sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Bagman - O Malvado | O que esperar deste filme de terror psicológico

Já chegou mais um filme de terror psicológico e desta vez falamos sobre Bagman – O Malvado. É realizado por Colm McCarthy e o elenco é composto por Sam Claflin, Antonia Thomas, Steven Cree, William Hope e Sharon D. Clarke.

Esta é uma narrativa, onde uma família vê-se envolvida num pesadelo enquanto é perseguida por uma criatura mítica e malévola. Durante séculos e em todas as culturas, os pais assustaram os seus filhos sobre o lendário Bagman, que rapta crianças inocentes e as coloca no seu saco pequeno e apodrecido – para nunca mais ser visto. Patrick McKee (Sam Claflin) escapou por pouco de tal encontro quando menino, o que o deixou com cicatrizes duradouras ao longo da sua vida adulta. Agora, o carrasco da infância de Patrick voltou, ameaçando a segurança da sua mulher Karina (Antonia Thomas) e do seu filho Jake (Caréll Vincent Rhoden).

Ao longo de cerca de 90 minutos, vamos estar a acompanhar uma família que tenta superar os desafios diários, e o medo sombrio de que algo desconhecido e aterrorizante possa entrar em casa durante a noite e raptar o que eles mais amam.

Um dos principais receios de qualquer um é sem dúvida, o desconhecido. Inicialmente, até podem estar muito céticos em relação ao assunto, mas quando coisas inexplicáveis acontecem, o pensamento transforma-se noutro. E quando se apercebe que aqueles que mais amam estão em perigo, esse medo aumenta consideravelmente.

Já imaginaram como seria se as lendas de criaturas malignas existissem na realidade e não fossem um mero pesadelo? Seria sem dúvida, completamente assustador e principalmente quando um dos possíveis alvos é o nosso próprio filho (a), fazendo com que o instinto protetor esteja em alerta e esteja disposto a fazer de tudo para proteger quem mais estimamos.

Bagman – O Malvado é uma história leve de terror que consegue naturalmente prender a atenção com o seu tom misterioso, mas que não traz nada de novo e nem assusta. O argumento em si é desenvolvido de uma forma simples. E não tem assim, grandes surpresas ou reviravoltas inesperadas, sendo que muitas das personagens tornam-se facilmente esquecíveis e o próprio final é bem previsível.

Além disso, foi bom assistir a um registo diferente no trabalho de Antonia Thomas e Steven Cree. Os últimos trabalhos que eu tinha visto desta dupla eram produções mais dramáticas e com sotaques plenamente distintos. As produções em questão são a série The Good Doctor, no caso de Antonia Thomas e para Steven Cree, as séries Outlander e A Discovery of Witches. Contudo, as personagens interpretadas neste projeto de terror não tiveram a mesma relevância e interesse.

Bagman – O Malvado tem a capacidade de entreter quem gosta de filmes de terror e de lendas relacionadas com criaturas mais desconhecidas e sobrenaturais. Enquanto isso, também faz a pessoa refletir sobre os relatos que várias culturas vão partilhando sobre o oculto e muito mais. Acredito que irão gostar, mas não esperem que seja considerada como uma obra de arte deste género, pois infelizmente não tem os elementos necessários para essa mesma definição. 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Filme "Red Right Hand: A Vingança" - será que vale a pena ver este thriller de ação protagonizado por Orlando Bloom?

 

Red Right Hand: A Vingança é o novo thriller de ação que tem Orlando Bloom como protagonista, tendo sido realizado por Eshom e Ian Nelms.

Neste filme de ação, Cash (Orlando Bloom) tenta viver uma vida honesta e a cuidar da sua sobrinha, Savannah, recentemente órfã de mãe, na vila de Odim County, nos Apalaches. Quando BIG CAT, a criminosa sádica que controla a vila, o obriga a voltar a trabalhar para ela, Cash descobre que é capaz de qualquer coisa – até de matar – para proteger a vila e a única família que lhe resta. À medida que a tarefa se vai dificultando, Cash é arrastado para um pesadelo que confunde os limites entre o bem e o mal.

Inicialmente, pensa-se que a personagem de Cash tinha um ar de alguém que estava sempre metido em sarilhos. Contudo, na realidade era o seu irmão alcoólico que depois da morte da mulher se colocava em problemas e até acabou por fazer um acordo com a pessoa errada. E era Cash que teria de arranjar uma solução para pagar a dívida do irmão e livrar-se completamente da criminosa BIG CAT, que ao seu redor manipulava tudo e todos. Será que Cash vai executar os serviços acordados e cumprir com a sua missão? Não será uma tarefa fácil, mas com uma antagonista como BIG CAT, qualquer coisa pode acontecer.

