domingo, 31 de agosto de 2025

Filme "The Roses" - o que esperar desta nova adaptação protagonizada por Olivia Colman e Benedict Cumberbatch

 

The Roses [Um Casal (Imperfeito), como título em português] é o próximo projeto da Searchlight Pictures que é realizado por Jay Roach. Este é uma adaptação do filme clássico de 1989 ‘The War of the Roses’, baseado no romance de Warren Adler.

Com argumento de Tony McNamara, o filme é protagonizado por Olivia Colman e Benedict Cumberbatch que são acompanhados por Andy Samberg, Allison Janney, Belinda Bromilow, Sunita Mani, Ncuti Gatwa, Jamie Demetriou, Zoë Chao e Kate McKinnon.

Vale tudo quando o amor está em guerra. A vida parece fácil para o casal perfeito Ivy (Olivia Colman) e Theo (Benedict Cumberbatch): carreiras de sucesso, um casamento por amor, filhos fantásticos. Mas, por baixo da fachada da sua suposta vida ideal, está a formar-se uma tempestade – à medida que a carreira de Theo desce a pique e as ambições de Ivy descolam, acende-se uma feroz competição e ressentimento oculto.

Será que eles vão viver felizes para sempre? Este casamento é grande o suficiente para os 2? E será que vai durar até que a morte os separe?

Divulgação: 20th Century Studios Portugal

O casamento de Ivy e de Theo teve sempre a aparência de um género de conto de fadas. Ambos com carreiras de sucesso – ela como “chef” de cozinha e ele como arquiteto –, boa condição financeira e filhos amorosos. Nada parecia anunciar uma ruptura. Mas, infelizmente, o equilíbrio desfaz-se no dia em que ele perde o emprego e passa a cuidar da casa, enquanto acompanha o crescimento da carreira dela. Por isso, de um momento para o outro, todos os conflitos e rancores acumulados ao longo dos anos vêm à tona. E tudo em redor deles, parece transformar-se em combustível de uma guerra de ressentimentos, competição e pura maldade.  

Primeiramente, temos Theo Rose que foi arrebatado por uma paixão repentina e ardente por Ivy. Como referido anteriormente, ele é um arquiteto com um enorme talento, mas tudo se desmorona quando se dá um desastre num dos seus edifícios e este colapsa juntamente com o ego de Theo.

Assim, depois de ficar sem trabalho foi tomada a decisão deles trocarem de papéis. Theo passava a cuidar dos filhos e Ivy acabaria por assumir o papel do ganha-pão da casa. Só que ela alcança o sucesso, passa a adorar o que conquistou e não quer prescindir da marca que deixa em tudo o que faz. Foi a partir daí que um casal feliz se transformou por completo em algo mais tóxico e caótico que podia não ter volta a dar.

Divulgação: 20th Century Studios Portugal

The Roses é uma comédia romântica negra inteligente e incomum que é divertida e pensada fora da caixa. Além disso, possui um sotaque e humor tipicamente britânicos, enquanto traz reviravoltas inesperadas e interpretações incríveis. Existem cenas que são de chorar a rir e outras que até podem emocionar. Uma coisa é garantida. Este casal vai surpreender muito!

Temos aqui um casal atípico que é completamente honesto entre si e usa o humor sarcástico para comunicar, sendo que se iniciou como um amor à primeira vista que evoluiu para um ponto em que parecia que nada conseguia derrubá-los. Contudo, chegou à altura em que esta relação começou a descambar, onde houve quem pressentisse sarilhos e uma corrente de frustração entre eles, chegando a um ponto que as pessoas ao redor deles passaram a achar que eles se odiavam.

Este é um casamento turbulento e cheio de amargura que também envolveu presentes envenenados e brincadeiras constrangedoras deles que dava para ver que poderiam deixar qualquer um desconfortável.

Divulgação: 20th Century Studios Portugal

No início dá para perceber que sempre houve amor, mas ao longo do tempo acabou por tornar-se num amor muito desgastado. E se calhar foi essa uma das várias razões pelas quais não conseguiam resolver os seus problemas, pois eles nem sempre tinham a capacidade de falar a mesma língua e o modo de mostrar carinho e intimidade poderia não ser o mais adequado.

