terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Série "Vikings" - uma história fascinante e surpreendente que apresenta as tradições, os rituais e costumes bem peculiares da comunidade dos vikings e as diferenças entre a religião nórdica e o cristianismo

Vikings é uma série histórica de 2013 que foi criada e escrita por Michael Hirst como um dos produtores executivos, em que é constituída por 6 temporadas, num total de 79 episódios e foi produzida e transmitida pelo History Channel, mas também está disponível nos canais portugueses, TVCine Action e AMC e nas plataformas Netflix e Amazon Prime Video. Esta é uma produção da MGM Television, Octagon Films, Take 5 Productions, Shaw Media e Corus Entertainment, sendo que Trevor Morris é o responsável pela banda sonora.

 

Esta história retrata a vida de Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel), um famoso viking e agricultor, tendo sido conhecido por ter tido grandes conquistas na sua época e por ser reconhecido pelo seu povo, como um descendente de Odin, o Deus da Guerra. Para além de conhecermos melhor a sua família, também iremos acompanhar a jornada de Ragnar enquanto guerreiro implacável, ao mesmo tempo que explora novas terras e seguindo a tradição e as indicações dos deuses nórdicos.

 

O elenco é constituído por Travis Fimmel (Ragnar Lothbrok), Katheryn Winnick (Lagertha), Gustaf Skarsgård (Floki), Alexander Ludwig (Bjorn Lothbrok/Ironside), Georgia Hirst (Torvi), Alex Høgh Andersen (Ivar), Jordan Patrick Smith (Ubbe), Marco Ilsø (Hvitserk), Peter Franzén (Harald Finehair), Clive Standen (Rollo), John Kavanagh (Vidente), Linus Roache (Rei Ecbert), Alyssa Sutherland (Aslaug), George Blagden (Athelstan), Maude Hirst (Helga), Jennie Jacques (Judith), Moe Dunford (Aethelwulf), Adam Copeland (Kjetill Flatnose), Jasper Pääkkönen (Halfdan), Gabriel Byrne (Earl Haraldson), Jessalyn Gilsig (Siggy Haraldson), Ragga Ragnars (Gunnhild), Ferdia Walsh-Peelo (Alfred), Jonathan Rhys Meyers (Bispo Heahmund), Danila Kozlovsky (Príncipe Oleg), Ben Robson (Kalf), Donal Logue (Rei Horik), David Lindström (Sigurd), Alicia Agneson (Freydis), Steven Berkoff (Rei Olaf), Eric Johnson (Erik), Josefin Asplund (Astrid), Jefferson Hall (Torstein), entre outros.

 

Este drama histórico está relacionado com o caminho que Ragnar Lothbrok teve de percorrer para se tornar numa lenda para as diferentes comunidades dos vikings, sendo que durante a sua vida passou por obstáculos de todos os tipos, mas que nunca o fizeram desistir de ser um autêntico explorador e guerreiro e também deixando aos seus descendentes, lições vitais para sobreviverem e quem sabe, conseguirem o que ele não teve oportunidade de alcançar. Ragnar conseguiu ser bem-sucedido nas suas invasões a Inglaterra e França que anteriormente tinham sido um fracasso para o povo nórdico, mas sem dúvida que não foi uma tarefa fácil para ele, pois passou por diversas dificuldades para que conseguisse criar a sua reputação e ser uma referência futura para qualquer pessoa que quisesse seguir os seus passos e quem sabe, conquistar novos territórios.  

 

Esta série é inspirada nas lendas da Escandinávia medieval que desenrola-se no norte da Europa em que atualmente situa-se a Suécia, Dinamarca e Noruega, durante o período da Idade Média, sendo que inicialmente foi focado em Ragnar Lothbrok, na sua família e na cidade de Kattegat, mas aborda diversos temas relacionados com as histórias das expedições marítimas e as conquistas territoriais que foram acontecendo nesta época e temos a oportunidade de aprender mais sobre a cultura nórdica e as rotas de comércio que existiram naquela altura.