Desde a série Carnival Row que ainda não tinha acompanhado trabalhos mais recentes de Orlando Bloom no papel principal. Por isso, quando soube da estreia deste filme de ação, suscitou-me a curiosidade para assistir a um registo diferente deste ator, em relação ao seu último projeto dele que eu vi.

Red Right Hand: A Vingança é uma história previsível com a sua dose elevada de vingança e violência que proporciona entretenimento, principalmente pelas suas cenas de ação repletas de lutas, tiroteios, explosões, perseguições e armadilhas. No entanto, tinha potencial para ser muito mais e infelizmente não foi bem aproveitado. Foram percetíveis as suas falhas e a falta de encaixe e equilíbrio a nível de argumento, sendo que não conseguiu trazer nada de novo para o grande ecrã e as suas personagens acabaram por se tornarem facilmente esquecíveis.   

Com um trabalho cinematográfico satisfatório, cenas perturbadoras e com um nível de drama psicológico adequado, esta é daquelas produções que esperava um resultado bem diferente daquilo que me foi fornecido. E que até podia ser uma boa chance para vermos Orlando Bloom a brilhar. Porém, não foi suficiente e não foi isso que aconteceu. Por isso, se não forem exigentes e não tiverem qualquer tipo de expetativas, este filme até pode vir a entreter, mas mais pelas cenas de ação e não tanto pela trama em si.

domingo, 24 de novembro de 2024

Herege é um thriller de terror psicológico que apresenta Hugh Grant a desempenhar um vilão surpreendente

 

Herege (Heretic, como título original) é a produção de terror mais recente da A24 que é realizada por Scott Beck e Bryan Woods e tendo como protagonista o ator britânico, Hugh Grant no papel de vilão.

Esta é a história sobre duas jovens missionárias que se veem obrigadas a dar provas da sua fé quando batem à porta errada e são recebidas pelo diabólico Sr. Reed (Hugh Grant), dando consigo presas no seu jogo mortífero do gato e do rato.

Estas duas missionárias que, ao tentarem evangelizar este homem excêntrico, acabam por ficar presas em sua casa. Á medida que se confrontam com o intelecto rarefeito e malévolo do anfitrião, elas começam a questionar a sua própria fé.

Hugh Grant dá vida a um vilão psicopata e obcecado, que recorre a diálogos absolutamente manipuladores, para abordar os dogmas da religião e toda a complexidade que faz parte em relação às inúmeras teorias e filosofias que têm sido discutidas desde sempre. O seu desempenho é de arrepiar e traz-nos um registo deste ator completamente diferente daquilo que estamos habituados a ver.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Herege é um thriller de terror psicológico que apresenta uma trama inovadora e interessante, enquanto retrata um dos temas mais complexos e controversos que é a religião. O argumento em si é sólido, está muito bem conseguido e é executado a um ritmo lento, mas adequado, criando assim em cada uma das suas cenas, um suspense na dose exata que deixa o público plenamente agarrado ao ecrã.

Além disso, quem está a ver vai tendo a oportunidade de adquirir mais conhecimento sobre os grandes mistérios da Teologia, enquanto questiona as diversas teorias associadas às religiões que vão sendo apresentadas, como é o caso das crenças relacionadas com os Mórmons. Nem sempre é fácil retratar narrativas associadas à religião, cujo assunto possui uma complexidade intensa e muitas vezes, não existem evidências científicas para comprovar. E também há várias versões sobre o mesmo tema, mas com características que acabam por encaixar entre si. Não é um tema concreto e esclarecedor e por isso, tal como acontece no filme, é relativamente mais fácil do que pensamos, as pessoas começarem a questionar a sua própria fé e algumas vezes, sentirem-se perdidas.  

Divulgação: NOS Audiovisuais

Herege consegue trazer algo de novo que não precisa de assustar fisicamente, mas que faz o público refletir profundamente sobre as suas próprias convicções e questionar sobre a sua fé e qual é a verdade no seu estado mais puro. Este é daqueles exemplos, onde o terror psicológico pode ter muito mais impacto no espetador do que uns meros sustos. E isso, é devido ao facto de a história testar e mexer com inteligência com as crenças das pessoas que é algo que faz parte da identidade de cada um e assim, por vezes, pode tornar-se assustador e até perigoso para alguns.