Claro que o casamento pode não ser um mar de rosas, mas neste caso podia tomar proporções arrebatadoras e até levar a um duelo inimaginável. Tanto Olivia Colman como Benedict Cumberbatch fazem um desempenho estupendo a dar vida a esta dupla que possui uma dinâmica eletrizante envolvida em diálogos provocadores. E ainda, utiliza um humor britânico peculiar, negro, seco e bem afiado que só eles podiam levar por diante.

Inicialmente pode haver quem alinhe mais com a Ivy e depois há quem fique mais do lado de Theo. Porém, às vezes mudam de lado durante o enredo e no final resta apenas torcer para que se entendam. No entanto, também é interessante ver o lado mais engraçado dos comportamentos e ações de cada um destes protagonistas que chegam a portar-se mesmo mal.

Divulgação: 20th Century Studios

Com The Roses, temos um entretenimento puro com um argumento fantástico, um bom elenco secundário a acompanhar e uma ótima escolha em termos de banda sonora. Para mim, é um dos meus filmes favoritos de 2025.

Por isso, temos de fazer um brinde a este casal que prende a atenção do espetador por entrar em guerra da maneira mais improvável e criativa e por ainda, proporcionar risos do começo ao fim. Para além disso, alerta como um romance pode ser levado ao extremo e partilha um certo guia daquilo que não se deve mesmo fazer num casamento.

Mesmo que não possa ser do agrado de todos, este é um filme realista e satírico que não podem perder, principalmente se gostarem de produções fora do comum.


quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Filme "Drácula: Uma História de Amor" - o que esperar da nova adaptação desta lenda tão imortal que é o Conde Drácula

 

Chegou a nova adaptação da lenda tão imortal que é o Conde Drácula!

Apresentado no Festival de Cannes 2024, Drácula: Uma História de Amor (Dracula: A Love Tale, como título original) é realizado por Luc Besson e designa-se como uma reinterpretação visualmente deslumbrante e emocionalmente intensa do mito de Vlad, o Empalador que está dividido entre a escuridão e a memória de um amor que resiste ao tempo.

Esta produção foi rodada em Paris, entre estúdios e locais históricos como o Hôtel de la Marine e o Palais Royal, sendo que o filme conjuga paisagens góticas, guarda-roupa luxuoso e atmosferas intensas que pretendem criar uma experiência cinematográfica grandiosa. Será que irá conseguir surpreender?

Desta vez, esta figura ganha nova vida através de Caleb Landry Jones, onde no elenco também se junta Christoph Waltz, Zoë Bleu, Matilda De Angelis, Ewens Abid e Guillaume de Tonquédec.

No século XV, o príncipe Vladimir, após a repentina e cruel morte da sua amada esposa, renega a Deus e herda uma maldição eterna: ele torna-se Drácula. Condenado a vaguear pelos séculos, desafia o destino e a própria morte, guiado por uma única esperança – reunir-se novamente com o seu amor perdido.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Ele ficou devastado pela morte da mulher que amava e por isso é que renega a fé e é amaldiçoado com a vida eterna. Séculos depois, já como Drácula, vive isolado do mundo até reconhecer numa jovem o rosto da sua amada perdida – dando início a um caminho entre desejo e redenção, onde o tempo e a mortalidade perdem significado.

Para Drácula, a morte é um privilégio que Deus concede. E apesar dele ter sido um dos servos mais fiéis, a morte foi-lhe negada. Assim, durante 400 anos, Drácula espera pelo regresso da sua princesa e faz o que for preciso para que isso aconteça.  

