quinta-feira, 8 de julho de 2021

Crítica ao filme "Black Widow" da Marvel Studios - uma homenagem e uma despedida merecida de uma das personagens mais populares da MCU

Finalmente chegou a altura pela qual temos esperado muito tempo, ou seja, o filme a solo de uma das heroínas mais populares do universo da Marvel. Black Widow (A Viúva Negra, em português) é o primeiro filme da Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel que é baseado na personagem da Marvel Comics que pode ser visto nos cinemas portugueses e sexta-feira no Disney+ com acesso premium a um custo adicional.

Este filme de espionagem com thriller e ação é produzido por Kevin Feige através da Marvel Studios com argumento de Eric Pearson, a partir da história de Jac Shaeffer e Ned Benson e tem a realização de Cate Shortland. O elenco é constituído por Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/Viúva Negra), Florence Pugh (Yelena Belova), David Harbour (Alexei Shostakov/Guardião Vermelho), O-T Fagbenle (Rick Mason) e Rachel Weisz (Melina Vostokoff).

Os acontecimentos desta história desenrolam-se entre o filme do Capitão América: Guerra Civil e o do Vingadores: Guerra Infinita. Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), também conhecida como a Viúva Negra, terá de confrontar as partes mais sombrias da sua história, principalmente quando surge uma conspiração perigosa que está ligada ao seu passado. Natasha vai sendo perseguida constantemente por uma força que não vai parar enquanto não a destruir e assim, ela vai ter de lidar com o seu passado como espiã e com as relações que deixou para trás muito antes de fazer parte da equipa dos Vingadores. Será que ela vai conseguir lidar com os seus traumas e impedir que o seu inimigo concretize os seus planos?

Divulgação: Marvel Studios

Ao longo das participações da Viúva Negra no universo da Marvel, nós fomos aprendendo mais sobre esta personagem e com algumas revelações pelo meio, mas com este filme mais recente, finalmente vamos saber exatamente as respostas às nossas perguntas sobre a origem desta mulher enigmática e os motivos para ela se ter tornado na pessoa que conhecemos atualmente. Mas ao mesmo tempo, vão ser apresentadas novas personagens que vão ser relevantes para o futuro da MCU e que irão criar uma ligação não só com as próximas produções desta saga, mas também com anteriores filmes da Marvel Studios que foi tão bom de recordar já que a história está repleta de easter-eggs e referências tão únicas que às vezes cria uma mistura de emoções para quem está a ver o filme.

A Viúva Negra dá a oportunidade de conhecer melhor as raízes desta personagem, explorando a história de vida, as aventuras e a jornada que esta espiã teve de percorrer que deu para perceber que não foi um caminho nada fácil. Ela pode não ter super-poderes, mas tem habilidades de luta extraordinárias que não é para qualquer um e também não desiste, mesmo que tenha de enfrentar o pior dos seus pesadelos. Assim, ao longo deste filme, vamos desvendar mistérios sobre a sua identidade e uma conspiração que está relacionada com o passado de Natasha Romanoff que ela terá de enfrentar depois de ter passado muito tempo a evitá-lo.

Pode conter Spoilers!

Divulgação: Marvel Studios

Natasha Romanoff é uma agente e assassina profissional cheia de capacidades específicas e eficaz a cumprir as suas missões, ou seja, é um tipo de máquina mortal criada pela espionagem russa em que ela seguia ordens sem questionar. Ela teve um treino bem intensivo através de um projeto secreto, sendo que foi programada para ser implacável, letal e não ter misericórdia dos seus alvos. Atualmente, ela faz parte da equipa original dos Vingadores depois de se ter livrado da influência dos russos e existe na MCU, desde o filme do Homem de Ferro 2 (2010) e já apareceu em diferentes filmes deste mundo, fazendo com que seja das personagens mais famosas e acarinhadas do mesmo.  