Este é um filme inesperado que surpreende positivamente pelo modo que vai sendo construído e pela performance fantástica de Hugh Grant como antagonista. Apesar do final não ser dos melhores, esta produção teve a capacidade de superar as expetativas para quem gosta de filmes deste género, enquanto deu lições interessantes sobre os tipos de religião que existem, o poder que a fé tem na vida de alguém e como esta pode fazer toda a diferença no instinto de sobrevivência de cada um. É um tema tabu que vai continuar a suscitar dúvidas e a criar discussões, mas que ao mesmo tempo, proporciona uma aprendizagem pertinente e cativante sobre uma matéria desconhecida e à sua maneira, com uma essência mágica. 


domingo, 17 de novembro de 2024

Entrevista exclusiva a Alba Baptista sobre a série "Warrior Nun" | Tribeca Festival Lisboa 2024

 

Fotografia: Tribeca Festival Lisboa

Durante a 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa, que decorreu nos dias 18 e 19 de outubro no Beato Innovation District, os visitantes tiveram a oportunidade de assistir pessoalmente à gravação de episódios de diversos podcasts, entre eles, um episódio do "Geração 90" que tem a apresentação de Júlia Palha e teve como convidada, a atriz Alba Baptista!

Mas antes disso, Alba Baptista esteve presente na Blue Carpet do Opening Night do Tribeca Festival Lisboa que aconteceu no passado dia 17 de outubro no MAAT. E A Geek Traveller teve a oportunidade de estar em exclusivo à conversa com esta jovem atriz para falar mais sobre a sua série “Warrior Nun” da Netflix, lançada em 2 de julho de 2020 e terminada em 2022. Ao longo de duas temporadas, ela interpretou a personagem principal Ava e tornou-se assim, na primeira protagonista portuguesa numa série da plataforma Netflix.

No entanto, depois da decisão da Netflix não ter renovado a série para uma terceira temporada, muitos foram os fãs que protestaram contra o cancelamento, sendo que houve vários pedidos feitos através das redes sociais para que a produção regressasse.  

Em junho de 2023 e através da rede social X (antigo Twitter), o criador e produtor canadiano Simon Barry anunciou que “Warrior Nun” estaria de regresso, mas sem adiantar mais detalhes. Já em agosto do mesmo ano, o produtor executivo Dean English revelou que a série “Warrior Nun” protagonizada pela atriz portuguesa Alba Baptista, vai dar origem a uma trilogia de filmes que dará continuidade à história.

Desde então, nada mais foi anunciado relativamente à produção das três longas-metragens de ficção focadas neste universo.

Para quem não conhece, a série é uma adaptação da banda desenhada “Warrior Nun Areala”, que tem a autoria de Ben Dunn e foi publicada originalmente em 1994.

Esta é a história de Ava (Alba Baptista), uma jovem órfã e tetraplégica que vivia num orfanato, tendo recentemente morrido. Mas de repente, é ressuscitada numa morgue, por uma relíquia poderosa chamada Halo. E assim, surge uma nova oportunidade na sua vida para ter experiências novas, que nunca tinha tido anteriormente e para além disso, tem novos superpoderes, tais como, atravessar paredes e também voltar a ter a capacidade de andar. Contudo, esta vida nova vem com um custo e um sacrifício pessoal, muito maior do que ela pensava, que implica tornar-se numa freira guerreira e lutar contra o mal, que inclui demónios que precisam de ser parados.

Como admiradora da série e quando estive á conversa com a Alba Baptista, eu resolvi perguntar-lhe se havia mais novidades sobre o possível futuro de “Warrior Nun”. Será que esta espera vai trazer-nos mais histórias de Ava e companhia? Espero bem que sim e agora, é aguardarmos pelos próximos desenvolvimentos.

Alba Baptista tem sido um fenómeno de popularidade em todo o mundo e tem conseguido alcançar uma carreira internacional. E a faísca deu-se com a estreia desta série que conquistou inúmeros admiradores.

Gostaria de agradecer ao Tribeca Festival Lisboa pela oportunidade e pelo convite e à Alba Baptista por este momento especial e pela simpatia e disponibilidade em responder às minhas perguntas! 