Nesta visão, em vez de termos um Drácula mais aterrorizante e perigoso, ele é profundamente mais humano, sendo que sofreu uma tragédia e nunca largou a memória do amor da sua vida. Caleb Landry Jones faz aqui uma interpretação diferente e convincente com um sotaque peculiar que leva a conhecermos o lado provavelmente mais vulnerável e ternurento de Drácula, apesar de continuar a ser uma ameaça para a humanidade e de ter as suas entradas mais dramáticas.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Drácula: Uma História de Amor é particularmente um romance trágico envolvido num mistério obscuro e fantasioso que reinventa a clássica história de Bram Stoker sobre um dos ícones mais populares da cultura pop.

Nesta história intemporal, temos violência, cenas de batalha excelentes, lutas empolgantes, mas os momentos de horror são praticamente inexistentes, sendo que se foca mais no romance tórrido de Drácula e na procura exaustiva pela sua amada que acredita que irá reencarnar na pele de outra mulher. Mesmo assim, esta fantasia sombria que contém uma perspetiva mais emocional e juntamente com uma pequena dose de humor consegue criar algum interesse em acompanhar o seu desenrolar.  

Enquanto isso, temos Christoph Waltz a assumir o papel de um perseguidor enigmático, que promete revelar a verdadeira natureza do protagonista. No entanto, a personagem em si não criou grande impacto no enredo, sendo que houve falta na sua construção, acabando por tornar-se facilmente esquecível e dispensável.

Sempre apreciei produções de época e esta não é exceção. Neste caso, traz um maior requinte ao ambiente representado que é rodeado por um estilo mais gótico e elegante, uma cinematografia bem executada, um guarda-roupa lindíssimo, uma banda sonora adequada à narrativa contada, vistas bonitas e ainda, por uma vampira muito bem desempenhada por Matilda De Angelis. E tudo isto está alinhado com o ângulo proposto por este realizador e sem esquecer do equilíbrio que existe em relação à escuridão que também faz parte da história.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Com Drácula: Uma História de Amor, testemunhamos um amor de um príncipe do século XV e da sua esposa forjado com sangue e destinado à eternidade. Uma união apaixonante que será a salvação dele. E não importa, o tempo que possa ter de esperar, porque um dia, ele irá reencontrar a sua alma gémea. Enquanto isso, também conhecemos uma Paris do século XIX com todas as suas características e costumes que rapidamente nos conquista.

Como já tinha referido anteriormente, esta é uma nova adaptação mais leve e moderna deste protagonista que pode ter as suas falhas, tais como: erros no argumento, rapidez em alguns momentos do filme, falta de tempo para explorar determinados pontos pertinentes, os efeitos de um perfume que faz enfraquecer e exagerar a trama. E ainda, os efeitos especiais estranhos que foram usados para darem vida às gárgulas, os servos do Conde Drácula.

Contudo, é um filme ligeiramente mais sentimental que também mostra o poder da esperança em voltar a ver quem mais se ama. Poderá entreter muitos e para mim, vale a pena ver, mas não se deve ter qualquer tipo de expetativas. Simplesmente, aproveitar e assistir a este romance envolvente e intenso que possui a sua própria essência.


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Filme "Nobody 2" - será que esta sequela de thriller de ação protagonizada por Bob Odenkirk irá superar o seu original?

 

Depois do sucesso alcançado com o seu primeiro filme, chegou Nobody 2 (Ninguém 2, como título em português). Baseado nas personagens criadas por Derek Kolstad, Bob Odenkirk está de regresso para dar vida a este assassino peculiar e cuja realização está ao cargo de Timo Tjahjanto.

Para além de Bob Odenkirk, juntam-se a ele: Connie Nielsen, John Ortiz, RZA, Colin Hanks, Christopher Lloyd e Sharon Stone.

Desta vez Hutch Mansell (Bob Odenkirk), pai suburbano e antigo assassino letal, é levado de volta ao seu violento passado depois da sua casa ser invadida. Isto desencadeia uma série de eventos que desvendam segredos sobre o passado da sua própria mulher, Becca (Connie Nielsen).

Além disso, este assassino workaholic leva a sua família para umas férias muito necessárias na pequena cidade turística de Plummerville. No entanto, ele logo se vê na mira de um operador corrupto do parque temático, um xerife suspeito e um chefe do crime sanguinário.

