A primeira edição do Tribeca
Festival Lisboa aconteceu no passado dia 18 e 19 de Outubro no Beato Innovation District,
sendo que foi repleto de conteúdos nacionais e internacionais.
Como convidados estiverem
presentes talentos do panorama nacional, mas também estrelas internacionais,
que através dos seus inúmeros trabalhos, já deixaram a sua marca no mundo do
cinema.
No nosso país são vários os atores
que têm brilhado lá fora e um dos maiores nomes é sem dúvida, Joaquim de
Almeida. Ele foi uma das pessoas presentes neste festival e eu tive a
oportunidade de falar com ele sobre o facto de Portugal ter sido o primeiro
país da Europa escolhido para acolher este grande evento que junta um grande
número de admiradores do cinema.
Primeiramente, gostaria de
agradecer ao Tribeca Festival Lisboa pela oportunidade de estar presente nesta
1ª edição e ao Joaquim de Almeida pela sua disponibilidade!
De seguida, partilho com vocês a
minha conversa exclusiva com o Joaquim de Almeida!
Anora tem sido um dos filmes que tem dado
mais que falar, tendo já arrecadado a Palma de Ouro do 77º Festival de Cinema
de Cannes e colocando-se assim, como um dos preferidos para a próxima edição
dos Óscares. Além disso, esta produção
escrita e realizada por Sean Baker foi o mote de abertura da seleção oficial do
Tribeca Festival Lisboa que se realizou no passado dia 18 e 19 de outubro.
Com
a estreia nos cinemas portugueses marcada para dia 31 de outubro, quem esteve
presente na 1ª edição do Tribeca Festival Lisboa assistiu exclusivamente a este
drama e logo na manhã de 18 de outubro no International Movies Stage, o local
dedicado aos filmes internacionais. Um espaço que merecia uma tela maior e mais
lugares sentados para o grande número de afluência de pessoas que estava pronta
para ver esta obra protagonizada por Mikey Madison.
Para
além de Mikey Madison, o elenco é composto por Mark Eydelshteyn, Yura Borisov,
Karren Karagulian e Vache Tovmasyan.
Esta
é a história de Anora, uma jovem trabalhadora do sexo em Brooklyn que tem
a oportunidade de viver a história da Cinderela quando conhece o filho de um
oligarca russo com quem se casa impulsivamente. Quando a notícia do casamento
chega até à Rússia, o seu conto de fadas é ameaçado pelos pais do noivo que
decidem viajar até Nova Iorque para anular o matrimónio.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Anora é daquelas jovens que deixa qualquer
um fascinado com a sua simpatia e carisma, chegando a um ponto que a
consideramos muito mais como um apoio amigo do que uma trabalhadora do sexo. A
sua rotina era praticamente a mesma diariamente, sendo que mesmo trabalhando
num ambiente amigável, havia sempre aquela colega mais invejosa que tentava estragá-lo.
Porém, Anora não se deixava afetar por ninguém e sabia muito bem qual
era o seu valor, sendo que era popular no estabelecimento onde tem estado a
trabalhar.
Um
dia, a vida de Anora muda completamente quando surge um cliente que
gostaria de ter a companhia de alguém que falasse russo. Após alguma
reticência, Anora apesar de estar na sua pausa aceitou atendê-lo. No
entanto, ela não sabia mesmo o que lhe esperava. Uma mera noite no seu local de
trabalho transformou-se numa vida de sonho e completamente surreal com o filho
de um oligarca russo.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Um
amor à primeira vista que parecia ser tudo demasiado perfeito, onde tudo se
desenrolou demasiado rápido e tendo pelo meio um casamento repentino em Las
Vegas. Inicialmente, é um conto de fadas para Anora, mas na realidade acaba
por ser posto em causa por nada mesmo, do que os seus novos sogros. Será que
este amor é uma autêntica fraude? Uma coisa é certa! Existe uma ligação bem
forte entre este casal, mas será suficiente para ficarem juntos?
Anora é um filme inesperado que surpreende com
o seu lado mais cativante e engraçado, e que apresenta um tipo de Cinderela dos
tempos modernos, que não tem horário de recolher obrigatório. À sua maneira,
consegue ser refrescante e combina naturalmente com uma banda sonora que fica
no ouvido, sem nunca esquecer os seus momentos mais selvagens, divertidos e alucinantes.