De seguida, partilho a minha conversa com a Alba Baptista!


sábado, 16 de novembro de 2024

A minha experiência na 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa 2024

 

Divulgação: Tribeca Festival Lisboa

Considerado como um dos festivais mais importantes do mundo, o Tribeca chegou pela primeira vez a Portugal. A primeira edição do Tribeca Festival Lisboa ocorreu no passado dia 18 e 19 de outubro no Beato Innovation District, sendo que foi repleto de conteúdos nacionais e internacionais.

O Tribeca Festival Lisboa é um evento que lançou a sua primeira edição na capital portuguesa nos dias 18 e 19 de outubro de 2024, onde reúne talentos visionários de todo o mundo para celebrar e explorar a arte de contar histórias em todas as suas formas. Lá podem encontrar uma mistura de filmes independentes dos EUA, filmes portugueses, séries, podcasts, atuações musicais e conversas ao vivo com estrelas internacionais e nacionais. O alinhamento desta edição destaca os melhores filmes do circuito de festivais de cinema de 2024, ao mesmo tempo que defende os talentos emergentes que surgem atualmente em Portugal.

Depois de ter sido criado há mais de duas décadas pelo ator norte-americano Robert De Niro e pela produtora Jane Rosenthal, Lisboa foi a cidade escolhida para estrear este festival na Europa, que trouxe uma variedade de conteúdos nacionais e internacionais. Como convidados estiveram presentes tanto talentos do panorama nacional, como também estrelas internacionais, que através dos seus inúmeros trabalhos, já deixaram a sua marca no mundo do cinema.


Muito se falou e especulou sobre como seria esta primeira edição e o que poderia trazer para o nosso país. Além disso, as expetativas eram elevadas, de acordo com aquilo que tem alcançado nas suas edições em Nova Iorque. No entanto, será que foi uma edição bem-sucedida?

Ao longo de dois dias, este festival teve uma programação repleta de Talks e visionamentos nacionais e internacionais interessantes, em que chegou a um ponto que a pessoa podia ter dificuldades em escolher aquilo que mais queria assistir ou então, simplesmente acaba por tentar conciliar entre atividades que estavam a acontecer ao mesmo tempo. Foram cerca de 20 painéis com a presença de convidados ilustres que abordaram temas de elevada importância para o universo do cinema, incluindo o impacto que a inteligência artificial pode ter na produção cinematográfica, a representação nos meios de comunicação social e no entretenimento, o futuro do streaming, a arte e o poder do storytelling, o papel que o humor pode ter na saúde mental e muito mais.

Eu tive a oportunidade de estar presente no Tribeca Festival Lisboa e de seguida, partilho com vocês, tudo aquilo que eu achei desta primeira edição.

A maior parte do meu tempo foi passada na Live Talks, onde tive a chance de assistir a conversas pertinentes e interessantes e com a presença de nomes, tais como Robert De Niro, Jane Rosenthal, Whoopi Goldberg, Griffin Dunne, Patty Jenkins, Chazz Palminteri, Daniela Ruah, Dino D’Santiago, Afonso Pimentel, entre outros.

Relativamente a estas Talks, gostaria de destacar três que foram daquelas que eu mais apreciei. São elas “Laughter, Tears & Healing: The Power of Comedy and Drama in Mental Health (and Storytelling), “Innovation Meets Imagination: How The New Storytelling in Media, Music and Animation Is Empowering Diverse Voices and Communities” e “Leading Roles to Leading Films: What Happens When Actors Take the Director’s Chair?”.

Na primeira, esta foi uma conversa exclusiva entre a atriz Whoopi Goldberg, premiada com um Emmy, Globo de Ouro, Óscar e Tony, e o humorista Ricardo Araújo Pereira sobre a natureza complementar da comédia e do drama e o efeito que esses mecanismos podem ter no storytelling e na forma como olhamos para a saúde mental. Este foi um dos eventos centrais do festival e sem dúvida, um dos mais divertidos. Tanto Ricardo Araújo Pereira como Whoopi Goldberg criaram uma dinâmica natural e muito engraçada, onde não faltaram picardias entre si, mas que apresentaram realmente o papel eficaz que o humor pode ter na saúde mental. Esta dupla foi uma ótima surpresa e escolha para darem luz a este tema que cada vez tem tido um maior impacto no próprio storytelling. Um momento hilariante que não iremos esquecer tão cedo!

