A série Solos é um Amazon
Original que estreou no dia 25 de junho na plataforma da Amazon Prime Video,
sendo constituída por uma antologia de 7 episódios e que tem a criação de David
Weil que também tem o papel de realizador em três dos episódios para além de
Sam Taylor-Johnson, Zach Braff e Tiffany Johnson. Ao longo destes episódios, a
série oferece um tipo de reflexão sobre o significado mais profundo da conexão
humana, utilizando a visão e perspetiva de cada protagonista que é interpretado
por um elenco de luxo.
O elenco é constituído por Morgan Freeman
(Stuart), Anne Hathaway (Leah), Helen Mirren (Peg), Uzo Aduba (Sasha), Nicole
Beharie (Nera), Anthony Mackie (Tom), Dan Stevens (Otto/Tym) e Constance Wu
(Jenny).
Esta produção tem uma mistura de
drama com ficção científica e um pouco de fantasia pelo meio que explora as
verdades mais estranhas, belas, comoventes, hilariantes e maravilhosas sobre o
que afinal significa ser humano. Tudo isto vai sendo abordado em diferentes
histórias e com sete pessoas distintas entre si, em que cada personagem nos
ensina como é que durante os nossos momentos aparentemente mais isolados ou até
nas circunstâncias mais estranhas, acabamos por estar ligados através da
experiência humana que adquirimos e todas as lições que vamos aprendendo por
mais sinistras que possam vir a ser.
Cada episódio traz uma história
nova que é apresentada por cada uma das personagens num ponto de vista
individual e desenrolada num futuro incerto que pode ter robôs de inteligência
artificial ou smart houses extravagantes e úteis, sendo que pode vir a
criar um nível de pensamento mais profundo e quem sabe, fazer a pessoa pensar
de um determinado modo que a ajude a chegar às respostas que procura.
Esta série mostra os efeitos que
a evolução da tecnologia pode ter no futuro de cada um que podem vir a ser
benéficos ou prejudiciais para a humanidade, sendo constituído por monólogos e
momentos de auto-reflexão que pode fazer com que o púbico fique a pensar de uma
forma diferente sobre alguns assuntos. O psicológico de uma pessoa pode ser
afetado por diferentes razões que podem depender das situações que estão a
passar num determinado período de tempo, fazendo com que cada um destes
episódios explore as emoções conforme a circunstância que podem vir a
desencadear comportamentos bem específicos, tais como crises existenciais,
perturbações na mente e até reflexões que podem fazer a diferença no
crescimento da personagem em si.
Estas são histórias complexas que
apresentam a essência do ser humano e as lutas que vão enfrentando e onde a
moral de cada um é questionada, mesmo que sejam retratadas em episódios curtos
e alguns deles, ousados. Se o espetador não estiver atento pode acabar por se
perder naquilo que está a ser mostrado, chegando a um ponto que fica confuso, se
cansa e não queira continuar a ver. Nem todos os episódios conseguiram criar
uma conexão imediata com o público e com cada uma das suas histórias, sendo que
levou a partes sem sentido e outras um pouco exageradas. Mas também existiram
situações em que a história termina quando a pessoa começa a criar uma ligação
com aquilo que está a ver, acabando por ficar um certo vazio a quem está a
acompanhar.
Num dos episódios até tinha
aquela sensação que me iria prender a atenção, mas de repente desenrolou-se de
um modo tão estranho que acabou por estragar a experiência, pois eu achei que
faltava ali qualquer coisa para que no final tenha chegado à conclusão que foi interessante.
Nem sempre o argumento foi claro
e interessante e a mensagem também não é suficientemente bem abordada e
transmitida. Mesmo com uma falta de equilíbrio e uma perda de rumo nas suas
histórias, esta série teve os seus altos e baixos em que alguns episódios
tiveram a capacidade de prender o espetador apesar de terem poucos minutos para
contar as suas histórias, enquanto outros já não. Porém dão a oportunidade para
que os atores mostrem de um modo mais pormenorizado a qualidade do seu trabalho
e assim, os erros não importam, porque vemos um lado diferente que não estamos
muito habituados em ver neste elenco.
