quinta-feira, 2 de julho de 2020

Minissérie "The Luminaries" - um drama de época que inclui mistério e um crime por desvendar na Nova Zelândia, durante o século XIX

A nova minissérie “The Luminaries” é uma adaptação do romance com o mesmo nome de Eleanor Catton, constituída por 6 episódios em que é exibida pelo canal britânico, BBC Two e transmitida em exclusivo na HBO Portugal. É produzida pela Working Title Television, uma associação entre a NBC Universal International Studios, Tim Bevan e Eric Fellner, e a Southern Light Films, para a BBC Two, em associação com a TVNZ, a Fremantle e a Silver Reel.

Esta história inicia-se em 1865, onde uma jovem chamada Anna Wetherell (Eve Hewson) resolve viajar para a Nova Zelândia, a partir da Grã-Bretanha, com o objetivo de ter uma vida melhor. Quando está quase a chegar ao seu destino, Anna conhece Emery Staines (Himesh Patel), nos quais criam uma ligação imediata e assim, ela fica com a esperança de ter uma vida nova cheia de romance e de aventuras inesquecíveis. Infelizmente, nem tudo acontece como Anna estaria à espera, principalmente quando se cruza no caminho de uma cartomante chamada Lydia Wells (Eva Greens), que fará os possíveis para a prejudicar e deixá-la afastada de Emery.

O elenco é constituído por Eve Hewson (Anna Wetherell), Eva Green (Lydia Wells), Himesh Patel (Emery Staines), Ewen Leslie (Crosbie Wells), Marton Csokas (Francis Carver), Benedict Hardie (Alistair Lauderback), Callan Mulvey (George Shepard), Erik Thomson (Dick Mannering), Mark Mitchinson (Thomas Balfour), Richard Te Are (Te Rau Tauwhare), entre outros.

Esta é uma história que situa-se na costa oeste de uma Ilha do Sul da Nova Zelândia, contendo um pouco de amor, crime, vingança, assassinatos, suspense, mistério e alguma magia e aventura pelo meio. Esta também era uma altura em que poderia encontrar-se ouro, mas que era não era muito frequente de acontecer, apesar de estarmos presentes numa época que o ouro era muito valioso e quando acontecia tentava-se esconder de modos muito originais. Para além disso, também inclui alguns temas, tais como, consumo de ópio, prostituição, naufrágios, crimes de fraude e identidades falsas. 

Anna tem expetativas muito altas quando chega à Nova Zelândia, acreditando que iria ter novas aventuras e encontrar a sua felicidade, ao lado de Emery que tinha acabado de conhecer, mas tudo começou a correr mal quando pediu ajuda a Lydia para ler um bilhete que continha o local de encontro com Emery, pois ela não sabia ler.

No decorrer dos dias, a sorte de Anna começa a desaparecer, acabando por esta rapariga simples vir a conhecer as pessoas erradas, levando a que não tenha as melhores atitudes, e também vê-se envolvida como a principal suspeita num assassinato. Por isso, Anna terá de aprender a lidar com as adversidades da vida, que podem ou não ter sido influenciadas por outra pessoa e as traições de pessoas que pensava que lhe queriam bem, seguindo assim, por um caminho mais obscuro.

Esta jovem vai passando por dificuldades, sentindo-se presa a um possível destino, que acredita que não é o seu. Por isso, para além de não estar livre de perigo, ela terá de passar por situações conturbadas que não irão facilitar-lhe a vida, tendo que arranjar forças para procurar pelo seu amor, mesmo que ele tenha desaparecido, sem deixar qualquer tipo de rasto.   

Ao longo do desenrolar da história, há um amadurecimento por parte de Anna, que chegou como uma pessoa ingénua, acreditando que tudo seria possível, mas que afinal não seria tão fácil como ela pensava, onde a sua desconfiança perante os outros começa a crescer ao mesmo tempo, que torna-se numa prostituta, por pura necessidade de sustentar-se.

A relação entre Anna e Emery é mais forte do que toda a gente pensa. Estes são considerados como “gémeos astrais”, que significa que nasceram ao mesmo tempo e sob o mesmo céu, ou seja, partilham um destino em comum, mas isso será mais intenso e complexo, do que poderiam alguma vez imaginar, em que são várias as situações inexplicáveis que irão acontecer.

Apesar de Anna e Emery andarem sempre desencontrados, é interessante ver a construção desta química tão intensa, que parece ser muito simples no início, mas infelizmente primeiro terão de passar por obstáculos, de um modo individual, antes de voltarem a estar juntos.

É também bonito de se ver uma ligação tão profunda, que começa com um olhar e uma atração, que é difícil de explicar e colocar em palavras, mas é de uma forma que parece que conheceram-se há muito mais tempo do que aconteceu na realidade.

Esta história é dividida em 2 linhas temporais, nos quais podemos acompanhar a jornada de Anna depois de ter chegado à Nova Zelândia e os momentos em que ela foi acusada de homicídio, por não ter um álibi para confirmar a sua inocência. Na minha opinião, se a pessoa não estiver atenta aos acontecimentos da série, esta pode-se perder um pouco, tornando-se confuso, em saber qual o período de tempo que está localizada a história, em determinados momentos específicos.

Esta também é uma altura, onde se falava muito do misticismo e organiza-se sessões espiritas, mesmo que a maior parte da sociedade fosse um pouco cética, relativamente a este tema, mas ao mesmo tempo, achava piada e pagava por isso. Para além disso, podíamos ver ligações entre situações, que no início poderiam não fazer sentido, mas depois aos poucos, a pessoa começa a compreender que poderiam estar ligados ao próprio destino.

Achei muito interessante as formas criativas que arranjavam para esconder ouro que encontravam naquela terra, pois era algo muito procurado por esta população, que poderia fazer toda a diferença, a nível monetário.

Lydia Wells é uma personagem intrigante, mas também é uma boa manipuladora, onde tem os seus próprios planos para Anna. No início parece que quer ajudar esta rapariga a começar uma vida nova, mas acaba por influenciar tudo o que acontece à volta de Anna.

Apesar de ser casada com Crosbie Wells, um explorador que acaba por encontrar ouro, Lydia quer fazer fortuna juntamente com Carver, um ex-condenado, que sempre foi a pessoa que ela amou. Ela não vai descansar, enquanto não conseguir obter tudo o que quer e fugir com o seu amado, mesmo que tenha de prejudicar todos aqueles que se meterem no seu caminho.

É interessante ver este lado mais vilão por parte de Eva Green. Sem dúvida, que é uma atriz versátil que neste caso desempenha Lydia, de um modo misterioso, que deixa o público, com vontade de querer saber mais sobre os seus planos e a sua personalidade. Eu gostaria de ver mais papéis desta atriz neste registo de vilã, com um tipo de personagem ainda mais complexo, do que vimos nesta história.


Esta é uma adaptação de um certo modo requintada, na forma como é representada através do guarda-roupa, dos cenários de época ou das paisagens que fazem suspirar o espetador, dando uma vontade de visitar algumas daquelas vistas. Infelizmente, o argumento não é dos melhores, que faz com que o público possa perder o foco na história, quando no início acreditei que tivesse todo o potencial para tornar-se num autêntico sucesso.

Eu não tive oportunidade de ler o livro na qual foi adaptada esta história e que ganhou um prémio Man Booker, por isso não posso fazer muitas comparações sobre se esta foi ou não, uma boa adaptação, mas acredito que existem alguns fatores que poderiam muito bem melhorar.  

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