Esta é uma história que apresenta as tradições, os rituais e costumes bem peculiares da comunidade dos vikings e a própria mitologia nórdica com referências aos seus deuses, sendo que é repleta de reviravoltas, surpresas, conflitos, sexo, violência, guerra, violação, assassinatos, traições, manipulações, invasões, batalhas, vinganças, profecias, intrigas, morte, torturas e muito mais, mas sem que falte, momentos de perda, desilusão e de dor para cada um deles.

Tudo isto inicia-se com as aventuras de um guerreiro nórdico chamado Ragnar Lothbrok que viveu no período medieval e que era um simples agricultor, mas que queria ser algo mais, tendo sido considerado como um dos maiores guerreiros da sua época. Ele foi um líder lendário e uma figura viking que foi marcante para a história deste povo através das suas invasões a Inglaterra e França, ao mesmo tempo que negociava alianças e acordos, utilizando o medo dos seus adversários como vantagem para que fosse evitado mais derramamento de sangue e criando assim, melhores condições para o seu povo.

 

Ragnar é uma pessoa muito inteligente, resiliente, ambiciosa, curiosa que segue as tradições nórdicas e tem uma devoção muito grande aos deuses, já que acredita-se que ele seja um descendente do Odin, o Deus da Guerra, mas não deixa de desafiá-los que pode vir a ter as suas consequências. Ele é revolucionário de tal forma que quer começar por desafiar Earl Haraldson para um duelo e se vencer, poderá ser o novo rei de Kattegat, mas será que isso vai acontecer?

Para além disso, Ragnar quer conquistar e dominar o máximo de territórios disponíveis na Europa, mas será que vai conseguir? E se conseguir, será que é o suficiente para ele ou necessita de mais? Estas são perguntas legítimas, pois ele está constantemente à procura de mais e de melhor, por mais coisas que consiga obter. Este é um homem que quer invadir e explorar o desconhecido, sendo que percorreu um caminho de conquistas que tiveram as suas dificuldades até se tornar na lenda que ficou conhecido, tornando-se numa figura que entrou mesmo para a história da cultura nórdica.

Ragnar Lothbrok não é um viking qualquer, pois ele é um indivíduo peculiar, confiante no que está a fazer e muito carismático, mas com um pensamento de um autêntico explorador que cativa o espetador e que quer dar um novo rumo ao seu povo, nem que tenha de confrontar o rei Egbert de Wessex que tem o reino mais poderoso de Inglaterra, em que as cenas partilhadas por ambos são curiosas, principalmente durante os jogos de xadrez. Este guerreiro fez invasões a Inglaterra e França que fez com que criasse vários inimigos que terá de enfrentar para obter o que quer e ao longo da sua jornada, ele terá de lidar com muita coisa, mas sem dúvida, que tudo aquilo que Ragnar conseguiu conquistar acaba por impor respeito a todos aqueles que o conheceram ou que ouviram falar dele em que a sua história foi contada para as gerações seguintes. Ele sempre quis paz para a sua comunidade, mas não deixa de ter os seus defeitos, pois tomou decisões que nem todos aceitaram ou concordaram que consideravam como um tipo de traição para com o seu povo e isso fez com que ele não tivesse satisfeito com algumas das suas atitudes, chegando ao ponto de arrepender-se.

 

Este é um homem que é um ótimo lutador e um bom líder, mas que tem sonhos que parecem ser difíceis de realizar, mas ele não desiste, por mais obstáculos que possam aparecer, em que temos a oportunidade de ver o lado mais humano de Ragnar e os momentos que partilha com os seus filhos, mostrando o seu bom coração e fazendo com que crie empatia com o público de um modo natural, chegando a um ponto que a pessoa está a torcer por ele e até fica com saudades de ver a sua presença, mas que continua a ser falado através da perspetiva das restantes personagens. Ele aprende com os outros, mesmo que estejam em lados opostos da guerra, sendo que vai passar por um processo de amadurecimento não só com a sua personalidade, mas também relativamente à sua religião ao mesmo tempo que vai criando a sua reputação.