Repentinamente,
esta protagonista cria uma empatia imediata com o espetador e até uma conexão
especial, chegando assim, a um ponto que até compreendemos todos os altos e
baixos que ela vai sentindo na pele. Existe uma cena específica e bastante
longa que observamos um lado completamente diferente da personalidade de Anora
cheio de determinação, resiliência e outras surpresas. Cena essa que foi muito
bem desempenhada por Mikey Madison e que deu para ver que deve ter sido desafiante
para esta atriz filmar.
Divulgação: Universal Pictures Portugal e Cinemundo
Anora traz uma história mais inovadora com
uma essência muito própria e com uma mensagem bem perspicaz que aborda um tema
que por vezes, pode ser considerado para muitos como um tabu. Contudo, através
da narrativa contada pelos olhos desta jovem, temos a capacidade de compreender
melhor o preconceito que ainda existe ao redor das trabalhadoras de sexo e
ainda, a importância que é termos uma mente mais aberta para isto e muito mais.
O argumento em si é bem desenvolvido, porém
o final pode não agradar a todos.
Mesmo
assim, até se consegue entender, pois estamos a ver aqui um ser humano que
sempre inibiu as suas emoções e teve uma solução prática para lidar com isso.
Claro que não era o mais acertado e ao mesmo tempo, ela tentava relativizar
tudo o que ocorria à sua volta. Mas, é garantido que existirá sempre um dia, nos
quais toda essa inibição vai trazer um resultado mais explosivo, chegando a uma
altura, em que todos esses sentimentos surgem de uma só vez. A única solução é
simplesmente deitar tudo cá para fora. E isso é uma das muitas coisas que nos
faz refletir após assistir a este filme.
Por
isso, quando forem ver Anora simplesmente vão com a mente aberta e não
percam este filme cheio de paixão, romance, festas sem fim e com uma dose de loucura!
E também é importante referir que o Tribeca Festival Lisboa está de parabéns, porque Anora foi sem dúvida, uma boa escolha para ser o filme de abertura da 1ª edição deste festival!
O
Teorema de Marguerite
é um drama francês realizado por Anna Novion que foi a Seleção Oficial na
edição de 2024 do Festival de Cannes. No elenco temos Ella Rumpf, Jean-Pierre
Darroussin, Clotilde Courau e Julien Frison. Com esta obra, Elle Rumpf venceu
um prémio César na categoria de Revelação Feminina, enquanto Julien Frison foi
nomeado para Revelação Masculina.
Marguerite (Elle Rumpf) é uma brilhante
estudante de matemática e a única mulher do curso. No mesmo dia em que tem de
apresentar a sua tese, fruto de vários anos de trabalho, perante uma comissão
de investigadores, um colega de Marguerite descobre um erro no cálculo
que abala todas as certezas e leva a aluna a desistir e a recomeçar uma vida
nova. Um drama que aborda a obsessão pela perfeição no mundo dominado por homens.
A
história de uma jovem intelectual que, graças a uma crise, emerge do seu casulo
institucional para enfrentar a “vida real” e os seus sentimentos mais
profundos.
Já
imaginaram como seria ter uma vida toda delineada, quando um simples erro num
cálculo de matemática pode abalar o próprio mundo de alguém que dedicou toda a
sua vida a comprovar algo e de seguida, acaba por deitar tudo a perder? Foi isso
que aconteceu com esta protagonista que após uma defesa da sua tese ter corrido
mal, abandona a faculdade, recomeça uma nova vida e novos labirintos surgem no
caminho. Uma atitude drástica que iria fazer toda a diferença na próxima etapa
da vida desta jovem!
Divulgação: Pris Audiovisuais
O
Teorema de Marguerite
é uma produção científica inteligente e pensada fora da caixa que nos apresenta
como a matemática pode tornar-se em algo fascinante e até interessante quando
vemos por uma outra perspetiva. Ao mesmo tempo, ficamos surpreendidos em como
uma equação tão complexa pode levar por inúmeros caminhos, transformando-se por
vezes num autêntico labirinto. Contudo, é uma ferramenta útil cheia de certezas
que pode ajudar um ser a reencontrar a lógica da sua existência.
Além
disso, também é constituído pelos seus momentos mais emocionantes e desesperantes
que são fulcrais para se chegar a um método novo que pode vir a tornar-se inovador,
espetacular e gratificante. Esta é daquelas protagonistas que o espetador vai criando
alguma empatia, apesar do seu mau feitio e falta de jeito para relacionamentos
sociais. E o público chega a um ponto que está a torcer para que ela consiga
alcançar o seu objetivo.