Mesmo assim, uma coisa ele garante. Ninguém lhe estraga as férias.

Férias em família com um pai como o Hutch Mansell tem tudo para se tornar altamente perigoso, mas também nunca se sabe o que se pode esperar.

Divulgação: Universal Pictures Portugal

Quatro anos depois de ter enfrentado inadvertidamente a máfia russa, Hutch continua com uma dívida de 30 milhões de dólares perante esta organização criminosa. Por isso, ele está a trabalhar numa série interminável de ataques a alvos internacionais.

Por mais que ele gosta da ação que faz parte do seu “trabalho”, Hutch e a sua mulher Becca encontram-se sobrecarregados e a afastarem-se cada vez mais. Assim, eles decidem levar os seus filhos numa pequena escapadinha para o Majestic Midway e Waterpark de Wild Bill. Este foi o único local onde Hutch e o seu irmão Harry passavam férias enquanto crianças e ele se sentia realmente feliz. Juntamente com o pai de Hutch, esta família chega a esta pequena cidade turística designada por Plummerville completamente ansiosa para ter um momento de descanso, apanhar sol e com alguma diversão pelo meio.

Mas, quando um pequeno encontro com alguns rebeldes da cidade faz com que a família se torna num alvo do operador corrupto do parque temático e de um xerife duvidoso, então Hutch cruza-se no caminho de um chefe do crime sanguinário que é bastante desequilibrado, psicótico e muito perigoso. Líder esse que ele (ou qualquer um) alguma vez encontrou.

Mesmo que os problemas tenham uma tendência a persegui-lo, Hutch fará o que for preciso para alcançar o seu principal objetivo que é ter a oportunidade de finalmente ter as suas merecidas férias, sendo que aconteça o que acontecer, ninguém lhe irá impedir. Será que ele vai conseguir?

Divulgação: Universal Pictures Portugal

Nobody 2 é uma viagem de ação alucinante e espetacular que é rodeada de uma energia cativante e uma dose de loucura que não para de surpreender com as suas reviravoltas criativas. Todos os elementos necessários para se tornar num thriller de ação bem-sucedido estão presentes, onde a imaginação não tem limites. Cada uma das suas cenas de ação e de luta são extremamente bem coreografadas, sendo que em alguns momentos chegam a ser selvagens.

Apesar de também conter um lado tanto cómico, como misterioso, a estrela desta história é sem dúvida, a ação que absolutamente brilha, levando a que seja entregue um bom entretenimento, principalmente para quem é fã de filmes de ação. Temos explosões, tiroteios, perseguições, lutas intensas, violência, tensão, conspiração e muito mais. É interessante como as sequências de ação aproveitam a atmosfera onde são inseridas e como o protagonista utiliza qualquer objeto que encontra à mão para ter vantagem perante o adversário. Além disso, ainda usa o próprio parque aquático e respetivas atrações a seu favor.  E uma boa surpresa foi ver mesmo que tivesse durado pouco tempo, uma das personagens a lutar com uma espada de samurai, uma arte marcial que sempre me fascinou.

Este é daqueles filmes completamente caóticos no bom sentido que ficamos com a sensação que estávamos mesmo a precisar de assistir, principalmente se temos o objetivo de simplesmente descontrair. No entanto, este novo capítulo deveria ter tido mais tempo de duração para que desenvolvesse mais e melhor a dinâmica familiar e as personagens centrais desta história.  

Para mim, esta produção é tão entusiasmante, quanto o primeiro, sendo que superou o seu original e é um dos grandes filmes de 2025 no género de ação que conseguiu prender a atenção desde o início até ao fim. 

Bob Odenkirk está de regresso para mais uma experiência explosiva e cheia de violência desta figura implacável que não vão querer perder!


segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Filme "Together" - o que esperar desta produção independente de body horror

 

Depois da sua estreia mundial na edição de 2025 do Festival de Cinema de Sundance, Together realizado por Michael Shanks chega a Portugal.

Este filme independente é protagonizado por Dave Franco e Alison Brie e promete impressionar no género de filmes de terror, através de uma ousada e visceral incursão no universo do body horror.