Depois a segunda Talk que indiquei anteriormente, foi um painel sobre a forma como as novas histórias, e os formatos imergentes, representam e empoderam as comunidades. Desta vez, Whoopi Goldberg e o cantor Dino D’Santiago foram os palestrantes, onde partilharam a sua própria experiência pessoal, a nível do preconceito e discriminação que infelizmente continua a existir entre raças. Além disso, trouxeram palavras de sabedoria e inspiração tocantes que deixam qualquer um emocionado e de uma certa forma, identificam-se com aquilo que está a ser mencionado no momento. Whoopi também falou sobre a sua amiga e atriz Maggie Smith que faleceu recentemente. E já Dino D’Santiago resolveu surpreender Whoopi Goldberg com uma carta emocionante sobre a história de vida deste artista e um presente final que a deixou sem palavras.  Foi um momento que deixou muitos de nós a refletir!

Por fim, gostaria também de destacar uma terceira Talk que foi sobre a transição da representação para a realização e que impacto tem essa mudança na forma de abordar o storytelling e as grandes histórias. Os oradores presentes foi Griffin Dunne, Daniela Ruah e Francisco Froes, onde cada um partilhou a sua experiência na sua passagem de ator para a cadeira de realizador e todos os desafios que fazem parte de estar por trás das câmaras. Eu como também sou uma admiradora em relação à forma como um projeto é desenvolvido, a nível de bastidores e produção, este painel teve logo para mim, um interesse imediato. E não desiludiu, pois são cada vez mais os atores que decidem experimentar a área da realização, acabando por terem uma perspetiva completamente diferente de alguém que não tem experiência em representação. Portanto, traz uma nova visão para o projeto em si e foi interessante, ouvir os seus métodos de trabalho e estratégias que colocam em prática quando estão no papel de realizadores. Além disso, também criou uma curiosidade em querer acompanhar os futuros projetos de Griffin Dunne, Daniela Ruah não só na área da representação, mas também da realização.

Infelizmente, nem todas as Talks eram aquilo que esperava e acabaram por desiludir. Um desses exemplos foi numa designada por “Enduring Excellence in Hollywood: Crafting Stories That Stand the Test of Time In An Ever-Changing Society” que era suposto ser um painel focado na forma como as grandes histórias resistem ao teste do tempo numa sociedade cada vez mais frenética e que teria as perspetivas singulares de Robert De e Jane Rosenthal. Infelizmente com a moderação de Bernardo Ferrão, não foi isso que aconteceu, acabando por ser uma conversa mais dedicada à política daquilo que estava a suceder nos Estados Unidos. Este teria sido uma oportunidade única para ouvirmos Robert De Niro a partilhar a sua experiência nos inúmeros e estrondosos papéis que interpretou ao longo dos anos. Por isso, a escolha de moderador não foi a mais indicada e devia ter sido alguém que tivesse um melhor conhecimento de cinema.   

Outra coisa que seria importante melhorar era as condições dos locais de visionamento dos filmes, tanto nacionais como internacionais. Um dos filmes que eu fui assistir foi Anora e acho que teria sido muito mais vantajoso, se a tela do filme tivesse sido muito maior para que todos conseguissem ver perfeitamente o mesmo e não ter várias cabeças à frente que muitas vezes acontece, para quem é baixo como eu. E por vezes, houve visionamentos de filmes internacionais em que já não havia lugar disponível e houve quem tivesse de ficar de pé ou sentado no chão para assistir ao filme. Se melhorassem nesta vertente, seria sem dúvida, significativo, mais confortável e uma mais valia para os participantes do festival!

No entanto, o Tribeca Festival Lisboa também se destacou positivamente pela quantidade de conteúdos presentes nesta edição que acabava por ter uma oferta para todos os gostos. O facto de dar oportunidade ao público de assistir ao vivo à gravação de episódios de podcasts foi uma ideia bem implementada. Um desses exemplos, aconteceu na gravação do episódio do podcast “Geração 90” que tem a apresentação de Júlia Palha e teve como convidada, a atriz Alba Baptista. Estive presente nesse momento e o local estava completamente cheio para assistir a uma conversa íntima com Alba Baptista que gosta de manter a sua vida privada e por isso, são poucas as alturas que temos a chance de conhecer mais sobre esta jovem que tem dado cartas lá fora na representação. Esta foi uma conversa interessante e inesperada, onde podemos assistir a um lado desta atriz mais vulnerável, enquanto sabemos mais sobre como começou a sua carreira profissional e aquilo que podemos esperar dos seus projetos futuros.