Também
nos dá uma lição valiosa sobre a importância do trabalho em equipa e que
existem alturas, em que nós temos de dar um passo atrás para termos uma visão mais
refrescante. É com o erro que nós evoluímos. E assim, são colocadas novas
ideias em prática e são experimentadas novas abordagens para resolver este
cálculo de matemática complexo, que estava há muito tempo à espera para que
fosse finalmente solucionado. Por vezes, basta experimentar uma estratégia
diferente que até pode ser algo tão inesperado como um simples jogo de Mahjong
para melhorar o raciocínio e ver com outros olhos, o que está mesmo à nossa frente.
Divulgação: Pris Audiovisuais
A
matemática é sem dúvida, uma linguagem muito complexa, mas valiosa que faz todo
o sentido e que nos leva para inúmeras possibilidades que nem imaginaríamos que
seriam possíveis!
O
Teorema de Marguerite
consegue produzir uma narrativa diversificada e organizada que surpreende pela
positiva e apresenta um resultado satisfatório e curioso. E ainda, aborda temas
que na atualidade são raros de serem debatidos, enquanto cria uma ligação
própria com o público que está a assistir. No entanto, é pena que não tivessem
sido mostradas mais cenas divertidas relacionadas com o jogo de Mahjong. Também
mostra o quanto a obsessão em alguma coisa pode vir a tornar-se perigoso. Por
isso, o essencial é manter os pés assentes na terra, não apressar a resolução
do problema, mas sim, ir ao seu ritmo e na companhia de quem realmente importa.
The
Apprentice: A História de Trump
promete dar que falar! Realizado por Ali Abbasi e protagonizado por Sebastian
Stan, Jeremy Strong e Maria Bakalova, esta produção segue a ascensão do jovem
Donald Trump ao poder através de um pacto faustiano que faz com o influente
advogado e facilitador político Roy Cohn.
Depois de ter sido visto na edição deste ano do Festival de Cannes e com
estreia perto das eleições americanas, Donald Trump tentou a todo o
custo evitar que este drama biográfico visse a luz do dia. Contudo, ele não foi
bem-sucedido e por isso, esta produção cinematográfica quem sabe, até pode vir
a ter efeitos na sua própria campanha presidencial.
Esta
história decorre em Nova Iorque na década de 1970. Decidido a sair da sombra do
seu poderoso pai e a fazer nome no sector imobiliário de Manhattan, o aspirante
a magnata Donald J. Trump está no começo da sua carreira quando conhece o homem
que se tornará uma das figuras mais importantes da sua vida: o facilitador político
Roy Cohn. Vendo que o jovem Donald é promissor, o influente advogado, que
garantiu as condenações por espionagem de Julius e Ether Rosenberg e investigou
alegados comunistas juntamente com o senador Joseph McCarthy, ensina ao seu
novo acólito como acumular riqueza e poder através da mentira, intimidação e
manipulação da comunicação social. O resto é história.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Inicialmente,
temos um Donald Trump numa versão mais ingénua que queria mostrar o seu valor e
ter a aprovação do seu pai, enquanto construía o seu império que prometia mudar
para sempre a cidade de Nova Iorque. Um dia, quando ele conheceu o manipulador
e eficaz advogado, Roy Cohn, a sua vida nunca mais seria a mesma.
Com
este drama biográfico, temos a chance de conhecer melhor o trajeto desta figura
polémica que por momentos até poderia criar alguma simpatia, dependendo da
perspetiva de cada um. Enquanto isso, ele também conquistou o poder, através da
influência bem perigosa de Roy Cohn. Além disso, também nos é apresentado como é que Trump conheceu a sua primeira mulher e como se desenrolou este casamento.
Roy
Cohn é daquelas pessoas intimidantes que acabou por ser o principal
interveniente na transformação arrebatadora e alucinante de Trump na pessoa que
é hoje, através das suas lições duvidosas e incorretas que pelos vistos,
acabavam por resultar no mundo real e chegar assim, ao objetivo pretendido. Lições
essas que Trump coloca em prática, ainda nos dias de hoje. Por instantes, até
acaba por ser de uma certa forma, assustador como é que uma única pessoa pode
ter tanto efeito em alguém e de um modo tão negativo.