Nesta narrativa, Tim e Millie (Dave Franco e Alison Brie) encontram-se numa encruzilhada na sua relação quando se mudam para o campo, abandonando tudo o que lhes é familiar, exceto um ao outro. Com as tensões já exacerbadas, um encontro com uma força misteriosa e sobrenatural ameaça corromper as suas vidas, o seu amor e os seus corpos.

Temos aqui um casal que já está junto desde 2017 e que estão à procura de um recomeço. Isolados no campo, longe de tudo o que conhecem, as personagens enfrentam tensões crescentes e as fundações da sua relação começam a abalar, devido a uma presença inexplicável. Assim, nesta perturbadora narrativa, a química entre os protagonistas é levada ao limite, numa história onde o amor, o isolamento e o horror se fundem de forma inquietante.

Automaticamente, quando começamos a assistir à mudança de um casal para um local totalmente remoto, significa que muito provavelmente, algo irá correr mal. De um certo modo, acaba por tornar-se previsível, pois o que não falta são filmes a iniciarem com esse tipo de premissa. Mas, no entanto, o desenvolvimento em si já não é tão semelhante.

Cada vez se torna mais difícil de criar filmes de terror que possam trazer algo de novo, enquanto os fãs acabam por ser mais exigentes naquilo que têm interesse em receber. Contudo, nesta produção independente não convencional deu para entender desde o início que quiseram arriscar naquilo que queriam entregar.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Together é uma aposta acertada no universo do body horror que tem a capacidade de surpreender nas cenas que vão sendo apresentadas, principalmente a nível de efeitos visuais. O desenvolvimento da história prende a atenção de quem está a ver, pois a pessoa fica curiosa em como será o desenrolar de cada uma das cenas, principalmente em relação à criatividade que podem apresentar em termos de fusão do corpo humano.

Para além disso, gostaria de ter visto mais destaque ao lado mais sobrenatural do enredo, que pareceu-me ser uma lenda que ainda não tinha sido muito abordada em produções do género. Em vez disso, o foco foi mais dedicado à tensão constrangedora, toxicidade e dinâmica que faziam parte do relacionamento deste casal e à dependência que ambos sentiam entre si. E a história em si também poderia ter sido mais assustadora, não deixa de ter os seus erros e alguns dos seus diálogos poderiam ter sido mais naturais.

Este filme não é para todos, pois existem cenas mais intensas que podem fazer impressão a alguns e até serem perturbadoras. Mas, mesmo assim, é entregue um conteúdo diferente e mais inovador para este género que é acompanhado por uma boa escolha na banda sonora, no qual torna-se interessante e por vezes, estimulante para o espetador assistir.

Se estiverem à procura de um filme de body horror fora do comum, então Together poderá ser uma boa opção para ter uma experiência mais bizarra e emocional, mas que no final acaba por ser particularmente original e estranho no bom sentido.


sábado, 9 de agosto de 2025

STANS é um documentário produzido por Eminem focado na sua carreira e na relação com os fãs que não podem mesmo perder!

 

Fãs de Eminem, isto é para vocês!

STANS é um documentário produzido por Eminem que explora a sua relação bem intensa com os seus fãs e que tem a realização de Steven Leckart. Depois da sua estreia arrebatadora no festival SXSW London, a distribuição é feita pela Trafalgar Releasing durante um único fim de semana. Por isso, pode ser visto desde o dia 7 até 10 de agosto.

Lançada em 2000, a música “Stan” de Eminem – sobre um fã obsessivo e instável – continua a ser icónica. Tão icónica que o termo stan foi oficialmente adicionado ao Dicionário Oxford de Inglês em 2017. Na música, o personagem-título escreve uma série de cartas emocionais para Eminem, repetindo a frase: “Sou igual a você”. Esse refrão serve como um fio condutor para esta longa-metragem não convencional e totalmente autorizada, que acompanha um elenco cuidadosamente selecionado de stans da vida real, cujas conexões pessoais profundas com Eminem refletem alguns dos temas presentes nas suas letras.