Numa perspetiva de imprensa, foi uma experiência gratificante e muito positiva, pois um dos pontos mais positivos foi a maior proximidade e acesso que os convidados tiveram com a imprensa e onde tivemos a oportunidade de conversar de uma forma mais descontraída e simples com eles! Foi tudo muito bem organizado. E deixo aqui um agradecimento pelas oportunidades, confiança e apoio que me foram proporcionados ao longo do festival!

O Tribeca Festival Lisboa foi maioritariamente uma ótima surpresa e uma excelente forma de celebrar não só as produções internacionais, mas também a cultura portuguesa que merece o seu devido reconhecimento. Como qualquer evento, há sempre algo a melhorar, mas acredito que a próxima edição ainda será mais surpreendente e cheia de grandes novidades, produções de qualidade do panorama nacional e internacional e convidados com uma carreira impactante e com muito para partilhar!

Que venha a próxima edição já confirmada do Tribeca Festival Lisboa para os amantes do cinema que eu tenho a certeza que não deixará ninguém indiferente!

Querem ver mais conteúdos sobre o Tribeca Festival Lisboa 2024? Aqui têm:


Também podem assistir a mais vídeos relacionados com o festival na conta de YouTube! Ver AQUI!

De seguida, partilho algumas fotografias tiradas durante a cobertura deste evento!
















quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Filme "Emilia Pérez" - o que esperar da nova obra premiada de Jacques Audiard

 

A nova obra de Jacques Audiard, vencedora de 2 prémios no Festival de Cannes já pode ser vista em Portugal. Falamos de Emilia Pérez, onde arrecadou também o prémio da audiência no último Festival Internacional de Cinema de Toronto e foi selecionado pela França, para competir na categoria de Melhor Filme Internacional na edição 2025 dos Óscares.

Para além de ter vencido o Prémio do Júri na edição 2024 do Festival de Cannes, também recebeu o prémio na categoria de Melhor Interpretação Feminina, devido às protagonistas desta produção, Karla Sofia Gascón, Zoe Saldaña, Selena Gomez e Adriana Paz.

Este thriller combinado com musical falado em castelhano foi rodado nos subúrbios de Paris, sendo que nos traz música e melodrama e é acompanhado por momentos sombrios de violência, enquanto narra a jornada de Manitas, o líder de um cartel de droga mexicano, que aspira vir a ser mulher.

Esta é uma história de renascimento e redenção, que traça a odisseia de quatro mulheres no México, cada uma em busca da sua própria felicidade. Entre elas está Rita (Zoe Saldaña), uma advogada altamente qualificada, mas desvalorizada numa empresa que está mais interessada em livrar criminosos do que levá-los à justiça. Um dia, Rita é raptada pelo cartel de droga liderado por Manitas (Karla Sofia Fascón), que acaba por contratá-la para o ajudar a retirar-se do narcotráfico, a mudar de vida e iniciar a sua transição sexual, o seu plano mais secreto.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Emilia Pérez é uma narrativa complexa composta por um tornado perigoso de emoções e uma aprendizagem transformadora, onde vai apresentando sequências musicais muito bem detalhadas e coreografadas, enquanto cada uma das suas personagens principais vai-se desenvolvendo, de acordo com todos os obstáculos que vão enfrentando. De uma maneira muito própria e através da música, também consegue expor o sofrimento profundo e às vezes, silencioso sentido por estas mulheres.

Contudo, pode haver alturas em que se torna muito mais forçado e exagerado, fazendo com que a pessoa perca o foco na cena em si. Isso pode acontecer, quando estamos focados numa cena mais séria e de repente, surge a sequência musical e acaba por se perder completamente o contexto da situação e o interesse na mesma. Por isso, poderia ter existido um melhor equilíbrio entre as cenas mais dramáticas e as sequências musicais.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Esta é daquelas histórias que acaba por criar algo de novo, fazendo com que seja criada uma maior curiosidade no modo como tudo se irá desenrolar. Além disso, o desempenho duplo de Karla Sofia Gascón, tanto como Manitas e Emilia Pérez é de louvar e foi uma das grandes surpresas deste filme. Sabiam que esta atriz espanhola se tornou na primeira mulher transgénero a ser premiada em Cannes?  

Também foi interessante assistir à interpretação de Zoe Saldaña e conhecer a versatilidade e os diferentes registos no trabalho desta atriz.