 

Travis Fimmel está de parabéns pelo desempenho brilhante desta personagem que foi muito bem trabalhada desde o início ao fim, sendo que tem uma personalidade complexa, em que temos a oportunidade de ver a sua evolução ao longo das temporadas de um modo surpreendente e cativante, fazendo com que o público nunca se vá esquecer da vida e do desenvolvimento respetivo de Ragnar Lothbrok, um herói para o seu povo e com espírito aventureiro.

 

Ao longo dos episódios, vai sendo retratado a religião nórdica e o cristianismo, em que surge situações de conversão para uma destas e um dos exemplos são as conversas interessantes entre o Ragnar e o Athelstan que são um viking e um cristão que compartilham entre si, os seus costumes, sendo que cada um tem curiosidade em saber mais não só sobre as tradições e o modo de viver, mas também da religião do outro e sem dúvida, que é uma ligação improvável de duas pessoas que têm religiões distintas. Ragnar aprendeu muito com Athelstan, valorizando outras culturas e outras vivências e Athelstan começa a compreender a cultura nórdica, depois de ter sido capturado por esta comunidade e também devido aos seus momentos passados com Ragnar.

 

Ragnar não seria a mesma pessoa se não fosse pela existência de uma das personagens mais engraçadas e interessantes da série que é o Floki, considerado como o seu melhor amigo e principal aliado. Floki é uma personagem excêntrica, divertida, caricata, leal e um grande construtor de barcos, mas vê as coisas de uma maneira bem diferente das outras pessoas. Para além disso, ele é um grande guerreiro viking que segue a vontade dos deuses, sempre pronto para lutar, mas tem uma linguagem corporal, bem característica da sua personalidade, sendo que por vezes, é considerado como uma pessoa louca. Com o tempo, Floki passa por uma mudança que transforma-o numa pessoa diferente, acabando por ter uma visão nova perante o mundo depois de todo o sofrimento e dificuldades pelos quais passou, principalmente depois da partida dos seus entes queridos.

 

Para além de Floki, Ragnar tem o apoio da sua família, o seu irmão Rollo, o seu filho mais velho, Bjorn Ironside e as suas mulheres, Lagertha e a princesa Aslaug, mas esta dinâmica familiar não será perfeita, pois irá passar por desafios constantes. Ragnar considera Lagertha como sendo o amor da sua vida, mas ele acaba por ter uma paixão e casar-se com outra mulher, Aslaug que tem muitos segredos e também irá dar-lhe mais descendentes para além de Bjorn que é o Ubbe, Hvitserk, Sigurd e Ivar. Será que os seus filhos vão conseguir seguir com o seu legado? Vai chegar o momento em que a história deixa de ser sobre a vida de Ragnar e passa a ser sobre a vida dos seus descendentes e o caminho que decidiram seguir que pode incluir vingança.

 

Lagertha é uma das melhores personagens femininas existentes até hoje, em que mostra a sua determinação, força e coragem, seja qual for a situação, pois inicialmente era uma agricultora que passou a ser uma escudeira eficaz e uma brilhante guerreira viking cheia de habilidades que teve de fazer sacrifícios para chegar onde queria. Ela é uma mulher que escolheu lutar ao lado dos homens em cada batalha e também é uma ótima líder, sendo que tem o seu próprio exército constituído maioritariamente por mulheres guerreiras e livres que são pessoas que sempre foram muito destemidas e nunca tiveram dificuldades em colocarem-se no campo de batalha. Mesmo sendo a principal aliada e o amor da vida de Ragnar, ela não consegue aceitar a traição dele quando escolheu Aslaug para sua nova esposa e tenta seguir em frente, pois nesta comunidade, as mulheres escolhiam quem queriam ser e ninguém as impedia e esta história mostra o papel que elas têm neste povo e a forma como lutavam no campo de batalha.