Mais do que uma exploração do fandom, o filme examina a relação complexa entre um dos artistas mais reservados do mundo e a sua enorme persona pública. Através de recriações estilizadas, imagens raras de arquivo, entrevistas íntimas e uma entrevista original e exclusiva com o próprio Eminem, o documentário oferece uma jornada crua, intensa e reveladora pela sua carreira – e pelo público apaixonado que cresceu com ele.

Ao longo de uma hora e quarenta e dois minutos, temos a chance de mergulhar de um modo único, invulgar e muito intimista perante o superfandom existente em torno deste artista de Detroit. Esta é uma versão contada pela perspetiva dos fãs mais dedicados e fiéis de Eminem que partilham este amor incondicional pelo rapper.

De uma maneira muito potente, Eminem criou uma cultura nos seus próprios termos, tendo sido constantemente representado como uma figura controversa, enquanto se tornou num símbolo muito importante de storytelling para a sua comunidade de fãs que cresceu ao seu lado e cujas vidas foram moldadas, devido à sua música que tanto os aproximou do músico.

A canção “Stan” que teve a participação de Dido deu origem não só para definir esta comunidade de apoiantes de Eminem, mas também qualquer fã que fosse extremamente apaixonado e dedicado por uma celebridade em particular.  

Divulgação: Trafalgar Releasing

STANS é um autêntico tributo e um presente muito valioso e inédito para esta comunidade de fãs, onde eu me incluo, que celebra o carinho dos fãs de Eminem e o impacto pessoal e emocional, que a música de Eminem teve na vida dos seus maiores admiradores que o seguem ao longo de duas décadas. E ainda, apresenta a sua jornada repleta de dificuldades, cuja carreira lhe trouxe uma fama imediata, uma popularidade inesperada e tornou-o assim, num dos maiores fenómenos da música internacional.

Eminem ama a sua arte e aquilo que ele consegue fazer com ela, mostrando o seu talento nato que tem conquistado diversas faixas etárias. Não há nenhum como ele e temos aqui um génio, onde em cada batalha de rap faz uma performance tão natural e extraordinária. Os seus videoclips têm sempre uma criatividade elevada a nível de storytelling e cada uma das suas atuações são épicas e inesquecíveis. E não se importa com aquilo que lhe dizem e até goza de uma maneira muito peculiar.

Para ele, a música é uma terapia e nas suas letras não há filtros naquilo que ele partilha e no modo como lida com emoções intensas. O hip hop deu-lhe confiança e poder. Esta é uma das muitas razões pelo qual as pessoas relacionam-se com ele, porque acabam por se identificarem com as dificuldades que ele partilha, como a música “Brain Damage” que representa o bullying que sofreu.  

Ele até refere que tem um livro onde estão todos os seus pensamentos e as suas inúmeras ideias que estão espalhadas por cada página, sendo que é tão confuso que ninguém conseguiria encaixar todo o seu significado. Dá para se perceber cada vez mais que possui um cérebro impressionante que o leva a uma imaginação sem limites. Um desses exemplos é a sua personagem Slim Shady, um género de cartoon divertido que faz o que quer e é completamente louco, tendo tido a capacidade de fascinar completamente o público.  

Esta é uma viagem surpreendente, intensa e marcante pela sua carreira, sendo que aborda o seu sofrimento quando perdeu o seu principal parceiro, Big Proof e a exaustão que sofreu que o levou a cancelar datas da sua tour europeia. Também contém participações interessantes do próprio Eminem, onde ele faz revelações muito pessoais sobre um dos períodos mais obscuros da sua vida, incluindo a luta contra a sua dependência de comprimidos, a overdose que acabou por sofrer e que quase o matou, a culpa infernal que sentiu por ter perdido um momento importante na vida da sua filha, Hailie e muito mais.

No entanto, tudo isso fez com que mais tarde, tomasse a decisão de ficar sóbrio e que dura até aos dias de hoje. Atualmente, a sobriedade é um dos seus superpoderes e acaba por se tornar numa inspiração para aqueles que querem seguir o mesmo caminho de desintoxicação e recuperação.  