Divulgação: NOS Audiovisuais
The
Apprentice: A História de Trump
é uma visão bem realista desta figura norte-americana que move multidões
perante os seus ideais e consegue criar perante o público, todo o tipo de
reações. É muito interessante poder acompanhar uma parte da sua jornada cheia
de controvérsias, manipulações e intrigas. O argumento em si foi bem constituído
e executado num ritmo adequado. A nível cinematográfico foi bem conseguido e
tendo sido bem introduzida a época da história que estava a ser contada, apesar
da escolha na banda sonora não ter sido sempre composta por músicas que se relacionassem
e fizessem sentido com a cena que estava a ser mostrada.
Um
dos principais destaques vai para a excelente interpretação, tanto de Sebastian
Stan, como de Jeremy Strong. Sempre que partilhavam uma cena, esta dupla conseguiu
brilhar, cada um à sua maneira. E ainda, tiveram a capacidade nata de criar inúmeras
emoções no próprio espetador que estava constantemente cativado e atento ao que
estava a assistir. Relativamente a Sebastian Stan, deve ser aqui referido que
ele mergulhou profundamente e de um modo muito competente na forma como
representou Donald Trump. E fez um ótimo trabalho, onde não faltou os tiques e as
expressões corporais típicas de Trump. Já Jeremy Strong teve um fantástico
desempenho neste ser humano com uma personalidade sem escrúpulos que conseguia
sempre o que queria, através das suas estratégias implementadas que eram
imbatíveis.
Divulgação: NOS Audiovisuais
The
Apprentice: A História de Trump
foi uma surpresa inesperada com mensagens enigmáticas e marcantes que merece
ser vista. E que traz temas pertinentes e um lado perspicaz, por vezes perigoso
e até útil sobre a vida deste homem que sempre soube aquilo que estava a fazer,
não assumindo quando estava errado e magoando muitas vezes as pessoas mais
próximas dele. Mesmo que tivesse de descartar quem lhe estava a condicionar o
seu caminho, para ele as consequências dos seus atos não interessavam. O que
importava era a sua verdade e mais nada. Mas, que na realidade e apesar de
tudo, ele precisou de um mentor fulcral e inteligente para chegar à
personalidade da atualidade que lhe ensinou aquilo que era necessário para
garantir o seu sucesso e o poder que sempre ambicionou deste muito novo. Agora,
depois de verem o filme, tirem as vossas próprias conclusões. Conseguem
perceber a razão pelo qual Trump tentou prejudicar o lançamento desta produção?
Então,
já conhecemos um pouco melhor esta figura complexa de Trump que quer queira,
quer não, este filme irá ter um efeito significativo não só na sua vida atual,
mas também no seu próprio futuro. Será que este drama biográfico vai ter influência
nas eleições norte-americanas? É isso que vamos ter de esperar para ver!
Depois
de ter a sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Toronto, a
longa-metragem Todo o Tempo que Temos (We Live in Time, como
título original) chegou a Portugal e cuja realização é de John Crowley.
Florence
Pugh e Andrew Garfield são Almut e Tobias, os protagonistas de
uma história de amor que apresenta uma abordagem empolgante a um romance
clássico entre eles, definidos como dois londrinos contemporâneos. Numa jornada
marcada pelos desafios e encruzilhadas da vida, o filme retrata a leveza e a
profundidade de um amor único, capaz de moldar o tempo.
O
poder do amor de transformar o tempo – de o fazer parar, de o acelerar ou de o
expandir desenfreadamente – é o ponto de partida do enlace profundamente
comovente desta longa-metragem. Este é um romance que conta a história de um
relacionamento, que se estende por uma década.
Tudo
começa quando Almut e Tobias conhecem-se de forma inusitada, num
encontro que mudará o rumo das suas vidas para sempre. Perdidamente
apaixonados, com um lar e uma família construída, o casal faria qualquer coisa
para nunca se separar. Mas, nenhuma história de amor é realmente simples e,
confrontados com uma verdade dolorosa que abana os seus alicerces, os protagonistas
desafiam os limites do tempo para viverem a verdadeira experiência de amar.
Este
é um tipo de casal contemporâneo, composto por duas pessoas completamente
independentes que, movidas pela vontade de viver a vida ao máximo, oscilam
entre os desafios do compromisso, da parentalidade e da luta contra a
efemeridade da vida.