Apesar de ser uma personagem forte e ter capacidades de ser rainha de Kattegat, Lagertha também mostra o seu lado mais vulnerável e dramático, principalmente aquele que é decorrente das traições e perdas que foi sofrendo e sem dúvida, que ela conquistou respeito dos outros, mas também do próprio público, em que determinadas situações a pessoa identifica-se com ela.

 

Cada um dos filhos de Ragnar tem uma personalidade própria, mas complexa, sendo que cada um deles tem de enfrentar os seus demónios e utilizar os ensinamentos do seu pai para se tornarem na pessoa que é suposto serem, seja por exemplo, um explorador ou um líder ou um lutador nato, mas nem todos vão conseguir superar as suas dificuldades e a escuridão pode vir a ser mais forte do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, cada um da linhagem de Ragnar quer ser relembrado pelos seus atos e pela sua identidade e não só por serem filhos deste guerreiro, por isso vão ter uma jornada longa e difícil pelo caminho para provarem quem são e o que estão dispostos a fazer para chegarem aquilo que querem, planeando os seus passos e para além disso, é interessante acompanhar os progressos dos descendentes de Ragnar Lothbrok em que cada um vai ter o seu momento para brilhar, uns mais do que outros.

 

Comecemos por Bjorn Ironside que teve um crescimento e evolução fascinante ao longo das temporadas que é corajoso como a mãe e tem uma relação próxima com ela. Ele tem semelhanças nos comportamentos de Ragnar, tanto a nível da sua personalidade como a nível dos seus desejos que tinha a essência de um excelente lutador, mas que ao mesmo tempo, tinha vontade de conhecer novas terras, sendo que acabou por fazê-lo durante a sua jornada pelo Médio Oriente que tive pena que não tivesse sido mais bem aproveitado, pois infelizmente não acrescentou muito à história.

 

Bjorn é uma pessoa atenta que tenta mostrar o seu valor perante o seu pai, sendo que não quer repetir erros que foram cometidos pela sua figura paternal e muitos dos atos que ele comete criam impacto para os outros. Ele acaba por tornar-se num líder nato em Kattegat, com os guerreiros vikings ao seu lado e consegue unir povos da mesma comunidade, mas separado por reinos que têm um grande respeito por ele de tal forma que mostram a sua lealdade quando Bjorn mais necessita, principalmente como aliados em batalhas para vencerem um inimigo em comum. Infelizmente, guerra entre irmãos é frequente de acontecer nesta história e isso sucede não só entre Ragnar e Rollo, mas também entre Bjorn e o seu irmão mais novo, Ivar que por vezes são causados por intrigas e ambições de uma das partes.

 

Ivar tem a alcunha de The Boneless e acaba por ser um dos principais antagonistas da história. Ele é uma pessoa mimada e muito inteligente, principalmente em criar estratégias para batalhas, mas tem um lado mais perigoso e violento que inclui os seus momentos de loucura e comporta-se como o vilão. Ivar passou por uma infância complicada cheia de sofrimento e com limitações físicas e por um caminho obscuro, onde tinha uma mãe muito protectora e tinha Floki que teve a tarefa de educá-lo e lhe deu muitos ensinamentos, mas de certa forma, até teve ocasiões em que passou com Ragnar.

 

O filho mais novo de Ragnar tem alturas em que é irritante e louco de uma forma que luta sempre contra os seus irmãos, apesar de por vezes ter o apoio de Hvitserk com quem tem uma relação de amor e ódio já que está sempre a atormentá-lo. As suas ações não têm limites tornando-se assim, numa pessoa perigosa e imprevisível, chegando a um ponto em que os seus ossos se podem partir a qualquer momento. O ator Alex Høgh Andersen fez uma ótima interpretação desta personagem, principalmente nas situações em que basta as expressões faciais de Ivar para descrever o que ele está a pensar, sendo que não são necessárias palavras e este é um bom exemplo para que o olhar possa ser a expressão da alma.

