The Bikeriders é o filme mais recente realizado por Jeff Nichols
e produzido em 2023. É inspirado na história do fotógrafo americano Danny Lyon,
que documentou a vida de um clube de motards do Midwestern entre 1965 e 1967,
sendo que chegou a fazer parte deste grupo e a viver com eles.
O elenco é constituído por Austin Butler, Tom Hardy, Jodie Comer e Norman
Reedus.
Esta é a história da ascensão de um clube de motards do oeste americano, os
Vândalos. Visto pela perspetiva do dia a dia dos seus membros, o clube evolui
ao longo de uma década de local de encontro de inadaptados locais para um
gangue sinistro, ameaçando o estilo de vida original e único do grupo.
Nesta combinação de drama com crime e thriller, tudo isto é contado
maioritariamente pelos olhos da teimosa Kathy (Jodie Comer) que depois
de um encontro casual, ela é atraída de um modo inexplicável por Benny
(Austin Butler), o membro mais recente do clube de motards do oeste americano,
os Vândalos que é liderado pelo enigmático Johnny (Tom Hardy). À
medida que o clube se transforma num perigoso submundo de violência, Benny
vai ter de escolher entre Kathy e a sua lealdade para com o clube.
Toda esta narrativa é desenrolada num tempo mais rebelde na América, no
momento em que a cultura e as pessoas estavam a sofrer mudanças. Essa evolução
tem acontecido ao redor do país e este clube não é exceção. Um clube que
começou como um local de convívio para muitos e torna-se em algo completamente
diferente e repleto de riscos, levando assim a uma degradação iminente deste
grupo.
Divulgação: Universal Pictures Portugal
Inspirado em factos verídicos, os Vândalos de Chicago são um clube de
motards que foi construído por Johnny a partir do nada, acabando por se
tornarem numa família e onde faziam parte da época dourada das motas. Como os
tempos foram mudando, tornaram-se rebeldes e o próprio clube começou a mudar e a
seguir caminhos mais obscuros e violentos. Muitos foram aqueles que não os
enfrentavam e realmente tinham medo deles. Enquanto isso, os Vândalos
não pararam de crescer, tendo sido espalhados pelo país e chegando a um ponto
que nunca mais foram os mesmos. Não faltaram inúmeras traições e eles eram mais
vistos como um gangue criminoso a começar a meter-se em negócios mais ilegais e
guerras desnecessárias.
É uma narrativa que comprova plenamente como determinadas mudanças ao nosso
redor pode mudar completamente a própria sociedade e a levar alguns a seguirem por
trajetos mais destrutivos e errados perante a lei. Tudo começou como um clube
restrito, em que todos se conheciam e estavam lá presentes para o que fosse preciso.
Contudo, mais tarde, transformou-se numa organização pouco familiar que não
partilha os mesmos valores, com elementos a mais e também com a perda de membros
que eram o pilar dos Vândalos. Isso fez com que o presidente perdesse o
controlo, levando o clube a sofrer com as consequências das suas decisões.
Divulgação: Universal Pictures Portugal
Esta produção não teria tido o impacto positivo que teve se também não
fosse pelas personagens carismáticas presentes e pelo elenco que deu a vida a
eles. O destaque vai para a Jodie Comer que faz um desempenho excelente, onde
temos a chance de vê-la em outro registo e com um sotaque típico daquela região
dos Estados Unidos muito bem implementado. É sempre fantástico ver os atores conseguirem
mudar os seus sotaques britânicos para outros completamente diferentes e opostos.
E Jodie Corner fez um trabalho excecional não só na mudança do seu sotaque, mas
também no desempenho da teimosa e determinada Kathy que sempre que
entrava em cena, brilhava com a sua atuação. Também a dinâmica dela com o Austin
Butler foi muito natural e divertida de se ver. Austin Butler é uma outra boa
surpresa, pois também temos a oportunidade de ver outros registos deste ator
que tem mostrado constantemente a sua versatilidade em cada papel que
interpreta. Como este jovem que entrou numa série chamada de As Crónicas de
Shannara evoluiu tanto como artista. E não vamos esquecer do ótimo trabalho
também executado por Tom Hardy. Outra surpresa foi ver Norman Reedus, a
desempenhar uma personagem engraçada com uma paixão por motas, tal como ele tem
na vida real.
Divulgação: Universal Pictures Portugal
The Bikeriders representa a essência de um grupo unido em busca
pela liberdade que vêm a todo o gás, tirando assim, o fôlego a qualquer um. E
cujos valores mais importantes eram a lealdade, o amor pelas motas e
companheirismo. Este filme está muito bem desenvolvido e tem uma capacidade
automática de entreter o espetador, desde o início até ao fim. Além disso, traz
elementos nostálgicos que faz lembrar a história de outros clubes de motards
que a pessoa teve a oportunidade de ver anteriormente, como é o caso da série Sons
of Anarchy. Sons of Anarchy marcou com a sua intensidade e as suas
reviravoltas inesperadas, mas tinham algo em comum, a lealdade, o amor pelas
motas e o companheirismo. Num universo paralelo, já imaginaram como seria se os
Vândalos se cruzassem com os Sons of Anarchy? Seriam aliados ou
adversários? De certeza que iriam encaixar muito bem e seria sem dúvida, muito
interessante de se acompanhar!
The Bikeriders é uma boa fonte de entretenimento com um ponto de vista muito particular e retratado numa época fulcral nos Estados Unidos que consegue envolver o público neste mundo e naquilo que está a ser contado. E ao mesmo tempo, apresentar aquela sensação de adrenalina e liberdade que todos nós gostamos de sentir e de ter.
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