Já considerada como uma Vingadora, em 2016, Natasha é uma fugitiva, pois ela violou os Acordos de Sokovia e tenta esconder-se do General Thaddeus Ross (William Hurt). Para que não seja detetada, ela conta com a ajuda do amigo Mason que lhe fornece tudo o que ela precisa que pode incluir identidades falsas, equipamentos, um local remoto na Noruega e muito mais.

Divulgação: Marvel Studios

Afinal como e porque é que a Natasha Romanoff se tornou no que é hoje? Porque é conhecida como a Viúva Negra? O que move esta personagem a sacrificar-se pelos outros? Qual é a origem da sua essência? Estas são algumas das perguntas que vão sendo esclarecidos ao mesmo tempo em que são apresentados as vulnerabilidades de Natasha e o modo como ela enfrenta os seus medos e dores e lida com conflitos e dilemas. Natasha passou por diversos traumas desde a sua infância, mas ela sofre maioritariamente de culpa, arrependendo-se de alguns dos seus atos e por vezes até acredita que está melhor sozinha, sendo que acabamos por conhecer um lado mais humano desta mulher que mesmo que possa estar à procura de vingança, também quer viver em paz e defendendo o que ela acredita que seja correto.

Este é um filme que dá a conhecer melhor a identidade de Natasha e explora o lado mais emocional dela, sendo que tudo é retratado de um modo mais profundo, sem deixar de abordar temas como a família, o abuso e o sequestro de mulheres a nível internacional, a lavagem cerebral, a manipulação e tortura psicológica, a falta de liberdade de escolhas, a influência  que o programa secreto da Red Room (Sala Vermelha, em português) tem na formação de Viúvas Negras que são treinadas para se tornarem assassinas e todo o conteúdo que esteja relacionado com o mesmo, sendo que explicações irão ser dadas.  

Divulgação: Marvel Studios

Através de um flashback, a história em si inicia-se em 1995 e numa casa em Ohio, nos EUA, onde uma jovem Natasha e a sua irmã mais nova, Yelena Belova vivem juntamente com os seus pais, Alexei e Melina que na realidade eram espiões russos que estavam infiltrados com uma missão específica que tinham de fazer para a União Soviética. Será que os momentos passados por esta família disfarçada como americana foram reais para cada um dos seus membros? Uma coisa é certa, esta família é uma das responsáveis pela pessoa que Natasha é hoje!

Infelizmente chegou a atura em que esta dupla de irmãs fosse separada dos pais e vão para a Sala Vermelha, onde o General Dreykov (Ray Winstone) tinha os seus próprios planos a concretizar e criava as Viúvas Negras. Será que Natasha e Yelena vão alguma vez escapar deste antagonista? Ficamos a saber que Natasha acabou mais tarde com as operações da Sala Vermelha e separou-se da sua irmã, mas será que foi mesmo isso que aconteceu?

No presente, Natasha pensava que estava completamente isolada do mundo. No entanto, ela é atacada de surpresa por um mercenário misterioso, mas tudo isto ocorre por um motivo bem maior do que ela pensava que implica uma conspiração que envolve o seu passado e o da sua família que já não via há muitos anos, fazendo com que ela reencontre a sua irmã Yelena que lhe pede ajuda numa missão extremamente perigosa. Será que estas irmãs vão voltar a estar reunidas com Melina e Alexei, o desajeitado, atrapalhado, mas tão divertido ex-super-soldado russo Red Guardian (Guardião Vermelho, em português) que é um tipo de Capitão América, porém tem um humor próprio com um sotaque característico que é hilariante?

Divulgação: Marvel Studios

Um dos principais focos do filme é na relação entre Natasha e Yelena Belova, em que esta última vai seguir com o legado da Viúva Negra no MCU. No tempo atual já vemos uma Yelena Belova lutadora, motivada, competente, divertida, sarcástica e um pouco arrogante que está cheia de ressentimentos pelo abandono que sofreu da sua irmã. É com a sua irmã que Natasha mostra realmente quem é e revela mistérios bem curiosos para o púbico, como o que aconteceu em Budapeste. Tanto Natasha como Yelena têm uma boa dinâmica e química entre si, fazendo assim, uma boa dupla e muito é devido à performance brilhante de Scarlett Johansson e Florence Pugh (uma boa surpresa), principalmente nas cenas que são partilhadas entre estas duas atrizes.