 

Ivar tem a oportunidade de viver a sua própria aventura em território russo, sendo que ficamos a conhecer mais sobre a história dos vikings russos que tiveram vivências bem diferentes dos restantes. Ele acaba por ter uma relação complexa e misteriosa com Oleg, que tem o seu lado maléfico e que quer ficar com o trono que pertence ao seu sobrinho, o príncipe Igor, mas que ainda é muito novo para reinar. Durante o seu tempo por este novo território, Ivar vai ter uma ligação muito próxima com o príncipe Igor, chegando a um ponto em que vemos um lado mais humano desta personagem.

 

Hvitserk é uma pessoa muito complicada com os seus vícios e que sempre teve na sombra dos seus irmãos, mas que nunca se sabe onde está a sua lealdade e tem uma escuridão tão obscura que tem dificuldades em lidar com a mesma. Enquanto Ubbe sabe quais são as suas prioridades e aquilo que quer fazer e apesar de gostar de estar em batalha, também considera-se como um explorador como o seu pai e prefere fazer expedições para conhecer novos territórios como foi o caso da Islândia, mas sem dúvida, que ele é um dos filhos mais leais, justos e determinados da família Lothbok.

Um dos aliados e um dos rivais dos filhos de Ragnar foi Harald Finehair que nunca conseguiu ter o amor que precisava e estava constantemente à procura de batalhas para que sentisse a adrenalina que costuma ter quando está a lutar contra os seus adversários. Ele quer obter poder, mas não quer estar sossegado, pois deseja sempre mais e aquilo que consegue alcançar não é suficiente para ele e pretende ter uma morte digna de um guerreiro e ser lembrado por aquilo que conquistou tal como aconteceu com outros heróis, como Ragnar. Infelizmente, não mostraram especificamente como foi o seu reinado de anos e a sua descendência.

Esta série de carácter de drama e ação não fala só sobre uma personagem específica ou é sobre a história de Ragnar Lothbrok e da sua família, mas sim de uma comunidade de seres humanos com as suas próprias tradições e costumes que são os vikings e que foi inspirada em figuras que existiram na realidade, tais como Ragnar, Lagertha, Bjorn, Ivar ou Alfred, contando como era a história que desenrolava-se na antiga Escandinávia que teve viagens por França, Inglaterra, Islândia, outros continentes e muito mais. Também mostra as diferenças entre duas religiões que têm fé em determinadas entidades, sejam os deuses nórdicos, Odin, Thor, Freya ou o deus católico e o seu filho, Jesus Cristo e a forma como lidam com as dúvidas que vão surgindo e como pode influenciar o comportamento de cada um deles, sendo que aparecem personagens que apresentam a sua devoção, mas ao mesmo tempo, as suas contradições, como por exemplo, o bispo Heahmund que é um guerreiro eficaz nas batalhas e utiliza a palavra de Deus para justificar as suas ações, defendendo a sua fé e o seu rei.

 

Estes vikings são forças da natureza, com um bom instinto de sobrevivência e uma mente aberta, sendo constituído por um povo violento que tem uma cultura diferente e oposta ao dos cristãos que considerava-os como selvagens. Não têm misericórdia pelos seus adversários e são daquelas sociedades que podiam ser levados a locais incertos, mas que acreditavam sempre no seu líder e nos deuses que os acompanham. Nem todos os vikings acreditavam nas promessas de Ragnar, mas ele conseguiu provar daquilo que era realmente capaz de fazer, impressionando muito daqueles ao seu redor.

Os vikings são exploradores, comerciantes, agricultores e guerreiros que acreditavam na mitologia nórdica que incluía ter fé em Odin, Thor, Freya, entre outros, sendo que faziam sacrifícios e comemorações em homenagem aos seus deuses e também outras festas e orações como forma de apresentarem a dedicação convicta nestas entidades. O público tem a oportunidade de aprender mais sobre a religião, a cultura, a lealdade e os costumes deste povo e as suas características e mudanças que possam vir a ter e tudo isto é apresentado de um modo informativo.