Divulgação: NOS Audiovisuais
Já
imaginaram como seria conhecer uma pessoa de uma forma invulgar, num encontro
que iria mudar a vida de cada um para sempre? É o que acontece com Almut
e Tobias. E ao visitarmos vários momentos das suas vidas – quando se
apaixonam, a construção de um lar, a constituição de uma família – é revelada
uma verdade difícil. À medida que embarcam numa jornada desafiada pelos limites
do tempo, Almut e Tobias aprendem a valorizar cada momento da sua
história de amor pouco convencional, num romance profundamente comovente que se
estende por uma década.
Como
referido anteriormente, a relação destes dois inicia-se de um modo invulgar,
sendo que foi devido a Almut ter atropelado acidentalmente Tobias.
Um incidente que poderia ter sido muito pior, mas que não iria ser nada indiferente
para uma talentosa chefe de cozinha e um homem recém-divorciado. De seguida, as
coisas desenrolam-se naturalmente na cidade de Londres, onde sem qualquer tipo
de ordem vão sendo mostrados momentos importantes deste relacionamento amoroso,
tais como as suas conquistas, fracassos, constrangimentos, dores, alegrias e
tristezas.
Não
vão faltar alturas em que eles para além de partilharem memórias engraçadas,
também vão ter de ser confrontados com uma realidade mais dolorosa e difícil de
ultrapassar que pode dar tudo a perder. E que, os deixa a pensar sobre aquilo
que realmente querem fazer e como querem viver. Os temas retratados neste
argumento são muito bem implementados, coordenados e apresentados com um
formato mais leve. E ainda, transmitem uma mensagem perspicaz e interessante,
em como as nossas escolhas podem ter um papel decisivo nas nossas vidas. Uma
das coisas que é abordada é a vulnerabilidade do ser humano quando é
confrontado com situações que não consegue controlar. Infelizmente, essa
vulnerabilidade acaba por ser cada vez mais escondida atrás de uma máscara,
sendo que é considerada para muitos como um género de fraqueza. Isso não é verdade
e a história do filme comprova, enquanto ensina muitas lições de vida úteis. E
são nesses momentos mais complicados que saem as maiores aprendizagens!
Divulgação: NOS Audiovisuais
Todo
o Tempo que Temos é
um drama e romance britânico emocionante com uma pequena dose de comédia que se
tornou numa ótima surpresa e foi acompanhado por uma boa escolha na banda
sonora. E tem as características fulcrais para tocar profundamente o coração de
quem está a ver, enquanto vamos criando uma empatia constante, desde o primeiro
minuto. A química entre as personagens interpretadas por Florence Pugh e Andrew
Garfield é tão natural e especial, criando assim, uma cumplicidade imediata e tão
bonita. De uma certa forma, nós conseguimos identificarmos não só com as
personagens, mas também com os desafios que vão enfrentando. E isso, leva-nos a
ter uma reflexão própria sobre os sacrifícios que muitas vezes têm de ser
feitos, como enfrentamos realidades dolorosas, o valor que devíamos dar ao
tempo, aquilo que realmente mais importa, como a vida é um simples sopro e pode
ser frágil e até muito mais.
É
uma história de amor flexível e muito bem elaborada que é constantemente
testada pelas adversidades da vida e traz assim, uma diversidade de emoções
para o espetador. Contudo, mostra que aconteça o que acontecer, o amor entre eles
os dois e tudo aquilo que construíram é muito mais forte! Além disso,
transmitem o quanto é determinante não perdermos a esperança, estarmos com quem
mais amamos e como cada minuto conta!
Assim,
é uma longa-metragem profunda com uma identidade real e própria que é apresentada
a um ritmo adequado e é executado com carinho e respeito, sendo que vale a pena
assistir, porque prende a atenção, é cativante, cumpriu com o seu propósito e o
elenco fez um excelente trabalho! Tem a capacidade de nos envolver, enquanto
estamos a torcer por estes protagonistas! E percebe-se perfeitamente porque foi
considerado como um dos filmes mais esperados deste ano! Uma aposta
surpreendente que não podem perder e irão desfrutar, cada um à sua maneira!
Um dos maiores vilões da cultura pop está de regresso para a sua aguardada
sequela com Joker Loucura a Dois (Joker: Folie à Deux, como
título original) que tem a realização de Todd Philips. Para recordar, Joker
estreou a 4 de outubro de 2019, sendo que foi realizado por Todd Philips e protagonizado
pelo surpreendente Joaquin Phoenix que mais tarde, foi premiado com o Óscar® de
Melhor Ator e o BAFTA de Cinema de Melhor Ator. Já a produção em si, recebeu um
Leão de Ouro para Melhor Filme.