Além disso, também nos é mostrado que nunca se tinha visto algo como os fãs de Eminem e a conexão profunda que têm com ele. Por vezes, chega a ser uma obsessão a maneira como o fazem, seja através da criação de fan fiction, publicações nas redes sociais e levando mesmo, a ultrapassar todos os limites. E por isso, acabam por serem designados como um fandom extremo que têm comportamentos malucos, sendo que não têm a noção que podem estar mais a prejudicar do que a beneficiá-lo.

Sabiam que em 2020 uma fã dele recebeu o prémio do Guiness, como sendo considerada a pessoa que tem o maior número de tatuagens de um mesmo artista musical? É verdade, ela tem 22 tatuagens e quem sabe não fica por aqui. Este é só um dos muitos exemplos da dedicação dos fãs a Eminem.

Já um fã francês foi assistir a um número elevado de concertos dele e até foi de propósito a Detroit para visitar o local onde Eminem viveu e todos os sítios onde ele fez os seus videoclips. Um fã que nunca se tinha sentido tão feliz e tão perto do seu ídolo.

Para além da participação dos seus fãs, nomes como Ed Sheeran que se considera como um Stan desde 2000, LL Cool J (um grande apoio dele), Dr. Dre que foi uma das pessoas que apostou nele e até o ator Adam Sandler foram alguns que deram o seu testemunho enquanto admiradores de Eminem.

Divulgação: Trafalgar Releasing

Marshall Mathers, o tão icónico Eminem também aproveitou este documentário para visitar locais que fizeram parte da sua vida, como a sua casa de infância em Detroit que já não existe. E também contou como a fama que aconteceu muito rápido lhe afetou e como lidou com todos os paparazzis malucos e os stalkers. Quando o filme 8 Mille saiu e que foi baseado em muita coisa da vida dele tornou-se num impacto global e depois, a sua popularidade aumentou significativamente. Na realidade, durante muitos anos foi uma grande loucura, onde diretamente no palco, ele mostrava o seu consumo de drogas e os fãs faziam o que fosse preciso para ter acesso a ele. Uma das histórias que ele contou foi de uma ida a um centro comercial com a filha e estava lá uma multidão à espera, chegando a ser assustador. Por isso, é que é raro ele surgir em público, por uma questão de segurança e quando ele sai à rua, tem os seus seguranças para evitar qualquer perigo.

Este documentário também apresenta faixas e temas inéditos, enquanto vai mostrando excertos dos seus concertos, os bastidores de quando está em tour, os altos e baixos da sua carreira, entre outros. E ainda, transmite não só uma nostalgia imediata, como uma mensagem tão poderosa e profunda que nos faz identificar exatamente com tudo aquilo pelo qual ele passou e assim, vir a ter uma reflexão pertinente sobre vários aspetos da nossa própria vida.

Apesar de todos os altos e baixos que já passou na sua vida, ele referiu que quer continuar a fazer música até aos 100 anos, principalmente para os fãs por quem ele tem uma enorme consideração. Pois, a música dele conecta e dá força a todos aqueles para enfrentarem os seus demónios. E são os seus fãs que lhe dão uma energia constante para continuar com este seu talento que tem a capacidade de normalizar e até a melhorar comunicação em relação à partilha de sentimentos, emoções e à discussão da própria saúde mental.

Eminem sempre foi uma referência musical para mim e um dos meus artistas favoritos, onde como tantos outros, cresci com ele. Muitas das suas músicas impactaram-me enquanto identifiquei-me com os pensamentos e partilhas que foi colocando nas suas letras, como é o caso da música “Not Afraid” de 2014. Um dos meus maiores sonhos é ir assistir pessoalmente a um dos seus concertos e espero que um dia, ele volte a fazer uma tour europeia. E que acima de tudo, a sua comunidade de fãs tenha respeito por ele e esteja grato por estar presente num espetáculo único que só o Eminem consegue proporcionar.

