uma criatura fragmentada e discriminada e também tudo o que possa ser considerado como desconhecido.

Temos a possibilidade de ver o desenvolvimento difícil desta criatura que bastava uma palavra ou um simples olhar para se compreender o que estava a sentir. Apesar de ter sido maltratado e excluído por Victor, ele simplesmente queria uma companheira ao seu lado para viver em paz. E caso o amor lhe fosse negado, então iria entregar-se à ira e o principal alvo seria o seu criador.

Para este tipo de personagem já adaptado diversas vezes, sabia-se que precisava de se ver alguém com potencial e que conseguisse prender a atenção do público. Jacob Elordi encarnou com tanta elegância e dedicação esta criatura e à medida que a história foi ocorrendo, o seu próprio movimento corporal é pensado numa maneira diferente, sendo que depois lhe deu mais expressividade e realidade.

Frankenstein é uma obra eletrizante e arrebatadora que nos proporciona uma experiência imersiva e nos apresenta com inteligência, uma visão louca e espetacular desta trama passada no século XIX. Esta não é apenas uma história de um cientista brilhante que foi capaz de criar vida e muitas outras coisas. É também retratada a fragmentação do ser humano, o luto, a relação complexa de pais e filhos, a solidão e isolamento e a necessidade de pertencer e de ser amado. E também está a ser contada histórias de pessoas cheias de maldade que têm uma ambição sem limites e são cruéis e egoístas. E tudo isto é uma forma mais real de ver o mundo e entender cada história.

Automaticamente faz questionar-nos não só o mundo e a humanidade, mas também a nossa própria identidade. Quem sou eu e porque estou aqui? Afinal, qual é o meu propósito? Podemos encontrar redenção? E também nos transmite a ideia de amar uma personagem que é imperfeita e de perdoar essas imperfeições.  

Guillermo del Toro deu tudo de si nesta produção, sendo que para mim estava destinado a fazer Frankenstein e a transformá-lo atualmente num dos seus filmes mais bonitos visualmente. Era mesmo inevitável isso acontecer, pois ele já estava a pensar há muito tempo na sua visão perante o livro de Mary Shelley. E dá para ver que também tinha uma estratégia muito precisa de como decidiu filmar este filme, enquanto mostrava o amor que tem por ele, sendo que fez coisas que normalmente um realizador não faz e estava disposto a correr mais riscos.

Apesar de existirem mudanças em relação a diferentes adaptações de Frankenstein, este cineasta queria impulsionar a sua visão e encontrou uma maneira de permanecer fiel ao romance original, mas moldando de acordo com a sua marca, o seu estilo e a sua maneira de demonstrar emoções. E são muito poucos os cineastas que realmente são capazes de criar mundos e proporcionar uma experiência única ao espetador.

Frankenstein possui uma energia própria envolvida numa história comovente que é fluída e repleta de espontaneidade. E é uma homenagem a um ambiente gótico combinado com o sobrenatural que automaticamente relacionamos com este mundo. Além disso, mergulhamos profundamente para o mundo de Frankenstein, graças ao trabalho brilhante a nível do design de produção, cinematografia, guarda-roupa muito adequado à época representada, maquilhagem e banda sonora com música que faz amplificar as emoções do filme e as loucuras da situação que está a acontecer no momento. Também a iluminação estava muito bem incorporada e os efeitos especiais foram ótimos. Assim, todos estes elementos juntos foram fulcrais para funcionarem em conjunto e assim, darem vida a esta obra impressionante e com uma ótima qualidade.

Um desses exemplos, vai para os cenários que foram construídos. Estes foram fundamentais para definirem o tom em que como seria esta adaptação de Frankenstein. A cela da criatura foi construída de raiz e o laboratório é o derradeiro cenário onde a criação acontece. O laboratório era um local completamente louco com muitas partes de cadáveres e sangue espalhados por todo o lado, sendo que Victor fez o que fosse necessário para provocar uma tempestade e relâmpagos. E claro que não faltaram explosões e muito mais.

Outra coisa que gostaria de destacar e que dá para perceber o trabalho espantoso de cenografia foi o navio preso no gelo do Ártico, onde se dá grande parte da ação. E fiquei ainda, mais surpreendida pela positiva, por saber que construíram o navio de verdade, tanto o interior, como o exterior. Este acaba por ser um dos grandes símbolos desta produção.

A obra deste génio que é o Guillermo del Toro é mesmo digna de se ver e é apresentada em grande escala como este mundo funciona, levando a momentos muito ativos de loucura e a cenas brutalmente violentas, transmitindo todo o tipo de emoções e também mostrando a importância que era contar a história da criatura. E para além disso, acredito que vai permanecer para sempre na memória de muitos admiradores deste universo do Frankenstein.