Com a sua essência transmitida maioritariamente em castelhano, Emilia Pérez deixa a sua marca de determinação e resiliência com um final mais poético. E ajuda a pessoa a questionar e a refletir sobre a sua própria transformação pessoal que por vezes, pode fazer toda a diferença na sua jornada individual. Além disso, também ocupa o seu tempo a criar mais discussão em temas que ainda são considerados como tabus.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Pode não agradar a todos e ter os seus altos e baixos. No entanto, destaca-se pela sua visão mais original em mostrar algo de novo e ainda, apresenta em como há muitas mulheres que sofrem em silêncio, mas que merecem ser ouvidas. E quando chegar o dia delas se libertarem dessa angústia, a sensação de liberdade e verdade irá valer muito a pena.

Uma coisa é certa! A música tem a capacidade única de transmitir coisas extraordinárias ao ser humano e faz bem à nossa mente.



terça-feira, 12 de novembro de 2024

Entrevista exclusiva a Griffin Dunne sobre a série This Is Us | Tribeca Festival Lisboa 2024


Foto: Tribeca Festival Lisboa

Este ano decorreu a primeira edição do Tribeca Festival Lisboa no Beato Innovation District e as datas escolhidas foram 18 e 19 de outubro. Dos convidados internacionais presentes tivemos Griffin Dunne, ator nomeado para os Óscares, realizador e produtor que já participou em inúmeros filmes e séries.

Como exemplos, temos os filmes, An American Werewolf in London (1981), After Hours (1985) de Martin Scorsese, Duke of Groove (1996), Dallas Buyers Club (2013) e as séries House of Lies (2012-2014), Goliath (2019-2021), This Is Us (2018-2022), The Girls on the Bus (2023) e mais recentemente, Only Murders in the Building (2024), entre outros.

Este ator desempenhou o Milton Dudenoff em Only Murders in the Building, onde Portugal foi muitas vezes referido, devido a esta personagem! Sabiam que o Dudenoff tinha o sonho de ir viver para Portugal? Será que concretizou esse sonho? Vejam os episódios da 4ª temporada na plataforma de streaming da Disney+.

Além disso, ele fez parte do premiado This Is Us que é considerada como uma das séries mais populares da atualidade e ainda, teve a capacidade de deixar eficazmente a sua marca aos admiradores da mesma! Para quem não conhece, é uma comédia dramática com personagens únicas que nasceram no mesmo dia. E em que conta a história da família Pearson ao longo das décadas: desde Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore) como jovens pais nos anos 80 até aos seus filhos adultos Kevin (Justin Hartley), Kate (Chrissy Metz) e Randall (Sterling K. Brown) à procura de amor e realização nos dias de hoje.

Esta comédia dramática inspiradora revela como o mais pequeno acontecimento nas nossas vidas pode afetar no que nos tornamos, e como as ligações que partilhamos com os outros podem transcender o tempo, a distância e até a morte.

Griffin Dunne desempenhou a personagem do Nicky Pearson, o irmão de Jack. Um ser humano que ao longo dos anos foi sendo problemático e teve uma jornada difícil com todos os obstáculos da sua vida, levando assim, por um caminho mais sombrio. Contudo, um dia a sua vida melhora graças à sua família Pearson.

This Is Us está na lista das minhas séries favoritas e é daquelas produções que vos aconselho a irem ver, pois transmite uma mensagem muito útil e interessante sobre vários aspetos da vida real, enquanto nos cria uma reflexão profunda sobre diversos temas abordados. Se quiserem, podem acompanhar a série na plataforma da Disney+.

Além disso, durante a sua presença no Tribeca Festival Lisboa 2024, este artista também participou nas Talks, “Leading Roles to Leading Films: What Happens When Actors Take the Director’s Chair?” e “What’s So Funny? The Evolution of Humor in Cinema From The Little Tramp to Whatever Makes People Laugh Today”. Na primeira Talk foi uma conversa exclusiva sobre como se dá a transição da representação para a realização e que impacto tem essa mudança na forma de abordar o storytelling e as grandes histórias. Já na segunda, foi uma conversa exclusiva sobre como o humor tem evoluído ao longo da história do cinema até aos dias de hoje. Mas também sobre o que nos faz rir nos dias de hoje e qual a nossa relação com o humor no storytelling.

No Opening Night do Tribeca Festival Lisboa, Griffin Dunne respondeu às perguntas exclusivas do A Geek Traveller, em relação à sua experiência em participar em This Is Us e as lições que aprendeu com a mesma.  