Na minha opinião, as histórias
conseguiram cativar em alguns episódios muito devido às performances incríveis
dos seus atores, como foi o caso de Anthony Mackie, Dan Stevens ou de Morgan
Freeman que se destacaram no modo como desempenharam as suas personagens.
Anthony Mackie teve uma das
melhores interpretações da série, em que demonstra a sua versatilidade e
diversos lados emocionais da sua personagem, Tom que quer arranjar uma
maneira eficaz de tomar conta da sua família, mesmo após morrer e ao mesmo
tempo apresenta uma parte mais sarcástica, mas também emocional numa passagem
feita em meros instantes. Em tão pouco tempo dá para perceber o seu
amadurecimento enquanto vai refletindo sobre o que é mais importante e ele consegue
criar empatia com o espetador e assim, um resultado final satisfatório.
Solos é constituído por
elementos que fazem parte da ficção científica que cria uma discussão de como
são as relações da tecnologia com a humanidade e os perigos que podem trazer,
caso não haja cuidado. Também tem um elenco a mostrar um trabalho com uma
vertente diferente, mas que até se torna curioso por se ver diferentes técnicas
que são utilizadas para interpretarem uma personagem específica que podem ter
monólogos pertinentes que podem fazer a diferença para se conhecer a história
que nos está a ser mostrada, sendo que não é uma tarefa nada fácil quando se
tenta inovar um determinado tema.
Para além de se desenrolar num
ambiente futurístico e de uma reflexão sobre temas relevantes e mais complexos,
esta história também explora a inteligência artificial, a viagem ao espaço e
até no tempo, uma mistura de ficção científica com suspense e terror, o isolamento
social causado por uma pandemia e receios que não deixam a pessoa prosseguir
com a sua vida futura, mesmo que já seja seguro, lidando assim, de um modo
peculiar e como existe uma dependência da tecnologia para se sobreviver em
determinadas ocasiões. Ainda conseguimos observar enquanto uma das personagens
conta a história da sua vida, olhando diretamente para nós em que vai
alternando as suas emoções e passando por momentos de alegria, desespero e
muito mais ou quando alguém impulsiona reações a uma outra personagem com um
objetivo próprio.
Esta série não deixa de ter boas
surpresas e referências de um dos meus filmes favoritos, 13 Going on 30
(De Repente, já nos 30! como título em português) e de outro que ficou
na minha memória, Avengers: Endgame. Existe uma ligeira comparação com a
série Black Mirror, mas têm qualidades completamente diferentes uma da
outra, sendo que o conceito de Solos tinha um bom potencial, mas eu acho
que nem sempre foi aproveitado da melhor maneira, fazendo com que a ligação
entre personagem e público resultasse poucas vezes e levando a poucas
interações entre si.
Imaginem como seria conversar com
a nossa própria versão que está situada no futuro num período de tempo
específico e que talvez consiga responder às nossas dúvidas? Acaba por ajudar a
fazer uma análise à nossa própria vida. Neste caso, será que estas personagens
conseguiram aproveitar a vida enquanto tiveram essa possibilidade? Ficaram
coisas por fazer ou por dizer? É o que têm de esperar para verem nestes sete
episódios. Uma coisa que chegamos sem dúvida à conclusão com esta série é que
mesmo que as personagens estejam isoladas entre si, estas têm algo em comum,
uns com os outros, como por exemplo, terem uma vida solitária, conflitos que
precisam de lidar, decisões difíceis que têm de ser tomadas, as suas cargas
emocionais, medo de um futuro incerto, entre outros.
Seja qual for a reflexão que traga e mesmo a mensagem que transmita para quem está a assistir, eu aconselho a verem esta série Solos que tem desempenhos interessantes que valem a pena ver, apesar dos episódios serem constituídos maioritariamente por monólogos. Para além disso, os sentimentos das personagens são explorados de uma forma que eu acredito que podem vir a se identificarem e assim, compreenderem aquilo que está a ser mostrado neste projeto.
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