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Filme "Os Estranhos: Capítulo 2" - o que esperar da sequência desta saga de terror

 

Os Estranhos: Capítulo 2 (The Strangers: Chapter 2, como título original) é o segundo filme de uma trilogia do género de terror que é uma adaptação criada de acordo com a visão do realizador Renny Harlin. O argumento tem como base o filme, Os Estranhos (2008), realizado por Bryan Bertino e protagonizado por Liv Tyler e Scott Speedman – que também serviu de inspiração para The Strangers – Predadores da Noite (2018), de Johannes Roberts.

No elenco, fazem parte nomes, tais como, Madelaine Petsch, Gabriel Basso, Ema Horvath, Brooke Lena Johnson, Richard Brake, Pedro Leandro e Rachel Shenton.

É verdade! Os Estranhos estão de volta – mais brutais e implacáveis do que nunca. Quando descobrem que uma das suas vítimas, Maya (Madelaine Petsch), ainda está viva, regressam para terminar o que começaram. Sem ter para onde fugir e ninguém em quem confiar, Maya tem de sobreviver a mais um capítulo horrível de terror enquanto os Estranhos – movidos por um propósito incessante e sem sentido – a perseguem, mais do que dispostos a matar qualquer um que se atravesse no seu caminho.

Divulgação: Pris Audiovisuais

Para relembrar, o pesadelo de Maya começou quando, durante uma viagem pelo Oregon (no Pacífico Noroeste dos EUA) com Gregory, o namorado, o carro avariou no meio de uma floresta e ambos cometem o maior erro das suas vidas: recorrer à aplicação Airbnb para encontrar um lugar para passar a noite. Perante a preocupação, encontrar uma cabana isolada e silenciosa pareceu-lhes a solução perfeita. Mas a noite trouxe-lhes três visitantes inesperados na forma de assassinos mascarados que cercaram a casa e transformaram aquelas horas em puro terror.

Após esse ataque brutal, que terminou com a morte de Gregory e uma milagrosa fuga de Maya, ela desperta numa cama de hospital, convencida de que está a salva. Mas, o horror não ficou para trás, pois os três estranhos sabem que ela sobreviveu e não vão parar enquanto não terminarem tudo aquilo que começaram.

Divulgação: Pris Audiovisuais

Por isso, na sequência desta saga acompanhamos os eventos logo após o final do primeiro filme, onde Maya foge do hospital e é colocada novamente em perigo, precisando lutar para sobreviver.

Aqui temos Maya que coloca em prática o seu instinto de sobrevivência e assim, tenta escapar a todo o custo, perante psicopatas que não descansam enquanto não a eliminarem.

Ao longo de 1 hora e 36 minutos, temos muitos clichês, cenas sem sentido e somos desafiados a tentar compreender o que realmente está a acontecer e possíveis motivos para tal. Enquanto isso, acompanhamos a protagonista a fugir destes Estranhos e também a lidar com os obstáculos e ameaças que vão surgindo. Também temos alguns flashbacks relacionados com estes assassinos estranhos, mas como não explicam aquilo que importa, acaba por atrapalhar a história que está a ser contada.  

Não fazendo comparações com o material original no qual é adaptado, Os Estranhos: Capítulo 2 focou-se mais numa perseguição que parecia não ter fim e que não acrescenta nada de novo. De certa forma, a história em si torna-se demasiado previsível e pouco consegue surpreender.

Apesar de inicialmente não ter tido grandes expetativas, aquilo que esperaria seria no mínimo, algo ao nível do primeiro filme ou até algo superior ao mesmo. Infelizmente, o resultado foi inferior e conseguiu diminuir ainda mais a fasquia para a produção que irá encerrar esta saga.

Houve situações nas quais a narrativa parecia desleixada e tinha um número considerável de falhas que fez com que o espetador perca o interesse naquilo que está a ver. Claro que não deixa de ter os seus momentos de maior tensão, suspense e aflição, mas não é o suficiente para captar como deve ser, a atenção do público. A sensação é que a pessoa fica com mais perguntas do que respostas e a tendência de perder-se pela narrativa aumenta.

Divulgação: Pris Audiovisuais

Este é um filme que tem falta de inovação e originalidade e que poderia ter aproveitado esta adaptação de uma outra forma. Até pode possuir algumas boas cenas de perseguição, mas chega a um ponto que se torna cansativa e depois também tem aquelas alturas que parece que perde todo o sentido.

No final, foram mostradas imagens do terceiro e último filme e aquilo que foi apresentado acabou por não criar grande vontade em assistir a como tudo isto termina.

Na crítica do primeiro filme, referi que podia ser considerado como uma produção facilmente esquecível. E com este segundo capítulo, tenho a certeza que as pessoas vão esquecer ainda mais rapidamente, esta sequência.  

Esta saga prometeu valer a pena e até agora, entregou pouco.

Para saber mais sobre a crítica do primeiro capítulo desta saga, basta Ver Aqui!