Gostaria de agradecer ao Tribeca Festival Lisboa pela oportunidade e ao Griffin Dunne pela disponibilidade em responder às minhas perguntas! E foi um prazer, tanto conhecer pessoalmente como falar com um ator que participou numa série que teve muito significado para mim.

De seguida, partilho com vocês, a minha entrevista ao Griffin Dunne!

sábado, 9 de novembro de 2024

Filme "Conclave" aborda um dos eventos mais secretos do mundo que é a eleição de um novo Papa

 

Inspirado no romance do escritor inglês Robert Harris, Conclave tem sido considerado como um dos filmes do ano de 2024 que promete entreter o público. Abordando a eleição de um Papa que é definido como um dos eventos mais antigos do mundo, este thriller tem a realização de Edward Berger e o elenco é constituído por Ralph Fienner, Stanley Tucci, John Lithgow e Isabella Rosselini.  

Esta narrativa mostra-nos um dos acontecimentos mais sigilosos e antigos do mundo – a escolha de um novo Papa. O Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregue de dirigir este processo secreto após a inesperada morte de um Papa muito estimado. Com os líderes mais poderosos da Igreja Católica de todo o mundo reunidos e encerrados entre as paredes do Vaticano, Lawrence encontra-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo que poderá abalar os alicerces da Igreja.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Neste caso com o inesperado falecimento do Papa, o Cardeal Lawrence torna-se no responsável para liderar o Conclave e de receber em Roma, as grandes figuras da Igreja de todo o mundo que iriam participar num dos eventos mais sigilosos do mundo. E sim, falamos da eleição do novo Sumo Pontífice.

Quando ocorre este evento, tudo é preparado e executado ao detalhe e envolvido com o máximo de secretismo para que tudo corra de acordo com o planeado e sem qualquer tipo de influência externa. Também existem níveis elevados de segurança para que nada de mal aconteça durante esse período.   

Divulgação: NOS Audiovisuais

Além disso, ultimamente o que não falta são escândalos e segredos relacionados com membros da Igreja Católica que têm sido muito criticados pela sociedade. Neste filme não é exceção, sendo que neste enredo o Cardeal descobre que o falecido Papa escondia um segredo que deve ser revelado antes da escolha do novo líder. Porém, esta revelação coloca-o no centro de uma conspiração que pode abalar os próprios alicerces da Igreja.

Este é um tema que sempre me suscitou muita curiosidade. Afinal o que acontece no interior das portas de um Conclave? Como é que é escolhido o próximo Sumo Pontífice? Porque é que por vezes, demora tanto tempo a que seja feita essa seleção? Quais são as características mais importantes que o próximo líder da Igreja Católica deve ter? Será que existe algum tipo de influência interna quando é feita a votação para o próximo Papa? Esta e muitas outras questões até acabam por ser respondidas, criando uma maior captação de interesse em tudo o que vai sendo apresentado nesta trama.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Conclave é um thriller de cortar a respiração combinado com drama que nos apresenta de um modo muito interessante como é que funciona a eleição de um novo Papa e todos os passos e pormenores que são necessários para isso acontecer. E como é que determinados segredos podem mudar completamente e até fazerem a diferença nessa mesma escolha. Além disso, também nos mostra como os ideais de um candidato pode ameaçar a própria fundação da Igreja Católica e como às vezes, os membros desta instituição vão sendo testados, chegando a um ponto que questionam a sua própria fé.

A história em si está sólida, muito bem organizada e desenvolvida, sendo que inclui uma banda sonora adequada ao suspense daquilo que está a ser contado. Também tem a capacidade de captar a atenção do espetador desde o início até ao fim. E muito disso, é devido ao desempenho excelente do seu elenco, principalmente de Ralph Fienner que merece o seu devido reconhecimento. A nível cinematográfico, o trabalho foi bem realizado, onde tivemos boas escolhas na fotografia, na cenografia e nos ângulos de filmagem.

Divulgação: NOS Audiovisuais

Conclave é daquelas produções misteriosas cheias de intrigas, conspirações, dilemas, jogos de poder, escândalos, desconfianças e revelações inesperadas, em que a pessoa se sente cativada, a fazer parte da narrativa e onde tem a oportunidade de conhecer melhor os bastidores de um dos acontecimentos mais importantes da Igreja Católica. É um dos grandes filmes lançados em 2024 que merece sem dúvidas, o seu destaque e de ser premiado!