 

Estes guerreiros sem piedade e com comportamentos imprevisíveis gostam de ir para a guerra e têm essa necessidade, sendo que querem garantir que na batalha possam vir a ter uma morte decente e com honra e assim, eles iriam entrar em Valhalla que é considerado como o paraíso para este povo para festejarem com os seus deuses em grandes banquetes. Por isso, os vikings não têm medo de morrer em batalha, desde que seja a lutarem, mostrando toda a sua crueldade e criando medo e pânico nas pessoas com quem se cruzavam, pois eles vivem para a guerra e acreditam que os deuses estão muito presentes na batalha. Para além disso, eles são grandes navegadores com boas frotas, em que as suas deslocações nem sempre são fáceis, principalmente se aparecerem pelo caminho, tempestades que podem destruir os seus barcos que são vitais para chegarem ao destino e por isso, eu considero que a construção dos barcos é muito bem feita e representada na série. De uma forma resumida, temos os vikings divididos em dois grupos, aqueles que estão constantemente em batalhas e os outros que preferem explorar novos territórios, mas claro que não escapa invasões que possam ser realizadas por elementos do mesmo povo ou até acontecimentos que podem fazer toda a diferença e mudar o mundo dos vikings de uma forma significativa.

 

Os vikings não seriam os mesmos se não fosse pelos seus momentos de festejo, em que a cerveja é imprescindível para as suas inúmeras celebrações e brindes, sendo que quando eles elevam os copos, nos seus discursos inspiradores, uma das palavras mais utilizadas por estes é Skol que até fica na memória, mas sem dúvida, que não existe qualquer tipo de limites para estes guerreiros, relativamente ao consumo desta bebida ou até para a realização dos seus funerais que são sempre criativos.

 

Um dos primeiros destinos destes vikings acaba por ser Wessex que era uma localização que não estavam nada à espera e que não esperavam dificuldades, mas este é um reino que é governado pelo rei Ecbert que não vai facilitar e vai defender as suas terras, mas será que vão vencer ou terão de negociar? E quando chegarem a Paris, uma cidade que parece impenetrável, será que vão conseguir ultrapassar um desafio que parece impossível?

 

Cada uma destas personagens passam por desafios constantes e por uma luta interior que precisam de lidar mais cedo ou mais tarde que inclui momentos auto-destrutivos e mais negros, passando assim por uma viagem de auto-descoberta da sua identidade e existem aquelas que tentam corrigir os erros do passado, pois acabam por aprender com os mesmos e querem melhorar. Assim, o carácter de cada um destes indivíduos é posto à prova, mas nem todos vão conseguir enfrentar da mesma forma e seguir em frente, sendo que por vezes, há quem peça conselhos a um vidente específico que apesar de ser cego tem outras habilidades que possam ajudar a encontrar uma resposta. Depois, ao contrário da maior parte das pessoas, existem aquelas que querem simplesmente parar depois de muitos anos repletos de batalhas, pois chegou o momento de pousar a espada e tentar viver uma vida mais calma e simples. Por isso, chegamos à conclusão que cada uma destas pessoas tem o seu propósito, por mais dificuldades que tenham de passar para cumprir com o seu destino, mas que são livres para escolher o que acham que é o melhor para elas.

Uma boa banda sonora é fundamental para cativar quem está a assistir a uma série e neste caso fez toda a diferença e foi bem escolhida, chegando a um ponto que o tema de abertura tem a música, If I Had a Heart da sueca Karin Dreijer Anderson, com nome artístico, Fever Ray que fica no ouvido, criando impacto e encaixando-se tão bem de um modo misterioso que acrescenta imagens do mesmo tipo no genérico de Vikings, de tal forma que sempre que se ouve, esta acaba por ficar associada à história desta produção e todos os momentos musicais que são introduzidos em cenas importantes, tais como as de batalha.

 

Na minha opinião, as cenas das batalhas são extraordinárias, memoráveis, épicas e mesmo muito bem executadas, mostrando até os pormenores mais sangrentos e com coreografias de lutas impecáveis. Podem ser ataques com machados, facas, espadas, flechas juntando as formações utilizadas para a batalha, de acordo com a circunstância, seja para defender ou para atacar e com a ajuda de ferramentas que podem trazer vantagem para a invasão. As estratégias que são utilizadas em cada batalha são peculiares, principalmente quando se colocam em formação de uma parede de escudos ao mesmo tempo que mostram a resistência que estes guerreiros têm durante uma batalha e a vontade que têm de querer constantemente continuar a lutar.