STANS é uma obra de arte incrível na área dos documentários que não podem mesmo perder!

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Filme "Freakier Friday" - será que valeu a pena criar esta sequela do clássico da Disney?

 

Vinte e dois anos depois da estreia de Freaky Friday (2003), a Disney apresenta a continuação deste enredo com Freakier Friday (Um Dia Ainda Mais Doido, como título em português) e cuja realização é de Nisha Ganatra.

Esta sequela do clássico da Disney é baseada no livro “Freaky Friday” de Mary Rodgers. Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan estão de regresso para retomarem os papéis de Tess e Anna Coleman. No elenco também fazem parte Julia Butters, Sophia Hammons, Manny Jacinto, Maitreyi Ramakrishnan, Rosalind Chao, Chad Michael Murray, Vanessa Bayer e Mark Harmon.

A história decorre vários anos após Tess (Curtis) e Anna (Lohan) terem passado por uma crise de identidade. Agora, Anna tem uma filha e uma futura enteada. À medida que enfrentam os inúmeros desafios que surgem com a fusão de duas famílias, Tess e Anna descobrem que um raio pode, de facto, cair duas vezes no mesmo lugar.

Divulgação: Disney

Agora, será que valeu a pena criar esta sequela do clássico da Disney? Primeiramente, resolvi assistir ao filme original na plataforma de streaming da Disney+ e que conta a história de uma mãe e filha que trocam de corpos, após comerem um biscoito da sorte. Nesta versão de 2003, temos um remake do filme de 1976 com Barbara Harris e Jodie Foster.

22 anos depois de Tess e Anna terem lidado com uma crise de identidade, aqui vamos outra vez para um dia ainda mais doido. Desta vez, acontece de novo uma troca de corpos entre quatro pessoas, sendo que Anna passa a viver na pele da sua filha Harper (Julia Butters), enquanto Tess tem a sua experiência enquanto Lily (Sophia Hammons), a futura enteada de Anna. Mas, será que consegue superar o seu original?

Divulgação: Disney

Freakier Friday é uma comédia calorosa com um toque de fantasia que apesar de ser divertida, não é suficiente para sequer equilibrar com a satisfação que a pessoa sentiu quando comparamos com o primeiro filme. Não acrescentou nada de especial e teve uma falta de equilíbrio não só na narrativa que estava a ser contada, mas também no ritmo escolhido para tal.

Até podemos sentir a essência do filme inicial e mesmo assim, a história em si andou meio perdida, principalmente no começo. E quando vamos realmente para o desenrolar das consequências da troca de corpos, existe falta de naturalidade nas dinâmicas entre as personagens e situações demasiado exageradas e/ou forçadas.  

Depois houve outras personagens que também pareciam desorientadas por lá que simplesmente estavam de corpo presente e não acrescentaram nada de novo. As únicas que me transmitiram algum sentimento positivo foram as interpretadas por Manny Jacinto e Jamie Lee Curtis.

Manny Jacinto deu a conhecer o seu Eric Davies, o noivo de Anna que é perdidamente apaixonado por ela e sabe tudo sobre ela. Até aos ínfimos pormenores, seja sobre os gostos dela e muito mais. Desde o início, a pessoa consegue criar uma empatia e ligação imediata por este homem charmoso com uma personalidade encantadora. Além disso, foi tão bonito testemunhar o amor que ele nutre pela Anna.

Divulgação: Disney

Já Jamie Lee Curtis mantém o seu desempenho engraçado, principalmente quando está temporariamente no corpo de Lily.

Além disso, gostaria de destacar que foi bom acompanhar o regresso das Pink Slip aos palcos, onde ofereceram uma atuação eletrizante e com um tom mais nostálgico.

Apesar de ter tido os seus altos e baixos, eu acredito que Freakier Friday com as suas dinâmicas familiares e outras cenas mais cómicas irá entreter quem decidir ir ver. No entanto, não será da mesma forma que possa ter acontecido com Freaky Friday. E se o objetivo é ter a mesma experiência que o anterior, então poderá não valer a pena.