Depois
de ter sido aplaudido durante cerca de 15 minutos na estreia mundial do Festival
de Veneza de 2025 e até recebido o Leão de Prata de Melhor Realizador que foi
atribuído a Benny Safdie, The Smashing Machine: Coração de Lutador criou
uma certa expetativa para o público.
Com
Dwayne Johnson como protagonista que também teve Emily Blunt e Ryan Bader a
completar este elenco, este filme independente é produzido e distribuído nos
EUA pela A24.
Toda
esta narrativa é inspirada na história verídica de Mark Kerr, lenda do MMA nos
primórdios da UFC, onde apresenta um homem que está dividido entre a glória no
ringue e o caos na vida pessoal, num retrato intenso sobre superação, vício e
identidade.
É
inicialmente focado no auge da sua carreira, sendo que em pleno ano 2000, ele
enfrenta uma batalha interna marcada pelo vício, a pressão da vitória, o amor e
a fragilidade das amizades.
Esta
era uma era implacável para este desporto de combate, em que o mínimo erro
podia deitar tudo a perder. E aquilo que não se vê e que acaba por ser o lado
negro da coisa é a tensão constante que existe entre a glória exterior e o
colapso interior que pode acontecer a qualquer momento.
Divulgação: A24 e NOS Audiovisuais
The
Smashing Machine: Coração de Lutador
apresenta como um desporto tão brutal e exigente pode ter o seu lado menos bonito,
sendo que se transforma numa batalha interna que envolve ter de fazer sacrifícios e lidar com vícios
perigosos e todo o tipo de emoções que vão surgindo. Enquanto isso, vai
percorrendo um caminho com um tom obscuro que acompanha a queda e a luta pela
redenção de um campeão, em que não basta ter só força. E também explora a
resiliência profunda, a trajetória desafiante e o lado mais vulnerável deste
protagonista que acreditava plenamente que nada o iria deitar abaixo e que
nunca iria sentir a sensação de perder um combate.
É
interessante assistir a um registo completamente diferente do trabalho de
representação de Dwayne Johnson que iniciou a sua carreira nos ringues da WWE. Dá
para perceber que foi um papel bastante rigoroso para esta figura emblemática
que deu vida ao icónico Mark Kerr, um lutador que entrou numa rota de colisão
com os seus próprios limites e cujo sucesso desportivo já não era suficiente
para o manter de pé. E houve momentos que deu para sentir o impacto emocional
que a interpretação de Dwayne Johnson quis transmitir deste lutador que teve de
enfrentar os seus próprios demónios, enquanto testava os seus limites físicos e
morais. Por isso em algumas cenas, ele com o seu desempenho conseguiu
surpreender pela positiva.
Para
além disso, houve uma dinâmica que caso tivesse sido mais explorada, teria sido
uma forma de melhorar significativamente a trama geral. Neste caso, seria a
relação de companheirismo entre Mark Kerr e Mark Coleman que poderia ter trazido
uma vantagem significativa para o resultado desta produção. Além disso,
ocorreram alturas em que a pessoa fica com mais interesse em saber mais sobre a
carreira e jornada de Mark Coleman do que acompanhar o inapropriado desequilíbrio
que existiu em contar a história do próprio Mark Kerr.
Como
admiradora de artes marciais, os combates para mim foram um dos destaques,
sendo que a pessoa sente um pontinho de adrenalina quando está a assistir.
Também foi boa ideia mostrarem alguns dos treinos de preparação que são necessários
para que os lutadores estejam no seu melhor nível.
Divulgação: A24 e NOS Audiovisuais
Em
relação ao papel de Emily Blunt como Dawn Staples, existiram alturas em que perdia
a sua relevância, chegando a protagonizar cenas mais cansativas. No entanto,
uma das cenas mais poderosas do filme foi uma discussão intensa e esgotante
entre as personagens Mark Kerr e Dawn Staples que se tornou num ótimo trabalho
de representação, tanto de Dwayne Johnson, como de Emily Blunt.
Num
modo geral, The Smashing Machine: Coração de Lutador é um filme de
superação que foi mal aproveitado, perdeu um pouco o seu controlo e poderia ter sido
apresentado de uma forma mais interessante. É que ficou tão preso a
determinados períodos que levou a caminhos sombrios que perderam o encanto. E
que acabaram por influenciar e trazer um rumo desequilibrado na sua narrativa,
chegando a perder-se por diversas vezes. Assim, a sua duração não deveria ter
sido tão longa como foi.
Não é um filme mau, sendo que a narrativa em si poderia ter sido organizada de um modo diferente e até ter tido uma melhor abordagem em pontos mais interessantes relacionados com este desporto de combate, os respetivos bastidores e as dificuldades que os lutadores sentem realmente na pele. Mas infelizmente, não foi o resultado esperado.
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