sexta-feira, 2 de julho de 2021

Série "Solos" da Amazon Prime Video - uma reflexão diferente sobre o significado de ser humano, principalmente durante os momentos mais isolados

 

A série Solos é um Amazon Original que estreou no dia 25 de junho na plataforma da Amazon Prime Video, sendo constituída por uma antologia de 7 episódios e que tem a criação de David Weil que também tem o papel de realizador em três dos episódios para além de Sam Taylor-Johnson, Zach Braff e Tiffany Johnson. Ao longo destes episódios, a série oferece um tipo de reflexão sobre o significado mais profundo da conexão humana, utilizando a visão e perspetiva de cada protagonista que é interpretado por um elenco de luxo.

O elenco é constituído por Morgan Freeman (Stuart), Anne Hathaway (Leah), Helen Mirren (Peg), Uzo Aduba (Sasha), Nicole Beharie (Nera), Anthony Mackie (Tom), Dan Stevens (Otto/Tym) e Constance Wu (Jenny).

Esta produção tem uma mistura de drama com ficção científica e um pouco de fantasia pelo meio que explora as verdades mais estranhas, belas, comoventes, hilariantes e maravilhosas sobre o que afinal significa ser humano. Tudo isto vai sendo abordado em diferentes histórias e com sete pessoas distintas entre si, em que cada personagem nos ensina como é que durante os nossos momentos aparentemente mais isolados ou até nas circunstâncias mais estranhas, acabamos por estar ligados através da experiência humana que adquirimos e todas as lições que vamos aprendendo por mais sinistras que possam vir a ser.

Cada episódio traz uma história nova que é apresentada por cada uma das personagens num ponto de vista individual e desenrolada num futuro incerto que pode ter robôs de inteligência artificial ou smart houses extravagantes e úteis, sendo que pode vir a criar um nível de pensamento mais profundo e quem sabe, fazer a pessoa pensar de um determinado modo que a ajude a chegar às respostas que procura.

Esta série mostra os efeitos que a evolução da tecnologia pode ter no futuro de cada um que podem vir a ser benéficos ou prejudiciais para a humanidade, sendo constituído por monólogos e momentos de auto-reflexão que pode fazer com que o púbico fique a pensar de uma forma diferente sobre alguns assuntos. O psicológico de uma pessoa pode ser afetado por diferentes razões que podem depender das situações que estão a passar num determinado período de tempo, fazendo com que cada um destes episódios explore as emoções conforme a circunstância que podem vir a desencadear comportamentos bem específicos, tais como crises existenciais, perturbações na mente e até reflexões que podem fazer a diferença no crescimento da personagem em si.

Estas são histórias complexas que apresentam a essência do ser humano e as lutas que vão enfrentando e onde a moral de cada um é questionada, mesmo que sejam retratadas em episódios curtos e alguns deles, ousados. Se o espetador não estiver atento pode acabar por se perder naquilo que está a ser mostrado, chegando a um ponto que fica confuso, se cansa e não queira continuar a ver. Nem todos os episódios conseguiram criar uma conexão imediata com o público e com cada uma das suas histórias, sendo que levou a partes sem sentido e outras um pouco exageradas. Mas também existiram situações em que a história termina quando a pessoa começa a criar uma ligação com aquilo que está a ver, acabando por ficar um certo vazio a quem está a acompanhar.

Num dos episódios até tinha aquela sensação que me iria prender a atenção, mas de repente desenrolou-se de um modo tão estranho que acabou por estragar a experiência, pois eu achei que faltava ali qualquer coisa para que no final tenha chegado à conclusão que foi interessante.

Nem sempre o argumento foi claro e interessante e a mensagem também não é suficientemente bem abordada e transmitida. Mesmo com uma falta de equilíbrio e uma perda de rumo nas suas histórias, esta série teve os seus altos e baixos em que alguns episódios tiveram a capacidade de prender o espetador apesar de terem poucos minutos para contar as suas histórias, enquanto outros já não. Porém dão a oportunidade para que os atores mostrem de um modo mais pormenorizado a qualidade do seu trabalho e assim, os erros não importam, porque vemos um lado diferente que não estamos muito habituados em ver neste elenco.