Considerado como um filme muito antecipado para este ano, temos Joaquin
Phoenix de volta a representar Arthur Fleck e ainda, com a introdução de
Lady Gaga na pele de Harley.
Neste emocionante filme, Arthur Fleck está institucionalizado em Arkham,
aguardando julgamento pelos seus crimes como Joker. Enquanto luta contra
a sua dupla personalidade, Arthur não só encontra o amor verdadeiro, mas
também descobre a música que sempre esteve dentro dele.
Divulgação: Warner Bros. Pictures Portugal e Cinemundo
Pois é, o espetáculo começou e desta vez Joker não está sozinho! E
isso sucede, devido à Harley, que de uma maneira peculiar acaba por ter
um papel marcante no desenvolvimento da narrativa de Arthur Fleck. Esta
é uma abordagem diferente em como é retratada a nova relação de Arthur Fleck
com Lee Quinzel, uma versão de Harley Quinn enquanto vai sendo
acrescentada uma vertente mais musical, tanto às personagens como à própria
história.
Inicialmente, temos um vislumbre de como a música encaixa na vida de Arthur
e na sua mente fantasiosa e vai sendo implementada, de acordo com as
circunstâncias em que o protagonista se encontra. Muitas vezes, conseguia proporcionar
momentos divertidos para o espetador, mas infelizmente houve alturas em que
podia tornar-se mais cansativo ou desnecessário, principalmente para quem não
gosta do género de musicais. Contudo, é algo que não faz grande diferença para
a generalidade daquilo que estava a ser contado.
Divulgação: Warner Bros. Pictures e Cinemundo
Apesar de maioritariamente, a história ocorrer numa sala de um tribunal, um
dos maiores focos retratados neste argumento dá para perceber que é a saúde
mental e as proporções que pode vir a ter, caso não se tenha o acompanhamento correto.
Aprofunda o caos da saúde mental, como a falta de compaixão pelo outro e o modo
como a sociedade olha com a mínima indiferença e sem qualquer tipo de empatia
para pessoas que tenham um distúrbio mental. E ainda, mostra que muitas vezes a
dor envolvida no inferno destas pessoas mais vulneráveis é causada pelo
comportamento da própria sociedade. Mesmo assim, este tema poderia ter sido
abordado num modo mais equilibrado e interessante.
Desta vez, ao contrário do que aconteceu no primeiro, a narrativa estava
uma autêntica confusão, onde perdemos a conta da quantidade de problemas que
possui. Apesar de por vezes, estarmos inseridos na mente confusa de um lunático,
isso não quer dizer que tenha de se transformar em algo que não tem nenhum
sentido.
Além disso, a pessoa contava que houvesse muito mais caos e acompanhado
pelo riso contagiante desta personagem emblemática que é o Joker. Também
não foi tão intimidante quanto se esperava e na forma como foi o seu
antecessor.
Existe algo que é referido pelas personagens de Lady Gaga e Joaquin Phoenix
que foi: “vamos dar às pessoas aquilo que elas querem!”. Na realidade, eles
acabaram por proporcionar o oposto. Uma história imprevisível com reviravoltas que
inverte de uma forma tão drástica e descontrolada que a pessoa não consegue criar
interesse naquilo que está a ser apresentado.
Divulgação: Warner Bros. Pictures e Cinemundo
Joker Loucura a Dois é daqueles filmes com a sua dose de loucura que perdeu
o seu brilho e leva o espetador a demorar mais tempo a processar aquilo que
acabou de assistir. E ainda, perdeu o seu foco e ultrapassou os limites em como
uma boa história cheia de potencial deveria ter sido contada. Visualmente, não
desilude, sendo que a banda sonora foi bem implementada. Também é certo que
foram assumidos riscos que não chegaram ao resultado pretendido, pois faltou
muita coisa para impactar. Porém, o destaque vai para a continuação da
interpretação fantástica de Joaquin Phoenix que apresenta a mente fragmentada
de alguém plenamente perturbado e louco, enquanto vai combinando duas
personalidades completamente distintas.
No entanto, isso não foi suficiente para cativar e se tornar num resultado que
valha a pena ver. E por isso, não foi mesmo de acordo com as expetativas.
Existem alturas em que não é necessário que seja produzida uma sequela depois
do sucesso do seu original. E Joker Loucura a Dois é um desses casos que
contém um final que vai sem dúvida, dividir opiniões.