sexta-feira, 3 de outubro de 2025

"The Smashing Machine: Coração de Lutador" - o que esperar deste filme protagonizado por Dwayne Johnson e Emily Blunt

 

Depois de ter sido aplaudido durante cerca de 15 minutos na estreia mundial do Festival de Veneza de 2025 e até recebido o Leão de Prata de Melhor Realizador que foi atribuído a Benny Safdie, The Smashing Machine: Coração de Lutador criou uma certa expetativa para o público.

Com Dwayne Johnson como protagonista que também teve Emily Blunt e Ryan Bader a completar este elenco, este filme independente é produzido e distribuído nos EUA pela A24.

Toda esta narrativa é inspirada na história verídica de Mark Kerr, lenda do MMA nos primórdios da UFC, onde apresenta um homem que está dividido entre a glória no ringue e o caos na vida pessoal, num retrato intenso sobre superação, vício e identidade.

É inicialmente focado no auge da sua carreira, sendo que em pleno ano 2000, ele enfrenta uma batalha interna marcada pelo vício, a pressão da vitória, o amor e a fragilidade das amizades.

Esta era uma era implacável para este desporto de combate, em que o mínimo erro podia deitar tudo a perder. E aquilo que não se vê e que acaba por ser o lado negro da coisa é a tensão constante que existe entre a glória exterior e o colapso interior que pode acontecer a qualquer momento.

Divulgação: A24 e NOS Audiovisuais

The Smashing Machine: Coração de Lutador apresenta como um desporto tão brutal e exigente pode ter o seu lado menos bonito, sendo que se transforma numa batalha interna que envolve ter de fazer sacrifícios e lidar com vícios perigosos e todo o tipo de emoções que vão surgindo. Enquanto isso, vai percorrendo um caminho com um tom obscuro que acompanha a queda e a luta pela redenção de um campeão, em que não basta ter só força. E também explora a resiliência profunda, a trajetória desafiante e o lado mais vulnerável deste protagonista que acreditava plenamente que nada o iria deitar abaixo e que nunca iria sentir a sensação de perder um combate.

É interessante assistir a um registo completamente diferente do trabalho de representação de Dwayne Johnson que iniciou a sua carreira nos ringues da WWE. Dá para perceber que foi um papel bastante rigoroso para esta figura emblemática que deu vida ao icónico Mark Kerr, um lutador que entrou numa rota de colisão com os seus próprios limites e cujo sucesso desportivo já não era suficiente para o manter de pé. E houve momentos que deu para sentir o impacto emocional que a interpretação de Dwayne Johnson quis transmitir deste lutador que teve de enfrentar os seus próprios demónios, enquanto testava os seus limites físicos e morais. Por isso em algumas cenas, ele com o seu desempenho conseguiu surpreender pela positiva.   

Para além disso, houve uma dinâmica que caso tivesse sido mais explorada, teria sido uma forma de melhorar significativamente a trama geral. Neste caso, seria a relação de companheirismo entre Mark Kerr e Mark Coleman que poderia ter trazido uma vantagem significativa para o resultado desta produção. Além disso, ocorreram alturas em que a pessoa fica com mais interesse em saber mais sobre a carreira e jornada de Mark Coleman do que acompanhar o inapropriado desequilíbrio que existiu em contar a história do próprio Mark Kerr.

Como admiradora de artes marciais, os combates para mim foram um dos destaques, sendo que a pessoa sente um pontinho de adrenalina quando está a assistir. Também foi boa ideia mostrarem alguns dos treinos de preparação que são necessários para que os lutadores estejam no seu melhor nível.

Divulgação: A24 e NOS Audiovisuais

Em relação ao papel de Emily Blunt como Dawn Staples, existiram alturas em que perdia a sua relevância, chegando a protagonizar cenas mais cansativas. No entanto, uma das cenas mais poderosas do filme foi uma discussão intensa e esgotante entre as personagens Mark Kerr e Dawn Staples que se tornou num ótimo trabalho de representação, tanto de Dwayne Johnson, como de Emily Blunt.

Num modo geral, The Smashing Machine: Coração de Lutador é um filme de superação que foi mal aproveitado, perdeu um pouco o seu controlo e poderia ter sido apresentado de uma forma mais interessante. É que ficou tão preso a determinados períodos que levou a caminhos sombrios que perderam o encanto. E que acabaram por influenciar e trazer um rumo desequilibrado na sua narrativa, chegando a perder-se por diversas vezes. Assim, a sua duração não deveria ter sido tão longa como foi.  

Não é um filme mau, sendo que a narrativa em si poderia ter sido organizada de um modo diferente e até ter tido uma melhor abordagem em pontos mais interessantes relacionados com este desporto de combate, os respetivos bastidores e as dificuldades que os lutadores sentem realmente na pele. Mas infelizmente, não foi o resultado esperado.


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