Na minha opinião, as histórias conseguiram cativar em alguns episódios muito devido às performances incríveis dos seus atores, como foi o caso de Anthony Mackie, Dan Stevens ou de Morgan Freeman que se destacaram no modo como desempenharam as suas personagens.

Anthony Mackie teve uma das melhores interpretações da série, em que demonstra a sua versatilidade e diversos lados emocionais da sua personagem, Tom que quer arranjar uma maneira eficaz de tomar conta da sua família, mesmo após morrer e ao mesmo tempo apresenta uma parte mais sarcástica, mas também emocional numa passagem feita em meros instantes. Em tão pouco tempo dá para perceber o seu amadurecimento enquanto vai refletindo sobre o que é mais importante e ele consegue criar empatia com o espetador e assim, um resultado final satisfatório.

Solos é constituído por elementos que fazem parte da ficção científica que cria uma discussão de como são as relações da tecnologia com a humanidade e os perigos que podem trazer, caso não haja cuidado. Também tem um elenco a mostrar um trabalho com uma vertente diferente, mas que até se torna curioso por se ver diferentes técnicas que são utilizadas para interpretarem uma personagem específica que podem ter monólogos pertinentes que podem fazer a diferença para se conhecer a história que nos está a ser mostrada, sendo que não é uma tarefa nada fácil quando se tenta inovar um determinado tema.

Para além de se desenrolar num ambiente futurístico e de uma reflexão sobre temas relevantes e mais complexos, esta história também explora a inteligência artificial, a viagem ao espaço e até no tempo, uma mistura de ficção científica com suspense e terror, o isolamento social causado por uma pandemia e receios que não deixam a pessoa prosseguir com a sua vida futura, mesmo que já seja seguro, lidando assim, de um modo peculiar e como existe uma dependência da tecnologia para se sobreviver em determinadas ocasiões. Ainda conseguimos observar enquanto uma das personagens conta a história da sua vida, olhando diretamente para nós em que vai alternando as suas emoções e passando por momentos de alegria, desespero e muito mais ou quando alguém impulsiona reações a uma outra personagem com um objetivo próprio.

Esta série não deixa de ter boas surpresas e referências de um dos meus filmes favoritos, 13 Going on 30 (De Repente, já nos 30! como título em português) e de outro que ficou na minha memória, Avengers: Endgame. Existe uma ligeira comparação com a série Black Mirror, mas têm qualidades completamente diferentes uma da outra, sendo que o conceito de Solos tinha um bom potencial, mas eu acho que nem sempre foi aproveitado da melhor maneira, fazendo com que a ligação entre personagem e público resultasse poucas vezes e levando a poucas interações entre si.

Imaginem como seria conversar com a nossa própria versão que está situada no futuro num período de tempo específico e que talvez consiga responder às nossas dúvidas? Acaba por ajudar a fazer uma análise à nossa própria vida. Neste caso, será que estas personagens conseguiram aproveitar a vida enquanto tiveram essa possibilidade? Ficaram coisas por fazer ou por dizer? É o que têm de esperar para verem nestes sete episódios. Uma coisa que chegamos sem dúvida à conclusão com esta série é que mesmo que as personagens estejam isoladas entre si, estas têm algo em comum, uns com os outros, como por exemplo, terem uma vida solitária, conflitos que precisam de lidar, decisões difíceis que têm de ser tomadas, as suas cargas emocionais, medo de um futuro incerto, entre outros.

Seja qual for a reflexão que traga e mesmo a mensagem que transmita para quem está a assistir, eu aconselho a verem esta série Solos que tem desempenhos interessantes que valem a pena ver, apesar dos episódios serem constituídos maioritariamente por monólogos. Para além disso, os sentimentos das personagens são explorados de uma forma que eu acredito que podem vir a se identificarem e assim, compreenderem aquilo que está a ser mostrado neste projeto.

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