Jeanne du Barry foi o filme de abertura da edição deste ano do
Festival de Cannes, que recebeu uma ovação de 7 minutos e já tem data marcada para
estrear em Portugal. Após ter aberto a 24ª edição da Festa do Cinema Francês no
Cinema São Jorge, podem finalmente ver este filme francês nos cinemas, a partir
do dia 2 de novembro e através da distribuição da Pris Audiovisuais. Além de protagonista
desta produção com uma duração de quase 2 horas, Maïween é também a
argumentista e a realizadora da mesma. Atualmente, está disponível na plataforma da Prime Video.
O elenco é constituído por Maïween (Jeanne du Barry), Johnny Depp (Louis
XV), Benjamin Lavernhe (La Borde), Pierre Richard (Duc de Richelieu), Melvil
Poupaud (Comte du Barry), Pascal Greggory (Duc d’Aiguillon), India Hair (Adélaïde),
Suzanne de Baecque (Victoire), Capucine Valmary (Louise), Diego Le Fur (The
Dauphin), Pauline Pollmann (Marie-Antoinette), Micha Lescot (Mercy), Noémie
Lvovsky (Comtesse de Noailles), Marianne Basler (Anne) e Robin Renucci (Monsieur
Dumousseaux).
Jeanne du Barry é livremente inspirado na vida de Jeanne Bécu, que nasceu como filha ilegítima de uma costureira pobre e subiu à corte de Luís XV para se tornar na sua última amante oficial. A famosa cortesã viveu um relacionamento escandaloso na corte de Versailles com o rei Luís XV, monarca conhecido pelas suas extravagâncias e inúmeras amantes.
Como Condessa du Barry, Jeanne foi oficialmente apresentada ao Rei, que se apaixonou perdidamente e imediatamente por ela. Em 1769 foi incluída com pompa e circunstância na Corte, gerando escândalo, inveja e animosidade.
Com a distância de 230 anos, possivelmente teremos uma Jeanne menos julgada, mas, infelizmente igualmente trágica. Uma mulher que conseguiu superar todos os obstáculos, menos o julgamento da sociedade.
Este filme aborda a vida de Jeanne Vaubernier, uma mulher do povo determinada a subir na hierarquia social, usa os seus encantos para escapar à pobreza. O seu amante, o Comte du Barry, que enriqueceu graças às intrigas amorosas de Jeanne, deseja apresentá-la ao Rei e organiza um encontro através do influente Duque de Richelieu. O encontro vai muito além das suas expetativas: para Luís XV e Jeanne, é amor à primeira vista. Através da cortesã, o rei redescobre o apetite pela vida: de tal forma que já não consegue viver sem ela e decide torná-la a sua favorita oficial. Segue-se um escândalo. Ninguém quer uma mulher da rua na Corte.
Jeanne foi uma jovem inteligente e trabalhadora que sabia muito bem o que
estava a fazer. Ela nasceu em 1743 como filha ilegítima de uma costureira pobre
que depois, teve a capacidade de alcançar com distinção a corte de Luís XV. E
tornou-se mais tarde, na favorita e na última amante oficial do monarca.
Divulgação: Pris Audiovisuais
Como Jeanne, uma mulher do povo se transformou numa cortesã e criou toda a
sua influência durante o reinado do rei Luís XV? Uma parte foi devido à
habilidade perspicaz do seu marido, o Comte du Barry, sendo que aos poucos, ela
foi subindo de posição até chegar ao soberano da monarquia francesa. E outra
pela beleza, independência e personalidade peculiar de Jeanne que começou a
criar invejas e temas de conversa para com quem ela se cruzasse.
Esta famosa cortesã que alterou completamente o seu destino viveu um
relacionamento escandaloso na corte de Versailles com o rei Luís XV. Contra
todas as possibilidades e rigores de etiqueta, Jeanne mudou-se para Versailles,
onde a sua chegada escandaliza a corte.
Divulgação: Pris Audiovisuais
Jeanne foi uma mulher recheada de espontaneidade que não respeitava as
regras de etiqueta e a aristocracia real. Mas, o seu sofrimento era provocado
constantemente por diversas razões, entre elas, os rumores que iam surgindo na
corte sobre si e o facto de ser amante de Luís XV. Porém, ela tinha uma grande
influência sob o rei e sabia exatamente o que dizer. A pessoa sente uma conexão
forte com esta mulher, seja pela sua resiliência, inteligência ou pelo caminho
que teve de percorrer para chegar ao que desejava.
Esta longa-metragem aproveita para contar a partir da infância pobre de
Jeanne. Depois, é mostrada um pouco da educação que recebeu, nos quais era
pouco frequente de acontecer para pessoas com o seu estatuto social. De
seguida, a sua ida e expulsão do convento, onde viveu por uns anos. Mais tarde,
é apresentada a sua função de cortesã que surgiu, devido ao seu gosto pelo sexo
e respetivos poderes de sedução. Tudo isto até chegar o dia, em que ela conhece
o rei Luís XV, ficando assim, com uma nova posição que ocorreu por causa do seu
relacionamento com o líder francês.