O espetador fica impressionado e fascinado com as cenas das batalhas que vão sendo apresentadas, porque parecem mesmo reais pelo modo de como foram estruturadas e desenvolvidas, criando um resultado final com uma qualidade brilhante que até a pessoa fica com pena quando acabam. Não há falta de batalhas em que cada uma tem uma característica bem específica nem de violência e derramamento de sangue que é constante, chegando a um ponto que ficamos a torcer para que as nossas personagens favoritas não saiam da batalha, feridas ou algo pior. Para além disso, as sequências e diferentes ângulos utilizados para cada uma das batalhas são tão bem escolhidas e filmadas que até conseguimos ver os detalhes ou mesmo ver a cena de ação numa perspetiva mais próxima e através de visões panorâmicas.

 

Apesar de ser uma ficção histórica e não ser completamente fiel à história original, isso não deixa com que o público perca o interesse de acompanhar a mesma, pois muito do sucesso é devido ao modo como os atores interpretaram as suas personagens carismáticas que faz com que as pessoas fiquem cativadas com cada uma à sua maneira, consigam identificar-se com uma destas e perceber os motivos para alguns dos seus atos e assim, mantêm a vontade de querer continuar a seguir as aventuras destes vikings e companhia. Dá para perceber que o seu criador teve liberdade e aproveitou a sua criatividade para colocar ideias únicas e inesperadas que acabariam por surpreender o público, mas tenta ser fiel às pessoas reais que fizeram parte desta época e à história da forma mais fidedigna possível, sendo que houve momentos em que parecia que a série tinha o seu próprio universo.

É importante que a pessoa esteja atenta à história para não se perder, pois chega a um ponto que são tantas personagens que são relevantes para muitos dos acontecimentos que vão ocorrendo e assim, é fundamental que se consiga saber a identidade de cada uma destas que tem o seu papel específico.

 

Este drama é constituído por cliffhangers imperdíveis, principalmente se a pessoa estiver a ver um episódio semanal que foi o que aconteceu no meu caso, criando vontade de ver o que vai acontecer de seguida, mas que infelizmente tem de aguardar uns dias ou mais para que chegue à altura do próximo. O seu final não vai agradar a todos, pois foi bem inferior ao que se esperava, com momentos interessantes e satisfatórios, mas alguns deles foram demasiado apressados, sendo que a série foi tendo mudanças bem significativas que acabaram por influenciar o resto da história e foi pena, porque merecia algo épico, inesperado e inesquecível.

Não precisa de existir avaliação da série dos Vikings sobre se está a ser realmente fiel à sua história original, pois vão existir partes que isso não vai acontecer ou outras coisas que foram abordadas que eu acho que foram desnecessárias e não fizeram muito sentido, sendo que poderiam ter sido aproveitadas de outra forma, mas que de uma certa forma, é curioso para se ver alternativas que podem vir a funcionar no caminho que as personagens têm de percorrer e assim, o espetador ter a sua interpretação e perspetiva ao mesmo tempo que vai criando empatia com este povo. A história tem os seus altos e baixos, principalmente depois da mesma ter sido totalmente dedicada aos descendentes de Ragnar a partir da 5ª temporada, mas não deixam de ter momentos que criam mais emoção ao público. Para além disso, as personagens foram sendo bem construídas e desenvolvidas ao longo dos episódios, mas alguns dos finais não corresponderam às expetativas e outros até superaram as mesmas.