O filme tem uma história sólida que encaixou muito bem num filme a solo e tem referências bem claras ao mundo dos espiões, como por exemplo, James Bond ou Missão Impossível.  Tudo é contado de um modo interessante, cuidado, delicado e com alguma sensibilidade, mas infelizmente alguns detalhes da vida de Natasha como espiã não são devidamente mostrados e houve partes que continuaram a ser um mistério, sendo que a pessoa acaba por imaginar como teria sido essa fase da sua vida. Para além disso, não foi desenvolvido como deve ser o seu treinamento para se tornar na Viúva Negra que já tínhamos visto em flashbacks mais curtos e rápidos de um outro filme da MCU e na minha opinião, essa etapa da vida de Natasha seria muito cativante de se acompanhar. Assim, existem partes que poderiam ter sido aproveitadas e exploradas de outra forma.

Divulgação: Marvel Studios

A produção é bem construída e organizada e feita com uma intensidade e qualidade suficiente para criar um bom resultado final sobre um passado de uma personagem que ainda não tinha sido explorado como deve ser, sendo constituída por sequências de luta bem coreografadas, feitas a diferentes níveis e que prendem a atenção, filmagens em ângulos pertinentes e pouco usuais que mostram vistas lindíssimas de Cuba, Marrocos e Budapeste e com imagens panorâmicas a complementar e uma banda sonora que foi fazendo uma boa combinação ao longo do filme. Não vão faltar cenas de ação cheias de destruição, adrenalina, perseguições, tiroteios, explosões, lutas em queda livre e muito mais.

A Viúva Negra é um autêntico e espetacular filme de espionagem internacional com uma conspiração à mistura, mas com a identidade da MCU que tem ação, aventura, ficção científica e também alguma carga emocional e dramática e dá informações valiosas sobre uma parte da vida de Natasha que ainda não tínhamos conhecimento. Não vão faltar a abordagem de temas mais pesados, a apresentação de cenas tensas e momentos mais leves e descontraídos, protagonizados maioritariamente por David Harbour e Florence Pugh.

Divulgação: Marvel Studios

Finalmente chegou a altura certa para se contar a história da Viúva Negra que é um dos filmes mais aguardados deste ano que surpreende pela positiva e honra o legado que Natasha Romanoff deixou após sacrificar a sua vida para salvar o mundo e finalmente percebemos os seus comportamentos e decisões. Esta é uma personagem incrível que teve um destaque merecido, brilhando à sua maneira e com a sensação de missão cumprida que mostra a verdadeira força e resiliência da Viúva Negra. Foi tão bom vê-la em ação, sendo que foi uma boa despedida desta espiã carismática e o desempenho fantástico de Scarlett Johansson não desiludiu e foi mesmo de acordo com as expetativas, sendo que valeu a pena o longo tempo de espera para a sua produção e sem dúvida que compensou, porém eu sinto que faltou algo para que criasse ainda mais impacto.

Esta é sem dúvida, uma história equilibrada, misteriosa e emocionante com reviravoltas e repleta de referências ao universo da MCU com pistas do que podemos esperar nos próximos filmes da Marvel que se desenrola num ambiente mais sombrio que introduz novas personagens a este mundo que são boas adições, tendo também uma cena pós-créditos. Para além disso, esta entrega a mensagem que era precisa para que fosse feita uma homenagem e despedida digna e adequada desta personagem complexa e determinada em condições e nos seus próprios termos, criando assim no público, ainda mais empatia e uma ligação mais profunda pela personalidade de Natasha Romanoff que nunca irá ser esquecida e que vai deixar saudades.

Sem comentários:

Enviar um comentário