Johnny Depp é um dos principais destaques desta longa-metragem, onde
desempenha Luís XV, um monarca conhecido pelas extravagâncias e inúmeras amantes.
O seu desempenho é muito bom. E apesar de ter surgido com menos diálogos e em
poucas cenas, ele brilhou imediatamente de um modo próprio e com uma dicção bem
implementada do francês. Também bastou apenas a sua linguagem corporal e
respetivas expressões faciais para compreendermos, não só as diferentes emoções
deste rei, mas também, tudo aquilo que ele pretendia. Como um olhar e o silêncio
valem mais do que mil palavras!
Luís XV foi um líder que possuía uma personalidade bem peculiar, de acordo
com a sua própria posição. Mas também tinha uma hipersensibilidade e um lado
mais romântico. Ele era curioso com a maneira de ser de Jeanne e acabou por ser
atraído por ela, porque era uma mulher diferente e livre.
Divulgação: Pris Audiovisuais
O relacionamento de Luís XV com Jeanne não foi bem recebido e foi fonte de
intrigas por parte da corte que são bem retratadas, de acordo com a época.
Infelizmente, faltou mais cumplicidade neste romance que era suposto
representar uma paixão profunda complementada com um amor louco entre Jeanne e
Luís XV. Também esperava que houvesse muitas mais cenas focadas neles, tendo como
objetivo, o de explorar mais a relação deles. Para mim, seria sem dúvida,
um lado da narrativa mais interessante para se desenvolver.
Uma das boas surpresas desta longa-metragem é La Borde, o fiel servo do rei
que protagoniza cenas que traz ao argumento, um rumo mais descontraído e com
alguma piada pelo meio, criando assim, mais empatia e envolvência para com o espetador.
A história é filmada em 33 mm, sendo composta por um tom moderno e um ritmo
relativamente lento que pode não agradar a todos. É dividida em diferentes
etapas da vida de Jeanne e apresentada com delicadeza. Além disso, foram
implementadas algumas mudanças que podem não ter o resultado desejado por parte
do público. Infelizmente, a maior parte das personagens foram passadas para
segundo plano. E também podia ter existido mais carisma e dinâmica entre elas. Uma
escolha que impediu que a história fosse mais rica e interessante.
A representação desta era é feita com ligações precisas entre o século 18 e
o tempo atual. Uma das partes mais bem representadas é o guarda-roupa fantástico,
maquilhagem e os penteados inovadores que eram usados naquela altura. Também a
banda sonora clássica teve um papel fundamental no filme.
A importância dos protocolos reais e da etiqueta ou os comportamentos da
corte perante diversas situações, nos quais fazia parte, a discriminação que
ainda existe nos tempos atuais são alguns dos assuntos desenvolvidos que eram
pertinentes no século 18.
Divulgação: Pris Audiovisuais
No entanto, os cenários naturais do lindíssimo Palácio de Versailles e os
seus magníficos jardins são dos principais destaques deste filme. Eles criam
cenas mais apropriadas à realidade da época, que são exuberantes e com
requinte, onde são apresentados os luxos e o próprio poder da corte. A Capela
Real, o Salão dos Espelhos e a Sala Hércules são lugares mágicos que mais
entusiasmaram quem está a acompanhar esta longa-metragem, principalmente quem já
teve a oportunidade de os visitar pessoalmente, como foi o meu caso. Foi espetacular
ver cada uma das cenas a serem apresentadas nestes espaços!
Esta produção é o primeiro filme de época de Maïween e é dedicado completamente
a Jeanne du Barry, uma figura histórica que fez a diferença durante o reinado
de Luís XV. Mas, não foi referida da forma que devia. Temos a oportunidade de
acompanhar, tanto a sua ascensão, como a sua própria queda, após ocorrer uma
tragédia que iria mudar por completo a vida de Jeanne para sempre.
Jeanne du Barry possui uma narrativa emocionante, simples e sem
exageros, que por vezes perdeu o seu equilíbrio. Esta retratou a infância, a
juventude, o relacionamento de Jeanne com Luís XV e os efeitos que teve na sua
vida.
Obviamente, não é um filme perfeito e teve problemas evidentes, sendo capaz
de provocar reações inesperadas e até de dividir as opiniões do público. Mas, dá
para perceber que Maïween dedicou-se de alma e coração a contar a
história de Jeanne du Barry com todo o amor e respeito que ela tem por esta
mulher.
O balanço final é que considero como sendo uma história interessante com potencial para muito mais, onde criou vontade no espetador, em querer saber mais sobre a vida de Jeanne du Barry, mas que infelizmente, soube a pouco.
Sem comentários:
Enviar um comentário