 

Apesar de ser uma série muito interessante não deixa de ter as suas falhas, seja a nível de argumento ou de ritmo ou de episódios mais parados e com pouca ação, mas mesmo assim, continua a captar a atenção de qualquer um que acaba por adquirir conhecimento sobre uma história de época que foi sendo adaptada, de acordo com os acontecimentos que foram ocorrendo. Como referido anteriormente, o ritmo nem sempre é equilibrado em que existem momentos que é demasiado rápido e apressado ou até mais para o lento, fazendo com que alguns episódios fossem mais chatos de acompanhar e não houvesse tanta ação como se esperaria neste tipo de história. Para além disso, houve núcleos que foram mais cansativos principalmente do grupo que foi explorar a Islândia com Floki, mas quando este foge das confusões criadas por aquela comunidade, o seu desfecho fica em aberto e envolto em mistério, parecendo que perde o sentido naquela parte da história que acaba por melhorar quando chega Ubbe, mas será que esta história vai ter um final digno?

 

Num geral, Vikings teve uma qualidade excelente ao longo destas seis temporadas e com performances espectaculares, sendo que é uma série que sempre criou expetativas altas ao longo dos seus episódios que vão ficar na memória do público, principalmente pela sua cultura nórdica, pelas suas personagens carismáticas e cativantes que percorreram uma jornada cheia de aventuras e obstáculos e pelas suas batalhas estrondosas que despertaram sempre um interesse no espetador que sente que está a testemunhar todos os acontecimentos, de tal forma que a curiosidade pelo próximo episódio era sempre elevada. Esta é uma boa opção para que se possa aprender mais sobre a era dos vikings e todos os seus costumes e tradições e também é uma ótima fonte de entretenimento que representa muito bem a época em que a história se desenrola.

 

Esta é uma história de ação e aventura dinâmica que consegue envolver quem está a ver, através da sua boa cinematografia e qualidade técnica e também misturar o real com a ficção, sendo constituída por cenários e figurinos que são muito bem desenvolvidos e parecem tão reais, atraindo o espetador com as suas personagens marcantes e bem desenvolvidas que são um destaque para uma série histórica que vicia em que é interessante ver o envelhecimento e as mudanças que vão sucedendo com cada uma destas. A fotografia foi sendo bem escolhida, mesmo que inicialmente a série tivesse um orçamento baixo, mas com o tempo isso foi aumentando ao longo das temporadas. Os efeitos visuais também são bem introduzidos em que temos a oportunidade de ver vistas estupendas, seja em florestas ou montanhas ou mesmo paisagens lindíssimas, principalmente quando são mostradas durante a viagem de auto-descoberta de Floki que tinha como objetivo submeter-se à vontade dos deuses para tentar saber a sua missão.

 

Infelizmente, eu fui daquelas pessoas que demorou algum tempo a acompanhar Vikings que acabou por influenciar de certa forma, a cultura pop a todos os níveis e depois chego à conclusão que deveria ter visto há muito mais tempo, pois é uma série que tem uma narrativa empolgante com um lado místico e com os seus momentos de tensão que inclui mortes épicas e memoráveis e boas surpresas, em que tem um universo que tem muito para ser explorado, mas que vale mesmo a pena ver e aprender mais sobre a história deste povo nórdico sobrevivente e os heróis que fizeram toda a diferença naquela época.

Ainda havia muito para falar sobre esta série de época fantástica e surpreendente que tem todos os ingredientes necessários e boas referências para o seu sucesso e para abordar este tema que é acompanhar o funcionamento da sociedade viking que ainda não tinha tido uma boa representação mais fiel ao real, destacando-se como uma das maiores produções já realizadas e conseguiram aproveitá-lo durante seis temporadas com personagens que têm um papel específico para os acontecimentos da história que eu tenho pena que tenha chegado ao fim, mas o melhor é verem pelos vossos próprios olhos e chegarem às vossas conclusões sobre esta era viking.

Sabiam que os atores portugueses Albano Jerónimo e Ivo Alexandre tiveram uma participação especial nesta série? Gostariam de saber mais sobre os bastidores de VikingsPodem aceder às perguntas exclusivas feitas ao ator Alexander Ludwig (Bjorn Ironside), através do seguinte link: https://ageektraveller.blogspot.com/2019/12/alexander-ludwig-o-bjorn-ironside-da.html


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